COM QUEM MESMO ELE PASSARIA O CARNAVAL?
por Zé Roberto Padilha

A diretoria do Santos sabia do tamanho da repercussão que a contratação do Neymar ocasionaria. A mídia, em peso, virou seus refletores para lá. Foi um tremendo sucesso.
Aí ele volta, joga duas ou três partidas, e sente um desconforto contra o Bragantino. Uma semana antes das semifinais contra o Corinthians.
Todos nós sabíamos que quem tem tudo o que o mundo tem para oferecer, e vender, não suportaria ficar em repouso. Sua fortuna o levaria para Mônaco, Paris ou até a Marquês de Sapucaí.
Permanecer em sua mansão para ficar em tratamento para estar à disposição do treinador? Apenas nos seus sonhos de menino. Não na realidade de um superstar.
O Neymar que saiu do Santos, ficaria concentrado, ao lado do Gil, se preparando para mostrar todo o seu valor. Já o Neymar que volta ao Santos, bilionário, este jamais colocaria a profissão à frente da diversão.
E ele foi até o Desfile das Escolas de Samba para fortalecer a lesão. Não descansá-la.
Neymar, óbvio, não conseguiu jogar. Ficou no banco. O Departamento Médico recomendou cautela, sob pena de perder o jogador pela temporada.
E o Corinthians venceu por 2×1. Alguma novidade?
NEYMAR E A FALTA DE PROFISSIONALISMO
por Luis Filipe Chateaubriand

Eis que Neymar estava com uma contusão relativamente preocupante. Era aconselhável que descansasse no Carnaval para se recuperar e enfrentar o Corinthians.
Qual o quê!
Nosso craque optou por ir à Marquês de Sapucaí, interagir com os desfiles das escolas de samba. Agravou a contusão, não jogou contra o Corinthians, e o Santos foi eliminado do Campeonato Paulista.
Como diria minha falecida sogra: novidade…
Desde 2016, quando fez seu “canto do cisne” em exibição espetacular na final do futebol nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, Neymar nunca mais foi o mesmo.
Farras, bebida, mulher, cruzeiros e muito, mas muito poker, foram a tônica. Nosso craque passou a dormir muito tarde e a ter poucas horas de sono. Assim, foi enfraquecendo seu sistema imunológico.
As contusões se tornaram cada vez mais frequentes e cada vez mais graves. E suas atuações em campo, cada vez mais raras e cada vez mais pífias.
Em forma, Neymar seria tecnicamente melhor que Cristiano Ronaldo. Sem forma, não é comparável, em nenhuma hipótese, ao português.
Há quase dez anos, Neymar desperdiça seu incrível talento com falta de profissionalismo.
E, como diria meu amigo Sergio Pugliese: estamos conversados!
A VOLTA DO NEYMAR
por Elso Venâncio

O saudoso João Saldanha, técnico que se tornou “o comentarista que o Brasil consagrou”, diria: “Coloca o Flamengo com a camisa amarela, reforçado de Neymar, Vinicius Júnior e mais um ou dois”.
A forma como o Flamengo joga atualmente chama a atenção, com um futebol intenso, ofensivo, pressionando o adversário em seu campo. Enquanto isso, persistimos dizendo que a Seleção Brasileira não pode atuar retrancada, com ranços de treinadores anteriores e sendo a quinta colocada nas Eliminatórias da Copa do Mundo. A partir da semana que vem, teremos duas provas de fogo: contra a Colômbia, na quinta-feira, dia 20, em Brasília, e na terça, dia 25, visitando a Argentina, nossa maior rival e atual campeã do mundo.
Depois de um ano e cinco meses, o craque Neymar está de volta ao futebol. Ele programou seu retorno se readaptando ao futebol brasileiro, para jogar sua quarta e última Copa, ano que vem, nos Estados Unidos, Canadá e México. O camisa 10 do Santos disputou sete jogos em 25 dias, ocasionando um desconforto na coxa esquerda, que o impediu de enfrentar o Corinthians pela semifinal do Campeonato Paulista.
Neymar ficou no exterior por 12 temporadas, atuando pelo Barcelona, da Espanha; Paris Saint Germain da França; e Al Hilal, da Arábia Saudita. Possui mais de 700 gols na carreira. Seu grande momento foi na temporada 2014/15, quando se destacou no Barcelona, conquistando a Liga dos Campeões da Europa ao lado de Messi e Luis Suárez. Pela Seleção Brasileira, disputou os Mundiais de 2014, 2018 e 2022, além de três Copas Américas, sem chegar ao título. Conseguiu nos Jogos Olímpicos de 2016, como capitão e líder do Brasil, a inédita conquista da medalha de ouro.
Na atual Seleção, o quarteto ofensivo anima, com Neymar, Rafinha, Rodrygo e Vinícius Júnior. Merecidamente lembrado na convocação, o lateral-direito Wesley tem que ser titular. Danilo, que é zagueiro no Flamengo e lateral na Seleção, terá 35 anos na próxima Copa. Ninguém entende por que foi convocado. Dorival Júnior fez lembrar o gaúcho Tite, que sempre relacionava Daniel Alves, a ponto de levá-lo ao Catar, com 39 anos.
O tempo corre, e a cada dia o torcedor está mais distante da Seleção. Antes, o país parava não só nos jogos, mas também nas convocações. Hoje, o regulamento das longas e cansativas Eliminatórias facilita a classificação.
Ainda sobre Neymar… Vocês acreditam que ele recupera a forma para ser protagonista do Brasil na corrida pelo hexacampeonato?
NÃO DEVE SER FÁCIL JOGAR PARA NINGUÉM
por Zé Roberto Padilha

Não faltou vontade política, de divulgação e investimentos, para dar um impulso ao nosso futebol feminino. Até a FIFA e a CBF concentraram esforços para dar uma revitalizada na modalidade.
Em vão.
Assisti à Supercopa Feminina, entre Real Brasília e Flamengo, e escutando cada grito vindo das arquibancadas, juro que ouvi um “Vai, minha filha!”. Algo que só na nossa escolinha de futebol seria possível.
De tão vazio o o estádio do Gama, em Brasilia, (capacidade de 60 mil espectadores) que havia mais gente trabalhando na partida do que torcedores.
Fico pensando não apenas nos patrocinadores, sem retorno, no Sportv, sem audiência, mas nas atletas em campo. Jogar sem torcida é como treinar para uma partida oficial que nunca vai acontecer.
E como um ator subir ao palco e encontrar 90% das cadeiras do teatro vazio. Como buscar inspiração diante da frieza daqueles que deveriam emocionar?
Um dia após o Dia Internacional das Mulheres, o país do futebol continua a conceder o descaso, a indiferença, a essas heroínas que poucos sabem onde jogam, como surgem, e como encontram forças diante do silêncio que insiste em ser pano de fundo em suas caminhadas.
FUTSAL E O AMÉRICA
por Rubens Lemos

O Palácio dos Esportes estava superlotado e o empate no clássico levaria a decisão do Campeonato Metropolitano a uma partida extra. Restando cinco segundos para o fim do jogo, o ABC vencia por 2×1 e a torcida alvinegra festejava na lata de sardinha em que se transformara o ginásio.
Os abecedistas entoavam cânticos vitoriosos até que Gileno faz a quinta falta no monstro Sílvio, verbete de craque da bola pesada. A falta foi na defesa do América e seria cobrada em tiro direto. Foi quando a petulância virou farofa de ovo.
O goleiro Fábio demonstrou confiança, se colocando em duelo mortal com Sílvio. O capitão e camisa 6 do alvirrubro corre e bate um morteiro que explode nas redes do ABC, lá do outro lado do ginásio. América 2×2, América tetracampeão em 1989.
Em certo tempo de minha vida, quando as quadras eram povoadas por gente habilidosa e malandra, cheguei a gostar de futsal na mesma proporção com que amava o futebol de campo. O salão é um teste coronariano quando os jogos eram da época do gol de Sílvio.
Tínhamos, além de Sílvio, sua cara-metade no ABC, o clássico camisa 10 Dennis Lisboa, que, muito mais cedo, me apresentou as maravilhas que anos depois seriam exclusividade de Falcão.
Havia Agamenon, a Esperança Morena, Juca, o operário requintado, o falecido Josinaldo e sua técnica e pivôs letais: Gileno, do ABC e Marquinhos, do América, Uirandé, hábeis na girada sobre os beques ou simplesmente fulminantes nos chutes de média e longa distâncias.
O futsal, antes futebol de salão, foi responsável por boa parte das minhas alegrias juvenis, assistindo a cada jogo no Palácio dos Esportes.
A seleção brasileira esteve lá em 1978 e tomou 5×2 da equipe Emserv, do ex-presidente do ABC, Rui Barbosa. Em 1984, em amistoso, a poderosa formação do escrete bateu em nosso time por 4×1. Sílvio e Dennis não jogaram juntos.
O futebol de salão mais antigo todo ano tinha uma Taça Brasil e a primeira que assisti foi a que o Sumov do Ceará, uma máquina, amassou o Monte Sinai do Rio de Janeiro por 7×5, enquanto nosso representante, o ABC, ficou na primeira fase.
Sou amigo da turma de futebol de salão e de futsal. Nada como se servir da cerveja mais gelada ouvindo as resenhas do passado que jamais será repetido. Na mesa de bar, o voleio vira bicicleta, o chute de canhota se transforma numa curva indefensável para o goleiro.
O futebol de salão em Natal foi a Assen de Plínio, Geraldo Melo, Chiquinho e Ivo. Também foi o ABC de Nilson, Beto Coronado, Leonel, Clóvis e Cabral Macedo. O América vinha de Sérgio Boinho; Lola, Sílvio, Agamenon e Marquinhos. O ABC com Pedro; Juca, Josinaldo, Gileno e Dennis. E havia Paulinho de Tarso, Franklin, Mário, Kido, Cláudio Bezerra, Djavan, Gama e Aladim, dentre tantos.
Depois da experiência do ABC/ART & C, com a geração 1990 e 2000 – foram 19 títulos em cinco anos, o futsal deu uma mergulhada e entrou em depressão até o América decidir voltar no ano passado. Um novo América, sem qualquer vestígio do seu ícone Arturzinho e dotado de jogadores desconhecidos.
Passada a empolgação inicial, que durou até o campeonato estadual conquistado pelo clube, todos esperavam disputar o Campeonato Brasileiro para se mostrar ao país, pois os jogos costumam ser transmitidos pelo canal Sportv da Globosat, vem a ducha fria, ducha de iceberg: O América desistiu do campeonato brasileiro por conta do imbróglio de sua dívida com a Prefeitura de Natal por conta do IPTU.
A saída do América faz mal e sepulta o esporte que é praticado de Norte a Sul, de Leste a Oeste onde houver uma quadrinha de cimento batido. A decisão do América chocou até porque o voleibol e o basquetebol continuam. O lugar do América é no futsal e é real.