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BANGU: A EX-MISS DO FUTEBOL CARIOCA

por André Luiz Pereira Nunes


O Bangu mais uma vez decepcionou no Campeonato Estadual. Sua pífia campanha, a qual culminou na goleada acachapante para o Flamengo, por 6 a 0, demonstra que os áureos tempos em que jogava de igual para igual com os grandes em busca de títulos, tanto em esfera regional como nacional, ficaram mesmo para trás.

O Alvirrubro da Zona Oeste só não foi rebaixado porque o regulamento, no tocante ao descenso à segunda divisão, foi recentemente alterado. Apenas o último colocado, Volta Redonda, cairá sem choro nem vela. É óbvio que essas mudanças não ocorrem por acaso. Servem justamente para conceder um certo alívio a determinadas ex-misses. Já viram por acaso álbum de ex-miss? É o famoso “olha como eu era”. Se aplica perfeitamente a equipes como Bangu e America que ainda respiram ares aristocráticos e bolorentos de um passado cada vez mais remoto e que hoje se assemelham mais a maracujás de gaveta.

A principal atração do Bangu esse ano foi o treinador. O ex-lateral-esquerdo Felipe, que fez história no Vasco. Foi uma aposta, é claro, pois está a iniciar a nova e ingrata carreira. E, ainda assim, não tem como fazer milagres. O elenco é comprovadamente muito fraco. Tão, mas tão ruim que capitulou por 6 a 0 diante do Flamengo, em pleno Maracanã, no último jogo. Parece até resultado de jogo-treino contra time juvenil.

Foi-se o tempo em que os banguenses tinham um verdadeiro timaço. No início da década de 80, o bicheiro Castor de Andrade injetava muita grana. E não se omitia na hora de reforçar a equipe. Trazia desde veteranos consagrados, como o lateral-esquerdo Marco Antônio, a revelações do porte de Marinho, Arturzinho, Mário, Baby, Ado e tantos outros. Eram os tempos em que, na pior das hipóteses, o Bangu chegaria às semifinais de uma Taça Guanabara ou Taça Rio.

Em 1985, por exemplo, eliminou o Flamengo e chegou à decisão contra o Fluminense. E só não foi campeão porque o polêmico árbitro José Roberto Wright não concedeu, ao fim do cotejo, pênalti claro de Vica em Cláudio Adão. Ao Bangu bastava apenas o empate. O Fluminense ganhava, de virada, por 2 a 1.

No mesmo ano, os banguenses, em campanha memorável, já haviam sido vice-campeões brasileiros. Inacreditavelmente perderam a final, nos pênaltis, no Maracanã, para o Coritiba. Também houve nesse jogo um polêmico lance que poderia ter dado o título ao Bangu a partir de uma arrancada de Marinho que, claramente vindo de trás, driblou vários marcadores, o goleiro Rafael, e fez um lindo gol. Um lance magistral desse grande craque, o último do Bangu a ser convocado para a Seleção Brasileira. Apesar do bandeirinha ter validado o gol ao correr para o meio, o juiz Romualdo Arpi Filho marcaria impedimento.

Não à toa, o saudoso ex-árbitro Walquir Pimentel dizia sempre que futebol se ganha dentro e fora do campo. Se uma equipe não tem influência nos bastidores, não conquista absolutamente nada. Por incrível que pareça, o Bangu de Castor poucos títulos ganharia naqueles áureos anos. Mas o atual, pelo menos, dificilmente será rebaixado nas próximas edições. A menos que se esforce ao máximo para ser o último colocado do Campeonato Estadual. É uma tarefa difícil, mas não impossível, em se tratando das últimas campanhas e da qualidade sofrível de seus elencos.

OBRIGADO, DIRETORIA DO FLAMENGO

por Zé Roberto Padilha


Em nome de todos os tricolores, gostaria de agradecer aos sábios e ilustres diretores de futebol do Flamengo por ter vendido, e nos livrado, do seu melhor jogador.

Seria muito complicado ter nas semifinais o “Luiz Henrique deles” jogando contra nós.

Sabe aquela jogada cada vez mais rara no futebol, aquele drible que chega à linha de fundo e puxa a bola com um pé, ameaça cruzar e sai para o outro, se bobear, dá mais uma entortada no zagueiro…

Que eu me lembre, excetuando essas duas feras acima mencionadas, apenas o Soteldo realizava essa jogada no Santos. E ela é mortal, objetiva e desmoralizante.

Espero, sinceramente, que o valor da transação tenha sido bem alto. À altura das dores de cabeça que vocês terão para encontrar um outro Michael.

Como vendem um jogador no melhor momento de sua carreira para pagar a maior e mais vultosa Comissão Técnica, portuguesa com certeza, já contratada no país?

Falar nisso, quem foi mesmo o sabido que bateu o martelo? Gostaria de agradecer pessoalmente. Lhe conceder minhas sinceras “saudações tricolores”.

MÁ GESTÃO

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::


Logo após o golaço de Luiz Henrique chega a notícia sobre sua venda por R$ 72 milhões para o Betis, da Espanha. É uma pena para os torcedores, mas é a solução que os dirigentes tem encontrado para seguir adiante.

Há anos, grande parte dos clubes brasileiros sofre com dívidas estratosféricas, algumas impagáveis, mas basta chegar a época das eleições para começarem brigas entre vários grupos políticos dispostos a assumirem um negócio falido. Alguém consegue me explicar?

O futebol é um esporte assistido por milhões de pessoas e é inadmissível que os executivos desse esporte, o mais popular do mundo, ainda não tenham se unido para transformá-lo em algo lucrativo. As federações, confederações e emissoras de tevê também deveriam estar nessa mesa. Não dá para as revelações irem embora tão cedo e os clubes seguirem arcando com salários altíssimos de veteranos e de quem já deu o que tinha para dar.

Dá para os estádios lotarem como na partida entre Flamengo x Bangu. Todos gostam de ver uma festa bonita. E hoje é fácil encher os estádios porque eles diminuíram, como o futebol vem se apequenando ao longo dos anos. Já falei repetidas vezes que uma boa estratégia de marketing contribuirá para todos, como ocorre, por exemplo, com NBA, Super Bowl e a Premier League.

Hoje, apenas os empresários enchem os bolsos de dinheiro. O torcedor ama futebol e basta o time ganhar uma, duas partidas e ele está lá prestigiando. Mas, hoje, acham que essa SAF é a solução. A solução sempre existiu, unir forças para criar um produto atrativo, mas cada dirigente prefere olhar para o seu próprio umbigo e deu no que deu.

Pérolas da semana:

1) A bola viajou em direção à área adversária para encontrar o atacante centralizado, que tem poder de fogo e corre por dentro para chapar a bola contra o time permissivo.

2) O time não tem a maturação do adversário e cede a bola propositalmente para jogar por uma bola.

SÓ O TITE NÃO VIU

por Zé Roberto Padilha


O treinador da Seleção Brasileira foi assistir aos últimos jogos do Fluminense. E só ele, e sua obsessão por quem atua fora do nosso país, não foi capaz de reconhecer as duas novas pérolas do nosso futebol: Calegari e Luiz Henrique.

Até o Matinelli ele preferiu convocar o similar importado.

Atuando do lado direito, onde nossa seleção tem encontrado sérias dificuldades desde que Cafu se aposentou e Mané Garrincha nos deixou, Calegari e Luiz Henrique tem nos oferecido momentos raros de criação e inspiração.

Um entrosamento que trazem desde as divisões de base. Desde Xerém. Não é todo dia que surgem dois grandes craques assim em nosso futebol.

Um lado direito tão ruim, o da nossa seleção, que Fagner foi titular das últimas Copas do Mundo e Daniel Alves, próximo do seu jogo de despedida, foi convocado para sua milésima participação.

Nem ele aguenta mais apoiar, muito menos Thiago Silva e Marquinhos cobrirem o buraco que ele deixa escancarado às suas costas.

Para nós, que jogamos futebol, a convocação para a seleção brasileira representa um prêmio, um reconhecimento a uma fase esplendorosa da nossa carreira.

Sabe aquele choro do Pelé, saindo do Santos novinho, convocado para defender a seleção do seu país na Suécia? Mais ou menos o que estão sentindo os civis ucranianos, saindo às ruas para defender a sua pátria.

Só que as guerras no futebol são pacíficas, armas de chuteiras, balas de uma bola sintética, que já foi de couro e que não querem destruir ninguém, apenas acertar o gol e impor o talento e a vocação proprios de uma nação.

Calegari e Luiz Henrique mereciam estar na lista, mas não foram jogadores do Corinthians aos quais Tite deve eterna gratidão. Tantas tem demonstrado, que escalou contra a Bélgica, na última Copa do Mundo, Fagner, Paulinho e Renato Augusto.

A Bélgica nos eliminou por 2×1. E ele continuou no cargo a distribuir gratidão, não ao seu país, à sua profissão. Mas aos seus interesses particulares, sensíveis aos assédios dos empresários que rondam à CBF, somados às palestras e preleções de auto-ajuda quem nem o Paulo Coelho aguenta mais.

Fora, Tite !

O CRAQUE DO BRASIL EM 2011

por Luis Filipe Chateaubriand


Em 2011, ele era um menino.

O Menino Ney!

Mas Neymar, com a bola nos pés, já era um monstro.

Dribles para a direita.

Dribles para a esquerda.

Giros de corpo.

Balões.

Ovinhos.

Lambretas.

Um repertório vasto de jogadas capaz de deixar qualquer marcador maluco.

E, adicionado a isso, lançamentos e, óbvio, gols.

Foi assim que Neymar se tornou campeão e melhor jogador da Copa Libertadores da América de 2011 e, consequentemente, o melhor jogador do ano não só no Brasil, mas nas Américas.

Êta moleque bom de bola!