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O ÚLTIMO ROMÂNTICO

por Zé Roberto Padilha

Se tem um clube que representa a fase mais romântica do nosso futebol, onde o patrocínio não chegou ao peito porque o coração era maior que a ambição, esse era o América FC.

O original. O que deu origem a série que inaugurou país afora franquias por amor à camisa.

Ele foi o mais amador dos nossos clubes profissionais.

Foi desaparecendo em pé, orgulhoso e ferido, na medida que insistia, diante das casas de apostas que o futebol perigosamente atraía, em ser fiel às suas origens. Em sua lenta e comovida extinção, despencando de série e divisões, não teve sócio-torcedor, resistiu às SAFs, muito menos lhe concederam uma concessão de TV América para transmitir seus derradeiros suspiros.

Apenas deixou a aristocracia do bairro de Noel Rosa, em Vila Isabel, e comprou uma casa de campo em Edson Passos. Foi seu mais ousado passo. Era, porém, nobre e curto diante da gula do capital que exigia, no mínimo, um CT.

Seus torcedores, entre eles meu pai, foram diminuíndo na medida que os seus filhos buscavam torcer pelos outros, os chamados grandes, que lhes dessem títulos. Não vivessem de memória.

Uma pena. Quando entrava em campo, a força do vermelho realçava, como nenhuma outra, o verde do gramado. Era bonito ver essa transfusão de sangue ocorrer na abertura dos espetáculos.

Em campo, antes de deixar o quarto e ser encaminhado ao CTI, o País era sua grande muralha. Alex, o guardião da zaga que Badeco protegia ao lado de Ivo. E Bráulio dava brilho às jogadas que Eduzinho transformava em obra de arte. E tinha o Jeremias. Ninguém foi mais nobre e digno com a bola nos pés do que ele.

O América FC, mesmo perdendo seu brilho no cenário esportivo nacional, jamais deixou de vestir seu terno de linho, colocar uma flor na lapela e, sob os acordes da Orquestra Tabajara, convidar a bola, sua amada, para jantar à luz de velas.

Sucumbiu de cabeça em pé, sem dar um só carrinho na sua impecável história, deixando em todos nós, amantes do futebol, com uma saudade danada dos tempos em que Dondon jogava no Andarai.

A vida, e o futebol, era mais bonito de se ver quando o América nos dava o prazer de vê-lo jogar.

ZIRALDO O CRIOU SEM SABER QUE JEREMIAS EXISTIA

por Zé Roberto Padilha

Nosso grande escritor, Ziraldo, que acaba de nos deixar, foi um dos maiores colaboradores do jornal que mudou a vida da minha geração : O Pasquim.

Em meio à repressão e à censura, ele, Ivan Lessa, Henfil, entre outros, conseguiram, com o mais fino humor, debochar e combater o regime militar. Bancas de jornal receberam atentados à bomba para que sua circulação fosse interrompida.

Nada foi igual ao Pasquim.

Em 1969, no Jornal do Brasil, ele criou um personagem chamado Jeremias, o Bom. Sempre bem vestido, portador de boas ações e educado, Jeremias era o contraponto do estressado e impaciente cidadão brasileiro.

O que Ziraldo não sabia é que o personagem que ele criou na ficção se apresentaria com as chuteiras debaixo do braço, no Andaraí, para treinar no América FC.

Para mim, que lia sua coluna e enfrentava em campo o Jeremias de verdade, ficava impressionado como a ficção se aproximava da realidade. Ziraldo escrevia sem saber os atos de nobreza que ele também cometia.

E se Jeremias não foi o herói do sertão,que Gerônimo ocupou nas radionovelas, era o herói nosso das bancas de jornais e vestiários de cada dia.

Jeremias, o bom de bola, nos chamava a atenção pela elegância com que atuava. Depois foi para o Fluminense jogar ao nosso lado. Parecia que jogava de terno, não dava carrinhos. Educado, levantava seus adversários quando recebiam faltas e jamais foi expulso de campo.

Nesse momento de sua partida, podemos entender melhor sua importância entre nós. Ziraldo nos deixou Flics, uma cor neutra, um bege sofrido por ser excluída do arco-íris. E Jeremias, o bom, que criou no papel e nem sabia que existia.

Um personagem tão legal que ele nunca imaginou que o futebol, uma paixão nacional, revelaria um Jeremias de verdade.

“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 56

por Eduardo Lamas Neiva

A “Balada nº 7”, com Noite Ilustrada, emocionou todo mundo e o tema sobre a despedida de Garrincha continuou à tona, com João Sem Medo falando um pouco mais sobre aquele momento de gratidão do povo brasileiro pelo Anjo das Pernas Tortas.

João Sem Medo: – Pagamos um pedacinho da dívida. A renda? Foi boa. Alguns empresários entenderam a ideia e deram o principal. Não foi muita coisa. O Garrincha, em 14 anos de atividade, não ganhou nem um décimo do que o Netzer e o Cruyff custaram para o Barcelona naquele ano de 73: um milhão de dólares! É por isso que garanto que fizemos muito pouco.

João é interrompido em sua fala em defesa de Mané pelos aplausos de pé de todo o público presente ao bar.

João Sem Medo: – Obrigado, meus amigos. O Mané merece mais, bem mais desses aplausos.

E assim foi feito, com todo mundo se virando para um Mané Garrincha bastante emocionado, que agradeceu sorrindo.

Ceguinho Torcedor: – Bom, João, mas você falava sobre a injustiça que cometeram com o Mané. Prossiga, por favor, quero ouvi-lo. Queremos todos!

João Sem Medo: – Obrigado, Ceguinho. Como dizia, em todo caso aquela despedida serviu pra tapar a boca de alguns detratores do Mané, que ganhavam de graça sensacionalismo à custa do rapaz. O Garrincha, de 1953 até 1965, foi o jogador de um só clube. Quando saiu já não valia um milhão de dólares. Ganhou ordenado e quem ganha ordenado não pode juntar muito.

Garçom: – O Mané foi muito injustiçado, né, seu João?

João Sem Medo: – Uma gente muito ruim, Zé Ary, dessas que berram impunemente, cobrava do Mané o que ele não tinha. Tiveram de calar a boca. O que ele ganhou naquele jogo, de gratidão de todos nós, que quase nada pudemos fazer para pagar as duas copas que o Garrincha ganhou, ele mandou a parte maior para a sua criançada. Os “chavequeiros” tiveram de calar a boca definitivamente, pois não mereciam mais ter o direito de detratar o jogador, um dos melhores do mundo de todos os tempos.

Mais aplausos.

Idiota da Objetividade: – E Garrincha acabou se despedindo do Mundo Material em 20 de janeiro de 1983, aos 49 anos, em virtude de uma cirrose hepática.

Ceguinho Torcedor: – Mas pra nossa alegria aqui está!

Garrincha mais uma vez é muito aplaudido. Bastante emocionado, ele se levanta vai até a mesa dar um forte abraço em João Saldanha e mais uma vez agradece ao público do bar Além da Imaginação, como quando se despediu dos gramados, em 1973.

Garçom: – Bom, senhoras e senhores, com tanta emoção fica até difícil falar. Mas, como ouvimos a versão de Noite Ilustrada, acho que não poderíamos deixar de ouvir também a gravação de Moacyr Franco, concordam?

O público diz que sim.

Garçom: – Então vou pôr aqui pra ouvirmos esta versão que fez muito sucesso no início dos anos 70. Sei que vamos criar mais emoção por aqui, mas vamos lá.

João Sem Medo: – Segura, Mané!

Mané Garrincha (já mais sorrindente): – Vou tentar, seu João. Vou tentar.

Zé Ary tinha razão, muita gente se emocionou muito novamente, inclusive Mané Garrincha. Houve um burburinho em volta do Mané, principalmente, mas Ceguinho Torcedor tratou de recuperar a bola e quebrar o clima com sua verve humorística.

Ceguinho Torcedor: – Amigos, fui um dia à casa do Ivo Pitanguy a convite do Otto Lara Rezende para uma reunião de intelectuais. Houve um momento em que Pitanguy falou em Garrincha. Sim, o Pitanguy, o cirurgião plástico. Houve um silêncio ávido. Mas ele não queria fazer nenhuma correção plástica, nenhuma retificação estética no craque. Pelo contrário. Pitanguy parecia muito interessado em que o Mané continuasse torto, cada vez mais torto.

Sobrenatural de Almeida: – Assombroso!

Idiota da Objetividade: – Como pode isso?

João Sem Medo, meio que já sabendo o desfecho, só sorria, enquanto o público parecia em suspenso, como na expectativa de um gol iminente. E Ceguinho não perde o domínio, vai em frente.

Ceguinho Torcedor: – Assim é o nosso egoísmo patriótico. Fosse Pelé um Quasímodo negro, e toda a Nação acrescentaria ao divino uma corcunda sobressalente.

Uma explosão de risos, gargalhadas e pilhérias circula o bar. Todos riem muito, inclusive Pelé e Garrincha. Quando há uma leve tranquilizada, João Sem Medo retoma a bola e vira o jogo.

João Sem Medo: – Entre as duas conquistas mundiais do Brasil houve dois momentos muito interessantes que queria que a gente falasse antes de comentar o fiasco de 66, que por mim a gente podia até pular. Um foi a disputa do Sul-Americano de 1959, na Argentina, e outro, o jogo em que Julinho calou o Maracanã.

Ceguinho Torcedor: – Foi, se me permitem a expressão, trágico. Insisto: trágico! Quem estava lá viu ou, por outra, ouviu. No instante em que o alto-falante do Maracanã anunciou Julinho em lugar de Garrincha, o estádio entupido foi uma vaia só. Menos eu. Eis a verdade: eu não apupei, embora preferisse Garrincha. Parecia-me que o escrete sem o “seu” Mané era um mutilado. Na pior das hipóteses, eu achava que o Feola devia ter posto os dois: Julinho na ponta direita e Garrincha na esquerda. Mas um técnico tem razões que a razão desconhece.

Idiota da Objetividade: – No dia 13 de maio de 1959, pouco mais de um mês após a seleção brasileira terminar com o vice-campeonato sul-americano disputado na Argentina e vencido pelo time da casa, Brasil e Inglaterra fizeram um amistoso no Maracanã. Até então, a seleção brasileira nunca havia vencido o English Team.

João Sem Medo: – Idiota, foram só dois jogos, uma derrota de 4 a 2 em 56 e um empate sem gols na Copa de 58.

Idiota da Objetividade: – Pois é, mas sem vitórias. E Garrincha nunca tinha enfrentado a Inglaterra, o que só foi ocorrer nos 3 a 1 de 62. Mas em 59, Mané Garrincha foi barrado por Julinho pelo técnico Vicente Feola.

Sobrenatural de Almeida: – Dizem um monte de coisa sobre o Mané naquele dia. A verdade é que agi fora de campo pra ele não jogar e dentro de campo segurei o Pelé. O Rei não jogou nada naquele dia. Mas Julinho me escapou…

João Sem Medo (sorrindo marotamente): – E aí, Mané, o que aconteceu naquele dia?

Mané Garrincha (rindo): – Ih, seu João, melhor deixar quieto. Não me lembro.

Risada geral no bar “Além da Imaginação”, mais uma vez.

Garçom: – Bom, minha gente, vamos dar um tempinho na nossa resenha, que está ótima, para ouvir outra música maravilhosa em nosso aparelho de som, em que mais uma vez, Garrincha, o Maracanã e o Rio de Janeiro são belamente retratados. É “Estrela Solitária”, de Zécarlos Ribeiro, com o grupo paulistano Rumo.

Músico: – Ná Ozetti, grande cantora que é, interpreta maravilhosamente esta música.

Garçom: – Sem dúvida alguma. Vamos lá!

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Um gol desse não se perde!

HONRA AO CAPITÃO

por Rubens Lemos

Ninguém foi mais capitão do que Bellini, primeiro brasileiro a erguer uma taça do mundo. Nossa. Só nossa. Homem de porte, nobre de futebol valente. Um zagueiro, galã do seu tempo, antagonista estético do padrão boleiro. Estampa de elegância.

O gesto das duas mãos expondo o troféu e elevando à grandeza a pátria de chuteiras enfeitiçadas de talento, é a posteridade do futebol original, artístico e inimitável. Bellini suava o suor da glória e eternizou o gesto improvisado de segurar a Jules Rimet com as duas mãos e o sentimento guerreiro emocionado do infinito.

Sem o estilo monarca de um Didi, a malícia deliciosamente garrinchiana e a desnecessária adjetivação do garoto Pelé, dava o ar diplomata, quase de premier, à função tradicional das botinadas e trancos noss atacantes atrevidos. Ao espanador de virtudes.

Bellini, bem mais que o primeiro líder nacional a simbolizar o pontapé de um povo no complexo de vira-latas, de lambaio moral, foi o zagueiro do Vasco da Gama de verdade. Seu xerife, sua garantia, seu castelo inviolável.

=Bellini traz a figura do meu vascaíno mais querido,. Seu fã aguerrido, disposto a brigar com quem duvidasse da garra e da liderança do seu ídolo. O meu pai escalava o time de 1956,que bateu o grandioso Real Madrid de Puskas, na euforia interiorana de criança ao pé do rádio, ruídos atrapalhando as transmissões na voz impactante do locutor Waldir Amaral:

  • Carlos Alberto; Paulinho e Bellini; Laerte, Orlando e Coronel; Sabará, Livinho, Vavá Peito-de-Aço, Válter Marciano e Pinga.

O craque do meu pai era Válter Marciano, driblador que botou a constalação do Real Madrid no bolso na vitória por 4×3 que valeu o Torneio Internacional de Paris de 1957. Bellini, após expulsar Puskas e Di Stéfano da área, sublimou a consagração que viria no ano seguinte.

Foram 11 anos suando e sangrando por um clube que já nem existe mais na vida real. É somente fotografia amarelada de suas glórias e refugiado pela nostalgia. Bellini representava a coragem do almirantado da Cruz de Malta, hoje náufrago bombardeado pelos homens sem coração para cantar os versos do seu hino.

Há 30 anos, recolhido à aposentadoria e ao exílio crepuscular em São Paulo, desabafou indignado, por ter sido preterido de uma seleção dos melhores do Vasco de todos os tempos, feita pela Revista Placar. Começavam as injustiças de internet. Bellini perdeu para Ricardo Rocha, tricampeão carioca pelo Vasco e tetracampeão mundial pelo Brasil. Bellini protestou:

  • O que fiz para merecer tanta desfeita? Eu fui tantas vezes campeão, ergui a Jules Rimet, o Vasco sempre foi a minha razão de viver e é assim que sou premiado na velhice?

Seria segunda decepção pública de Bellini. Em 1962, Mauro fez pressão sobre o técnico Aymoré Moreira, exigiu ser titular e capitão e o treinador cedeu.Aos jornalistas, lágrimas escorrendo de surpresa devastadora, pediu em prantos:

  • Por favor, não me chamem mais de capitão!

Disciplinado como os militares de hierarquia e combate real, saiu bicampeão com uma medalha no peito e uma mágoa incurável. Hideraldo Luiz Bellini, paulista de Itapira, era maior que os escaninhos do futebol. Sujeira, bastidores nefastos.

Em 7 de junho de 1960, esteve em Natal, chamando a atençãoao pela simpatia natural, atendendo a todos os fãs e posando com mulheres hipnotizadas por sua beleza. Em campo, o Vasco arrasou o ABC por 6×2 no velho estádio Juvenal Lamartine e Bellini ficou impressionado ao levar um drible desconcertante do ídolo Jorginho Professor. Mas não apelou às pancadas.

Para a eternidade, ser capitão de campo tornou-se majestade instituída por Bellini, estátua em vida no Ex-Maracanã. O futebol brasileiro – desde 2014 com sua morte, está desfalcado em seu time titular da segurança e do seu caráter. Bellini significou vergonha na cara. Deveria ser em maiúsculo.

GAROTINHO 60

por Paulo-Roberto Andel

“Golão, golão, golão!”

“Apite comigo, galeraaa!”

“Atirou, entrooooou!”

“Vai mais, vai mais, garotinho!”

“Cheguei!”

Esses bordões ecoam pelo Maracanã há décadas e décadas, desde os tempos em que os sinais das rádios tocavam a cada minuto perto do fim dos clássicos, num verdadeiro espetáculo psicodélico de sons.

Assim como na grande música, onde guardamos as vozes espetaculares para sempre, o futebol tem seus narradores que, cada um a seu modo, têm feito a crônica das partidas de futebol a cada campeonato, a cada rodada.

O Rio de Janeiro tem nomes históricos como Oduvaldo Cozzi, Waldyr Amaral, Jorge Curi, Edson Mauro, Geraldo José de Almeida, Januário de Oliveira, Orlando Baptista, Doalcei Bueno de Camargo. E tem Garotinho, José Carlos Araújo, que há 60 anos está no campo de batalha do futebol, antes como repórter e depois como eterno narrador.

Garotinho conseguiu atravessar todos esses anos se renovando e se reinventando. Está entre as maiores vozes da locução esportiva de todos os tempos, num meio cheio de feras.

Pense num golaço. Por exemplo, aquela bomba de Tita na final do Carioca de 1987. Tá lá a voz do Garotinho. Ou no gol de falta do Edinho em 1980. Nos gols do Assis, do Maurício, do Júnior, de Jardel. No antológico gol de barriga. No gol do Pet. São muitos e muitos momentos, todos narrados com a qualidade impecável de José Carlos Araújo. E narrados com tanta emoção e paixão que muitos duvidam que ele seja um super tricolor – o que é por demais. Um gol narrado por Garotinho é um golão pela própria natureza.

Com a voz de Garotinho, milhões e milhões de torcedores sonharam e choraram, mesmo não estando na arquibancada. Às vezes na rua, no trabalho, na banca, na portaria e em tantos lugares. Aquela voz trouxe alguns dos melhores e piores momentos para os corações dos torcedores, conforme o que aconteceu em campo, mas cada fonema tem uma mistura inequívoca de garra com talento, de paixão com elegância.

Vai mais, vai mais, vai mais, Garotinho! A gente fecha os olhos, pensa num grande lance e logo vem a tua voz inconfundível junto com o UUUUUUHHHHH da torcida. Que assim continue por muitos e muitos anos.

Obrigado por nos levar ao nirvana do futebol com o seu talento inconfundível que, 60 anos depois, ainda exala paixão de calouro, de iniciante com toda uma longa vida pela frente. E lances, festas e balaços na trave, mais defesas monumentais dos goleiros até que o grande momento do futebol se torna inevitável: golão, golão, golão!

@p.r.andel