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UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 59

por Eduardo Lamas Neiva

Fidélis, Zito, Brito, Gilmar, Fontana e Paulo Henrique. Jairzinho, Lima, Alcindo, Pelé e Amarildo.

Depois da agitação, o público se acalmou e o Idiota da Objetividade aproveitou o espaço para avançar com mais detalhes sobre o último lance do Sul-Americano de 59.

Idiota da Objetividade: – O árbitro chileno apitou o fim do jogo no momento em que Garrincha se preparava para driblar o goleiro Negri. O empate garantia o título para a Argentina, o tricampeonato sul-americano. O Brasil terminou a competição invicto. Antes do empate em 1 a 1 com os argentinos, no jogo final, tinha empatado com os peruanos em 2 a 2 na estreia, depois venceu os chilenos, por 3 a 0; os bolivianos, por 4 a 2; os uruguaios, por 3 a 1, e os paraguaios, por 4 a 1.

João Sem Medo: – No fim, não houve confusão e acabamos estranhamente voltando satisfeitos com o vice-campeonato invicto.

Sobrenatural de Almeida: – Os jogadores brasileiros foram recebidos como campeões. Assombroso!

Todos: – Assombroso!

Risada geral. Porém, o curioso fato de os jogadores brasileiros terem sido recebidos como campeões após o vice-campeonato sul-americano em 1959 continuou à mesa e João Sem Medo prosseguiu.

João Sem Medo: – O título na Suécia ainda estava fresco na memória do povo. Depois vencemos no Chile também. Mas aí a coisa desandou.

Sobrenatural de Almeida: – Inventaram de formarem quatro seleções. Nunca tinha visto isso. Assombroso!

João Sem Medo: – Os militares já tinham tomado o poder em 64 e a influência política na preparação da seleção para a Copa de 66 foi grande. No 1º de maio, dia do trabalhador, abriram os portões do Maracanã e fizeram um escarcéu. O estádio recebeu umas 200 mil pessoas para assistirem ao treino das quatro equipes brasileiras contra o Atlético Mineiro e a seleção gaúcha. Uma loucura.

Ceguinho Torcedor: – A seleção principal era grená, mas jogou de branco contra os gaúchos, que estavam de azul.

Garçom: – O senhor viu???

Sobrenatural de Almeida: – Ele tem boa memória, eu contei pra ele.

Garçom: – Assombroso!

Todos riem

João Sem Medo: – Pra piorar a bola era amarela, como seria usada no Mundial da Inglaterra.

Idiota da Objetividade: – Foram ao todo quatro jogos de 45 minutos, dois contra o Atlético Mineiro e dois contra a seleção gaúcha. O time verde venceu o Atlético por 3 a 0, gols de Célio, Tostão e Edu, e a equipe azul derrotou o time mineiro por 2 a 0, com Parada e Ivair fazendo os gols. Mas a torcida não gostou dos azuis e vaiou. Depois, o time branco empatou sem gols com os gaúchos, e o grená venceu, por 2 a 0, com Pelé e Garrincha jogando por pouco tempo. Os gols só saíram depois que Pelé saiu de campo: Servílio e Gerson, com passe de Garrincha, marcaram.

Ceguinho Torcedor: – Amigos, qualquer multidão é triste. Juntem 150 mil pessoas no Maracanã e vejam como imediatamente o estádio começa a exalar tristeza e depressão. Assim foi naquele dia. Primeiro de maio. Dia do trabalho, portões abertos para todo mundo. Aquilo foi tomado de assalto. E quando soou o apito inicial tinha gente até no lustre. Mas o que queria dizer é que como qualquer multidão, aquela massa estava triste, fúnebre, inconsolável. Só Mané Garrincha conseguiu arrancar do Maracanã entupido uma gargalhada generosa total. Lembrou Charles Chaplin, fazendo o número das pulgas amestradas em Luzes da Ribalta.

João Sem Medo: – Garrincha vinha sofrendo com o joelho machucado e já não estava mais na sua melhor forma. Tinha saído do Botafogo no ano anterior e era jogador do Corinthians.

Ceguinho Torcedor: – Naquele dia ele ressuscitou, porque já tinham dado a ele vários atestados de óbito. E ele deu um alto momento chapliniano contra três ou quatro gaúchos que batiam uns nos outros, tropeçavam nas próprias pernas. E a multidão neurótica como toda multidão, ria, finalmente ria. E o som de 150 mil gargalhadas saiu do Maracanã e rolou por toda a cidade.

João Sem Medo: – A desorganização daquela seleção foi completa. Feola chegou a ter quase 50 jogadores convocados, chamou o Ditão errado, queria o do Corinthians, mas deram o nome do irmão, que jogava no Flamengo, e ainda levou 27 pra Europa. Cortou cinco às vésperas da estreia, contra a Bulgária.

Idiota da Objetividade: – Ditão foi sugerido por um dirigente da CBD.

João Sem Medo: – E tome politicagem. O time, ou melhor, os times treinaram em não sei quantas cidades diferentes. A seleção passou por Lambari, Caxambu, Teresópolis, Serra Negra, Niterói, Três Rios. Teve um fim de semana que um time jogou contra o Peru, no sábado, no Morumbi, e o outro contra a Polônia, no domingo, no Mineirão.

Idiota da Objetividade: – O Brasil venceu o Peru por 4 a 0, e a Polônia, por 4 a 1.

Sobrenatural de Almeida: – Apesar disso tudo, a torcida compareceu em massa ao Galeão para se despedir da seleção. O otimismo era grande. E quando o otimismo é grande, a seleção se estrepa. Assombroso!

Garçom: – Com Feola, Pelé e Garrincha, o clima de saudosismo e esperança no tri imperou em 1966. Por isso, vou chamar novamente ao palco Ary Lobo.

Todos aplaudem.

Ary Lobo: – Obrigado. Vamos, então, apresentar agora “Recordando a Copa de 58”, que compus com Luis Boquinha. Esta música foi lançada em 1966, no disco “Quem é o campeão?”. A música-tema do LP, apesar do título, não faz referência ao futebol. Mas a que vamos apresentar agora, sim, claro.   

Todos curtem e alguns dançam. Ary Lobo é aplaudido, agradece e volta à sua mesa. João Sem Medo retoma a pelota e segue sua análise do que ocorreu ainda na preparação da seleção brasileira para a Copa da Inglaterra.

João Sem Medo: – Lá na Europa andou ganhando uns joguinhos amistosos, mas já mostrava que o time não estava bem. Contra a Suécia, por exemplo, vencemos por 3 a 2, mas a vitória foi chinfrim e mostrou um escrete embaralhado, lento, confuso e indefinido. Depois de derrotar a fraca equipe búlgara, por 2 a 0, contra a Hungria a seleção fez um papel ridículo de um amontoado de jogadores, que o mundo chamava de seleção brasileira, mas que não era, por causa da teimosia siderúrgica e empedernida de uma comissão que me recuso a chamar de técnica. Francamente, cheguei até a pensar em recorrer à mandinga quando senti que a vaca estava indo pro brejo.

Idiota da Objetividade: – Em três jogos na Copa, Feola usou 20 dos 22 jogadores. Só Lima e Jairzinho atuaram nas três partidas. E apenas Zito e Edu, então com 16 para 17 anos de idade, não jogaram. Ambos eram do Santos.

João Sem Medo: – Fomos eliminados na primeira fase. Uma vergonha. A palhaçada que começou a 1º de abril, no Brasil, com a apresentação dos jogadores no Rio, e terminou com o desastre contra Portugal, em Liverpool, é o retrato fiel dos crimes que a comissão técnica cometeu contra o futebol brasileiro.

Idiota da Objetividade: – Na estreia a seleção venceu a Bulgária, por 2 a 0, gols de Garrincha e Pelé, ambos de falta. Foi a última vez que jogaram juntos. Depois a equipe brasileira foi derrotada pela Hungria, por 3 a 1, gol de Tostão, e por Portugal, pelo mesmo placar, com gol de Rildo.

João Sem Medo: – Em três meses conseguiram fazer tal mixórdia que ninguém mais se entendia. Quando dissemos que o Ceguinho Torcedor, escalando do goleiro ao ponta-esquerda o time do Fluminense, faria melhor papel do que aquela comissão cheia de empáfia, era porque partíamos do princípio, básico em futebol, de que um time que se conhece, que tem conjunto, que conhece seus próprios erros e acertos, é um time capaz de conquistar êxitos.

Ceguinho Torcedor: – Graças à comissão técnica, fomos, do começo dos treinos até a estreia na Inglaterra, um bando de ciganos a dar botinadas em todas as direções. Até os paralelepípedos da Boca do Mato sabiam que o Brasil precisava de um time. Não se joga futebol sem um time. Pois bem: — nas barbas indignadas de oitenta milhões de brasileiros, não se fez nada. O Brasil entrou num cano deslumbrante e por quê? Porque jamais, em momento nenhum, nem por dois minutos, a Comissão tivera um time. Sim, na Inglaterra, o escrete fora tudo, menos um time. Era um bando, ou melhor dizendo, o próprio caos de calções e chuteiras. Sofremos, por isso, uma humilhação nacional pior do que a de 50. Mal sabia eu que viriam os 7 a 1.

Músico: – No carnaval de 1967, a perda do tricampeonato na Inglaterra já tinha virado folia. E esperança para 70.

Garçom: – É verdade. Vou pôr aqui em nosso sistema de som, a marchinha “Carnaval tri-campeão”, de Oscar Correia e W. Marinho, gravado pela vedete e cantora Célia Mara. Podem curtir, pois era o prenúncio do sucesso após o fracasso.

Todos aplaudem e ouvem com atenção.

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Um gol desse não se perde!

FLAMENGO, UM GRANDIOSO REI DO RIO

por Péris RIbeiro

Durante 102 anos – 1906 a 2008 -, o Fluminense dominou o futebol carioca. Tanto
que, até ali, eram 30 os títulos de campeão da cidade, do clube da rua Álvaro Chaves.
Porém, na temporada de 2008, eis que um determinado Flamengo consegue, depois
de décadas e décadas de intensa luta, igualar tudo. Agora, os números mostram 30
conquistas para cada um.

E é logo na temporada seguinte – 2009 -, que o clube da Gávea parte para superar o,
até então, imbatível tricolor das Laranjeiras, conquistando o 31º título de campeão.
Exatamente, 103 anos depois da primeira edição do tradicional Campeonato Carioca
de Futebol.

No ano de 2011, o que vemos é o time rubro-negro obter o 32º título, aumentando,
portanto, a diferença. Porém, o Fluminense é campeão de 2012, o que deixa o número
de conquistas em 32 a 31.

Nesse meio tempo, eis que ocorre um ponto fora da curva, pois o Flamengo
consegue engrenar nada menos de cinco títulos, entre 2014 e 2021 – incluindo-se aí, o
tricampeonato de 2019/20/21. O que faz com que as estatísticas mostrem, àquela
altura, seis conquistas a mais a seu favor: 37 a 31. Por sinal, a maior vantagem obtida
pelos rubro-negros na história da competição.

No entanto, um marcante bicampeonato tricolor, obtido nas temporadas de
2022/23, provoca, de repente, uma substancial mudança nessas estatísticas. Tão
somente, porque a diferença volta a cair, passando desta vez para 37 a 33.

Mas é uma irretocável campanha invicta, ocorrida logo no início de 2024, que vem
para solidificar de vez a vantagem do Flamengo. Um Flamengo que chega assim, ao seu
38º título de campeão carioca através dos tempos.

Um baque e tanto – como negar? -, para um já combalido Fluminense, que mantém-
se, portanto, com 33 conquistas. E uma afirmação em alto estilo para o Flamengo,
consagrado entusiasticamente como o grande Rei do Rio!


Campeonatos Cariocas

Flamengo – campeão 38 vezes
Fluminense – campeão 33 vezes
Vasco da Gama – campeão 24 vezes
Botafogo – campeão 21 vezes
America – campeão 7 vezes


Campeões Invictos

Flamengo – 7 vezes
Vasco da Gama – 6 vezes
Fluminense – 3 vezes
Botafogo – 1 vez
São Cristóvão – 1 vez

UM CORPO VENDIDO PARA SONHAR

por Zé Roberto Padilha

Aos 15 anos disseram que puxei o meu pai. E que iria ser jogador de futebol. De fato, me saia melhor no recreio com a bola nos pés, do que em sala de aula, encrencado com a soma dos catetos e com a tal da hipotenusa.

E embarquei para um período de testes nas Laranjeiras. Só que o Beto Bom de Bola, de Três Rios, encontrou bons de bola de todo o estado. A briga para ser titular da ponta esquerda era acirrada.

Inibido, tinha pesadelos com a ideia de desembarcar na nossa modesta rodoviária e perder o meu sonho de menino. Jogar futebol e no meu time de coração. O Fluminense. E estava disposto, como Fausto ao demônio Mefistófeles, a deixar levar meu corpo em troca de permanecer na casa tricolor e não ser eliminado no paredão.

Desde esse dia, entreguei meu corpo como cobaia aos professores da Escola de Educação Física do Exército. Parreira, Chirol, Cláudio Coutinho, Ismael Kurtz e Raul Carlesso precisavam de cobaias para seus experimentos.

Saía o futebol arte de 70 e veio à tona o futebol força da Alemanha, que ganhara a Copa de 74. E os Testes de Cooper, Interval e Circuit Training, treinamentos em regime full time, máquinas Apolo e Nautilus precisavam serem testados e aplicados. Jogadores de futebol, essa era a meta, precisavam se tornar atletas.

Eu estava ali me esforçando para ser um ponta moderno e poder ficar. E fui cobaia de todos eles.

Para ser fiel ao trato, subia a Estrada das Paineiras com tenis sem amortecedores, as arquibancadas do clube com saco de areia nas costas e treinava com coletes à prova de balas.

Consegui não apenas permanecer sete anos nas Laranjeiras, como em outros oito clubes em três estados da federação por mais dez anos. Fiz do futebol a minha profissão, porém, logo chegou a conta para o “Pulmão do Gerson”, “O motorzinho da Máquina Tricolor” pagar. Era frágil demais para suportar o tamanho da carga.

E aí lamentava as segundas-feiras que ia comer na casa da minha avó porque era dia de fígado lá em casa. Fez uma falta danado tal frescura.

Os meniscos foram se esfacelando, tornozelos sendo fraturados, hérnias rompidas, perônio e maxilar afundados. Quando o tempo esfria, meus ossos doem, quando esquenta, boto gelo nas articulações. E pior de tudo: fiquei dependente de uma dose diária de hormônio simpaticomimetico, vulgarmente conhecido como Adrenalina. E não consigo mais evitar a primeira pedalada ou braçada ao amanhecer.

Sendo assim, meu corpo, me perdoe por abusar dos seus limites e sacrificá-lo em prol dos meus sonhos. E que Mefistófeles me poupe. E não me carregue.

GOL HISTÓRICO

por Elso Venâncio

Sempre que via o famoso gol de falta de Petkovic na tevê, o polêmico cartola Eurico Miranda reagia:

“E o gol do Cocada? Por que não mostram?”

Na final do Carioca de 1988, Cocada entrou no lugar do ponta Vivinho com a missão de marcar Leonardo, que apoiava fortemente pela esquerda. Acácio havia realizado, pelo menos, três defesas espetaculares. De repente, Cocada recebeu de Bismarck em seu campo, correu pela direita lembrando o irmão Müller, puxou para a meia direita, driblou o zagueiro Edinho, que se desequilibrou, e bateu forte, enviesado, com a perna esquerda. Ele entrou aos 41 minutos, marcou aos 44 e foi expulso, por tirar a camisa na comemoração, aos 45 do segundo tempo. A bola entrou no ângulo direito do goleiro Zé Carlos, no gol à esquerda das cabines de TV e Rádio. Vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo, com direito a gol histórico para selar o bicampeonato carioca do Vasco.

No ano anterior, 1987, outro que passou pela Gávea firmou seu nome com o uniforme cruzmaltino. Campeão mundial em 1981, Tita fez o gol do título, no mesmo clássico, após receber passe açucarado de Roberto Dinamite.

Cocada chegou a São Januário depois de passar pelo Americano e pelo futebol português. Seria o substituto natural de Paulo Roberto. Seu irmão Müller trocara o São Paulo pelo Torino, da Itália.

Houve dois jogos decisivos entre Vasco e Flamengo em 1988. No primeiro, Vasco 2 a 1, gols de Bismarck e Romário. No gol do baixinho, falha de Leandro, que atuava na zaga. Ele atrasou mal para Zé Carlos e Romário, rápido e sagaz, aproveitou o toque errado para se antecipar e dar um lençol no goleiro antes de marcar, de cabeça.

Na finalíssima, disputada numa quarta-feira, 22 de junho, o Vasco, com melhor campanha, jogava pelo empate. Os atletas do Flamengo já chegaram ao Maracanã sérios e cabisbaixos. Na escalação, o motivo do clima de velório. O técnico Carlinhos ‘Violino’ barrou o ídolo Leandro. O jovem Aldair, aos 22 anos, assumia a posição. Fez tanto sucesso que, no ano seguinte, já estava no Benfica, que o revenderia à Roma, da Itália, onde se tornou titular e capitão por mais de uma década.

Sebastião Lazaroni, técnico que comandaria a seleção brasileira, dois anos depois, na Copa da Itália, escalou seu Vasco àquele dia com Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Zé do Carmo, Geovani e Henrique; Vivinho (Cocada), Bismarck e Romário.

No finalzinho da partida, Renato Gaúcho não aceitou as provocações de Romário e deu um tapa no artilheiro do campeonato. Briga generalizada em campo! Paulo César Gusmão, goleiro reserva de Acácio, deu uma voadora – que lembrou os tempos do Telecatch – em Alcindo, levando-o a nocaute.

A festa da vitória ocorreu numa boate em Copacabana. Nessa época, imprensa e jogadores conviviam de perto com os craques. O compositor vascaíno Erasmo Carlos pegou o microfone e puxou com força o sonoro grito de guerra ‘Casaca’.

NOS PERDOE, JOÃO PEREIRA LOPES, ODAIR GAMA, REMO RIGHI

por Zé Roberto Padilha

Seria fácil jogar apenas na conta da atual gestão a culpa pela devastação total do gramado (foto) de um dos clubes de futebol mais importantes do estado: o Entrerriense FC.

Não foram apenas eles, os gestores da vez, que construíram piscinas em casa. E deixaram de frequentá-lo e ainda levaram familiares e amigos para um mergulho cada vez menos social.

Muito menos os que afastaram os sócios que deixaram de comparecer às serestas. E deixarem no caixa do bar a garantia do pagamento das suas heroínas Heloisa e Vitória. Fora o 13* do Zé sem a qual o mato o cobriria.

Muito menos, foram eles que deram Playstation para seus filhos e os deixaram no quarto exercendo sua iniciação ao sedentarismo no lugar de os matricularem nas escolinhas de futebol.

O Entrerriense FC desabou debaixo do nosso teto é não conseguimos mantê-lo opulento e forte, disputando campeonatos e dando oportunidades de tantos garotos alcançarem seus sonhos, como nos deram um dia para alcançar os nossos.

Todos falhamos. E quando mais um Parque de Diversões parte, ele não deixa apenas crateras em um gramado em que nossos heróis Quarentinhas, Marianos e Traíras desfilaram sua arte. Escreveram, com uma bola de futebol nos pés e uma paixão no coração nas arquibancadas, parte da nossa preciosa história esportiva.

Ele deixa crateras em nossa porção cidadã, trirriense, pessoas de boa índole, trabalhadoras, honestas e, infelizmente, incapazes de honrar o patrimônio e a memória daqueles que tanto lutaram para erguê-lo.

Nunca será tarde para reerguê-lo. Desde que aceitemos que todos nós poderíamos ter feito um pouco mais por ele.