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FOI JUSTO PALMEIRENSE. JUSTO…

por Marcelo Mendez


Eu sei que nesse momento, poucos minutos após o final do jogo no Catar, deve tá doendo muito amigo Palmeirense. Mas o futebol é assim.

O mínimo placar de 1×0, gol de Gignac para o Tigres, tira do Palmeiras a chance de sonhar com o título mundial de clubes e o que aconteceu todos vocês viram. O amplo domínio do time mexicano que em hora alguma viu sua classificação ameaçada e os motivos são bem claros.

Começa obviamente pela ótima partida do Tigres. E daí precisa ser ressaltado o ótimo trabalho do time e de sua diretoria. São 10 anos de um projeto com Tuca Ferreti no comando técnico, contra três meses de Abel Ferreira no Palmeiras. O Português executou verdadeiros milagres, dando para o Palmeiras um título continental, com a garotada da base levando esse time e ainda por cima, tendo a Copa do Brasil para sim, ter a possibilidade de fechar uma temporada com chave de ouro. Nada a contestar com relação ao trabalho de Abel, mas precisamos falar do Tigres.

São 10 anos mantendo um técnico. Nesses 10 anos, o Tigres conseguiu só agora sua Concacaf e ainda assim o conceito de trabalho de Ferreti foi mantido. Isso diz muita coisa. Vivemos num país onde se mensura um trabalho técnico por rodadas. Quantas vezes os amigos já não ouviram da imprensa bolerona aquela lorota do “Já são quatro rodadas sem vitórias, hein?”

Quatro vitórias = Um mês de trabalho.

O Palmeiras se viu encaixotado por um time muito técnico, sabedor do que deveria fazer para quebrar a velocidade do Palmeiras, seu jogo mais incisivo pelas pontas, sabia como furar o bom esquema defensivo do Verde, sabia que precisava de um bom jogo de seus meias/volantes para Gignac poder ter o rendimento que teve na partida. E como fez isso? Em três meses? Trocando técnico no meio da temporada? Assistindo debate esportivo para ter o termômetro de sua gestão?

Pessoal, acabou o Boleirismo.

Não que o Palmeiras seja assim, muito pelo contrário, isso não se aplica ao ótimo trabalho de Abel Ferreira, falo do entendimento das coisas que circundam o futebol.

Para se ganhar um mundial de clubes precisa de planejamento, tempo de trabalho, paciência durante a execução desse trabalho e coragem para mantê-lo. Dessa forma, frustrações como essas serão evitadas futuramente. Por hora é isso, amigo Palmeirense. Vai doer, mas passa.

Daqui um pouco tem mais uma final pra disputar. Guarda teu coração que seu time vai precisar.

CLÁSSICO DOS MILHÕES (EM CASA)

por Luciano Teles


Dia 04 de Fevereiro de 2020, 21:15. Provavelmente, escrevo já com uns 15 min passados do jogo Flamengo x Vasco, válido pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2020 (20/21?). Não ouço pelo rádio. Não acompanho pela TV. Estou no meu carro, na garagem do meu prédio. Até o CD player foi desligado.

Portanto, não sei como anda o placar. E não me interessa saber. Depois eu vejo. Na atual situação, meu Vasco luta contra si mesmo, politica e economicamente. Em campo, contra o vice-líder do campeonato. Na vida, lutamos contra um invisível vírus. Mas redes sociais, muitos crendo no anonimato virtual, uns contra os outros. Onde entra o futebol, nesse contexto?

Estou na garagem porque acabo de chegar de Ipanema, onde fui buscar um laudo da médica da minha filha, do qual precisarei amanhã. Ainda na Zona Sul, me lembrei do jogo no Maracanã. Morador da Tijuca, por um momento temi por um engarrafamento na Lagoa, no Túnel Rebouças e na própria Tijuca. E, claro, pensei: Tenho de evitar o Maracanã. Até que…

Até que me lembrei de que o Clássico dos Milhões será com todos os seis dígitos de torcedores em casa. Ninguém nas arquibancadas. Nem uma dezena a ocupar as cadeiras.

Na volta para a Tijuca, me perco em pensamentos, enquanto um The Who ao vivo, de 75, sai do CD player. Até que saio do sinal da estação de São Cristóvão e, ao subir o viaduto Oduvaldo Cozzi, que liga a Radial Oeste à Avenida Maracanã, visualizo o ex-Maior do Mundo. Iluminado internamente, como sempre, noites de jogos. Mas…

Mas nada demais acontece externamente. A iluminação rotineira da rua e de fora do estádio dá visibilidade aos que caminham, correm ou se exercitam calmamente, na calçada do Maracanã. Os carros seguem pelas duas pistas da avenida, num trajeto tranquilo, o qual nem o semáforo da Eurico Rabêlo parece querer interromper. Se mantém verde, assim como o da São Francisco Xavier.

Não pude ver a expressão da estátua de Bellini. Mas tenho certeza de que não observava tudo isso com ar de normalidade. “Noite estranha, com tudo esquisito”, ouso parafrasear Renato Russo.

Segui pela Tijuca. Me lembrei de 13 de novembro de 2019, quando muitos jogadores desse mesmo time do Flamengo enfrentaram um Vasco que não apresentava a mesma qualidade técnica. Muito suor e muita dedicação depois, saindo atrás no placar, logo no início da partida, com duas viradas, os times saíam de campo empatados num surpreendente 4×4! Não sem antes ter a clássica confusão entre os jogadores. Coincidentemente, o jogo era válido pela 34ª rodada.

Naquela quarta-feira, saí do hospital em que trabalho, na Zona Sul, já pelas 19h e enfrentei trânsito de “arder os nervos”, como diria meu avô. Sou muito ligado na minha rotina e acabo me esquecendo de eventos e jogos que possam causar lentidão no trânsito etc. Mesmo em ruas periféricas ao Maracanã, em outro trajeto, o tráfego sofria as consequências do Clássico dos Milhões.

Mas, hoje, é o Clássico dos Milhões que tem sua rotina mudada pela vida. A vida real. A realidade é dos milhões em casa. Dos milhões de infectados e dos milhões que se foram em todo o mundo. O futebol, como tantos outros esportes e atividades, incluindo de trabalho, é um sobrevivente. Que façamos tudo para sobrevivermos e voltarmos à vida, ao jogo da vida dentro das regras como as conhecíamos. Sem nenhum impedimento.

UMA AVALANCHE DE CLUBES NO CAMPEONATO CARIOCA

por André Luiz Pereira Nunes


Em 1913, pela primeira vez, a título de experiência, o Campeonato Carioca foi aumentado para 10 clubes, a saber: America, Bangu, Botafogo, Flamengo, Paissandu, Fluminense, Rio Cricket, São Cristóvão, Mangueira e Americano. A experiência não trouxe resultado e, no ano seguinte, foi deliberado, pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), o afastamento do Mangueira e do Americano, ficando reduzido o certame para 8 clubes. O problema é que o Bangu resolveu não disputar a competição, diminuindo então o número para 7 agremiações. Pela primeira vez o Flamengo se sagrou campeão da cidade, feito repetido, em 1915, já em plena Primeira Guerra Mundial, declarada no ano anterior.

A Liga Metropolitana resolveu, portanto, manter os mesmos 8 clubes do ano anterior com a volta do Bangu. Porém, os jogadores do Paissandu, de nacionalidade britânica, atenderam ao chamado de sua pátria, para prestarem serviço militar e afastaram definitivamente seu time do Campeonato Carioca. Assim sendo, o número se manteve em 7 participantes.

Em 1916, a Liga Metropolitana resolveu apostar em 8 clubes para o campeonato, possibilitando merecido acesso ao Andaraí, uma vez que possuía o campo da Rua Barão de São Francisco, dotado de arquibancadas e boas instalações. Sabe-se que mais tarde o local foi adquirido pelo America e, posteriormente, se tornou um shopping center. Contudo, ocorreria novo revés. Pelas mesmas razões do Paissandu, o Rio Cricket abandonou a competição para também nunca mais voltar. O certame foi integrado por apenas 7 clubes e o America foi o campeão.

Uma avalanche de clubes, em 1917, invadiu a Liga Metropolitana. A entidade, então, foi obrigada a formar três divisões, aumentando para 10 o número de times na primeira divisão, a qual ficou assim constituída: Fluminense, America, Flamengo, São Cristóvão, Botafogo, Andaraí, Bangu, o Mangueira, que havia voltado à primeira divisão, além dos novatos procedentes da segunda divisão Vila Isabel e Carioca.

Os clubes mais antigos continuaram na segunda divisão, entre os quais, o Clube de Regatas Boqueirão do Passeio, Palmeiras, Catete, Paulistano, entre outros, enquanto que na terceira divisão novos clubes haviam ingressado, tais quais, Vasco, Paladino, Ríver, São Bento, Icaraí, Brasil, Gragoatá, Parque Royal e o Esperança, cuja sede ficava no Marco 6, em Bangu, e foi engolida pela Avenida Brasil.


O Fluminense se sagrou tricampeão da cidade, vencendo os certames de 1917, 1918 e 1919. Durante quatro anos não haveria alterações no número de disputantes do campeonato da cidade. Inclusive foi justamente nessa época que o Tricolor das Laranjeiras, através de Arnaldo Guinle, construiu seu suntuoso estádio, sendo o único que possuía campo, pista de atletismo, piscina, excelentes quadras de tênis e outras modalidades esportivas.

A novidade mais expressiva surgiria logo depois. O Vasco, em 1916, jogou a terceira divisão. No ano seguinte subiu para a segunda e nela se manteve até 1920, quando passou à Série B da primeira divisão. Em 1922, sagrou-se campeão da Série B e, ano ano seguinte, campeão carioca. Trata-se de um exemplo único de um time oriundo de uma série inferior conquistar o campeonato da divisão de elite apenas com uma derrota e seis pontos de vantagem sobre o Flamengo, oito do São Cristóvão, nove sobre o Fluminense, onze acima do America, quatorze sobre o Bangu, quinze à frente do Andaraí e vinte acima do Botafogo.

Saído do nada, o Vasco prosperou pelo seu próprio esforço. Em 1927, construiu o maior estádio do Brasil, superado apenas em 1950 pelo Maracanã.

MESTRES NA BATIDA DA BOLA

por Serginho 5Bocas 


Houve um tempo em que bons batedores de falta no Brasil nasciam nos cantos dos paralelepípedos e nas frestas das calçadas, igual capim, era aquela surrada história de onde se planta, dá. É uma história antiga e repleta de talentos, um legado extenso de batedores extraordinários que me deixa curioso, se estou certo, mas quase posso afirmar que nunca, em lugar nenhum do planeta, nasceram tantos mestres na batida da bola como no Brasil.

Para se ter uma ideia da oferta de talentos, nos anos 50 e início dos anos 60, quem dava as cartas e assombrava a galera eram Jair da Rosa Pinto e Pepe, com fortes petardos que desmontavam defesas e o Mister Didi, com a leveza das folhas secas.

No final dos anos 60 e início dos 70, Pelé que não era especialista nesta matéria, batia bem de várias formas e marcou vários gols, incluindo em Copas do Mundo. Rivelino e Nelinho soltavam seus mísseis cheios de curvas deixando enlouquecidos os pobres dos arqueiros. Ailton Lira, Dicá e Zenon eram daquela estirpe de classe total na batida. 

No final dos anos 70 e início dos anos 80, Zico e Roberto Dinamite enlouqueceram goleiros com gols de falta “a rodo”, semanalmente e às vezes mais de uma vez numa só partida. Edér ia dizimando os adversários com suas bombas certeiras, bem de longe, já que, para ele, meio de campo era meia lua.


Logo em seguida, ali pelo final dos anos 80 e início dos 90, Branco surgiu derrubando e botando pra “ninar” repórter atrás do gol. Neto e Marcelinho Carioca davam curvas impressionantes na bola, raríssimas de se ver ou prever a trajetória.

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, Juninho Pernambucano batia com uma precisão incrível que parecia fácil, Roberto Carlos enviava seus torpedos violentíssimos sem dó nem piedade e Marcos Assunção batia na bola com muita categoria e jeito.

Nos anos 2000 em diante, os últimos moicanos foram Rogério Ceni com uma incrível precisão e fome de gols para um goleiro e Ronaldinho Gaúcho com categoria absurda e inventando batida por baixo da barreira, um assombro. 

Depois de apresentar essa turma toda, com a saudade boa de quem viu boa parte deles em ação na sua plenitude, tentei buscar as razões para tamanha escassez deste tipo de jogada, que sempre foi tão brasileira, sempre alegrou demais a nossa galera e que sempre mostrou ao mundo a nossa inventividade. O que pode ter acontecido para deixarmos a bola ficar murcha?

Dizem que os jogadores de hoje não gostam de ficar treinando batidas de faltas após o horário normal dos treinos, hora extra nem pensar. Talvez tenha um fundo de verdade, já ouvimos constantemente vários destes grandes batedores explicando que ficavam após o horário dos treinos batendo faltas adicionais e muitas vezes sem auxiliares ou goleiros para ajudar na tarefa. Eles tentavam simular situações de jogo, para que na hora “H”, acertar o gol fosse como “bater cartão” na empresa, tamanha a facilidade, dada a exaustão das repetições dos movimentos.

Outros dizem que os fisiologistas de hoje, tão em voga nos clubes que de tão importantes nas equipes de futebol, dizem quem deve ser escalado e quem deve ser poupado, porque a musculatura pode estourar daqui a alguns instantes, um exagero.

Se o ritmo e a intensidade dos jogadores nas partidas ficou tão puxado que nem treinar batidas de faltas podem ser executadas, talvez devessemos rever se o tempo das partidas não deveria diminuir ou se o número de jogadores deveria ser maior para se desgastarem menos, correndo menos quilômetros. 

Não sei se há uma dose de exageros destes especialistas do esporte, mas que se for verdade, pode estar “matando na raiz” um “expertise” tão brasileiro, que chego a pensar que a solução é treinar os goleiros. Sim, afinal de contas, um dos maiores batedores de falta de todos os tempos foi Rogério Ceni. Se hoje os goleiros são obrigados a saber sair jogando com os pés, porque não encontrar entre eles, os caras que podem trazer de volta a nossa supremacia neste quesito da modalidade.

O que não consigo entender com clareza é que, mesmo o futebol atual sendo mais intenso, por outro lado a medicina avançou espantosamente e recupera os jogadores com incrível rapidez. Lesões que antigamente encurtavam facilmente as carreiras, hoje tem solução rápida e eficaz, é só ver quantos atletas de várias modalidades estão jogando por mais tempo, esticando seu tempo de vida esportiva. 


Talvez o problema seja mesmo a falta de talentos, bater faltas com perfeição não é só treinamento constante, existe o fator talento, dom ou como queiram chamar a qualidade nata de nossos antigos jogadores e isso é límpido que a queda de talentos foi vertiginosa. Já foi o tempo em que na hora da falta, tínhamos dois, três ou mais especialistas rondando a bola para confundir e matar de medo o goleiro adversário, hoje é só um monte de enganador que chutam oitenta, noventa bolas para acertar uma, dá até dó de ver.

Confesso que não me conformo, porque como era bom quando saia uma falta contra o adversário e você tinha um cara “especial” para batê-la. Por outro lado, também era um inferno ver seu time cometer a falta e ter que secar muito para a bola não entrar quando a fera estava do outro lado.

Agora. Para matar a saudade com elogios, vou elencar dez grandes mestres desta arte, explicando o porquê de cada um estar nela, mas ressaltando que só entrou na lista quem teve um longo legado, quem metia medo e só os que eu realmente vi bater na bola. Peço desculpas aos ausentes por não tê-los visto ou pelo pouco tempo que estiveram assombrando pelos campos, mas quero lembrar que a lista está em ordem alfabética e não de preferência, ok? 

EDER entra na relação, sem dúvida nenhuma, pela força e efeito de sua batida. Ficou famoso na Copa de 82 pelo chute forte, mas também pelo colocado. Lembro de quantas vezes, vi fazendo gols de muito longe, às vezes um pouco depois da linha do meio de campo, impressionante;

JUNINHO PERNAMBUCANO tinha uma precisão e uma forma diferente pela elegância de bater na bola. Nem preciso falar daquela falta contra os argentinos do River Plate, histórica, perfeita e que só poderia ser desferida por quem tem “culhões”, nos momentos decisivos;


MARCELINHO CARIOCA entra na relação pela variedade e formas. Batia de qualquer lugar do campo e as curvas que a bola fazia eram diferenciadas, coitados dos goleiros, enganou muita gente com seu chute com pé pequeno, um espanto.

NELINHO talvez tenha sido o melhor chutador de longe com curva de todos os tempos. Para ele não tinha distância, o duelo de suas curvas com Manga foi histórico na final do Brasileiro de 1975. Seu gol contra a Itália na decisão do terceiro lugar da Copa de 78, apesar de não ser de falta, foi de outro planeta, Zoff pensou que ia sair, só que entrou;

NETO também batia na bola com força, seu gol de longe contra o Flamengo no Maracanã foi de almanaque, Gilmar não contava com a última curva. Durante uns 4 ou 5 anos foi o maior batedor de faltas do Brasil;

RIVELINO era um monstro na batida com força. Largou o “aço”, digo, suas patadas atômicas em duas Copas do Mundo e reza a lenda, que deixou um goleiro argentino quase desmaiado, após uma tentativa de encaixar uma bola chutada por ele de muito longe, dizem que o crucifixo do cordão que o goleiro usava, ficou marcado no peito, o bigode era sinistro;


ROBERTO DINAMITE já tinha no sobrenome o predicado explosivo. Começou batendo forte e depois, com o tempo, talento e a experiência, começou a se dedicar a batida mais colocada, mas em qualquer das duas formas, era certeza de gols, um monstro, fez muito gol deste jeito na carreira.

ROGERIO CENI entra pela sua incrível capacidade de executar o movimento da batida de falta, da mesma forma e por muitas vezes com extrema perfeição. O São Paulo venceu muitas partidas pelos gols de falta que fez. Ceni fez mais gols na carreira que muitos centroavantes e quebrou o paradigma do goleiro só ficar embaixo das traves. Ele assuntou muitos treinadores que temiam pela sua volta ao gol quando não acertava, mas foram poucas.

RONALDINHO GAÚCHO foi escolhido pela categoria, leveza e arte de criação na batida de falta. Aquela por baixo da barreira em um jogo fantástico contra o Santos, foi de extrema inventividade, talento e confiança em uma partida de altíssimo nível e rendimento, coisa de bruxo.


ZICO sua batida clássica era com a bola subindo, fazendo a curva e descaindo no ângulo, um primor. Fazia gols de falta igual a gente chupa uma laranja. Na Itália fez tantos gols de faltas, logo na primeira temporada que até na mesa redonda na TV RAI, foi motivo de resenha para discutir como pará-lo. Teve gol de falta em Copa do Mundo, em final de Libertadores, dois gols de falta em um jogo só, mas talvez o seu gol de falta mais emblemático, seja aquele contra o Santa Cruz, na Copa União de 1987. E afinal de contas, muitos já devem ter ouvido esse refrão: “…é falta na entrada da área, advinha quem vai bater, ê, ê, ê….é o camisa 10 da gávea…”

Fico por aqui, na esperança que novos batedores surjam e calem este rabugento, que dizem as más línguas é somente um velho saudosista, talvez seja mesmo, mas que deixamos de ver aqueles gols de almanaque, deixamos. 

Os torcedores agonizam, mas que maré!

Um forte abraço

Serginho 5bocas

JOÃO DANADO, O AZARADO

por Luis Filipe Chateaubriand


Nunes, um grande artilheiro que brilhou em vários clubes – especialmente Santa Cruz, Fluminense e Flamengo – era conhecido pelo sugestivo apelido de João Danado.

Jogador de técnica limitada, era, no entanto, um fazedor de gols de primeira, devido à excelente colocação na área, o chute potente e a capacidade de colocar a bola onde queria.

Assim, também foi alcunhado de “o artilheiro das grandes decisões”.

Suas virtudes não se resumiam a fazer gols, pois se movimentava pelos dois lados da área, atraindo a marcação, abrindo espaços para quem vinha do meio.

 Zico fez muitos gols assim, deve muitos gols a Nunes.

Mas, infelizmente, nosso João Danado não dava sorte quando o assunto era Seleção Brasileira.

Em 1978, estava convocado para a Copa do Mundo de 1978, na Argentina, mas se machucou e ficou fora, sendo cortado pelo técnico Cláudio Coutinho.

Foi substituído por Roberto Dinamite.

Em 1982, para a Copa do Mundo de 1982, Careca foi cortado por contusão.

A primeira opção do técnico Telê Santana era Nunes, mas este estava com um problema no joelho.

Novamente, Roberto Dinamite foi o escolhido.

Resumindo: Nunes ficou fora de duas Copas do Mundo por estar contundido.

Que azar, hein, João Danado?

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!