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A BOLA AFASTA, A BOLA APROXIMA

por Luis Filipe Chateaubriand


Na época em que eram jogadores de futebol, Júnior e Roberto Dinamite não se davam – um não ia com a cara com o outro.

Roberto Dinamite sempre tinha um “olhar torto” para Júnior, um azedume, uma cara feia para o “Maestro”.

Júnior não era diferente: um olhar ameaçador, uma cara de amargor, uma postura corporal de quem quer ir para a luta.

Um dia, depois que já tinham parado de jogar, no Sambódromo, se encontram, conversam, se entendem.

De lá para cá, se tornam grandes amigos.

É o futebol unindo ídolos, unindo gente!

Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!

GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA

por Marcos Vinicius Cabral


O Vasco da Gama vai disputar pela quinta vez a série B do Campeonato Brasileiro de 2022. A primeira queda foi em 2008, a segunda em 2013, terceira em 2015, em 2020 a quarta e neste ano de 2021 não conseguiu acesso. Mas o clube tem provado ao longo de sua história, que mesmo assim é diferente.

De pequeno ou médio, não tem nada, pois é GIGANTE na acepção da palavra. Definitivamente é.

Dos muros imponentes à fachada neocolonial portuguesa da sede, o Estádio de São Januário foi erguido em 1927 com a força braçal e o suor de muitos operários vascaínos.

Não é de se estranhar que, passados 94 anos, o GIGANTE da Colina, de muitas histórias, inúmeros títulos e grandes ídolos, se mobilize e conte mais uma vez com o apoio de sua imensa torcida.

Só ela pode ajudar. E ela responde.

Com um elenco limitadíssimo, uma folha salarial modesta e um planejamento de sair da série B, o Vasco hoje é uma dor que não desatina na alma e faz um estrago enorme do coração não só vascaíno, mas no do carioca.

Ser vascaíno dói, mas não ter um adversário à altura para disputar pau a pau as decisões de Campeonatos Cariocas como no passado, clássicos equilibrados nos Campeonatos Brasileiros da vida, dói mais ainda.

O torcedor do Club de Regatas Vasco da Gama foi o que ajudou na construção do novo CT e na estátua de Roberto Dinamite, maior jogador da história do Cruzmaltino e fez despertar um GIGANTE adormecido e preso pelas algemas do passado.

E esse despertar fez o clube de 123 anos, dar um salto que representou a maior adesão em massa a um programa de sócio-torcedor na história desse país, quando surgiu o programa na gestão de Fernando Carvalho, então presidente do Internacional, clube pioneiro nesta forma de contribuição em 2003.

Isso mostra o resgate do orgulho do vascaíno e, principalmente, demonstra para o mercado o potencial de mobilização, engajamento e impacto que só uma grande torcida como a do Vasco da Gama tem, que com seus 57.368 torcedores ocupa a 5ª colocação, ficando atrás dos 66.336 rubro-negros, 64 mil gremistas, 73.241 atleticanos e 75 mil torcedores do Internacional, líder.

Clube produtor de talentos como Barbosa, Acácio, Carlos Germano, Bellini, Ademir Menezes, Roberto Dinamite, Romário, Edmundo, Bismarck, Mazinho, Sorato, Felipe, Pedrinho, Philippe Coutinho e tantos outros, é preciso respirar ares menos poluídos que gestões passadas respiraram e olhar com seriedade para o futuro.

Nesta quarta-feira (1º), Ricardo Gomes disse não para o cargo de diretor-técnico, e é quase certo que o treinador seja o já conhecido Zé Ricardo, segundo palavras do mandatário do clube Jorge Salgado.

Mas desejo que o Vascão volte a ser o time temido pelos adversários e respeitado dentro de campo. A história não nos permite aceitar o encolhimento deste GIGANTE.

Afinal de contas, o Vasco merece estar na parte de cima da prateleira dos maiores clubes de futebol do mundo.

O CRAQUE DO BRASIL EM 2007

por Luis Filipe Chateaubriand


Em 2007, o São Paulo tinha feito “barba, cabelo e bigode” no futebol brasileiro: campeão mundial em 2005 e bicampeão brasileiro em 2006 e 2007!

Dentro desta avassaladora trajetória, havia um profeta: o meia Hernandes.

Hernanes tinha um fôlego de dar inveja, estava presente em quase todos os pontos do campo.

Hernanes chutava a gol tanto de perto como de longe, com bom aproveitamento, fazendo gols importantes para o time.

Hernanes exercia liderança em relação ao time, apontava caminhos, conduzia os tricolores a boas soluções.

Enfim, Hernanes era um craque.

O craque de 2007!

Luis Filipe Chateaubriand é “Museu da Pelada”

UM E.T. ENTRE NÓS

por Serginho 5Bocas


Essa semana viralizou na internet, um vídeo com jogadas que o Rei Pelé executou em sua época de jogador. A edição comparava as jogadas executadas por Pelé no passado, com outras jogadas idênticas, de outros jogadores do futuro.

Nessa leva, entraram, Cruyff, Maradona, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Messi, CR7, Iniesta, Romário, Roberto Carlos, Zidane, entre tantos outros jogadores de enorme talento. Conclui-se do vídeo que Pelé jogou na época errada, que estava muito à frente de seu tempo, pois todas as jogadas pensadas pelos craques de hoje e de sempre foram realizadas e algumas, até mesmo, inventadas pelo rei do futebol.

Pelé era autodidata, fazia e aprendia sozinho, muita coisa que hoje requer acompanhamento de especialistas, pois sempre cuidou da sua forma física, dos fundamentos e da sua imagem, como ninguém de sua época, sempre esteve anos-luz à frente da sua turma e de todas as turmas.

O seu autodesenvolvimento também era motivado por eventos externos como seu próprio pai, Dondinho, que sempre criticava o cabeceio de Pelé, até porque ele fora um especialista na matéria, chegando a marcar quatro gols de cabeça numa mesma partida, vangloriava-se.

Feito uma fera ferida, Pelé aceitava os desafios das entrelinhas e a partir de um momento de sua carreira, treinava exaustivamente cabeçadas e chutes com a perna esquerda, tornando-se um especialista nas duas valências.

Quem viu o gol de Pelé de cabeça na final da Copa de 1970, não acreditaria que ele não era muito bom neste fundamento no passado, que foi fruto de muito treinamento.

Pelé foi de uma precocidade vencedora jamais vista, antes de seu apogeu e depois de seu ocaso. Ele inventou jogadas ou simplesmente apresentou ao mundo, ou alguém já tinha visto no planeta bola, aquele chute na bola de antes do meio de campo ou aquele drible de corpo no goleiro do Uruguai, ambos na Copa de 1970? 

Bom lembrar que tudo aquilo foi feito numa época em que o uniforme era pesado e engomado, a bola encharcava na chuva e dobrava de peso, os campos nem de longe se parecem com esses tapetes que se joga hoje e a chuteira? Meu amigo, era dura demais, tinha que ser amaciada antes da estreia. Mesmo com todos estes obstáculos, ele foi e ainda é um ponto fora da curva.

A fera tinha uma inteligência motora absurda, que lhe permitia executar movimentos perfeitos, que na visão dos simples mortais, pareciam simples e fáceis, mas que pareciam lhe dar superpoderes, permitindo a ele desempenhar papel de protagonista em qualquer esporte.

Sua força e potência muscular adquiridas pela genética diferenciada recebida dos pais e pela dedicação aos treinamentos, deixavam seus adversários batidos e atônitos, feito presas prestes a serem abatidas.

A sua genialidade para antever as jogadas era outro trunfo, uma enorme vantagem competitiva frente aos zagueiros, mas que se tornava um problema quando tinha que contar com a rapidez de raciocínio dos parceiros de tabelas.

A velocidade mental de nano segundos, lhe permitia antever e preparar mais de uma solução para os problemas mais complexos da cancha. Quando a bola vinha em sua direção, seu cérebro já deixava pronta mais de uma solução para ser executada pelas pernas. Costumava tabelar com as pernas dos zagueiros, distribuindo “canetas” infalíveis, que davam fluidez nas arrancadas rumo ao gol.

E o que falar do seu altruísmo com os companheiros, efetuando passes maravilhosos, tabelas infernais, gingas de corpo, fintas que deixaram seus companheiros na cara do gol inúmeras vezes, um repertório de jogadas sem precedentes. Talvez a mais emblemática e que ficou gravada em nossas retinas, seja aquele passe cheio de realeza, que ele deu para Carlos Alberto fazer o último gol da final da Copa do Mundo de 1970.

Por tudo isso, eu teimo em afirmar que Pelé foi um ET que aterrissou aqui no planeta Terra de nave espacial, desceu num campo de pelada esburacado de sangue e areia, jogou um golzinho de chinelo rapidinho com os mortais, se apaixonou por este jogo fantástico e pelo brinquedo “bola” e nunca mais quis voltar para o seu planeta de origem.

Ainda bem, que ele ficou por aqui, salve sua majestade, o rei Pelé!

Forte abraço

Serginho 5Bocas

REINALDO E LEO BATISTA, ESSÊNCIAS DO VELHO E BOM FUTEBOL

por Paulo-Roberto Andel


O domingo passado foi de fazer pensar muito em futebol. A turma de fora acha que é só o pessoal correndo atrás de uma bola, mas a gente que ama esse jogo sabe que vai muito, muito além da bola e do campo.

No Mineirão lotado, o rei chorou. Reinaldo, o Rei, maior artilheiro da história do estádio, maior artilheiro do Atlético e, de quebra, um dos maiores centroavantes da história do futebol brasileiro. Um craque absoluto que infelizmente sofreu com as contusões, num tempo em que a medicina era menos avançada. Um monstro.

Reinaldo chorou em sua casa. Chorou com a comemoração de Hulk, o braço estendido com punho cerrado. Chorou pela emoção de ver seu time novamente campeão – ou quase isso – com o Mineirão lotado e comemorando não apenas um título encaminhado, mas o fim de uma espera de meio século. Reinaldo, craque tão humano, consciente das mazelas de seu povo, que muito acertou e quando errou foi apenas contra si próprio.

Nesses anos todos, quanto os atleticanos também choraram por não ter mais Reinaldo, seus gols geniais, suas jogadas de puro refinamento, seu talento tão gigantesco? Muito. Reinaldo foi tão espetacular que os títulos que não conquistou e o tempo abreviado de sua carreira são pequenos diante de sua consagração como craque.

A 600 quilômetros do Mineirão, os botafoguenses lotaram o Estádio Nilton Santos para gritar a plenos pulmões pela volta do Glorioso a seu lugar, campeão da série B e novamente na A. Quem estava lá para anunciar a entrada do time era Leo Batista, decano do jornalismo esportivo, emocionado mas tranquilo com seu time do coração. Leo entra em nossas casas há muitos anos, não é mais uma visita. Sua voz é familiar aos nossos sonhos de futebol há pelo menos meio século.

Muito bonitas as imagens de Leo acompanhando o jogo entre Botafogo e Guarani, espiando, vibrando, parecendo um garoto de quinze anos torcendo pelo seu time. E daí que ele seja quase nonagenário? Todo torcedor de futebol é uma eterna criança namorando a bola que corre e desenha memórias espetaculares.

Reinaldo e Leo Batista são referências eternas do nosso futebol. Um craque do campo e outro da locução, eles ajudaram muita gente a se apaixonar por esse jogo que todos perseguimos a cada quarta, a cada domingo, a cada decisão ou um jogo trivial, não importa. As duas feras nos remetem a uma época de sonhos, promessas e de uma beleza inesquecível do Mineirão ao Morumbi, do Maracanã ao Beira-Rio. O futebol das grandes jogadas, das narrações certeiras, da torcida apaixonada, das pistas de quando éramos todos reis, na verdade os melhores do mundo.

@pauloandel