AS FINAIS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1986
por Luis Filipe Chateaubriand
No início de 1987, São Paulo e Guarani disputaram as finais do Campeonato Brasileiro de 1986.
O São Paulo chegou às finais depois de difíceis embates com o América carioca, nas semifinais.
O Guarani chegou às finais depois de difíceis embates com o Atlético Mineiro nas semifinais.
O primeiro jogo das finais foi no Morumbi, com mando de campo do São Paulo.
Já no segundo tempo, Evair fez 1 x 0 para o Guarani.
Mas, logo depois, Careca empatou em 1 x 1, resultado final.
O segundo jogo das finais foi no Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas, com mando de campo para o Guarani.
No início do primeiro tempo, Nelsinho, contra, decretou Guarani 1 x 0. Mas, ainda no início do primeiro tempo, Bernardo empatou em 1 x 1. E esse foi o resultado do tempo normal de jogo.
No início do primeiro tempo da prorrogação, Pita fez 2 x 1 para o São Paulo. Mas, ainda no primeiro tempo da prorrogação, Março Antônio Boiadeiro empatou para o Guarani em 2 x 2.
No segundo tempo da prorrogação, João Paulo fez 3 x 2 para o Guarani. Mas, já no final do segundo tempo da prorrogação, Careca empatou em 3 x 3 para o São Paulo.
O jogo, então, foi para os pênaltis.
O São Paulo foi mais feliz, venceu por 4 x 3 e foi, pela segunda vez, campeão brasileiro!
DADÁ EM ONDAS CURTAS
por Eliezer Cunha
Algo me motiva a escrever abordando situações pitorescas e inusitadas dentro do contexto futebolístico Brasileiro. O Museu da Pelada me oferece esta oportunidade e nela me agarro, e são nestas despretensiosas linhas que procuro induzir em alguns
momentos aos leitores uma reflexão básica sobre temas que passam despercebidos, pelos “parceiros” colaboradores, pelos seguidores e pelos amantes do futebol.
Às vezes me deparo com várias interrogações que são no mínimo para mim curiosas e não imagináveis e dentro delas contextos surreais e enigmáticos.
Minha razoável idade, e lá se vão 59 anos não me permite ter bem clara na lembrança um período épico de nossa histórica futebolística, período este anterior à década de 70 e seu início. Além do que em tempos idos não existiam os recursos informativos e visuais que temos facilmente hoje. Os aparelhos de televisão eram para poucos, o rádio até possuía mais penetração na grande massa mais tinha um cunho nostálgico, pois simplesmente não havia imagens. Ficávamos muito mais a mercê da
emoção do narrador de que mesmo dos fatos reais. Nossas mentes desenrolavam as jogadas e as mesmas as concluíam como um possível sonho. Por estas razões alguns atletas que desfilavam pelos gramados e exibiam seus talentos ficavam no lastro imaginário e não eram fisicamente definidas, assim como, a retratação e a conclusão de suas jogadas. Essa contextualização física e factual ficava a cargo de cada ouvinte torcedor e do seu poder imaginário, retocadas pelo seu grau de paixão pelo time. Deste modo eram criados e sobreviviam os jargões, os apelidos e as jogadas retocadas magicamente pela fala do narrador da partida.
Neste contexto e cenário alguma coisa me leva a imaginar que alguns jogadores desconsideravam as leis da física e harmônica da arte do futebol, como pode, por
exemplo, um jogador com a estrutura corporal de Dario conseguir alcançar suas proezas como centroavante. Não possuía velocidade, seu comando físico era visivelmente lento e desengonçado, aonde faltava beleza e arte, sobrava humor, simpatia e malandragem. Acreditar que nosso Dadá Maravilha era realmente maravilhoso, custa a acreditar. Acreditar que Dadá beija-flor parava mesmo no ar, custa acreditar. Acreditar que o nosso Dadá peito de aço tinha realmente em peito uma liga de Fec (Ferro e Carbono), acreditávamos menos ainda. Agora, acreditar que chegou próximo ao rei Pelé em número de gols é real. Que foi artilheiro por times onde atuou é fato. Que ganhou campeonatos importantes é verídico. Que era em fim um temido e operante goleador é legítimo.
Quando vejo triunfar seus gols nas sequelas imagens das memórias, registros e arquivos televisivos, só assim passo a acreditar que a bola domesticada por esse gigante goleador, foi em 926 vezes se desenrolar pelo chão ou ar até se acomodar dentro das obcecadas redes simetricamente alinhadas.
MARCAS ESPORTIVAS NAS SELEÇÕES – 2023
por Idel Halfen
No primeiro artigo de 2024, apresentaremos uma análise sobre o fornecimento de uniformes para as 50 seleções melhores ranqueadas em três modalidades de esportes coletivos, tanto no feminino quanto no masculino. São elas: basquetebol, futebol e voleibol.
Dentre esses, o vôlei é o esporte com mais marcas, são 28 no total (vinte e quatro no masculino e vinte e uma no feminino), seguido pelo basquete com 24 (21 e 20) e futebol com 18 (17 e 11). Interessante notar a maior incidência de marcas no masculino nas três modalidades.
No vôlei, a italiana Erreà é a que veste mais equipes entre as TOP50, 28% dos times masculinos e 20% dos femininos. Em ambos os gêneros, a Mizuno é a segunda marca. Todavia, quando analisamos as TOP10, a Mizuno lidera entre as mulheres com 40%, seguido pela Adidas com 20%, enquanto que entre os homens, Erreà e Mizuno dividem a liderança com 20% cada.
Vale notar que a Asics, marca referência e mais tradicional nessa modalidade, veste apenas o time japonês masculino – o feminino é suprido pela Mizuno. Tal fato parece indicar que esteja havendo um foco maior da empresa na categoria de calçados, onde a qualidade costuma ser mais perceptível e, consequentemente, a concorrência é menor.
Já no basquete, a liderança pertence à Nike nos dois naipes. No masculino a marca norte-americana veste 26% dos TOP50, seguida pela chinesa Peak com 12%, enquanto no feminino as duas marcas citadas ocupam a mesma posição com 34% e 10% respectivamente.
Analisando a participação entre os TOP10, a Nike tem 40% dos times masculinos e 50% dos femininos.
A Peak é a segunda com 30% entre os homens, enquanto a Air Jordan, marca pertencente à Nike, ocupa a vice-liderança no feminino com 20%.
Tais números demonstram que as três marcas citadas na análise sobre o basquete, mesmo tendo uma forte presença entre as seleções menos vencedoras, procuram privilegiar os times mais competitivos.
Por fim, temos o futebol, única modalidade em que todos os times possuem fornecedor. No vôlei, uma equipe feminina não ostenta nenhuma marca, fato que se repete em sete times de basquete (cinco entre os homens).
Entre os TOP50 no futebol, a liderança é dividida entre Adidas e Nike – 30% cada no masculino e 36% no feminino. Já entre as TOP10, a Nike é a mais presente com 60%, seguida pela Adidas com 40%, situação que ocorre nos dois gêneros.
Apenas três marcas suprem equipes nas três modalidades analisadas: Adidas, Puma e Hummel.
Vale chamar a atenção para o aparecimento de marcas que, por não estarem presentes no futebol, esporte mais popular que os demais, são pouco conhecidas do público em geral, mas que já suprem pelo menos dois países, entre essas podemos citar:
– No basquete, a Spalding, marca mais conhecida por fabricar bolas para a modalidade, e a portuguesa Dhika;
– No vôlei, as italianas Nine e Zeus;
– No futebol não encontramos nenhuma marca, digamos inédita, com algum indício de crescimento de participação, todavia, a título de curiosidade, podemos apresentar a One, que veste o time masculino de Camarões, a Entes, que supre o feminino de Taipei em quanto a Warrix está com a Tailândia.
Ainda que não tenhamos acesso aos valores envolvidos nessas parcerias, muitas delas abrangem apenas o fornecimento do material, os números aqui apurados permitem, ao menos especular o movimento das marcas.
PELÉ EM BERÇO ESPLÊNDIDO
por Paulo-Roberto Andel
Lá pelo meio de 2022, todos os que gostam do melhor futebol do mundo ficaram apreensivos. Depois de idas e vindas hospitalares, já se sabia que o tempo de Pelé na Terra estava no fim. Silêncios constrangedores, informações limitadas, estava desenhado o que viria aos pés do fim do ano.
E então Pelé se foi.
Como quase sempre acontece nessas situações, o resto do mundo ensina a parte do Brasil o tamanho de um de seus maiores ídolos, senão o maior, mas certamente o mais conhecido de todos no planeta.
O mundo se deu às mãos e chorou por Pelé. Parte do Brasil, mais acostumada a apedrejar do que exaltar, fez beicinho mas em vão. As homenagens se estenderam por todo 2024, e é lamentável que o grande Santos tenha sucumbido no Brasileirão justamente nesta temporada.
Pelé foi o atleta do século XX e o maior jogador de futebol de todos os tempos. Para os incrédulos, uma simples pesquisa no Google dará as respostas. Parte considerável das façanhas do Rei do Futebol é vista com facilidade no YouTube. É difícil brigar com as imagens e fatos, ou com depoimentos de craques como Rivellino, Gerson e grande elenco.
Mas, pensando bem, Pelé não se foi. Ele tem a vocação da eternidade. Seus gols, suas façanhas esportivas, sua arte – sim! -, sua história está espalhada pelo mundo. São livros, vídeos, filmes, fotos, áudios. Pelé é uma presença permanente.
Um ano depois de sua morte, o Rei está no trono de sempre. No topo.
Muitas vezes, Pelé foi condenado não pelo seu talento de maior jogador de futebol da história, mas sim porque alguns não o consideravam o maior ser humano da história da humanidade, o maior intelectual do planeta, o maior criador da Terra. Talentos que quase nunca se cobrou de ninguém. Enquanto isso, neste exato momento, em algum lugar do mundo um brasileiro está pedindo uma informação e, ao falar de sua origem, ouve “Brasil, Pelé!”.
Nesta sexta, o Rei completa um ano de sua morte. É um excelente momento para reflexões e aprendizados. Quem sabe os desentendidos consigam finalmente entender o tamanho de Pelé no mundo?
Para fechar estas linhas, uma breve lembrança esportiva que ajuda a posicionar o Rei diante de pretendentes ao trono maior do futebol.
Vamos falar do Santos, uma das maiores equipes do planeta e que provavelmente teve o maior time de todos os tempos.
Olhando a lista dos dez maiores artilheiros da história do Peixe, além do próprio Pelé, temos os seguintes nomes: Tite, Pagão, Araken Patusca, Edu, Dorval, Feitiço, Toninho Guerreiro, Coutinho e Pepe. Somados, estes jogadores chegaram a cerca de 2.100 gols com a camisa santista. Destes, apenas Feitiço e Araken não receberam lançamentos e passes de Pelé. Não é nenhum absurdo que o camisa 10, além de ter feito mais de 1.000 gols, tenha dado os passes para outros 1.000 gols do Santos.
Pesquise qualquer outro artilheiro da história do futebol. Nenhum deles terá uma estatística parecida com essa.
@p. r. andel
UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 42
por Eduardo Lamas Neiva
Zé Ary, ainda surpreso com o que João Sem Medo dissera sobre o desconhecimento do regulamento da Copa de 54 pela delegação brasileira, não se conteve.
Garçom: – Caramba, seu João, como pode? Que confusão!
Ceguinho Torcedor: – Confusão houve mesmo depois da partida contra a Iugoslávia. No jogo contra a Hungria, a pancadaria foi generalizada. Perdemos de 4 a 2 no jogo e a cabeça depois.
Idiota da Objetividade: – A Hungria abriu 2 a 0 logo no início da partida, com gols de Hidegkuti e Kocsis, que estaria em posição de impedimento. Djalma Santos, de pênalti, diminuiu ainda no primeiro tempo, mas o zagueiro Lantos aumentou pra 3 a 1 em pênalti inexistente de Pinheiro na etapa final. Depois, Julinho Botelho reduziu a vantagem húngara e a equipe brasileira passou a pressionar novamente em busca do empate. Chegou a botar duas bolas seguidas na trave, mas aí Kocsis marcou no fim.
João Sem Medo: – Jornalistas brasileiros chegaram a dizer que o atacante húngaro estava impedido, mas não houve nada disso. Os brasileiros ainda reclamaram um pênalti em Julinho, não marcado pelo juiz, que eu achei duvidoso.
Idiota da Objetividade: – O jogo foi muito violento, teve três expulsos: Pinheiro e Humberto, pelo Brasil, e Bozsik, que era deputado no Parlamento húngaro.
João Sem Medo: – Com todo mundo de cabeça quente estourou a pancadaria após a partida, que ficou conhecida como a Batalha de Berna. Atingiram até o ministro de Esportes da Hungria.
Garçom: – Nossa mãe!
Idiota da Objetividade: – Faltou espírito esportivo a quase todo mundo ali.
Garçom: – Boa, seu Idiota! Hehe da Objetividade! Vamos aproveitar tua deixa pra chamar ao palco mais uma vez: Moraes Moreira!
Aplausos de toda plateia.
Moraes Moreira: – Obrigado, gente. Se faltou espírito esportivo em 54, aqui vamos de “Espírito Esportivo”.
A plateia dança e se diverte muito com Moraes Moreira e aplaude ao fim da música. O artista agradece e volta à sua mesa.
Idiota da Objetividade: – Depois daquilo tudo, daquela total falta de espírito esportivo, até Mário Vianna, com dois enes, o árbitro brasileiro na Copa, se envolveu. Ele acusou o juiz inglês Arthur Ellis de estar comprado e a Fifa, de ser uma camarilha de ladrões.
Garçom: – Desde aquela época? Não sei como era, mas hoje tem ex-dirigentes da Fifa afastados e até presos.
Ceguinho Torcedor: – Mário Vianna arrancou o distintivo da Fifa do peito e o queimou.
Idiota da Objetividade: – Acabou sendo expulso do quadro da Fifa depois disso.
João Sem Medo: – Trabalhei com ele muitos anos na Rádio Globo.
Idiota da Objetividade: – Mário Vianna encerrou sua carreira de árbitro em 1957. Foi técnico do Palmeiras, mas acumulou oito derrotas em 14 jogos e acabou saindo do clube paulista. Temperamental e polêmico, ele foi comentarista de arbitragem na Rádio Guanabara na década de 60 e da Rádio Globo por mais de 20 anos, entre as décadas de 70 e 80.
Garçom: – Ah, me lembro muito bem dele. (canta a vinheta do comentarista na Rádio Globo) “Mário Viaaaaanna”, com dois enes.
Mario Vianna, que chegara naquele momento ao bar, ao ouvir sua vinheta na voz de Zé Ary, entra com seuvozeirão.
Mario Vianna: – “Gooooooooool legaaaaaaal”.
Risada geral.
Garçom: – Que prazer, seu Mario Vianna. O senhor chegou na hora certa.haha
Mario Vianna: – O prazer é todo meu.
Garçom: – O senhor tinha outros bordões famosos… Quando o árbitro cometia um erro, como era?
Mario Vianna: – “Eeeeeeeeeeerrooooou”! Cadê o eco? “Eeeeeeeeeeerrooooou”.
Garçom: – Tinha também “pênalti que não é, não entra”. Hahahaha .
Mario Vianna (rindo): – Também, também.
João Sem Medo: – Zé Ary tá com o gogó afiado. Dá um abraço aqui, Mario!
Os dois se abraçam e Mário Vianna cumprimenta Ceguinho Torcedor, Idiota da Objetividade e Sobrenatural de Almeida, que brinca com o ex-árbitro.
Sobrenatural de Almeida: – Você era assombroso, Mário. Assombroooooosoooooo!
Os dois caem na gargalhada. Mário Vianna segue então em direção à sua mesa. João Sem Medo retoma pelota.
João Sem Medo: – A derrota de 50 gerou uma pressão imensa da imprensa e dos torcedores para que o time brasileiro deixasse de ser frouxo. Havia quase uma unanimidade…
Ceguinho Torcedor: – Toda unanimidade é burra!
João Sem Medo: – Pois é, Ceguinho, acredito que aquilo acabou mexendo com a cabeça dos jogadores. Até o uniforme mudaram pro Mundial na Suíça.
Idiota da Objetividade: – A seleção jogou até a Copa de 1950 com camisas brancas, calções azuis e meiões brancos.
João Sem Medo: – Aí juntaram a pressão com a superstição. Disseram que além de um time frouxo, tínhamos um uniforme que dava azar.
Sobrenatural de Almeida: – Ora essa! Isso é assombroso, assomborso. Hahaha
Garçom: – Seu Almeida, peço licença, mas assombrosa mesmo é a qualidade das músicas brasileiras que falam do futebol. Vamos ouvir no som o grande Carlinhos Vergueiro num samba que fala de juiz, camisa, muito do que foi conversado aqui. Vamos lá, “Camisa Molhada”, de Toquinho e Carlinhos Vergueiro.
Fim do capítulo 42
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Um gol desse não se perde!