O ROUBO DA TAÇA: HISTÓRIA QUE DIZ MUITO DE NÓS, BRASILEIROS
por Luciano Teles
Todos sabemos o que aconteceu: a Taça Jules Rimet foi roubada e derretida. Ponto. Porém, dois fatores sempre entram em campo, quando se toca no assunto: o primeiro é que não conhecemos todos os detalhes, com várias perguntas assaltando a memória até de quem acompanhou as notícias, na época. O outro, uma pergunta: será que valeria a pena escrever um livro robusto, daqueles de dez centímetros de largura, que se destacam na estante da sala?
Para efeito de comparação: você quer saber, detalhadamente, tudo o que aconteceu em 1950, antes e depois do Maracanazo? Não. Você não quer. Nem eu. O Brasil fez boa campanha, ganhou de véspera, perdeu no tempo regulamentar e chorou depois. Garanto que 99% não vão querer um “tijolo” literário sobre o assunto. Mas faltam algumas respostas. O mesmo pode ser dito sobre as derrotas na França, em 1998, e contra a Alemanha, aqui, em 2014, no famoso 7×1. Sabemos o suficiente. O tempo que lave nossas memórias e leve as dores consigo.
Ainda me lembro das imagens das matérias nos telejornais e nos jornais. E me perguntava, entre outras coisas, como que alguém podia ter roubado uma taça tão importante? Tinha 12 anos e, claro, colecionava figurinhas, incluindo as de Futebol Cards. E comentei com um colega de escola: “Quem roubou não vai poder mostrar para alguém, a não ser queseja para outro ladrão. Isso não é igual a figurinha”. Como se falou, à época, em fazer outra igual, também questionei: “Não é a mesma coisa”. Talvez nunca soubéssemos de toda a verdade. Mas esses questionamentos permeavam nossos pensamentos.
Essa lacuna é preenchida por “O Roubo da Taça– Preconceito, Tortura, Extorsão”, de Wilson Aquino. Ler seu livro foi como uma conversa animada num bar, depois da pelada de sábado. São 134 páginas rápidas, de escrita ágil, que permite uma leitura numa tacada só. Que deve, porém, ser cuidadosa, devido ao grande número de detalhes, nomes e siglas dos órgãos de investigação. Afinal, o próprio processo judicial foi a base da elaboração do trabalho. Nele, o jornalista preenche uma lacuna em nossa mente que, se não era sempre lembrada, não havia desaparecido, feito a taça.
Publicado pela Charlie Black Editora, em 2020 (vale a pena visitar o site da editora, com arquivos sobre o livro) O Roubo da Taça fala muito além do evento em si, suas consequências materiais e as dos envolvidos. Num efeito paralelo, colateral, ele nos mostra várias razões pelas quais nosso país está como está. Sem entrar em questões de política partidária. Ele diz muito sobre nós, como sociedade. Até o fato de meio que nos acostumarmos a um sistema no qual poucas coisas funcionam. E tudo vai ficando do jeito que está.
Não vou citar trechos nem fatos que são relatados na obra. Deixo para cada um desvendar as linhas dessa história. Só adianto que meu pensamento se dá por ver que todos os envolvidos (ladrões, CBF, investigação etc) abusaram do direito ao desleixo, à má vontade, à falta de prevenção, ao comodismo, à inveja profissional, às práticas nocivas e, por que não?, à velha mania, rasteira, de pensar “pode fazer, pode ir, não vai dar nada, não”. Alguns dos acontecimentos são inacreditáveis, tamanha a sandice presente. Nem um roteirista de humor teria tamanha imaginação.
Na verdade, Wilson Aquino nos mostra que o 7 x 1 vinha sendo construído ao longo dos anos. A cada eliminação de Copa do Mundo, a cada campeonato, a cada ato de corrupção, a cada desleixo para com dois valores que tanto significavam para o brasileiro: o futebol e a Taça Jules Rimet. Pior: parece que aprendemos que são coisas às quais não vale mais a pena se dar tanta atenção.
Quem conhece a história do nosso futebol, do futebol brasileiro, sabe o quanto as vitórias em Copas do Mundo valeram para nossa autoestima. E como as derrotas, principalmente as de 1950 e a de 2014, deixaram vazios no peito de cada um. Fico na dúvida se a de 1998 deixou algo assim. Enfim, o fato é que tive a oportunidade de conversar com o mestre Didi. E vi os olhos do meu conterrâneo, de Campos dos Goytacazes, bicampeão mundial, autor do primeiro gol do Maracanã, ainda brilharem, ao falar da carreira e das vitórias. Mesmo esse encontro já tendo ocorrido por volta do ano 2000.
Da mesma forma, brilhavam os olhos dos brasileiros, quando se falava na Jules Rimet. Vinham as imagens das Copas de 58, 62 e 70, com o Brasil imbatível. Mesmo com tantos craques, quase todos tinham seus nomes na memória do torcedor. No meu caso, principalmente a de 70, ano do meu nascimento, com suas imagens em cores, sua música marcante e toda a aura, quase mística, que aquela festa ganhou.
A Jules Rimet tinha esse encanto, então: de nos colocar acima de todas as outras seleções. E Wilson Aquino destaca um fato interessante: Uruguai e Itáliajá tinham vencido duas Copas. Alemanha e Inglaterra ganharam uma, cada. Mesmo considerando que a Inglaterra venceu após o nosso bicampeonato, o Brasil saiu muito de trás e ainda perdeu uma decisão em casa. Mas a vitória no México nos deu o direito de guardar a Taça para sempre conosco, em solo brasileiro. Conforme o que fora determinado pelo próprio Jules Rimet, em relação ao país que primeiro alcançasse o tricampeonato.
Jules Rimet só se esqueceu de escrever no regulamento que era para a taça ser guardada com o máximo de cuidado. Deve ter julgado desnecessário colocar no papel algo tão óbvio. O problema é que, por aqui, o óbvio nem sempre é levado a sério. Por mais ululante que seja.
Em tempo: O Museu da Pelada cedeu o livro e a camiseta do site numa promoção, ainda em 2020. Tive a honra de terem escolhido a minha resposta à pergunta lançada, sobre o roubo da Taça, numa ação que acompanhava o lançamento do livro. Peço desculpas por só agora escrever. Mas é que só de dois meses para cá que as coisas se acalmaram, o home office e tudo. E queria ler o livro com a dedicação necessária, para me lembrar de fatos e escrever algo em retribuição. Ao colega Wilson Aquino (embora eu não atue mais como jornalista), meus parabéns! Seu trabalho foi na medida certa para que pudéssemos nos lembrar e compreender esse triste fato de nosso futebol e nossa história social, por que não? Muito obrigado.
Site da editora: https://charlieblackeditora.com.br/
DRIBLE DE GREGO
por Rubens Lemos
Meu caro amigo, você que me honra desperdiçando seu precioso tempo em alguns minutos nesta coluna. Quem é, de fato, o algoz e quem expõe pavor na expressão corporal? A foto é de 1963, do primoroso jornalista Oldemário Touguinhó, do Jornal do Brasil. Nela, Garrincha está em alegria plena. Executaria o mais lindo dos fundamentos do futebol, Garrincha que dele foi pai: o drible.
Sim, amigo, que vive a angústia da pandemia e se arranja, feito eu, em deliciosas imagens dos verdadeiros monarcas da bola brasileira: o drible é a supremacia irreverente e absoluta de um homem sobre outro sem violência e com esbanjamento do verbo improvisar. Reverencio o driblador. Reverenciava, porque hoje não existe mais.
E o gol, Rubens Lemos, não seria o mais importante enquanto você se perde em delírios, se entrega a devaneios? O gol, o golaço, o gol espírita, o gol de bunda, é, no futebol, o peso do martelo das sentenças dos homens. O gol é inflexível, inegociável, definidor.
Peço compreensão a um romântico. O drible é a flor da mulher amada, mesmo que não aceite o ramalhete. O drible consegue unir na fração do segundo, o cérebro e os pés pela ponte da inteligência sagaz, da artimanha vocacional, da chacota de um programa do Chacrinha (mais novos, pesquisem Chacrinha na Wikipedia).
Sou fervoroso defensor do compartilhamento na vida fora dos gramados e defensor intransigente do individualismo dentro das quatro linhas.
O que me fez adorar o futebol foram os dribles dos meus craques de infância, amigos de rua, Tércio e Didica, dois ungidos pelo poder de passar por dentro de irrecuperáveis iguais a mim.
Amo o drible. Amo Garrincha. Que driblava sem intenção de humilhar e humilhando. Amigos, Garrincha, em três minutos contra a Rússia em 1958, fez o jogo pender ao lado direito, deixando companheiros e adversários perplexos com o baile no pobre lateral Kusnetsov, que entrou em colapso emocional no intervalo.
Garrincha pairava sobre os estádios, campinhos e várzea nas ventanias sudoestes, pessoalmente ou em forma de fantasma anarquista. Durante e depois de Garrincha, todos os laterais-esquerdos do mundo entravam em campo amedrontados, quase a pedir um segurança armado por 90 minutos. Seriam dois humilhados: o jogador e o jagunço.
O mais belo entre os dribles de Garrincha está no replay de Brasil 2×1 Espanha na Copa do Mundo que Mané ganhou sozinho tal Maradona em 1986 e Romário oito anos depois. Mané está na linha lateral pela direita do ataque canarinho. Recebe, embalado em papel machê, o passe de Didi, o criador.
O marcador da Espanha, de suntuoso nome, Echeberría, parte com a fúria taurina de um Bodacious, o mais violento. Garrincha recebe a bola e cria sua câmera lenta pessoal. Na recepção a Echeberría, resolve avacalhar a cena.
Dá um toque, o perseguidor derrapa como trem sem condutor. Echeberría não consegue freio. Garrincha, ao primeiro bater na bola, toureiro, afasta o corpo, gira-o à frente do campo e segue enfileirando espanhóis ao sabor de Paella. Echeberría virou joia de quinta categoria.
Então, meu amigo de diálogo, monótono por formatação, senti uma piedade plena do pobre homem de camisa 2. O sorriso de Garrincha prenuncia a humilhação habitual e dominical de seus inúteis perseguidores: Coronel (Vasco), Jordan (Flamengo) e o malvado e mirrado Altair, do Fluminense.
O drible tragicômico. Eis o que descreve a fotografia. Falando como se oradora fosse, versão mulher de Demóstenes, retórica impecável da Grécia antiga. Demóstenes, o grego, nunca soube o que era um drible de Garrincha, capaz de entortar pórticos e colunatas milenares.
O DOCE GOSTO DO TÍTULO
por Luis Filipe Chateaubriand
O Campeonato Carioca de 1988 estava sendo decidido por Vasco da Gama e Flamengo.
Era o segundo jogo da decisão, de um total de três, e a situação do rubro negro era muito desconfortável: precisava vencer esse segundo jogo, para forçar o terceiro jogo.
Para o clube cruz maltino, a situação era bem mais confortável: empate ou vitória no segundo jogo garantiam o título.
Pois o jogo começou, e o Flamengo veio com tudo para cima do Vasco da Gama.
Domínio absoluto.
Mas, como diz-se no jargão do futebol, “não conseguiu traduzir em gol o domínio territorial”.
Aos 40 minutos do segundo tempo, o placar de 0 x 0 permanecia inalterado, e a torcida do Vasco da Gama começava a comemorar um título que parecia cada vez mais próximo.
Mas uma surpresa ainda estava reservada para a peleja…
O lateral direito Lucas – irmão do selecionável Müller e apelidado de Cocada – entrou, no Vasco da Gama, substituindo Vivinho.
Isso foi aos 41 minutos.
Aos 44 minutos, Cocada – que já tinha jogado no Flamengo mas foi dispensado de lá por insuficiência técnica – recebe a bola na metade do campo, do lado direito, avança com ela todo serelepe, e rápido e, ao chegar na entrada da área, desfere um chute violento, mas colocado, que vai parar no fundo do gol.
Este escriba, que estava no Maracanã, achou que a bola ia para fora, mas a pelota fez uma curva, tomou um efeito, que lhe levou para o fundo das redes.
E lá se foi Cocada, comemorar, dirigindo-se para o banco do Flamengo, provocando o técnico Carlinhos, que o dispensou da Gávea.
O Vasco da Gama, assim, que só precisava do empate, venceu por 1 x 0 e sagrou-se campeão.
Doce conquista, com sabor de cocada!
Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!
CHEGA DE PENSAMENTO RETROVISOR
por Fabio Damasceno
Chega de pensamento retrovisor. Já passou do tempo da mentalidade mudar RADICALMENTE. E quem pensa diferente, que fique longe, bem longe. De preferência nem acompanhe mais.
O Botafogo precisa urgentemente de oxigenação. Sangue novo. Ideias novas. Caminhos novos. GENTE NOVA. Os mesmos nomes e as mesmas ideias que há anos prevalecem e ditam o dia a dia do clube NÃO deram certo. Muito pelo contrário, seguem DESTRUINDO o clube mais tradicional do Brasil e um dos mais tradicionais do mundo.
O momento é de se falar, pensar e agir com foco em SOLUÇÕES. Falar de problemas, erros, falhas é chover no molhado. Apenas levará à troca de ofensas e acusações entre pessoas ultrapassadas, arrogantes e vaidosas, que NADA MAIS AGREGAM AO BOTAFOGO. O momento é de olhar para frente. Chega de olhar para trás, chega de viver de passado. Os verdadeiros responsáveis não serão responsabilizados. Temos que conviver com isso. E superar.
Identificar crenças limitantes. Planejar e definir metas claras. Amortizar, prevenir e reduzir passivos. Buscar soluções simples e únicas. Capacitar.
Esse é o pensamento. Do Botafogo gigante. Do Botafogo vencedor. Chorar pelos erros do passado não leva a lugar algum. Chega de mentalidade derrotista, ultrapassada, vitimista, pequena.
“Tem dívida de um bilhão. Não tem receita. É ingovernável.”
BALELA.
Se a dívida chegou a esse ponto a (ir)responsabilidade é INTEGRALMENTE dos que estiveram à frente da gestão do clube nas últimas décadas. Se não tem receita, idem.
Mas, como dito, o momento não é de apontar esses erros. Os que erraram sabem e o que os verdadeiros botafoguenses esperam é o mínimo de decência e humildade desses senhores para assumirem os seus erros, de preferência bem longe do Botafogo. E ainda que não assumam, que ao menos fiquem longe.
Ou querem nos convencer de que um Athletico Paranaense tem mais potencial – em todos os sentidos – do que o BOTAFOGO? Um simples olhar nas finanças, resultados e as conquistas daquele e deste clube. GESTÃO. GESTÃO. E GESTÃO. Apenas para se fazer um breve e singelo comparativo.
Ou profissionaliza do roupeiro ao presidente ou segue-se focado em um glorioso passado cada vez mais distante. É preciso que todos entendam e COLOQUEM ISSO EM PRÁTICA de uma vez por todas. Custe o que custar, haja o que houver.
Qual empresa não gostaria de ter um produto com MILHÕES de consumidores fixos mundo afora, desinteressados em comprar algo da concorrência?
É necessária muita incompetência, descaso ou MÁ-FÉ para se destruir algo com tamanho potencial.
Fazendo um comparativo distante com o mundo pós-guerra, a Alemanha não voltou a ser uma das maiores potências do mundo à toa. Mittelstand.
Estruturas com planos a longo prazo, forte investimento na capacitação pessoal, alto sentimento de responsabilidade social e forte regionalismo reergueram um país destruído, acabado, falido e dominado, tal qual o nosso BOTAFOGO.
Planos a longo prazo são metas claras. Forte investimento da capacitação pessoal é a base da profissionalização. Alto sentimento de responsabilidade social é entender a grandeza deste clube e o que representa geração após geração. Forte regionalismo é investir o quanto for possível nas categorias de base e suas estruturas.
Difícil? Sim. Trabalhoso? Bastante. Impossível? Apenas na cabeça dos fracos e derrotados. E disso o Botafogo já extrapolou a cota entre “gestores”, dirigentes, parceiros, jogadores e comissão técnica nos últimos anos e nas últimas décadas.
Chega de vitimização. Chega de mais do mesmo. BASTA. O Botafogo precisa de uma REVOLUÇÃO. E revoluções jamais serão feitas por gente de mentalidade derrotada e ultrapassada. Uma faxina geral, da calçada de General Severiano até o holofote mais alto do Estádio Nilton Santos.
Enaltecer SIM as conquistas do passado do clube mais tradicional do Brasil. Mas deixar no passado. No museu da sede. Nas faixas ao redor do estádio. Nas histórias que contamos às próximas gerações.
Essencialmente o momento é de agir como HOMENS com MENTALIDADE vencedora. Levantar a cabeça, bater no peito e ter a certeza de que os incompetentes que até então estiveram à frente do clube não serão suficientes para enterrar os sonhos de quem realmente conhece a grandeza do BOTAFOGO e voltará a vê-lo em seu devido lugar.
A hora é essa. Contra tudo e contra todos. Sinto informar a todos os cretinos que o BOTAFOGO não vai acabar, não vai fechar. Longe, muito longe disso. E quem acha isso, das duas uma: Não passa de um derrotado ou um canalha. E quem não compartilhar dessa mentalidade, que mantenha distância deste GIGANTE do futebol mundial. De uma forma ou de outra, este clube vai renascer. De uma forma ou de outra, este clube vai voltar a ser um dos maiores do mundo. Porque o BOTAFOGO não é lugar de covardes. E essa estrela, gostem ou não, não irá se apagar.
Aos bravos, vencedores e valentes: Mãos à obra.
Saudações Alvinegras de um botafoguense de corpo e alma que mantém acesa a esperança de seu filho de 4 anos ainda vestir essa camisa com orgulho.
CONVOQUEM OS 3 MOSQUETEIROS
por Zé Roberto Padilha
Não escrevo por mim, tricolor, mas por meu filho, Guilherme, que a Tia Vera convenceu a ser a estrela solitária de nossa família.
Quando o fez, o Botafogo era campeão brasileiro, não uma decepção brasileira. Meu filho terá outro final de semana sem o sol do Seedorf que um dia aqueceu seus sonhos. Terá pancadas e paradinhas nostálgicas durante o período em que lembrar das cobranças do Loco Abreu. Mais do que isto: não poderá sair de casa com o guarda-chuva que o protegia de qualquer tempestade adversária: o goleiro Jefferson.
Não é fácil para qualquer torcedor, como ele, acordar e ver seu time rebaixado. E perdendo em casa para o Sport, em pleno Nilton Santos. Saber quer não vai ver seu time jogar no horário nobre das quartas e domingos, e sim no horário pobre das terças, sextas e sábados, aquele mesmo que dia seguinte você não tem o hábito de perguntar ao Sandro, ao buscar seus pães na padaria: Quanto foi?
O Botafogo não foi um time. Foi uma pandemia sobre a outra, um bando que se perdeu diante da sucessão de planos táticos e físicos que, ao serem trocados em plena competição, deixou seu elenco sem saber se marcavam a saída de bola, como queria o Autuori, ou se recuavam e saiam para o contra-ataque em busca de uma bola, como queria o Barroca.
Eu disse 5 orientações dentro de um mesmo campeonato que não permitiam sequer ao maestro Junior definir seu padrão de jogo. Mesmo porque não tinham algum.
Escrevo, como pai e ex-jogador de futebol, treinador e escritor que respira futebol desde os 16 anos, para sugerir ao presidente Durcesio Mello: leve com você, para as tribunas de honra, Ricardo Rotenberg, Carlos Augusto Montenegro, Claudio Good, Manoel Renha e seu vice de futebol, Marco Agostini.
Ninguém irá sentir falta deles lá embaixo porque nenhum deles tem história para contar.
E convidem Paulo Cézar Caju, Gerson e Afonsinho para comandar o futebol.
Os três, que estão entre os maiores ídolos que o clube já revelou, vão trazer de volta a credibilidade, o carisma e os torcedores. A seguir, as orientações que receberam de outra lenda da casa, Zagallo, serão colocadas em prática. E não cometerão erros primários de planejamento porque amam o clube e conhecem o futebol como poucos.
O senhor, presidente, e esse grupo de notáveis fora do mundo da bola, não tem obrigação de conhecer o futebol. São torcedores e associados que o estatuto permite que presidam o clube. Então, que cuidem do cloro da piscina, paguem a conta de luz da sede histórica, e conservem o Estádio Nilton Santos. Mas, por favor, deixem tocar o futebol quem sabe de futebol.
Os 3 mosqueteiros, tenho certeza, vão erguer suas espadas e trazer de volta à elite esse clube tão bacana, diferenciado, supersticioso, a quem nosso país tanto deve a conquista dos primeiros títulos mundiais.
Se tem coisas que só acontecem com o Botafogo, só ele e sua rica história, serão capazes de virar essa triste página buscando soluções em quem o ama de verdade.