MESTRE E DISCÍPULO
por Elso Venâncio

Você concorda que Filipe Luis desponta como o melhor técnico do futebol brasileiro? Por que não está no radar da CBF para assumir a Seleção Brasileira? Imaginem uma comissão técnica com Filipe Luis como treinador e Jorge Jesus sendo o coordenador técnico? O mister é o mestre do Filipe! Só que o Flamengo superou R$ 1 bilhão em receitas pelo terceiro ano consecutivo. Os tempos mudaram… No passado, pedia empréstimos à rica dona do futebol nacional.
Enquanto presidiu a CBF, Ricardo Teixeira nunca deu satisfação a qualquer clube filiado que tinha contrato com o treinador almejado. Ia direto no profissional. Poderoso e arrogante, sentenciava: “Eu sou o primeiro a ver a relação dos convocados e tenho poder de veto”. Por isso, ao ser convidado, Muricy Ramalho pulou fora.
Pensar em Filipe Luis como técnico da Seleção seria medir forças com o gestor majoritário do Maracanã, que impediu a CBF de continuar usando um camarote no estádio sem pagar. Além de estar focado no Flamengo, o jovem técnico foi aconselhado no clube para deixar a Seleção de lado, com argumentos de desmandos na entidade.
A CBF poderia reviver o diretor de seleções, com poder de decisão. Rodrigo Caetano demonstra estar desconfortável, e Juan não encontrou seu espaço. Um profissional com as funções que José Boto desempenha no Flamengo evitaria erros e desgastes. Enquanto esteve no cargo, Dorival Júnior empregou o filho Pedro Sotero, sem vivência no futebol, como seu auxiliar direto. O gaúcho Tite já tinha levado o primogênito Matheus Bachi, que foi o seu braço direito em duas Copas do Mundo.
A espera por Ancelotti causou estragos. Diante do cenário atual, Jorge Jesus indicou que topa assumir de imediato. Isso é possível porque o seu contrato com o Al-Hilal possui multa rescisória regressiva, facilitando a liberação.
Com o recente vexame em Buenos Aires, a CBF se viu obrigada a buscar um novo treinador para o Mundial do ano que vem, no México, Canadá e nos Estados Unidos. Após levar 2 a 0 da Argentina no início do jogo, com direito a olé pedido pelos torcedores argentinos, chegamos a lembrar dos 7 a 1 aplicados pela Alemanha, no Mineirão, em 2014. Dorival Júnior não ficou passivo como Felipão. Mandou o goleiro Bento cair em campo, simulando contusão aos 20 minutos do primeiro tempo. Uma cena grave e triste, de anti-jogo, inimaginável para o país pentacampeão do mundo, que ainda acabou derrotado por 4 a 1.
NO BALANÇO DO MUSEU: GUTO GOFFI
por Marcos Vinicius Cabral
Quem nunca ouviu uma canção do Barão Vermelho e pelo menos uma vez na vida não dançou Bete Balanço, Maior Abandonado e Pro Dia Nascer Feliz?
Ou não parou para refletir sobre os versos profundos de Por que a Gente é Assim?, Down em Mim e Codinome Beija-Flor?
Pois é! A vida imita a arte.
E os rapazes do Barão, lendária banda surgida nos saudosos anos 1980, formada por Guto Goffi, Maurício Barros, Fernando Magalhães e Rodrigo Suricato (terceiro vocalista após a morte de Cazuza e a saída de Frejat) continuam na estrada botando muita gente para dançar.
No entanto, a longevidade do quarteto – fato raro para qualquer músico que encontrou os amigos da adolescência e começou a tocar com eles por pura diversão – se dá por inúmeros fatores.
Um deles, tive a oportunidade de conhecer nesta quarta-feira, 12 de março, quando a equipe do Museu da Pelada esteve com Guto Goffi, lendário baterista do grupo. O encontro serviu para o quadro ‘No Balanço do Museu’, mais uma criação brilhante do não menos iluminado Sergio Pugliese. A entrevista aconteceu no apartamento do artista, que fica em Botafogo, Zona Sul do Rio.
Guto Goffi mostrou-se gentil, atencioso e humilde. Nem pareceu uma estrela do rock que ostenta no currículo, por exemplo, a façanha em ter tocado no Rock in Rio com os dois vocalistas que já passaram pelo Barão (Cazuza e Frejat) e Suricato, o atual.
Não, definitivamente não!
Ou se envaideceu por ter sido regravado por dois monstros da MPB como Ney Matogrosso (Pro Dia Nascer Feliz) e Caetano Veloso (Todo Amor Que Houver Nessa Vida).
Jamais!
Flávio Augusto Goffi Marquesini não se agarra aos feitos do passado, mas quer olhar para a frente.
“Não costumo olhar para trás, sabe! É olhar para frente. Sempre!”, contou ao falar do Maracatu Brasil, que visa à formação de novos músicos e à divulgação do jongo e o maracatu.

Mas o grande mérito do quarteto que venceu o tempo seja a simplicidade. Digo isto porque Guto Goffi – fundador e baterista do Barão Vermelho – é um cara simples. Os três outros devem ser a mesma coisa.
E como disse Zico certa vez: “Jogar futebol é simples. Mas poucos conseguem fazer o simples no futebol”.
Simples. Assim é a vida!
Por mais artistas como Guto Goffi, esse autêntico rubro-negro que faz arte na inquietação que o move a produzir, produzir e produzir sempre mais.
Agradeço a Deus por estar me proporcionando realizar matérias legais e com grandes nomes das mais variadas áreas.
E deixar registrado aqui o meu agradecimento especial ao grande Guto Goffi – entrevistado há três anos por mim para o jornal A Tribuna.
Valeu, Guto!
DESTA VEZ, VIVA ZICO
por Luis Filipe Chateaubriand

No texto anterior ao atual, este signatário teve a desfaçatez de criticar Zico.
Como criticar Zico?
Dos maiores ídolos do futebol que este mancebo tem, não faria sentido criticar quem tanto se admira.
Sucede que Zico defendia a ideia de que deveria haver menos jogadores estrangeiros no futebol brasileiro.
Discordei.
Ou, ao menos, não achei que esse fosse o principal problema do nosso futebol.
Mas, desta feita, Zico “acertou em cheio”!
O presidente da CONMEBOL, instigado pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira – que afirmou que os clubes brasileiros poderiam deixar de jogar a Copa Libertadores da América em razão do racismo –, declarou que “Libertadores sem clubes brasileiros é como Tarzan sem a Chita”.
Para quem não sabe, Chita era a macaca de estimação do Tarzan.
Uma fala racista do presidente da CONMEBOL.
Zico não deixou barato…
Criticou duramente o presidente, a CONMEBOL e a situação.
Palmas, “Galo”!
E a pergunta que não quer calar é…
Zico não poderia ser o presidente da CONMEBOL?
Trocaríamos o racista pelo craque.
Não parece ser um mau negócio!
“DEZ, CAMISA DEZ DA SELEÇÃO”
por Ivaneguinho

Conceitos e pareceres sempre foram, dentro do futebol, motivos de debates saudáveis. Hoje, resolvi escrever, motivado por opiniões que tenho lido, assistido e escutado sobre o futebol atual, que dizem ser “super moderno”. Algo com o qual não concordo.
Laterais apoiando o ataque? O que diriam os “alas” Nilton Santos, Marinho Chagas, Carlos Alberto, Rodrigues Neto, Júnior, Leandro, Toninho Baiano, Vladimir e tantos outros do nosso futebol, hoje classificado como arcaico? E os “cabeças de área” de tempos atrás, que são rotulados como truculentos? Posso citar vários com mais técnica e classe do que os que atualmente são “endeusados” como jogadores modernos. Só para mencionar alguns: Zito, Dino Sani, Carlinhos Violino, Clodoaldo, Carbone, Falcão, Cerezo, Andrade, Carlos Roberto, Nei Conceição…
E os goleiros? Os de hoje são realmente melhores do que Gilmar, Castilho, Veludo, Barbosa, Manga, Lev Yashin, Sepp Maier, Dino Zoff e tantos outros?
Agora, os atacantes… Aí é que não dá para comparar mesmo! Só para ficar nos brasileiros: como explicar que, hoje, se um jogador recuar a bola para o goleiro, ele não pode mais pegá-la com as mãos? Antigamente, quando o “dianteiro” encurralava o zagueiro, este rapidamente devolvia para o “arqueiro”, que segurava a bola. Na regra atual, o goleiro não pode mais pegá-la. Dentro desse panorama, a tarefa dos atacantes deveria ser muito mais fácil.
No entanto, não consigo entender como, com toda a proteção que os cartões amarelo e vermelho dão aos jogadores de frente, um atacante consegue terminar um campeonato com 30 rodadas ou um ano com 60 jogos e se sentir satisfeito por ter marcado apenas 13, 15, no máximo 25 gols! Esse número era a quantidade mínima que atacantes do Bangu, América, Olaria, Madureira, Bonsucesso, São Cristóvão e Portuguesa costumavam fazer jogando contra grandes equipes.
De uns tempos para cá, criaram a frase: “Não há mais bobo no futebol!”. Principalmente quando clubes brasileiros e a Seleção Brasileira perdem para times ou seleções inexpressivas. Eu digo: nunca houve e nunca haverá bobo no futebol! O que sempre existiu – e sempre existirá – são os “pernas de pau”, “perebas”, “pés de chumbo”, “arranca-tocos”, entre outros.
Dizem que o futebol está igualado. Concordo! Mas não por excelência, e sim por precariedade. O nível se homogenizou pela falta de talentos! Agora me expliquem: se o futebol melhorou, por que não vemos surgir jogadores do nível de Zico, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Reinaldo ou, no mínimo, um artilheiro como Dadá Maravilha? E olha que nem estou sendo exigente, não citei Pelé, Garrincha, Rivelino, Tostão, Gérson, Jairzinho ou PC Caju!
Eles não melhoraram. Nós é que pioramos!
VERGONHA MONUMENTAL
por Marcos Eduardo Neves

Depois de quase 11 anos, voltamos a sentir a mesma sensação dos 7 a 1. Que humilhação os primeiros 15 minutos de ontem, em Buenos Aires, quando monumental foi a Argentina, que nos apequenou na ‘síndrome de vira-latas’ tão bem descrita por Nelson Rodrigues. A líder das Eliminatórias deitou e rolou para cima do bando juntado pelo desacreditado Dorival Jr. 4 a 1 foi pouco.
Quando o nosso goleiro caiu, ainda no primeiro tempo, achei que era ‘migué’, para tirar o corpo fora e sair ‘por cima’, antes do caos. Não foi. Ele falhou no terceiro gol, ao sair catando borboletas diante de Mac Allister. Contudo, quem não sabia onde estava foi Murilo – bem substituído no intervalo. O azarado zagueiro já tinha participado de forma decisiva dos dois primeiros gols hermanos.
Se nos 7 a 1 não tivemos Neymar (poderia ter sido 7 a 2 ou 7 a 3 com ele), que sorte demos de Messi estar machucado. Aliás, que sorte tem Neymar. Até parece que com ele o resultado seria diferente, a nosso favor. Vai ter sorte no jogo e azar no amor assim… na casa dos amigos.
Após o intervalo, até o herdeiro de Simeone fez gol. Ainda bem que as filhas de Maradona não foram convocadas.
Que baile, ou melhor, que tango a gente viu, ouviu e entubou. Aula, com direito a olé, jogadas ensaiadas, coletividade plástica e zoeira da torcida, pedindo um minuto de silêncio para nós.
Wesley, Arana, Léo Ortiz e Vini Jr. irreconhecíveis. Rodrygo idem. Joelinton, o que é isso? Marquinhos, tão péssimo quanto. Raphinha caiu na casca de banana posta por Romário e virou chacota. Ainda bateu uma falta na trave, num jogo em que não tivemos um córner sequer.
Ah, já ia esquecendo, fizemos um gol! Com Matheus Cunha. Falha do zagueiro e não mérito do time.
Nunca torcemos tanto para não ter acréscimos. Prova de que, Dorival, na seleção, já deu. Ontem ele honrou literalmente o sobrenome, sendo realmente júnior. Pra não dizer infantil.
Palmas para Ednaldo, reeleito por unanimidade na CBF. A máfia impera e, pelo visto, quebraremos novo recorde, ultrapassando 24 anos sem conquistar outra Copa após ter levantado a taça. Parabéns e meus pêsames.