MEU SIMPLES MANIFESTO
por Claudio Lovato Filho
O amor que sinto pelo meu clube vem de longe, de há muito tempo.
Ele não me deixa esquecer quem eu sou.
Não me deixa esquecer quem eu fui.
A camiseta que uso, em casa e na rua, nas horas boas e más, não me deixa esquecer quem eu sou.
Não me deixa esquecer quem eu fui.
Somos o que somos também por causa das nossas escolhas, e elas começam a ser feitas muito antes de se tornarem claras para nós.
De se tornarem evidentes.
Nossas escolhas pertencem a nós e nós pertencemos a elas.
O amor que sinto pelo meu clube é incondicional, como todo verdadeiro amor.
É coisa de infância, de história, de escudo.
Assim, então, portanto, meu irmão, minha irmã, não tem choro nem vela.
É imortal.
Incondicional e Imortal.
E que vão para o diabo que os carregue todos os que, de alguma forma – com sua inépcia –, contribuíram para que chegássemos a um momento como este.
Vida que segue. Estaremos sempre aqui. Para o que der e vier.
Vamos em frente, com esse amor que sempre nos caracterizou, esse amor que é engastado no centro da alma, como todo verdadeiro amor, e que nunca nos deixará esquecer o que somos.
Somos GREMISTAS.
E não há nem haverá, jamais, palavras suficientemente capazes de descrever o quanto isso é maravilhoso e sempre será.
FESTA DE GRANDES ALVINEGROS
por Walter Duarte
Tenho muito orgulho de ter visto grandes craques jogarem nos áureos tempos do futebol Brasileiro, e devo reconhecer que os clubes de Campos RJ me deram essa oportunidade, independente do viés da rivalidade do extinto e saudoso Campeonato Campista. O Americano FC foi o primeiro clube do interior do RJ a participar do Campeonato Brasileiro, e isso ocorreu com a “FUSÃO” do Estado da Guanabara ano de 1975.
A estreia foi no dia 24/08/1975, uma vitória de 2×1 (Gols de Paulo Roberto e Rangel) no Godofredo Cruz sobre o Santos FC, que contava com Oberdam, Clodoaldo, Claudio Adão e Edu. Podemos citar alguns títulos relevantes do CANO tais como: 27 Campeonatos Campistas e o Módulo Azul do Campeonato Brasileiro de 1987. No Campeonato CARIOCA, destacam-se as campanhas do vice Campeonato de Série A de 2002 e os vice da Taça Guanabara de 1980 e 2005. Incontáveis confrontos ocorreram contra os grandes clubes Cariocas, com vitórias muito expressivas do Americano, consolidando o time Campista como pedreira em seus domínios.
Essas e outras lembranças maravilhosas foram a tônica, do encontro do grupo denominado AEXCANO (Associação dos ex Atletas do Americano FC), capitaneado pelo amigo e grande apaixonado pelo clube, Jaílton. Com grande satisfação, fui convidado a participar dessa festivaresenha, na ASSETEC (Associação de Funcionários da Escola técnica Federal), dirigida pelo Prof. Carlos Boynard, representando o Museu da Pelada, revendo essas feras depois de muitos anos.
Grandes nomes das ótimas fases da história alvinegra estiveram presentes, inclusive o preparador físico Raul Arenari e o parceiro das resenhas César Avelar. Vários deles deslocaram-se de cidades distantes, como Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, Itaperuna, Cachoeiro do Itapemirim…, ávidos de relembrar as histórias e conquistas em épocas tão difíceis.
Um expressivo número de ex-jogadores das déc. 70, 80 e 90 marcaram presença, tais como: Sérgio Pedro (ponta esquerda), Totonho (Lateral), Luciano “Buchecha”(Zagueiro), o lendário Gato Félix (Goleiro), Branco (meio-campo), Rogério Colombiano (meio-campo), Marcinho (Ponta-esquerda), Amarildo (ponta-direita), Marcelo Almeida (meia-atacante), Geraldo (Goleiro), Eduardo Orçai (atacante), Oliveira (Zagueiro ex-Bangu), Índio (cabeça de área), Souza (Meia-direita) Paulo Marcos (Zagueiro ex-Goytacaz , Internacional RS), René (atacante), Giovani (Zagueiro), Neneca (zagueiro), Amauri (Goleiro), Kleber (zagueiro), Silvano (zagueiro ex-Cruzeiro), Fabinho (atacante), Jerfinho (lateral) e muitos atletas da base.
Importante ressaltar a participação de torcedores que fizeram a sua parte, homenageando todos pelo desempenho e respeito ao Clube. Um dia de felicidade e reencontro, como deve ser cultivado entre amigos de fé. Nós do Museu da Pelada sempre estaremos na expectativa de rever os melhores tempos do futebol Campista, e do interior Fluminense, na sua grandeza como celeiro de craques, além de rebuscar o legado desses jogadores. Que haja de fato uma recuperação financeira e profissional que dê a sustentação às instituições, inclusive no apoio ao futebol de base.
Parabéns aos ex-atletas do Americano e ao incansável relações públicas Jaílton. Que esses belos encontros de respeito a instituição se reproduzam, e sirvam de impulso e inspiração para as novas gerações. Conceber a ideia da associação de ex-jogadores, foi um “golaço”, e que bons frutos sejam produzidos, cientes que a união entre vocês é a base de tudo isso.
Avante AEXCANO.
TORCIDAS E RECEITAS
por Idel Halfen
O desequilíbrio pelo qual passa o futebol brasileiro tem origem basicamente em dois focos: as gestões dos clubes e a desproporcional distribuição das receitas de transmissão que perdurou por anos.
Os que defendem a desproporcionalidade mencionada alegam que seria injusto um time com mais torcida receber o mesmo montante do que outro com torcida menor, argumento que até tem sua dose de coerência, mas que perde força ao ser confrontado com o modelo das ligas norte-americanas, no qual a competitividade é privilegiada sob a alegação de que ela é fundamental para o incremento do faturamento, fazendo assim com que todos recebam mais.
Embora eu tenda a preferir os modelos que favoreçam o “equilíbrio” deixando para a gestão a busca por melhores desempenhos tanto operacionais como esportivos e consequentemente faturar mais, não dedicarei mais linhas a respeito no presente artigo, voltando à análise para a correlação “tamanho de torcida vs. receitas”, valendo lembrar, a título de provocação, que o tamanho de população de um país não se reflete perfeitamente no seu PIB.
Passemos então para as pesquisas relativas aos tamanhos das torcidas, as quais reputo como questionáveis em função do dimensionamento da amostra e da metodologia utilizada que, entre outras falhas, não consegue com a devida assertividade segmentar o torcedor por níveis de engajamento, ou seja, não identifica o potencial de propensão a consumir produtos do clube. A divergência de resultados entre os diversos institutos corroboram para essa crítica.
Não podemos também desprezar que o fator globalização se torna um problema, pois o universo das pesquisas costuma contemplar o país onde ela está sendo realizada, ignorando assim os potencias “consumidores” residentes em outros países, visto ser cada vez mais factível que estrangeiros venham a ser simpatizantes de equipes de outros países. Peguemos aqui o exemplo do Real Madrid, cuja torcida na Espanha tem algo entre sete e oito milhões de torcedores, cerca de 30% da população “torcedora” do país, entretanto, só no Facebook são mais de 100 milhões de seguidores. Ao confrontarmos esses números com o vice-campeão da Libertadores de 2021, vemos pesquisas apontando para uma torcida na faixa de 40 milhões e o número de seguidores na mesma plataforma não chegando a 15 milhões.
Claro que basear a análise simplesmente nos números de seguidores nas redes sociais oferece falhas, visto depender dos respectivos graus de atratividade do conteúdo, além de não permitir estabelecer se há algum tipo de impulsionamento. Acrescente-se a essas condições, o fato de não conseguir precisar quais “seguidores” são “torcedores” e com que grau de engajamento.
Diante da complexidade da apuração desses números, fizemos um exercício que permitiu confrontar o tamanho das torcidas brasileiras, através de média aritmética entre os números do Datafolha e os da Pluri, com as receitas recorrentes destes clubes (direitos de transmissão, marketing e bilheteria, aqui incluído o sócio-torcedor), conforme pode ser visto no quadro acima, onde se percebe que entre os catorze clubes avaliados há quase uma inversão total no rankeamento dessas duas variáveis, isto é, o clube com menos torcedores é o que consegue a maior receita per capita.
Todavia, como as receitas dos direitos de transmissão carregam componentes ligados ao desempenho do time e ao número de jogos transmitidos – o que pouco está ligado ao tamanho da torcida -, optamos por acrescentar outro comparativo expurgando os direitos de transmissão das receitas recorrentes, ou seja, consideramos apenas bilheteria e marketing que, em tese, deveriam ser influenciados pelo número de torcedores.
Sob essa última ótica, ainda que pareça menos enviesada, o rankeamento pouco se altera.
Tais números nos permitem supor três causas, além, evidentemente, das consequentes interseções entre elas:
1 – quanto maior o tamanho da torcida, maior o desequilíbrio no que diz respeito ao poder aquisitivo dos torcedores;
2 – por não identificarem o grau de engajamento dos torcedores, a quantidade destes tem pouca influência no faturamento, visto muitos que se declaram fãs de algum time, na verdade não consomem e não contribuem para a arrecadação.
3 – as pesquisas, mesmo no que tange à parte quantitativa, não são adequadas à mensuração do tamanho das torcidas.
Tendo a acreditar que seja um mix destas causas, o que não tira a crítica em relação à distribuição errada do passado, a qual traz sequelas que talvez durem para sempre.
Como corrigir? A criação de uma liga que pensasse no coletivo poderia ser uma solução, porém sua viabilidade dependeria, sobremaneira, da gestão dos clubes, não sendo sequer admitida a possibilidade de as organizações terem à frente gestores da mesma estirpe dos que aumentaram exponencialmente seus passivos e/ou que não entendam a importância da sustentabilidade da indústria.
PELÉ SEM COMPARAÇÃO
por Rubens Lemos
Começando pelos compatriotas: Friendenreich, Leônidas da Silva, Zizinho, Jair Rosa Pinto, Zico menos por vontade de Zico do que da mídia. Todos comparados a Pelé. Nenhum sequer 30% dono do futebol do Crioulo.
No Brasil, inferior complexidade, Pelé sempre foi cobrado mais pelo que seu corpo humano Edson Arantes fazia do que o extraterrestre maravilhoso produziu. O Brasil tem inveja de Pelé.
Contam os antigões que, Leônidas da Silva, o brilhante propagador da bicicleta, o salto corporal ao infinito para o chute poderoso sem defesa para os goleiros, foi o mais incomodado entre os craques depois da chegada de Pelé.
Pelé mundialmente famoso a partir de 1957, aos 16 anos marcando um gol contra a Argentina em Maracanã diante de 60 mil pessoas no Martacanã, ele um menino atrevido e sem dar a menor peteca às tremedeiras juvenis.
Chegava a entidade capaz de chutar, cabecear, driblar, lançar, bater falta, pênalti, escanteio, ser mau quando preciso, desde que uma bola foi usada sabe-se lá onde. Pelé veio para ser primeiro e incomparável. Ninguém, enquanto existir espécie humana sobre a terra, será, sequer, assemelhado a ele.
Seguiram os invejosos. Na Argentina, Di Stéfano era tão bom ou superior ao neguinho estupendo. Maradona por palavras próprias, era melhor do que Pelé, neurose de milhões de portenhos que jamais admitirão um brasileiro no topo da lista e a anos-luz à frente do segundo colocado, outro brasileiro, Mané Garrincha.
Pelé quatro vezes campeão mundial aos 23 anos, duas pela seleção brasileira, duas pelo Santos. Nenhum dos seus concorrentes forçados chegou perto. Pelé campeão de três das quatro Copas disputadas.
Maradona disputou quatro, ganhou uma, em 1986, esplendoroso. Mas saiu em 1994 pela antessala da eternidade, dopado até a medula apenas no começo da derrocada que lhe tirou a vida. E Maradona foi ilusionista.
Chegando à Europa, ousaram comparar Pelé com o magnífico português Eusébio, destaque na Copa do Mundo de 1966, aquela em que o Brasil convocou 44 jogadores e não conseguiu formar um time.
Eusébio acabou com o Brasil na partida(Portugal 3×1), em que os zagueiros patrícios esfolavam todas as dobradiças do Rei. Do único e irrevogável Rei.
Dois meses depois do Mundial, em um torneio nos Estados Unidos, Pelé pelo Santos e Eusébio pelo Benfica se encontraram. Cara a cara. De testa. E Pelé usou sua filarmônica de jogadas de efeito e gols humilhantes, sem precisar provar nada, apenas mandando os chatos para a PQP. Santos 4×0.
Antes, Pelé havia triturado Eusébio em 1962, em Lisboa, na decisão do Mundial Interclubes, Santos 6×2 Benfica, provavelmente a melhor partida entre clubes da história.
Depois o múltiplo holandês Cruijff na Holanda de 1974. Supercraque. Líder de um carrossel em que ninguém tinha posição. Mas Cruijjff para chegar a Pelé seria preciso um tiro de canhão acertar uma formiga. Pelé aguentando, suportando, ouvindo e rindo.
De todos os pretensos, Maradona foi o mais insistente. Maradona era equivalente a Roberto Rivelino, ele, padroeiro das contradições, dizia e repetia: imitava Rivelino em seu bairro pobre da Villa Fiorito, território da aristocracia boleira de Dieguito. Ele copiava Rivelino porque, a exemplo de todos os milhões de seres humanos, nunca repetiria os toques e traços de Pelé.
Messi, gênio, devidamente integrado aos cobras dos séculos, ganhou, com Justiça, sua sétima Bola de Ouro de melhor jogador do mundo. Messi é melhor do mundo e não haveria necessidade de concurso.
Semana passada, o critiquei pela violência e arrogância contra os brasileiros pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, mas sou macaquito(assim os argentinos chamam os brasileiros) de auditório da Pulga e tenho textos suficientes para um livro sobre ele.
Pena que a blogosfera estampa: Messi se iguala a Pelé. Pecado capital. Pelé não entrava na disputa porque seria referendo, mas experts, sabe com base em quais quesitos, o colocaram em primeiro em 1958/59/60/61/63/65 e em 1970, ano em que, sozinho, teria jogado a Copa do Tri.
Messi não chega nem perto de Pelé, o que não lhe ofusca o brilho. Ele nasceu, como todos os outros, em chão terreno. Pelé é da galáxia espiral da Via Láctea. E ponto final.
RETROSPECTIVA DO FUTEBOL EM 2021
por André Luiz Pereira Nunes
Chegamos a mais um final de ano com a melhor sensação possível de estarmos vivos apesar de todas as dificuldades envolvendo a pandemia da Covid 19, governo negacionista, alta da gasolina, centrão no Congresso, crise hídrica, PEC 32, desemprego e inflação nas alturas.
No que tange ao futebol, o Brasil, mesmo sem apresentar bom padrão de jogo, se classificou facilmente para a Copa do Mundo. O país também predominou na Copa Libertadores, protagonizando uma decisão tupiniquim, na qual o Palmeiras bateu o Flamengo, tal qual Davi a Golias.
O Atlético Mineiro voltou a figurar no rol dos vencedores. Entretanto, Vasco e Cruzeiro parecem viver suas piores fases. Já o Botafogo, por seu turno, fez valer seu poderio, conquistando com méritos o acesso à elite do futebol brasileiro.
A Seleção Brasileira continua a não dar a menor esperança de sucesso para a Copa do Mundo do Qatar. Curiosamente, a Itália, a vencedora da Eurocopa, caiu para a repescagem e pode mais uma vez ficar de fora, pois pegará Portugal e Turquia e só uma se classifica. Pelo menos teremos a Holanda. É sempre bom contarmos com a presença da Laranja Mecânica em um mundial.
O America, pobre America, continua sua triste sina no limbo em formato de espiral que representa a segunda divisão do Rio de Janeiro. Sua gestão amadorista, repleta de erros, precisa ser modernizada com urgência. No futebol moderno não é cabível um time contar com elenco inchado, jogadores velhos e falta de preparo físico. Pelo menos, o Olaria conquistou a terceirona ao bater o time dos refugiados que não tem nenhum refugiado.
O futebol, em 2021, não trouxe muitas surpresas. Não surgiu nenhum novo Neymar, tampouco um Ronaldo Fenômeno. Por ora, teremos que contar com os mesmos pernas de pau de cabelos descoloridos que abundam no futebol brasileiro. E lambam os beiços!