FOGO, FOGO, Fogo
por Paulo-Roberto Andel
A gente vem de longe. De muito longe. Agora mesmo estou finalizando um livraço do Kleber que fala inevitavelmente dos Flu x Bota de 110 anos atrás.
Eu podia ter sido Botafogo. Sempre fui Fluminense, mas sempre tive simpatia pelo rival.
Fui completamente apaixonado por duas botafoguenses. Três. Não, uma só. Deixa pra lá.
Algumas das pessoas que mais admiro na vida são alvinegras.
Nunca escondi que um dos meus ídolos de texto – e tudo – é João Saldanha.
Numa noite, testemunhei quando boa parte do Brasil abraçou o Botafogo em 1989, e Maurício pôs fim ao jejum. Aquela foi uma noite fantástica. No dia seguinte, o Mourisco parecia Woodstock – eu vi.
Em 1979 tomamos um chocolate do Mendonça. Demos o troco em 1980 com um show do Adão. Ah, aquele Maracanã.
Neste momento, milhões de pessoas estão felizes. Algumas que adoro, outras que amei, outras que se foram mas estão aqui para sempre.
Quem tem dúvida de que Nilton Santos, Garrincha e Heleno de Freitas estão aí? E Mendonça? Quarentinha, Zagallo, o próprio Saldanha. Carvalho Leite. Basso. São muitos e muitos nomes. Beth Carvalho, Vinícius de Moraes.
Parabéns ao Botafogo, que se preparou para voltar ao seu cenário natal, que é o de protagonista.
Tantas e tantas pessoas emocionadas, o que é natural. Um título desse tamanho merece toda emoção. Todos sabemos.
Hoje é festa merecida na Guanabara. Muito merecida.
E como tem coisas que só acontecem ao Botafogo, o grande título vem do dia do aniversário da morte de Cartola, símbolo do Flu e do título carioca tricolor de 1980 – justamente quando a gente azucrinava eles.
Mas agora 30 de novembro é também um dia eterno para o clube cujo escudo não tem uma única letra, mas cuja imagem diz tudo. O velho e eterno rival, que nos ajudou a construir o que se transformou no futebol carioca.
Em 2025 no Estadual a chapa vai ferver quando a gente se encontrar. É o Clássico Vovô, agora das Américas. Que honra estar nessa.
Parabéns, Fogão. Fogões. Fogatas.
Paulo-Roberto Andel
Guanabara, 30/11/2024
O CALENDÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO E AS DATAS UTILIZADAS
por Luis Filipe Chateaubriand
Um calendário eficaz para o futebol brasileiro é o adequado ao calendário europeu.
Ou seja, de Julho de determinado ano a Junho do ano seguinte.
Em Julho, deve haver a Pré-Temporada.
De Agosto a Maio, deve haver a Temporada Regular.
Em Junho, deve haver as férias dos jogadores.
Na Temporada Regular, de Agosto de um ano a Maio do ano seguinte, são 44 fins de semanas.
Quatro deles são para Datas FIFA e 40 deles são para jogos de clubes.
Na Temporada Regular, de Agosto de um ano a Maio do ano seguinte, são 43 meios de semanas.
Oito deles são para Datas FIFA e 35 deles são para jogos de clubes.
Há 12 Datas FIFA na temporada (três em Setembro, três em Outubro, três em Novembro, três em Março), que também podem ensejar jogos de clubes.
São, portanto, 87 datas para jogos de clubes: 40 em fins de semanas normais, 35 em meios de semanas normais e 12 para os jogos de clubes em simultâneo às Datas FIFA.
E como alocar as competições de clubes pelas 87 datas disponíveis?
É o que será respondido nos próximos textos.
ESSE MERECE RESPEITO
por Claudio Lovato Filho
Lá vai ele.
Lá, rapaz, atravessando a rua!
Um dos dos tipos de torcedor que eu mais respeito: aquele que usa a camisa do time no dia seguinte ao de uma derrota.
É, rapaz, esse cara tem valor.
Tem paixão, e sabe cultivar essa paixão.
Paixão, sim, e provavelmente ainda mais que isso, muito mais.
Usar a camiseta do clube vai ser sempre motivo de orgulho para ele.
Profundo e transcendente orgulho.
Sempre.
Ele tem uma camisa no coração.
Tem um escudo gravado na alma.
E não é que essa camisa e esse escudo o representem; não, não é só isso.
Essa camisa e esse escudo são o que ele é.
Identidade, rapaz.
Ele não está usando essa camisa – logo hoje, depois daquilo que aconteceu ontem à noite! – por acaso.
Não é um desavisado, alguém que passou a mão na primeira peça de roupa que viu no armário e foi para a rua.
Ele não teme zoação, flauta, gozação, piada, provocação, não – mas que ninguém tente humilhar; desrespeito ele não vai tolerar, não mesmo, e não é nem por ele: é pelo clube, pelo escudo.
Ao usar essa camisa ele está dizendo: “Não adianta, cara. Eu nunca vou desistir. Eu nunca vou renegar. Eu nunca vou me envergonhar”.
Hoje e sempre.
Amor.
Assim é: amor.
“Este é o meu clube”, ele está dizendo para todo mundo, para o mundo todo.
“Este sou eu”.
UM COLORIDO EM PRETO E BRANCO
por Fabio Lacerda
A decisão entre Atlético-MG e Botafogo, em Buenos Aires, amanhã, vai transformar o Monumental de Nuñez numa casa brasileira de dois clubes direcionados e, aparentemente, bem encaminhados, nas veredas das Sociedade Anônima do Futebol. Uma decisão cheia de nuances na capital argentina. Na Argentina, atual campeã da Copa do Mundo.
Só de imaginar que ambos os planteis, além de carregarem seus nomes aos Anais dos respectivos clubes, que além das cores, coincide com estrelas em seus brasões, podem representar também grandes craques que não tiveram a oportunidade de ter o frio na barriga, a tensão pré-jogo de uma decisão continental da competição mais importante. E por que não ter instabilidade emocional durante o jogo? Esta história de que, a bola ao rolar, todo nervosismo sai do corpo em toques de mágica, é uma das grandes conversas fiadas do futebol. Como se eles estivessem na plenitude da terapia praticada desde o início da carreira. Conta outra, jogador!
Quantos craques de Atletico-MG e Botafogo não tiveram a chance de ‘desfrutar’ uma decisão continental de Libertadores da América? Não vou sequer ousar em citações. Sei que esquecer de alguém nesta contagem que parece não chegar ao fim, é a certeza de cometer um ‘crime de atentado aos Deuses do Futebol’. Prefiro, abster-me da lista. E sugiro nossos craques leitores mencionarem nos comentários. Na década de 1960 havia a Libertadores, logo, fiquem à vontade na cancha do Museu da Pelada para relembrar craques memoráveis em nossas mentes.
O time que tem o mais valente dos animais vai em busca do bicampeonato 11 depois do título repleto de emoções sobre o Olímpia do Paraguai numa partida que deve ter deixado muitos cardiologistas dos torcedores das Alterosas otimistas diante das emoções naquele Mineirão abarrotado na maior renda de uma final do certame na América do Sul. Se não bateram as botas naquele jogo, é porque o coração aguenta a mais forte das emoções! Nóóóó senhora, uai!
Jogo totalmente atípico, repleto de emoções e um gol de Leonardo Silva, carioca que havia se consagrado no Cruzeiro, entrando para a eternidade no coração atleticano ao fazer um gol com a ajuda do ‘Sobrenatural de Almeida’ levando a decisão para aquela marca arredondada, de frente para o gol, que faz os grandes craques bambearem as pernas. O mesmo local que o Atlético-MG perdeu uma final de Brasileiro em 1977.
E o Botafogo vai animado para a cidade que tem o maior número de times profissionais no mundo. A vitória veio, assim como a retomada da liderança no Brasileiro diante do Palmeiras que vislumbrava um tricampeonato consecutivo inédito – permanece vivo, ativo e arisco como um granizé para salvar a temporada nacional.
Convincente. Maduro. Disciplinado. Avassalador contra, o quase imbatível Palmeiras, no Allianz Parque. Qualquer outro resultado deixaria o fogo brando, e não venha com a conversa fiada que vira a chave e o foco é isso, aquilo! O tal psicológico no futebol é algo muito relevante.
O ‘Porco Selvagem’ foi assado. E saboreado. Agora, o Botafogo liga o fogão para esquentar a água esperando pelo Galo. E para os torcedores considerados adultos experientes, a chance do título inédito, a consolidação de uma gestão feita por um profissional nascido no berço do Marketing Esportivo que operou um ‘milagre’ na vida dos alvinegros cariocas, e aquela vingança guardada desde 1971 referente à decisão do primeiro título do Brasileiro conquistado no Maracanã pelo alvinegro… das Minas Gerais. Vale ressaltar que foi um triangular tendo o São Paulo que ficou com o vice campeonato.
Passados 22 anos, o Botafogo eliminou o Atlético-MG na semifinal da Copa Conmebol para sagrar-se campeão numa disputa com os nervos à flor da pele contra o Peñarol.após empate nos 180 minutos
. Na disputa de pênaltis, no Maracanã, brilhou o solitário jogador que não participava da corrente no meio-de-campo quando os jogadores vivem a expectativa pela alegria do título ou pela frustração da derrota.
Portanto, o maior confronto entre eles acontece no sábado, 17h de Brasília. E saber que aqueles craques, que envergaram as camisas preta e branca no passado, estarão com os olhos vidrados na televisão ou no próprio Monumental de Nuñez, reverenciando os jogadores atuais. É bom deixar claro que, independentemente, quem levar o título, nenhum dos jogadores vão se sobrepor diante daqueles que vocês citarão após a postagem. Uma decisão preto no branco para dar cor alvinegra ao continente.
QUAL É O CAMPEONATO MAIS EQUILIBRADO?
por Idel Halfen
Muito se discute sobre o grau de competitividade dos campeonatos de futebol, onde as conclusões, na maioria das vezes, costumam se dar pela quantificação de equipes que foram campeãs em dado espaço de tempo.
Como qualquer critério de avaliação, esse apresenta falhas, pois, o fato de haver poucos campeões, por exemplo, pode ocultar que dezenove equipes chegaram quase que empatadas na 2ª colocação.
No intuito de tentar identificar o tal “grau de competitividade”, a Jambo Sport Business desenvolveu uma análise comparativa, segundo alguns critérios tanto estatísticos quanto esportivos propriamente ditos entre as cinco principais ligas de futebol do mundo (Premier League – Inglaterra, La Liga – Espanha, Serie A – Itália, Bundesliga – Alemanha e Ligue 1- França), e o campeonato brasileiro ao longo de dez anos.
O estudo pode ser acessado pelo link https://www.linkedin.com/posts/halfen_competitividade-no-futebol-activity-7265403748292722688-3KLd?utm_source=share&utm_medium=member_desktop, mas aqui destacaremos alguns pontos.
Inicialmente deve ficar claro que escolher um único critério deixaria a análise comprometida, visto ser impossível contemplar todas as variáveis importantes em um único índice, daí a opção por se usar vários, visando extrair através de alguma recorrência, algum indício de conclusão sobre o tema.
Foram utilizados como parâmetros ligados ao desempenho esportivo os seguintes índices: diferença de pontuação entre o primeiro e o último colocado, quantidade de equipes que chegaram na primeira, segunda e terceira posições, número de times que jogaram a divisão principal, assim como o tempo de permanência nela.
Baseado no mercado de bens de consumo, onde o grau de competividade recebe a denominação de “concentração” e tem como balizador a participação de mercado das marcas, o estudo replica o mesmo raciocínio. Para isso, estimou a participação de mercado de cada equipe, dividindo suas pontuações pelo total daquele campeonato em cada temporada. Cumpre, no entanto, alertar que tal “manobra” apresenta falhas conceituais, pois, mesmo que um time ganhe todas as partidas que disputar, a “participação” de mercado jamais será 100%, que é o que aconteceria em qualquer mercado.
Tal falha, embora gritante, pode ser minimizada pelo fato de o estudo ter um cunho meramente comparativo.
Daí, a partir da citada conversão, foram utilizados quatro modelos de avaliação de concentração: O CR4, o IHH, o desvio padrão e o índice de Joly, sobre os quais não discorreremos aqui, mas cuja descrição está no estudo, que também traz quadros comparativos dos citados campeonatos sob todos esses parâmetros.
O que podemos adiantar no presente artigo é que o nosso Brasileirão parece, de fato, ser o campeonato mais equilibrado, quando comparado com os demais analisados
Importante também ressaltar que, embora o modelo norte-americano de procurar sempre o equilíbrio como atributo de atratividade, o fato de haver competitividade não significa necessariamente que haja atratividade. Explico: ainda que o imponderável seja um componente de suma importância para o esporte, isso pouco agrega num cenário em que os participantes tenham pouca qualidade, ou seja, além do aspecto “emoção” é necessário ter lances plásticos e geniais. Modo contínuo, para se ter qualidade, é necessário ter dinheiro para investir na atração e retenção de bons jogadores, todavia, a existência de poucos times “bons” certamente trará reflexos na atratividade, a qual, por sua vez, é fundamental para se auferir receitas.
Tão difícil quanto a escolha dos critérios de avaliação para se medir o grau de concentração – objeto do estudo -, é encontrar uma solução no sentido de aumentar a qualidade da competição, sem prejuízo do equilíbrio, mesmo porque, a própria conjuntura econômica do país tem sua influência nesse processo.