CANO É DECISIVO
por Elso Venâncio
O Fluminense se prepara para o jogo mais importante da sua História. A busca do título inédito da Libertadores, título que escapou por um triz em 2008, diante da LDU, ao perder fora de casa por 4 a 2 e enfrentar a pressão de precisar reverter em casa o Placar. Mesmo vencendo no Rio de Janeiro por 3 a 1, acabou vice, nos pênaltis. No último sábado, novo título dos equatorianos: o bi da Sul-Americana, após empate em 1 a 1 com o Fortaleza e vitória novamente nos penais. Desta vez brilhou o goleiro Alexander Domingues, tal qual seu companheiro de posição Cevallos há 15 anos, no Maracanã.
O time de Fernando Diniz é agressivo, busca o gol a todo instante. O futebol do tricolor carioca reflete o espírito do treinador. Uma equipe que une ousadia, garra e coragem de campeão. E, de quebra, ainda tem como artilheiro um argentino, Gérman Cano.
O adversário é o tradicional Boca Juniors, igualmente portenho. Detentor de seis Libertadores, é superado apenas pelo conterrâneo Independiente, dono de uma taça a mais na principal competição do continente. Certamente, o Boca vai catimbar, amarrando o jogo e buscando contra-ataques. Colocar juntos Felipe Melo, Marcelo e Ganso soaria imprudente? Nesse jogo, não. A experiência será fundamental para enfrentar os famosos milongueiros.
Na véspera de uma decisão é normal o jogador, mesmo experiente, dormir pensando no jogo. Às vezes, sonha marcar o gol da vitória. Afinal, gols que decidem títulos entram para a História. Lembra do Flávio, o ‘Minuano’ que fez o do triunfo final por 3 a 2 naquele Fla-Flu consagrado por Nelson Rodrigues como o maior de todos os tempos, em 1969? E o de Mickey, no ano seguinte, valendo o título brasileiro?
O ponta esquerda Lula marcou contra a Sele-Fogo, na final do Carioca de 1971. Doval fez a Máquina ser bi em 1976, frente ao Vasco de Dinamite. Assis, o eterno carrasco do Flamengo, em 1983 eternizou um lançamento do meia Deley. Romerito jamais será esquecido pelo que fez diante do Vasco de Dinamite, em 1984, assim como o ponteiro Paulinho, no ano seguinte, cobrou com perfeição aquela falta que rendeu o tri sobre o Bangu de Castor de Andrade.
E o gol de barriga de Renato Gaúcho, em 1995? O lateral Roger fez sobre o Figueirense o gol do título da Copa do Brasil de 2007, lembra? E Emerson Sheik decidiu o Brasileirão de 2010, contra o Guarani, no Engenhão.
Citei alguns gols históricos. Cada qual tem sua importância, de acordo com a época. Mas até quem não fez gol do título vira História, basta dar a volta olímpica com a taça nas mãos. O goleiro Castilho, titular por duas décadas, sempre é o primeiro nome a ser lembrado. Pinheiro, Rivellino, Conca, Deco, Fred também.
Uma decisão eterniza um ídolo. Imagine Gérman Cano marcando o gol da vitória e vibrando em campo fazendo o ‘L’ com os dedos.
A bola rola neste sábado, às 17h, com arbitragem do colombiano Wilmar Roldan, de 43 anos e experiente em competições continentais.
A sorte está lançada!
PELÉ VIVO
por Rubens Lemos
A morte vem buscar os humanos, os bichos, a alegria, a tristeza, a compaixão, o tédio, a solidão, o ostracismo e a fé. A morte só não leva Pelé que, equivocadamente, foi tratado como aniversariante ausente no último dia 23 de outubro.
Pelé, incrédulos ou teimosos, é extraterreno, paranormal, fantasmagórico. Está a qualquer tempo, em qualquer campo. Sua energia é natural, exclusiva e infinita.
A morte matou Pinheiro Machado, o senador, Tancredo Neves, o presidente que não foi, Getúlio Vargas, por decisão sábia, Juscelino Kubitscheck, sabe-se lá se por acidente ou conspiração, Carlos Lacerda em condições suspeitíssimas, João Goulart, de misteriosa injeção, a morte matou de saudade de Natal, o prefeito Djalma Maranhão. Todos notáveis, sem a magnitude de Pelé.
Considero Pelé, quatro letras que significam vida, em seus aspectos lúdicos, travessos, espetaculares e superiores a tudo. Há uma diferença entre Pelé e Garrincha, seu imediato: Pelé deixava multidões boquiabertas por seus lances sem direito a plágios.
Pelé – e ele está aí nos vídeos de internet, criava o gol impossível paralisando a todos, do goleiro ao gandula, do fanático à dondoca elegantérrima na Tribuna de Honra, comentando com a amiga, a etiqueta modesta dos estádios do tempo do Rei.
Garrincha deixava a massa encantada, como se estivesse em um grande teatro de concreto. Garrincha, como um dia disse Carlos Heitor Cony, humilhava os colegas profissionais, zombava deles. Foi rigoroso o maior cronista brasileiro igualado a Antônio Maria.
O drible é o salto de trapézio dos gramados e com ele, Garrincha mostrava e repetia, rindo, sua superioridade sobre marcadores vencidos e resignados. Mas Garrincha foi falível, derrotado pelo alcoolismo, morreu antes dos 50 anos.
Foram finitos, além de Garrincha, nomes históricos e geniais: Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Danilo Alvim, Ademir Menezes, Zizinho, Jair Rosa Pinto, Didi, Nilton Santos, Zito, Julinho, Vavá, Carlos Alberto Torres, Djalma Santos, , Heleno de Freitas, Sócrates, Roberto Dinamite, Marinho Chagas, Jorge Mendonça, Dirceu, e tantos de futebol esplêndido. Eram de carne e osso, certidão de nascimento passada e de óbito com registro em cartório.
Pelé sobrevoa o sistema solar. É dispensável saber onde puseram sua manjedoura, se em Marte, Saturno ou Plutão. Na Terra é que não foi. Quem faz aqueles gols contra País de Gales e Suécia em 1958, joga o que jogou em 1970 e dá dois títulos mundiais ao Santos, chegou de nave espacial para ocupar o corpo tomado do cidadão Edson Arantes do Nascimento, que lhe emprestou corpo, nome e sobrenome.
Em Natal, Pelé jogou três vezes. Nas três, cinco gols. A primeira, no ancestral Estádio Juvenal Lamartine em 1971, acertando no ângulo do goleiro Jairo uma falta cobrada aos 44 minutos do segundo tempo, enquanto o lacrimoso lateral-direito Batata lamentava a derrota por 2×1 e chamava o camisa 10 do Mundo de “desumano”.
Um ano depois, no moderno Castelão, Pelé, entediado, tanto foi perguntado sobre um improvável duelo com Alberi, o Deus Banto local, que ganhou a dividida com o zagueiro Edson Capitão e superou o goleiro Tião. Edu marcou o segundo.
Em 1973, depois se despedir da seleção brasileira, voltou ao Rio Grande do Norte para marcar três vezes contra o América em goleada de 6×1 para o Santos. Pelé entrou mordido porque a torcida rubra o chamou de míope e os puxa-sacos não o deixaram em paz.
Quando tenho a chance de entrar no velho Juvenal Lamartine, faço a caminhada em silêncio do gol de entrada até o bico da grande área da trave voltada para o morro de Mãe Luíza.
Me concentro onde me indicaram que ele amaciou a bola e, frio, colocou como uma cesta de basquete concretizada com o pé direito. Pelé está lá. Como na Vila Belmiro, no Maracanã, no Morumbi, no Pacaembu, no Rasunda(Suécia) e no Azteca do México.
Ele nos vê, nós não o enxergamos. O morto é Edson. A matéria. Daqui a um século, quando não sobrará um grão de minhas cinzas, não sei se haverá redator escrevendo sobre Pelé.
A mediocridade atual e futura reduzirá o maior esportista de todos os tempos a registros opacos de rabiscos digitais. Chamando-o de influencer. Eu, sigo firme no título do mágico filme de Aníbal Massaini: Pelé Eterno.
RIVALDO E A FAÇANHA
por Luis Filipe Chateaubriand
Prezado leitor:
Você conhece alguma situação em que o mesmo jogador da Seleção Brasileira tenha sido seu melhor jogador em duas Copas do Mundo?
Pois saiba que esse jogador existe.
Chama-se Rivaldo.
Na Copa do Mundo de 1998, na França, Rivaldo foi um meio campista ofensivo, que municiava a dupla de ataque Ronaldo / Bebeto, além dele próprio ir à frente para fazer gols.
Foi o melhor jogador brasileiro na Copa do Mundo.
Na Copa do Mundo de 2002, na Coréia do Sul / Japão, Rivaldo jogou de atacante, fazendo dupla com Ronaldo e sendo municiado, a partir do meio de campo, por Ronaldinho Gaúcho.
Não foi apenas o melhor jogador brasileiro na Copa, mas foi o melhor jogador de toda Copa!
Assim, Rivaldo é um caso único de jogador brasileiro que foi o melhor da Seleção em duas Copas do Mundo.
E, por curiosidade: Pelé, o melhor jogador de futebol de todos os tempos, não foi o melhor jogador brasileiro em nenhuma das Copas do Mundo que disputou; em 1958, foi Didi; em 1962, foi Garrincha; em 1966, não houve um melhor jogador; em 1970, foi Jairzinho, o “Furacão da Copa”.
Conclusão? A de sempre: Rivaldo foi um jogador fora de série, que não é valorizado na medida do que jogou.
ERROS
por Claudio Lovato Filho
Ele havia prometido levar o menino ao jogo. O menino só falava naquilo nos últimos dias. A camisa já estava separada, assim com o calção e os meiões.
No domingo de manhã, por volta das onze, o homem disse:
“Vou dar uma saída e já volto”.
Uma nuvem de preocupação começou a se formar na cabeça do menino.
O homem beijou a mulher, que estava na cozinha, e saiu. Ao passar pela sala, ouviu do menino:
“Você vai demorar?”
“Não, não. Já volto” – respondeu. E saiu.
Havia um histórico ruim envolvido nisso, um histórico de exagero de bebida no boteco e de esquecimento de tudo mais. Um retrospecto de erros que a fisionomia da mãe (agora parada no meio da sala) e do menino (que fingia interesse no programa da TV) não negava.
O tempo passou. Mãe e filho não trocaram uma palavra. Lá pelas tantas, o menino desligou a TV e foi para o pequeno quintal nos fundos da casa chutar a bola contra o muro.
O tempo passou mais, e a mãe já sentia o coração apertado e uma irritação crescente – irritação que era fruto de inconformidade, revolta e frustração.
O tempo passou mais e mais (ele nunca para), e o menino já havia ido para o quarto. Agora estava sentado na cama, ao lado da camisa, do calção e dos meiões.
A mãe tentou o celular do marido, sem o menino ver. Ligou. Ele não atendeu. Mandou mensagem. Ele não visualizou.
Eram quase duas quando um sentimento fatalista de derrota se abateu sobre o menino e a mãe.
“Vamos comer”, ela disse, pensando na bela porcaria que essa vida às vezes é. “Já está tarde”.
Mais uma vez o homem os havia decepcionado.
Quando ele vai parar com isso? – ela pensou, sem qualquer esperança de encontrar uma resposta que lhe desse alento.
Quando estavam sentados e já começavam a comer, ouviram o barulho (barulhão) do portão da garagem se abrindo. Então, em menos de um minuto, o homem apareceu, segurando uma sacola com várias embalagens de isopor dentro dela.
“Não iam me esperar pro almoço? Eu, hein!” – ele disse, soltando uma daquelas risadas que podiam, na mesma medida, causar raiva e desarmar espíritos.
“Ainda não está com a camisa do jogo por quê?” – ele falou para o menino, (mas) olhando para a mãe. E essa foi a senha para que o menino voasse em direção ao quarto com o coração batendo como um bumbo descontrolado e voltasse de lá com um sorriso que não estava na boca mas estava nos olhos. Vestia o uniforme completo do time e, com dificuldade, continha a vontade de pegar a mão do homem que era seu pai e arrastá-lo consigo porta afora em direção ao estádio, em direção à felicidade.
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Ele sabe que não deveria ter reagido. Não daquela forma. Mas reagiu. E agora se arrepende. Perdeu a cabeça e mandou um companheiro de time para o hospital. Socos em pleno treino aberto à imprensa. Não sabe qual será a decisão do clube, mas sabe que não será boa para ele. Só espera que isso não dê em rescisão de contrato. Ele diz para si mesmo em pensamento, sentado sozinho na varanda do apartamento imenso: Não é para tanto! Ou é? Queria poder fazer o tempo voltar. Mas não pode. Queria e não queria. Aquele bosta mereceu cada soco que levou. Ele se pergunta: Mas e você, babaca, também merece o que vai receber? Sim? Não? Nenhuma das alternativas? Ou as duas? Você se estrepou, mano – ele diz para si mesmo, agora em voz alta, com o olhar perdido nas luzes da cidade. O celular toca. Ele confere quem está chamando. É o empresário. Ele atende. Pelo tom do “boa noite” que recebe já conclui que o estrago foi irreversível. São sempre irreversíveis. A diferença são as consequências. E, no presente caso, elas serão de lascar. Uma condenação devastadora que encontrará a punição mais severa de todas dentro de sua própria cabeça, uma punição duradoura e implacável, que se abaterá sobre ele de uma forma terrível e, sim, irreversível.
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“E agora, faço o quê?”
“Agora? Agora é ir em frente, tentar compensar de alguma forma, se recuperar, se redimir”.
“Você acha que vai adiantar? Acha que é possível mesmo? Eu me ferrei!”
“Hoje, sim. Você se ferrou. Está ferrado. Pronto. É isso. A partir de agora é a sua recuperação”.
“Mas não tem perdão para o que eu fiz”.
“Não se trata de perdão. Se trata de dar um jeito de ir em frente da melhor forma possível”.
“Foi um erro muito grande. Inadmissível”.
“Não há o que fazer em relação a isso. Está feito”.
“A torcida nunca vai me perdoar”.
“Isso a gente não tem como saber. Agora é ir em frente”.
“Vou tentar”.
“Você sabe que a solução não está em ficar remoendo o que não pode mais ser mudado, não sabe?”
“Eu sei”.
“É sempre a próxima oportunidade. É isso o que interessa. O jogo seguinte é o mais importante de todos. E não importa se o último foi um horror ou foi uma maravilha”.
“Sim, eu sei”.
“Você sabe”.
“Eu sei”.
“Então tá”.
UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 33
por Eduardo Lamas Neiva
Todos se divertem e dançam com a música gravada pelo Sotaque Brasileiro. Ao fim, Zé Ary toma a palavra, pois uma surpresa está por vir.
Garçom: – Olha, gente, o Everaldo prometeu que virá aqui mais tarde, aí ele poderá falar sobre aquele episódio com o árbitro José Faville Neto.
João Sem Medo: – É bom lembrar que Everaldo foi homenageado pelo Grêmio com uma estrela dourada na bandeira do clube. Ele tem também muitas boas histórias pra contar.
Idiota da Objetividade: – Verdade. Ele foi o primeiro jogador de um clube gaúcho a ser campeão mundial pela seleção.
Músico: – E tem música em sua homenagem também, gravada depois que ele faleceu, em 1974.
Garçom: – É verdade. Chama-se “Everaldo, estrela de ouro”, de Francisco Castilhos e Albino Manique, fundadores do grupo gaúcho Os Mirins, que gravaram a música. Vamos ouvir aqui no som.
Todos ouvem com atenção e respeito. No fim, alguns se emocionaram e todos aplaudiram.
Garçom: – Everaldo prometeu vir, acho que junto com o Lupicínio Rodrigues, e aí a gente vai poder conversar com ele.
João Sem Medo: – Sobre o Grêmio e a seleção brasileira!Idiota da Objetividade: – Outro que fez parte da seleção tricampeã mundial, em 70, e agrediu árbitro foi o zagueiro Brito. Ele deu um soco no estômago de José Aldo Pereira, depois de não marcar um pênalti contra o Botafogo, num jogo que o Vasco venceu por 1 a 0, em 1971. Chegou a pegar um ano de suspensão, mas foi beneficiado pelos serviços prestados à seleção e a punição foi reduzida.
João Sem Medo: – O zagueiro Moisés, do Vasco, declarou à Rádio Globo, nas vésperas da partida, que iria entrar e espanar. De fato cumpriu parte de sua promessa antes de dois minutos de jogo sem sequer ser advertido. Foi um esbulho, uma desmoralização para o futebol. Disseram que o Brito deu a primeira e perdeu a cabeça, mas foi outro jogador e o juiz sabia quem tinha sido. Mas não teve coragem, nem moral para assinalar isto na súmula. Prova o fato de tal pusilanimidade…
Sobrenatural de Almeida: – Pusilanimidade, João! Gastou o vernáculo agora, hein.. hahaha (dá sua risada assombrosa)
Outros riem também, mas João está sério, retoma a bola e prossegue.
João Sem Medo: – Prova o fato que o jogador continuou no campo. É a consciência pesada de quem sabia estar prejudicando um time que impede isto. O Vasco nada tinha com o peixe. Tratou de seus papéis. Se não marcaram o pênalti em Jairzinho, paciência. O juiz parece que tinha combinado que não valeria pênalti. A única decisão sábia do juiz foi não comparecer à delegacia.
Garçom: – Bom, o senhor José Aldo Pereira não está aqui pra se defender, vamos deixar quieto, então.
Zé Ary percebe um burburinho próximo à entrada do bar e anuncia.
Garçom: – Olha só, gente, quem está chegando: o mestre Telê Santana!
Telê é aplaudido de pé por todos.
Telê Santana: – Obrigado, muito obrigado.
Garçom: – Seu Telê, estávamos pouco antes de o senhor chegar falando do título brasileiro do Atlético, em 1971. São muito boas as lembranças daquela conquista, não é?
Telê Santana: – Sim, muitas. Fomos jogar no Rio pelo empate, mas não o fizemos. Partimos para a vitória e ficamos com o título.
Idiota da Objetividade: – E a promessa, Telê?
Telê Santana: – Quando fiz a promessa, calculei que seriam 50 quilômetros de minha residência, em Belo Horizonte, até a igrejinha de Pires, em Congonhas do Campo. Estava enganado, eram 78! Era impossível fazer tal distância a pé. Por isso aceitei o transporte oferecido pelos patrulheiros. Estava exausto, queimado do sol e com bolhas nos pés.
Ceguinho Torcedor: – Você foi heroico, Telê! Além do título nacional, ainda percorreu a pé 45 quilômetros. Quando jogador do meu Fluminense era o Fio de Esperança. No Atlético, transformou-se no Pagador de Promessa.
Todos riem muito e aplaudem Telê, que agradece e vai pra sua mesa.
Garçom: – Como todos sabem, mestre Telê tem muita coisa pra nos contar, além daquele primeiro título brasileiro do Atlético.
Ceguinho Torcedor: – Amigos, foi uma vitória perfeita, irretocável, a do Atlético. Não é à toa, nem por acaso, que Minas exultou com o título do futebol brasileiro. Sempre digo que um campeão não se improvisa. É todo um processo, toda uma preparação. O Atlético Mineiro teria de vencer, porque amadurecera para a vitória tão desejada. Duzentos ônibus invadiram a Guanabara, como era chamado na época o estado em que ficava apenas a cidade do Rio de Janeiro, com as faixas de campeão. O título não era um desejo, uma esperança, mas uma certeza inapelável. Ao longo da jornada, o time mais regular foi o mineiro.
João sem Medo: – O Atlético fez mesmo por merecer o título.
Garçom: – Em mais uma homenagem ao Galo, vamos ver no telão, a homenagem do cantor, compositor e violonista Celso Adolfo ao Clube Atlético Mineiro. A música se chama “Paixão atleticana”.
Muitos aplaudem a música, que agrada, principalmente aos atleticanos presentes.
Quer acompanhar a série “Uma coisa jogada com música” desde o início? O link de cada episódio já publicado você encontra aqui (é só clicar).