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TITE CHEGA PARA SALVAR O TITANIC

por Marcos Eduardo Neves

Apesar de ter perdido duas Copas do Mundo, a chegada de Tite alivia temporariamente o clima tenso no Ninho do Urubu. Tite é o antídoto contra o Titanic que se anuncia. Elenco forte, mas time que não vibra, não empolga. Naufrágio certo caso não houvesse a chacoalhada que agora teremos.

Dos melhores nomes disponíveis no mercado, Tite terá pela frente muito mais trabalho do que teve nos últimos anos, à frente da seleção brasileira. Pela primeira vez dirigirá um time do Rio. Vitorioso em territórios gaúcho e paulista, chega tal qual Muricy Ramalho, que deu ao Fluminense um título nacional, em 2010. Dificilmente o treinador fará a equipe engrenar esse ano, levantando o único caneco que ainda resta, mas se classificar o clube, sem aflição, para a Libertadores, já terá valido a pena.

Depois de Jorge Jesus e Dorival Jr., a esperança volta à tona. Mas, vale lembrar, Renato Gaúcho também chegou com um currículo recheado de conquistas e, apesar do bom rendimento, em termos de percentagem, nada ganhou. Pelo contrário, viu o time declinar às vésperas da decisão da América, em 2021.

Sobre Tite ter perdido dois Mundiais – o da Rússia, em 2018, e o do Qatar, no ano passado –, isso pouco importa. Afinal, nos anos 90 o mestre Telê Santana, derrotado nas Copas da Espanha e do México, presenteou o São Paulo com um título brasileiro e quatro internacionais de peso: duas Libertadores e dois Mundiais.

Ótimo que alguém do gabarito de Tite enfim tenha chegado. Com sua competente comissão técnica, saberá em quem apostar e quem deve aposentar. Terá carta branca para contratar quem quiser. Pena que não possa demitir a banda podre da diretoria.

ALEGRIA DO POVO

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Há mais de 20 anos não conquistamos Copa do Mundo e o futebol brasileiro perdeu o protagonismo, a alegria de jogar e o bom humor fora de campo. Onde estão os dribles, a criatividade e o lado ofensivo, sempre presente nas grandes conquistas?

Não se pode arriscar, ousar, provocar, que vem a reação forte do adversário, da torcida e da imprensa. Fernando Diniz surge como esperança de resgatar nossas raízes, mas a CBF insiste no italiano Carlo Ancellotti. Dizem que Tite vai acertar a defesa do Flamengo. O Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha se preocupavam não com isso, mas em fazer gols.

Imagina Mané Garrincha hoje… Seus dribles, sua magia, seu show não seria possível. Receberia cartão amarelo ou vermelho, por provocação, ou sofreria agressões sem bola e, nisso, o jogo tenderia a acabar antes do apito final.

E Ronaldinho Gaúcho, nosso último grande artista? Seria a todo momento advertido e talvez até ameaçado pelo árbitro conterrâneo, o parrudo Anderson Daronco.

Maradona dando caneta, chapéu, fintando adversários em série… O VAR permitiria? Os bandeiras passaram a ser figuras decorativas, após a ‘invenção’ do VAR.

Soteldo não deve desculpas, por ter subido na bola, abrindo os braços para se equilibrar. O venezuelano, merecia jogar com Romário, Edmundo, Túlio Maravilha, Júnior Baiano, Renato Gaúcho e outros… O habilidoso venezuelano Soteldo seria bem recebido na disputa do ‘Rei do Rio’, nos anos 90, onde até ‘Papai’ Joel Santana foi coroado. Romário pedia aos vascaínos para levarem lenços, porque iriam chorar no Maracanã. Edmundo rebolava de frente para o zagueiro Gonçalves. Túlio anunciava que artilheiro era ele, mais ninguém. Renato Gaúcho marcou de barriga no Fla-Flu e ainda se vestiu de ‘Rei’.

Hoje há um abismo entre o jogador e quem torce por ele. Os Centros de Treinamento, que surgiram simbolizando progresso e sinalizando o business no futebol, ajudaram a aumentar a distância entre os artistas da bola e sua legião de fãs. Ridículo ver um repórter, na porta do local do treino, sem poder entrar e nem saber o que dizer. Os pais levavam os filhos para baterem fotos com seus ídolos.

É importante, manter acesa a tradição de torcer para o time do coração do pai, do avô, da família. Quando os treinos eram abertos, sexta-feira à tarde vinha gente de todo o país para acompanhar o coletivo.

Ficamos menores assim que passamos a imitar a Conmebol, que é submissa à FIFA, e copiar os europeus. Um absurdo essa moda dos técnicos do Velho Mundo. As ‘joias’ que surgem são vendidas com pressa, mesmo cientes de que haverá revendas que lhe quintuplicarão o valor.

O dinheiro entra e é fácil repatriar um veterano de graça e sem mercado lá fora. Não por acaso, o endinheirado Flamengo está sendo chamado de clube europeu da América Latina.

O CAMPEÃO VOLTOU

por Zé Roberto Padilha

Depois de 16 anos, o título máximo da Copa Rio Sul de Futsal Dente de Leite volta para Três Rios. E de forma invicta.

Foram 5 jogos e 5 vitórias, atropelando equipes fortes como Angra dos Reis, Volta Redonda e quem mais ousasse cruzar o seu caminho.

Foram 24 equipes vencedoras das concorridas etapas disputada em cada cidade. Esse resultado reforça nossa tese que a Escolinha de Futsal do Caer, coordenada pelos professores CidClay e Calixto, está para o Futsal como Xerém está para o Futebol.

Uma inesgotável fábrica de craques que vão abastecendo as categorias Mirim, Infantil, Juvenil até revelar para a equipe adulta talentos que tornam Três Rios lider absoluto do Ranking da TV Rio Sul após tantas edições.

Muito orgulho de vocês, Comissão Técnica e jogadores.

Três Rios, a Meca do Futsal do Estado do Rio de Janeiro

COMANDANTE NÃO ABANDONA O BARCO

por Marcos Eduardo Neves

Antes da disputa por pênaltis, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, virou as costas para o time e foi para o vestiário. Não quis assistir à eliminação alviverde ou foi comprar com antecedência ímpar as passagens para o Rio, a fim de assistir à final entre Fluminense e Boca, no Maracanã?

Nem uma coisa, nem outra. Simplesmente, entregou-se à superstição.

Perguntado sobre religião, João Saldanha costumava dizer:

‘Se macumba ganhasse jogo, Campeonato Baiano terminaria sempre empatado.’

Para superstição, digo a mesma coisa.

A meu ver, não é postura de um líder abandonar o grupo numa hora como aquela. Sampaoli já tinha aberto precedentes, fazendo o mesmo no intervalo de um jogo do Flamengo. Capitão não abandona o barco antes do naufrágio, aguarda até o fim o salvamento.

Talvez se estivesse junto à equipe, à beira do gramado, seus jogadores retomariam a confiança após a perda do pênalti de Raphael Veiga. A presença da ausência do comandante foi mais do que sentida pelos atletas da equipe paulista.

Entendo que Abel possa ter dito:

‘Agora é com vocês. Confio em cada um. Vocês treinaram a semana toda, agora batam onde obtiveram melhor aproveitamento. Quanto a ti, goleiro, não salte antes, deixe cobrar primeiro!”

Acontece que tem que ser todos juntos nas vitórias e todos juntos nas derrotas. Para coletiva Abel foi, mas só depois de ver as penalidades pelo celular.

O português lançou recentemente um livro sobre o seu sucesso no nosso país. Mas após duas eliminações de Libertadores nas semifinais, e outra na mesma fase da Copa do Brasil, fico com o mestre Ruy Castro:

‘Biografado bom é o biografado morto.’

Porque a história tem começo, meio e fim.

Afinal, quem compra hoje um livro de vencedor que só tem perdido?

A VINGANÇA TARDA, MAS NÃO FALHA

por Zé Roberto Padilha

Fluminense x Internacional disputavam, no Maracanã, quem iria às finais do Campeonato Brasileiro de 1975. A Máquina Tricolor, da qual era o ponta esquerda, tinha vencido o Flamengo (3×0), o Sport Recife (3×0) e o Palmeiras (4×2).

Jogando em casa, éramos favoritos, mas o Inter também era uma máquina de jogar futebol. E com gols de Lula e Carpegiani, Falcão, Batista e Caçapava impedindo Rivelino e Paulo Cézar de jogar, perdemos o direito de ir às finais.

Só não sabia que era o meu último jogo com a camisa tricolor. Foram sete anos defendendo o meu clube de coração, desde os infanto-juvenis. E quando estava de férias, em Iguabinha, Francisco Horta nos trocou pelo Doval.

E nunca mais vesti a camisa que era antes a minha bandeira. Jamais pensei em vingança, mas na última quarta-feira, quando o Inter entrou literalmente pelo Cano, lembrei que foram eles que impediram que continuasse a sonhar.

No Flamengo, definitivamente, me tornei um atleta profissional de futebol que honra o o clube que paga o seu salário. Daqueles que compram ingressos para torcer por você.

A partir daí, o amor à camisa ficou no coração. As pernas, pulmões e raciocínio passaram a dar as ordens. Mas que tinha saudades de correr para o lado dos que torciam pelo meu time, isso tinha.

A final, de 1975, foi entre Inter X Cruzeiro. Jamais lembrei de quem venceu. Sempre soube de quem mais perdeu. Eu.