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A FINAL FELIZ

por Wesley Machado

Até esqueci da estreia da nova novela das nove. E hoje, quando perguntei se estava passando a novela, minha filha primogênita respondeu: “Já são mais de dez horas”, disse Luiza, assistindo a uma série.

Será o fim da tv aberta? Penso que não, mas o remake de Vale Tudo não me parece ter tanto chamariz assim apesar de tamanha propaganda. 

O final debochado da versão original, com o personagem de Reginaldo Faria dando bananas para o povo ainda está na minha memória e por mais sarcástico que tenha sido não agradou a criança que eu era na época e ainda me soa estranho. Para o remake, devo dizer: ainda não vi e já não gostei.

Talvez porque o que eu quero seja final feliz – nem sei como esta vai terminar, mas nas novelas sobram triunfos do mal, que – na minha opinião  – não deveria vencer.

Uma história diferente, de vitória do bem, aconteceu do Brasileirão de 2024 com o meu Botafogo. Equipe que no ano anterior passou uma das maiores vergonhas da sua história ao despencar do topo como um improvável elefante cai de uma árvore.

E por mais que não queiramos relembrar este malfadado passado, a fama de cavalo paraguaio havia grudado como papagaio de pirata no time da estrela solitária e atormentava a mente e os corações dos torcedores.

Mas eu comentava sobre 2024 – 2023 já passou faz tempo e aprendemos, ok. O destino reservou a decisão para a última rodada do campeonato. Era Dia de Nossa Senhora da Conceição (08/12), a quem o clube foi consagrado. O universo conspirava a favor. O Niltão abarrotado de gente, não tinha nem lugar para sentar.

Mas como sentar em um jogo desses? É uma partida para ficar ligado a cada lance. E se ajoelhar para rezar. Foi assim, de joelhos, que eu ouvi a torcida gritar no gol de Gregore, o gol do título daquele que oito dias antes havia sido expulso com menos de um minuto de jogo. Oito da sorte no Japão e do infinito.

Que agora nossa sorte seja eterna, como foi mais esta glória. Em 2024 – que não está tão longe assim e nunca é tarde para lembrar -, o botafoguense enfim foi feliz. Afinal, os melhores filmes – pelo menos para mim – são aqueles em que as coisas terminam bem. Resta saber para quem.

A PRINCIPAL CAUSA DA SELEÇÃO BRASILEIRA NÃO TER SIDO CAMPEÃ DO MUNDO EM 1982

por Luis Filipe Chateaubriand

Como se sabe, a Seleção Brasileira de 1982, favoritíssima ao título da Copa do Mundo realizada na Espanha, ficou fora da disputa do título após perder para a Itália por 3 x 2, com três gols do excelente Paolo Rossi.
Com a vitória, a Itália seguiu às semifinais, e o Brasil ficou pelo caminho.

Muitos motivos podem ser apontados para nossa Seleção não ter sido campeã, mas, especificamente na derrota para a Itália, um fator foi decisivo, e poucos lembram.

Zico estava machucado e entrou para jogar no sacrifício.
No jogo anterior, contra a Argentina – que o Brasil ganhou de 3 x 1 –, Zico recebeu uma entrada criminosa do grande defensor argentino Passarella.
Definitivamente, Passarella, que era um grande jogador, não precisava fazer aquilo, uma desonra para ele.
Aliás, no mesmo jogo, Maradona também cometeu uma entrada criminosa contra Batista – que, simplesmente, não pôde ficar à disposição para o jogo com a Itália.

Mas, voltando a Zico…
Era o melhor jogador daquela Seleção, o articulador, o artilheiro, a técnica pura e fatal.
Paulo Roberto Falcão era maravilhoso, mas menos decisivo.
Sócrates era espetacular, mas, às vezes, se desligava do jogo.
Leandro era fabuloso, mas, como lateral-direito, não podia colaborar tanto como um meia-atacante.

Zico era o craque do time.
Zico era a alma do time.
Zico era tudo para o time.
Mas, como ressaltado, entrou machucado para enfrentar a Itália.

No primeiro tempo, ainda jogou o “bolão” costumeiro, dando excelente passe para Sócrates fazer o primeiro gol brasileiro e sofrendo pênalti não marcado de Gentile, que até rasgou a camisa do “Galinho de Quintino”.
Porém, no segundo tempo, Zico mal conseguia caminhar e, assim, desapareceu do jogo.

Os mal-intencionados dizem que ele “amarelou” na hora decisiva.
Falso.
Simplesmente, não reunia condições físicas para jogar na plenitude.

Sem poder contar com seu principal jogador no momento decisivo, o segundo tempo do jogo, a Seleção Brasileira não resistiu ao ímpeto do excelente time italiano – que, por sinal, jogou melhor que o Brasil.
Não poder contar com Zico em plenas condições na hora decisiva foi um “baque”.
E, assim, a Seleção Canarinho teve que “enfiar a viola no saco” e voltar para casa derrotada.

Triste, mas verdadeiro.

O RESGATE DE SUA ALMA

por Zé Roberto Padilha

A última seleção a unir nosso país, não como uma “corrente pra frente, outra nos pulsos de quem pensava diferente”, mas com a cumplicidade de uma enorme paixão pelo futebol, foi a de 1982.

A maioria dos convocados jogava no Brasil. Esbarravam com a gente nos shoppings e toda a pré temporada era realizada em uma estância mineral, ou em Caxambu ou em Águas de Lindoia.

Junior, Leandro e Zico levavam uma nação para dentro da televisão. Sócrates, outra. Eder e Luizinho representavam os mineiros, Falcão, os gaúchos e Serginho, Oscar e Waldir Perez, os paulistas.

O país parava literalmente para vê-los jogar. Por aqui, telões eram instalados nos clubes e, depois das partidas, assumia o Grupo Nova Era. E a festa comia até altas horas.

Hoje, a torcida do Real Madrid não torce por Vinicius Jr., Endrick, Rodrygo. Como a do Barcelona, do Raphinha, vibram com a seleção espanhola.

E quando nosso ataque entra em campo, não há uma só bandeira do Santos para saudar o Neymar. E a do Fluminense também não é desfraldada porque André está jogando na Inglaterra. E Nino nem sei mais aonde.

Se tem solução? Depois do Wesley, convoquem Marlon Freitas e Gregore. Por absoluto mérito. Já tem o Gerson, mais à frente. E tragam o centroavante do Corinthians. Por que não se tantos Jesus foram tentados?

Tenho certeza que na próxima partida das Eliminatórias, se não vibrar por inteiro o corpo de uma nação, pelo menos teremos, nas ruas, telões e arquibancadas, a sua alma de volta.

AINDA É CEDO PARA COMEMORAR?

por Wesley Machado

Final de semana comecei a assistir à série Som na faixa, sobre o Spotify. A série está na Netflix com o título original The Playlist. Em um dos episódios, um dos protagonistas, o executivo da Sony na Suécia, Per Sundin, interpretado por Ulf Stenberg, cita a Music Television (MTV) – não vou dar spoiler, vejam!

E por falar na MTV, no Acústico da Legião Urbana, uma pessoa da plateia grita para Renato Russo: “Toca ‘Ainda é cedo’”! Eu fiz o mesmo uma vez em show barzinho e violão. Gritei: “Toca ‘Ainda é cedo’”! E não é que o cantor tocou e cantou? Era só uma brincadeira, mas ele levou a sério.

Já falei de streaming e de música e onde entra o futebol? É que o quase sempre desconfiado vascaíno do serviço está animado com o seu cruzmaltino! A semana santa é daqui a menos de duas semanas, mas o vascaíno entrou no clima e brincou dizendo que já comeu o peixe.

Outro vascaíno, este do meu setor, vestiu a camisa e foi trabalhar uniformizado. Nada melhor do que uma vitória na estreia do Brasileirão para melhorar a autoestima. O Vascão foi o único carioca que venceu na rodada. Adianta dizer para eles que ainda é cedo?

Que nada. Futebol é momento. E se os favoritos Flamengo e Botafogo empataram na estreia e o Fluminense perdeu e demitiu o técnico, cabe ao vascaíno aproveitar o momento e comemorar mesmo que ainda seja cedo. 

Só o vascaíno sabe o quanto sofreu esses últimos anos. Hoje é dia de comprar o jornal, ver todos os programas esportivos da tv, vestir a cruz de malta e andar orgulhoso e de cabeça erguida na rua. Por mais que ainda seja cedo.

Ainda mais que a vitória foi de virada. E o Vasco não é o time da virada? Sim, senhor! E o Vasco não é o time do amor, ora pois? Pois que 2025 seja o ano da virada para o Vasco!

Para que o amor do vascaíno pelo seu clube volte a ser correspondido. Afinal: “Enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal”!

De um botafoguense que respeita e muito a história do Vasco e torce para vocês, cruzmaltinos!

NINGUÉM FICARÁ ETERNO POR ALI

por Zé Roberto Padilha

Nada como empanar o brilho de dois dos mais conceituados treinadores do nosso futebol, Fernando Diniz e Dorival Jr., para desviar o foco de toda a incompetência administrativa da CBF.

Nenhum treinador do mundo conseguiria organizar um sistema tático sem um período, mínimo que fosse, de preparação.

Se os jogadores da Argentina, do Paraguai, Uruguai e da Colômbia, com menos banca e prestígio, conseguem se entender. E jogar coletivamente. A seleção brasileira não passa de um bando tentando se encontrar em campo.

Mesmo os clubes, com todas as suas dificuldades, conseguem pelo menos um mês para reunir o seu elenco. Como nos estaduais, sofrem nas primeiras rodadas, mas logo se recuperam com a qualidade do seu elenco.

Já a Seleção Brasil é reunida na véspera das partidas e os seus treinadores precisam encontrar uma porção mágica. Aquela que consegue, em um só treino, entrosar um ataque em que três são do Real Madrid, treinados por Ancelloti, um é jogador do Guardiola, no City, e fecha com a participação do Rafinha, que é do Barcelona.

Seria como Walter Salles apenas pudesse dirigir nossas Fernandas, e o Shelton Mello, às vésperas das gravações de “Ainda estou aqui!”. Sem direito a repetir as cenas. Como Diniz e Dorival, sem tempo se ensaiar uma só jogada.

Se assim fosse, seu elenco não estaria entrosado daquele jeito. Muito menos, ganharia o Oscar. Estaria em quarto nas eliminatórias para a próxima Copa do Mundo. Acreditem, atrás até do Equador.

Pode, a CBF, continuar a convidar e sacrificar um outro nome. Desse jeito, improvisado é bagunçado, ninguém ficará eterno por ali.