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TORCER CONTRA OU A FAVOR?

por Idel Halfen

Nas situações em que um time rival enfrenta um adversário de outra cidade, estado ou país, uma dúvida pode pairar sobre a cabeça do torcedor: para quem torcer? Ok, para muitos essa dúvida não existe, sendo certo que torcerá para o adversário do rival local. A maioria, acredito!

Sadismo, receio de ser zoado pelos torcedores rivais ou mesmo antipatia estão entre as razões que levam à tal decisão. Legítimas? Sem dúvida. Coerentes? Talvez.

Sim, a coerência mencionada guarda relação com uma factível racionalidade, a qual serve para amplificar os argumentos advindos da “implicância” com torcedores rivais e/ou da busca de uma suposta superioridade que, provavelmente, só se consegue sentir através do time que torce.

Essa racionalidade tem como base as receitas que são auferidas através das premiações pelas conquistas de títulos, os quais servem como impulso para compra de produtos licenciados, adesão a planos de associação e assinatura de pay-per-view. Tais cifras já deixam os resultados financeiros bem interessantes, o que permite equacionar eventuais dívidas e reforçar o time.

Deduzindo que as conquistas também têm a capacidade de formar torcedores, seja através da conversão dos simpatizantes, seja através das crianças em idade de decidir pelo time que irá torcer, a equação fica ainda mais estimulante.

Aliás, no cenário ainda pouco maduro do marketing no esporte, a quantidade de torcedores pode ainda servir como justificativa para que alguma empresa decida patrocinar o time com “tantos torcedores”, esperando, talvez, que essa “massa” fique simpática ou venha a consumir sua marca, mas isso é discussão para outro artigo.

Ok, diante de tantos argumentos parece não haver dúvida de que o melhor a se fazer é sempre torcer contra o rival. Só que não é bem assim, por uma simples razão: a falta de rivalidade, ou melhor, de competidores fortes, tem a capacidade de fazer com que a atividade fique desinteressante e afaste não apenas os torcedores dos clubes com menos chances, mas também os dos vencedores. Tentando ser bem sucinto, o que quero dizer é que ganhar é ótimo, mas para que as competições se mantenham sustentáveis é preciso que a competitividade, que muito tem a ver com a imprevisibilidade, seja preservada.

Na teoria, essa é a descrição do processo que explica as nuances envolvidas nas decisões sobre para quem torcer – aliás, como se isso fosse influenciar no resultado.

Na prática, não existe a menor pretensão de o torcedor levar em consideração qualquer tipo de racionalidade, até porque, os próprios gestores carecem de informações que poderiam ajudar na formatação de um planejamento estratégico bem estruturado, o qual permitiria definir objetivos e metas de forma mais assertiva.

Há perguntas que, por mais que frequentem algumas rodas de discussão, estão longe de serem respondidas, entra as quais, destaco: Qual a quantidade de times competitivos que o campeonato brasileiro comporta? Quais os fatores determinantes para se propiciar competitividade? Dinheiro, torcida, tradição? Além de outras ligadas a indicadores econômico-financeiros…quem sabe um dia isso não é considerado…

O OTIMISMO DO AMÉRICA

por Elso Venâncio

Romário treina finalizações

O América, embalado pela presença de Romário, vai entrar na Série A2 seguramente otimista em relação a voltar à divisão de elite do futebol carioca.

A competição, que começará no dia 18 de maio, contará com doze clubes (América, Americano, Araruama, Artsul, Audax-Rio, Cabofriense, Duque de Caxias, Maricá, Olaria, Petrópolis, Resende e Serrano). Apenas o campeão sobe em 2025.

Romário, aos 58 anos, estará em campo em alguns jogos. Isso motiva até quem não é torcedor do América, que fará questão de ir aos estádios para poder ver ou rever o ‘Baixinho’. No seu primeiro treino, o atacante exercitou, com extrema alegria, uma rotina que viveu por décadas quando profissional: finalizações.

A meu ver, Zico foi o maior batedor de faltas; e Romário, o grande artilheiro jamais visto no país. Tudo isso porque treinavam. Hoje, gols de falta rarearam, devido à preguiça dos atletas. Sem repetições, fica difícil obter sucesso no jogo. Havia, ainda, o coletivo de sexta-feira, uma espécie de ‘ensaio’ para a partida. Noventa minutos de bola rolando, titulares contra os juniores, com essa garotada sendo observada. Os técnicos testavam as possíveis alterações, imaginando a partida.

Os professores de hoje preferem treinos táticos, com campo reduzido. Presenciei coletivos começarem tendo os titulares um jogador a menos, ou seja, dez em campo. Romário ficava atrás de um dos gols treinando com o preparador físico, com o apoio da baliza móvel. Cabeceava, matava no peito e chutava. Perna direita, perna esquerda. Gingava o corpo de um lado para o outro e batia na bola. O goleador não cobrava pênaltis – aliás, só passou a bater após sentir o frio na barriga e pedir para cobrar na decisão da Copa de 1994, durante a conquista do tetracampeonato mundial da seleção brasileira, nos Estados Unidos, diante da Itália.

Com o dólar empatado com o real, o Flamengo conseguiu tirar, no ano seguinte, ‘O Maior Jogador do Mundo’ do Barcelona, em janeiro de 1995. Um Fla-Flu que terminou sem gols foi o seu primeiro jogo oficial pelo clube da Gávea, com direito a mais de 100 mil pagantes no Maracanã. O zagueiro Lima se destacou nessa partida justamente por anular Romário. Seu primeiro gol, após ser repatriado, surgiu contra o Americano, no Estádio Godofredo Cruz, em Campos dos Goytacazes… de pênalti… A partir de então, o ‘Baixinho’ passou a ser o cobrador da equipe.

Romário já vestiu a camisa do América uma vez. Foi em 2009, quando despediu-se do futebol na vitória sobre o Artsul por 2 a 0, atendendo um pedido do pai, ‘Seu’ Edevair, que havia falecido no ano anterior.

Hoje ‘Senador da República’ e relator da CPI das Apostas Esportivas, Romário virou recentemente Presidente e jogador do América, dando novamente mais peso ao clube para, como anseia sua torcida, retornar ao lugar de destaque que sempre ocupou no futebol brasileiro.

EU ESTAVA LÁ NO TERCEIRO MAIOR

por Zé Roberto Padilha

Era apenas um Flamengo x Vasco pela terceira rodada da Taça GB 76. Não era a final, valia os naturais três pontos, mas os cariocas resolveram combinar depois da praia: “Vamos ao Maracanã?”. E para lá se dirigiram 174.440 mil pessoas.

Já no aquecimento sentimos que tinha algo diferente acontecendo acima do teto. Era muito barulho e trepidação. Logo depois, o quarto árbitro aparece comunicando que a partida atrasaria em 30 minutos porque tinha gente no anel superior. Algo que nunca acontecera.

Quando entramos em campo, o orgasmo. Aquele que o ator atinge quando o teatro está colocando gente pela janela. Dos 177 mil, pelo menos 100 mil torciam pelo Flamengo. Quem não quer mostrar seu oficio com tanta gente?

Foi 3×1 para o Flamengo. Zico fez dois, Luizinho um e Dé descontou pro Vasco.

Tem noites que acordo assustado e suado. Talvez seja um trauma gostoso daquele 4/6/76, onde o mundo veio nos ver jogar. E fizemos bonito para a maioria.

AS FINAIS DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 2001

por Luis Filipe Chateaubriand

No ano de 2001, Atlético Paranaense e São Caetano chegaram às finais do certame.

O Atlético Paranaense chegou às finais ao superar o Fluminense nas semifinais.

O São Caetano, por sua vez, superou o Atlético Mineiro nas semifinais.

O primeiro jogo das finais foi na Arena da Baixada, em Curitiba, com mando de campo do Atlético Paranaense.

No primeiro tempo, Ilan fez 1 x 0 para o Atlético Paranaense e Mancini empatou em 1 x 1 para o São Caetano.

No segundo tempo, Marcos Paulo fez 2 x 1 para o São Caetano, mas Alex Mineiro fez três gols consecutivos para o Atlético Paranaense, decretando os 4 x 2 definitivos para o clube da casa.

O segundo jogo das finais foi no Estádio Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul, com mando de campo para o São Caetano.

No segundo tempo, Alex Mineiro fez o definitivo 1 x 0 para o Atlético Paranaense.

Pela primeira e única vez, o “Furacão” era campeão brasileiro.

PARABÉNS, CRICIÚMA

por Zé Roberto Padilha

Enquanto muitos procuravam explicações para a derrota sofrida pelo Vasco, comentaristas colocando a SAF sob suspeita e a direção técnica de Ramon Diaz também, nós, que jogamos em times grandes e defendemos no final da carreira os de menores investimentos, sabíamos que era o mérito do Criciúma que precisava ser exaltado.

Não foi o Vasco que perdeu. O Criciúma que venceu.

Uma equipe que nos 90 minutos jogou como se fosse treinada pelo Guardiola. Jogadores bem distribuídos e a bola correndo. Não eles. Passes precisos e reposições e coberturas feitas com extrema competência.

Não há em seu elenco nenhuma criança inexperiente. Cobras criadas, rodadas, já circularam bastante e estavam à procura de uma tarde dessa para chegar no aeroporto e receber um carinho do segurança. Levar a família pra jantar e o dono do restaurante dizer: “Hoje é por minha conta!”.

Eles estavam com saudades disso. Porque de cobranças…

Eles mesmos sabem que nem todo dia será assim. Ainda mais no campeonato mais qualificado de todo o mundo. Uma tarde em que as conclusões acertaram o alvo, o adversário perdeu um pênalti e até a torcida adversária ficou convenvicida de sua superioridade.

E aplaudiram. E pediram Olé! até contra si mesmo.

Como também sabem, estes heróis que alcançarem o feito mais significativo da história do clube, que ninguém vai tirar a grandeza do resultado que acabaram de conquistar.

Será uma noite que eles não mereciam que terminasse. Mas quarta-feira será uma outra história. Até lá, tin tin!!

Parabéns!.