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AS FINAIS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1982

por Luis Filipe Chateaubriand

Em 1982, Flamengo e Grêmio chegaram aos jogos finais do Campeonato Brasileiro daquele ano – curiosamente, os dois últimos campeões nacionais.

O Grêmio chegou aos jogos finais depois de eliminar o Corinthians, nas semifinais.

O Flamengo chegou aos jogos finais depois de eliminar o Guarani de Campinas, que tinha a melhor campanha do certame até então.

O primeiro jogo das finais foi realizado no Maracanã, com mando de campo para o Flamengo.

O jogo terminou empatado em 1 x 1, com gol de Tonho para o Grêmio (já no final do segundo tempo) e com gol de Zico para o Flamengo (mais ainda no final do segundo tempo).

O segundo jogo das finais foi realizado no Estádio Olímpico, de Porto Alegre, com mando de campo para o Grêmio.

Um insosso empate em 0 x 0.

O terceiro jogo das finais foi realizado também no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, com mando de campo para o Grêmio.

O Flamengo venceu por 1 x 0, gol de Nunes.

Foi assim que o rubro-negro se sagrou campeão brasileiro pela segunda vez.

PODER EM JOGO

por Elso Venâncio

Um contrato firmado em Londres, no apagar das luzes da gestão Ricardo Teixeira, afastou o torcedor brasileiro da sua maior paixão. Com o acordo, o ex-presidente da CBF permite que a seleção de futebol mais poderosa do planeta enfrente adversários sem expressão mundo afora.

A inglesa Pitch pagava 1,5 milhão de dólares por partida. Reinou por uma década, escolhendo adversários e local dos jogos, inclusive passando pela programação de hotéis e campos de treinamento.

O futebol brasileiro, sem intercâmbio com as potências da bola, se enfraquece tecnicamente e perde prestígio. Nas Copas surgem eliminações que não chegam a surpreender. A CBF, nesse ano de 2023, não renovou o contrato com a Pitch. Mesmo com o fim do compromisso, a empresa indicou seleções europeias de nível, mas a entidade não evoluiu nas negociações.

Del Nero e Ricardo Teixeira estão banidos do futebol pela FIFA. Aproveitando o momento ruim do Brasil nas Eliminatórias, tentam desestabilizar o ambiente, bombardeando o atual presidente, que reafirma seu compromisso em relação à seleção voltar a jogar amistosos no Brasil e duelar contra adversários de peso no exterior. Dois jogos já estão confirmados para março. Inglaterra, no estádio de Wembley, e Espanha, no Santiago Bernabeu. O Senador Romário anuncia que vai combater qualquer tentativa de ‘golpe’.

Se o futebol brasileiro se desvalorizou, desmoralizando-se ao longo dos anos, os antigos cartolas aliados aparecem como os principais personagens. Nos anos em que o Brasil era protagonista no futebol, recebia no país as maiores seleções do mundo e retribuía as visitas ao jogar no exterior. O sonho de todo garoto na base era vestir a camisa amarela. Hoje, o pensamento é se transferir o quanto antes para a Europa.

Na realidade, não foi o povo que se distanciou da seleção, mas sim a seleção que deu as costas ao torcedor. Além disso, as joias que surgem são negociadas de forma precoce é só voltam quando perdem mercado lá fora. Importante que a próxima Supercopa seja confirmada para o Brasil e não no ‘mundo árabe’, que deseja sediar o evento.

O último título em Copas do Mundo se deu em 2002! Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Roberto Carlos… faz tempo!

O Brasil vai igualar seu segundo maior jejum, que é de 24 anos – o primeiro foi entre 1930 e 1958 –, já que, depois do Mundial de 70, com o tricampeonato alcançado no México, outra conquista só aconteceu em 1994, nos Estados Unidos.

STJD ANALISA EM 2024 O USO DA GRAMA SINTÉTICA

por Irineu Tamanini

No início do próximo ano (2024) o Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) deverá julgar o uso de gramado sintético no futebol brasileiro. Atualmente, apenas três clubes utilizam o gramado artificial: Athletico Paranaense, Botafogo e Palmeiras. Há possibilidade de um quarto clube aderir ao gramado sintético, o Clube Atlético Mineiro.

Dois clubes de peso, Flamengo e Fluminense, preparam um dossiê contra os gramados sintéticos no futebol brasileiro. A ideia é proibir o uso do campo artificial a partir de 2025 ou 2026. Os clubes envolvidos preparam uma “força-tarefa” com um dossiê de argumentos contra o gramado sintético. O alto risco de lesões é um dos principais pontos citados pelo relatório.

Opiniões:

Fernando Diniz – treinador interino da Seleção Brasileira, treinador campeão da Libertadores pelo Fluminense e ex-jogador de futebol – Eu acho que oferece mais risco [o gramado sintético]. Eu não gosto do advento do campo de grama sintética. Não é o melhor para os jogadores e eu sou a favor do que é melhor para os jogadores. Eu acho que não favorece o jogo, muda o jogo, não é o mesmo jogo jogar em grama sintética e eu acho que os riscos aumentam de lesão. Tem uma corrida no mundo para que os campos de grama sintética sejam abolidos de alguns campeonatos, muitos na Europa não tem esse tipo de gramado e eu sou a favor de que a gente tenha um campeonato jogado somente em campo de grama natural

Abel Ferreira – treinador português do Palmeiras – A grama sintética do estádio palmeirense: o gramado do Allianz Park tem que ser trocado urgentemente. Não quero saber quem vai pagar, se a WTorre ou o Palmeiras. O gramado não está em condições de continuar a jogar futebol, neste momento é um risco para lesões de jogadores.

Sérgio Pugliese – jornalista – No meu ponto de vista de peladeiro profissional acho ruim porque cada campo instala um modelo diferente e algumas são muito finas, duras. Outras são bem fofas e lembram até as gramas originais. Mas a verdade é que se for feita uma enquete os peladeiros preferirão os bons e praticamente extintos campos de terra batida.

Luiz Antônio Vieira – renomado médico ortopedista do Rio de Janeiro que já operou, por exemplo, os atacantes Breno Henrique e Pedro, do Flamengo – No início da grama sintética operei muita gente de ligamento, por causa da grama, hoje em dia não vejo isso…

obs: Pedro foi operado quando era jogador do Fluminense

Edu Coimbra, ex-craque do América do Rio de Janeiro e irmão do Zico: Sou totalmente contra jogos oficiais em campo sintético. O número de lesões aumentam e uma série de mudanças acontecem em relação a grama natural.

José Murilo Procopio- advogado e vice-presidente do Atlético Mineiro – Acredito que o melhor seria o híbrido. É o que devemos optar.

Renato – ex-goleiro da Seleção Brasileira, Fluminense, Flamengo, Atlético Mineiro e Bahia – Não conheço esses novos tipos. Joguei na Arábia Saudita e nos Emirados. Eram péssimos. Pareciam com uma lona de caminhão. Tirava um bife se raspasse alguma parte do corpo.

Paulo Sérgio – ex-goleiro da Seleção Brasileira, Fluminense e Botafogo – Nada contra os gramados sintéticos, porém vale a pena uma análise: nos principais países que praticam o futebol, TODOS os estádios são de grama natural. Se a questão dos estádios brasileiros que adotaram a grama sintética foi por causa dos shows , então por favor invistam (assim como nos estádios de diversos países) em mecanismos que protegem os gramados naturais.

Ernani Buchmann – advogado, jornalista, escritor, ex-presidente da Academia Paranaense de Letras e ex-presidente do Paraná Clube – Sobre a questão, o enrosco está no conceito de arena multiuso. Os clubes cedem seus estádios para shows, levantam um dinheiro respeitável e, não fosse a grama artificial, não poderiam usar os respectivos campos em curtíssimo prazo, como o calendário brasileiro exige. Há ainda o fato de que, no caso do Athletico Paranaense, o local não favorece o crescimento homogêneo da grama natural. Minha convicção é de que a Fifa deveria investir em tecnologia aplicada ao desenvolvimento de gramados artificiais menos lesivos aos atletas. Enquanto isso não ocorrer, a grama artificial deveria ser banida, pelos riscos que apresenta atualmente.

Juca Kfouri – jornalista – Não gosto, mas prefiro aos pastos que infestam o país.

Eraldo Leite – jornalista – O gramado sintético só vingou no Brasil por causa da péssima qualidade dos gramados naturais. E isso tem duas causas: o clima tropical no Brasil, com muita chuva na maior parte do ano, e o calendário massacrante do futebol, com 80, 90 jogos pra cada time. O Maracanã, por exemplo, tem dois usuários (às vezes três), que jogam ao mesmo tempo até três competições paralelas. O gramado vive no sufoco, sem tempo pra respirar. Assim como o jogadores precisam do intervalo de 66 horas entre um jogo e outro, os gramados naturais também deveriam ter respeitado um certo intervalo (com a palavra os engenheiros agrônomos). Entre jogar num campo esburacado, cheio de “montinhos artilheiros” ou num gramado sintético, a segunda opção é melhor. E fora os shows. Estádio de futebol é pra jogar futebol.

Cícero Melo – jornalista – Sempre fui contra o gramado sintético no futebol profissional. Sempre achei que futebol profissional tem que ser jogado em gramado natural. Essa história de gramado sintético começou nas “peladas”. Eu mesmo joguei muitas “peladas” com amigos em gramado sintético. A FIFA permitiu o gramado sintético em em jogos de Copa do Mundo. Os clubes passaram adotar esse tipo de gramado porque facilita a recuperação após os shows e a manutenção é muito mais barata. O gramado do Maracanã, por exemplo, já passou este ano por várias reformas. O custo é grande porque o maquinário é importado. Acho muito difícil a FIFA voltar atrás e proibir o uso da grama sintética. Mesmo assim, sou contra o gramado sintético.

Terence Zveiter – advogado e presidente da Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD) – Gramado sintético e gramado natural tem uma diferença. O gramado sintético gruda mais na chuteira. Com relação às contusões dos atletas não é nada de excepcional em termos de números. Qual é a grande vantagem do gramado artificial. É que você pode usar o gramado do jeito que lhe convier. Por exemplo, o Botafogo colocou a grama artificial no Engenhão. No ano passado ele alugou o estádio para dois shows. Este ano já foram mais de vinte. Com isso, criou um ecossistema ao redor do estádio nunca antes visto, trazendo um benefício enorme para a população limítrofe gerando emprego, receita, além de você gerar para o Rio de Janeiro muitos recursos. Em um país como o nosso onde muita gente morre de fome, você não pode impedir o clube de futebol de exercer uma atividade econômica rentável.por isso, vejo o uso da grama sintética nos estádios como muito mais vantagens.

Wellington Campos – jornalista – A FIFA está estudando proibir. EUA estão fazendo muita pressão devido as lesões. Na copa do Mundo de 2026 todos os gramados serão naturais.

BAIANINHO

por Zé Roberto Padilha

Baianinho foi jogador do Corinthians durante um ano e meio. A despeito do que posso ter acontecido em sua passagem pelo Parque São Jorge, jogando bem ou mal, sendo campeão ou não, o fato de ter vestido uma camisa tão carismática o credenciava a ir jogando Brasil afora. Bastava na apresentação ao seu novo clube dizer: “Eu joguei no Corinthians”. Na pior das hipóteses, conseguiria uma semana de testes para suprir a curiosidade ante tal credenciamento.

Dessa maneira, ele se apresentou ao Goytacaz FC e meio fora de forma, 28 anos de luta, conseguiu autorização para mostrar seu futebol em dois coletivos. Cobra criada se saiu muito bem. Porém, melhor do que ele se saiu seu empresário. Vocês lembram como se apresentava um vendedor de aspirador de pó? Era o próprio, terninho tão claro quanto sua pele, maleta 007 fase Sean Connery, cinto com as suas iniciais e um estilo inovador de vender seu produto.

Em vez de manter a classe que todo empresário deveria ostentar, sentar nas cadeiras ao lado da diretoria para mostrar seu jogador, foi para as arquibancadas torcer e misturou-se aos fanáticos, desocupados e aposentados que todas as 4ª e 6ª assistiam aos coletivos. Quando Baianinho pegava na bola, o grupo todo batia palmas. E desculpava seus passes errados com um “Valeu, Baiano!” bem nítido.

Enquanto o treino corria ele dissertava para a galera seus feitos. Do passe que deu para o Sócrates fazer um gol decisivo. Do gol que ele próprio marcou contra a Juventus, na Rua Javari.

E quanto ao Zé Maria? Quem não conhecia o lateral da seleção brasileira, o Super Zé, ficou sabendo do carinho pelo Baianinho. No Corinthians, eram como irmãos E o azar que ele deu? Moço bom, família para criar, o fato é que com 20 minutos de treino a arquibancada o queria não só vestindo camisa 7 do Goytacaz FC, como na semana seguinte o queriam na TV ao lado de J Slvestre, no seu comovente “Essa é a sua vida”.

Com 30 minutos de treino o Baianinho meteu um gol e eu, dentro de campo, por mais acostumado que estivesse com a extensão daquele burburinho, fiquei assustado com tanta gritaria. Como era seu primeiro coletivo achei que tinha trazido consigo a família inteirinha, o que era até a válido, mas como os comentários surgido antes do segundo falavam apenas do empresário e seu inovador estilo, eu tive que me render ao talento de ambos.

Pois mesmo contando com dos pontas direitas nosso presidente se viu no obrigação de atender ao clamor da massa, que já ganhava as rádios e jornais, e o contratou por um ano. Até que não foi mal o Baianinho. Pena que sua intimidade com a bola não ficasse apenas na habilidade e no domínio, ela ia além e ambos se confundiam no formato.

Mesmo quando atingiu o melhor da sua forma a balança marcava dois acima. E era uma luta sem trégua com o peso que foi cedendo a favor da Fililizona à medida que foi se desmotivando. Preterido pelo treinador Pinheiro, foi se acomodando e nós acabamos sem poder contar com o seu grande futebol. Eu, particularmente, era um apaixonado pela maneira como protegia a bola, a facilidade como conseguia, a despeito de sua bagagem lateral, estar sempre bem colocado e driblar sem usar a velocidade. Ele driblava era com o talento mesmo.

Mas não foi apenas por suas autuações, dele e do seu empresário, que descrevo sua passagem por Campos. Foi por uma entrevista concedida a TV Norte Fluminense em horário nobre. Indagado se a interrupção do campeonato poderia ou não trazer benefícios ao time, Baiano respondeu que o problema seria o “Relaxismo: que poderia causar a perda de entrosamento da equipe.

Se fosse jornalista do Pasquim, passava, poderia ter seu neologismo assimilado pelo próximo Aurélio. Mas foi proferido num clube de futebol onde o regime sobrecarregado de homens convivendo juntos nâo é capaz de perdoar tais deslizes. Pegaram no pé do Baiano é ficou um tal de relaxismo pra cá, Baiano você calado é um autêntico descendente de Castro Alves pra lá que, desesperado, recorreu em última instância à sua mulher. Que era professora.

Ela fez o que pôde, recorreu até a Barsa do vizinho, e só encontrou relaxado, relaxante, relaxismo que era preciso para relaxar seu tenso marido, nada.

Porém, sugeriu que alegasse ser uma força de expressão comumente usada em sua terra natal. Dia seguinte ele pirou ainda mais as coisas tentando se explicar. O clima era de deboche e melhor teria sido que aceitasse e não apelasse incluindo a mãe alheia diante de cada revide. Mas não o fez.

De gozador a brincalhão, se fechou. Seu comportamento introvertido em nada ajudou e seu futebol se encolheu também. Foi pro fundo do ônibus e se instalou na última poltrona e pouco queria conversa.

Só voltamos a ouvir sua voz em itaperuna, após um Goitacaz 2×2 seleção local. Um vendedor de picolé, atendendo seus insistentes apelos pois sua sede era maior que a de todo mundo, se instalou debaixo da sua janela. Jorge Luis, nosso goleiro, quatro poltronas adiante pediu para ele comprar um picolé. E o Baianinho, em péssima fase literária, foi gentil mas antes de comprar perguntou : ” De que marca?” Jorge Luis nem deixou quicar ” “Fiat”. Novo caos. Alguém disse para ele continuar com seu relaxismo que era melhor e doia menos aos ouvidos.

Essa expressão, que ele mesmo criou, parecia descontrolar o Baiano, que voltou a xingar a sede do clube. Que era, segundo ele, pequena e só podia abrigar gente pequena e sem respeito.

Nova introspecção. Baianinho deixou o Goitacaz tres meses depois. Fez muitos amigos, mas não conseguiu apagar do placar do Ary de Oliveira e Souza sua adversidade maior: Relaxismo 1x Baianinho 0. Placar final.

* crônica do livro “Futebol: a dor de uma paixão!”, 3* edição.

FORA DA COPA

por Rubens Lemos

Misturar racionalidade com ufanismo em futebol seria mais ou menos juntar russos e ucranianos, judeus e terroristas árabes em imenso parque de diversão, sentadinhos, ouvindo a história do Lobo Mau. Impossível. Pelo critério do bom senso, o melhor para a seleção brasileira será ficar fora da Copa do Mundo de 2026.

O time é lastimável e, até se ficar em sétimo lugar na repescagem, não irá favorito à disputa na degola. A seleção brasileira morreu. Pavorosos equilibrando as canelas sobre chuteiras fazem pior que o amadorismo. Nos tempos em que se jogava por malandragem e amor, havia quem soubesse tratar a bola. Hoje, ela pode dar queixa por feminicídio.

Fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez terá para o Brasil o efeito de uma bomba atômica sobre o cipoal de corrupção em loterias clandestinas, eliminará o jogo copiado da Europa em costumeira adulação nacional. Desde que Pelé começou, o Brasil mandou. Desde que o Rei parou, todo mundo ficou nivelado.

O Brasil de hoje é o sexto melhor time da América do Sul e, a perder de goleada na primeira fase do mundial, venha Ancelotti, Guardiola ou fique o bovino Fernando Diniz, é melhor nem participar da festa e reconstruir a filosofia da arte como ponto inquestionável.

Nossas pernas de pau serão desvalorizadas, aposentadas e algumas, do naipe do abominável Emerson Royal, quem sabe, deportadas para a Faixa de Gaza.

O Brasil desmoronou. Diga, você que discorda, quem é nosso craque. Quem é? Neymar é ex-jogador, preocupado com os petrodólares das Arábias. Vini Júnior pensa que joga mais do que efetivamente joga. Rodrygo com a 10 é a mesma consequência de me vestirem com a nobre camisa.

Já que por analfabetismo solene não aceitam naturalizar para jogar pela CBF – já pensou Arrascaeta na meia? que se proíba a convocação de jogadores atuando no exterior. Nos três primeiros títulos mundiais do Brasil, quem atuava fora, fora permaneceu.

Agora feche os olhos, abra e vá lendo os titulares de 1958: Gilmar; Djalma Santos (só jogou a final e foi o melhor em campo); Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. Perderíamos, se Bellini, Didi e Zito não impusessem Pelé e Garrincha – sobrenaturais – entre os titulares.

Em 1962, machucado Pelé no segundo jogo, na decisão contra os checos jogaram Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Zózimo (Orlando perdeu a vaga ao sair para o Boca Juniors) e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo.

Em 1970, ninguém no estrangeiro: Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gerson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino.

No fracasso de 1974, Zagallo simplesmente desconhecia a fabulosa Holanda que eliminou o Brasil(2×0), depois de equilibrado primeiro tempo. Começava a contaminação. Após a Copa da Alemanha, o zagueiro Luís Pereira e o meia-atacante Leivinha, do Palmeiras, foram vendidos ao Atlético de Madrid. Paulo César Caju sairia para a França, mesmo destino de Jairzinho.

O cara cheio da grana, de mulher a escolher com a colher, tem lá patriotismo, que, aliás, é dicionário de guerra? De jeito nenhum. Veio 1978, terceiro lugar invicto e os jogadores, sem exceção, atuavam no Brasil.

Em 1982, o timaço de Telê treinou dois anos com Cerezo, Zico, Sócrates com Paulo Isidoro pela direita para mudar na Copa. Claro, Falcão, Rei de Roma, teria de jogar. Saiu o menos famoso, Paulo Isidoro, quando a lógica impunha Cerezo para Isidoro ajudar Leandro a conter ofensivas adversárias.

Avacalhou. Venderam Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior, e em 1986, apenas Júnior e Sócrates, dos titulares de 1982, atuaram no México. Em 1990 foi a palhaçada de Lazaroni. Romário deslumbrou o mundo em 1994. Ronaldo em 2002. A última seleção de foras de série atuou em 2006 apesar de tomar vareio na França.

Leia na coluna ou nos almanaques de todos os mundiais. Verás maravilhas. Olhe agora para a lateral-direita e tente não chutar o sofá com Emerson Royal de titular do Brasil. Saíram os baixinhos, habilidosos. Saiu o esporte fenomenal. Entrou Royal. Copa não, recomeço, sim.