PARADA DOS JOGOS DOS GRANDES CLUBES NAS DATAS FIFA
por Luis Filipe Chateaubriand
As Datas FIFA foram criadas para que as Seleções de Futebol possam jogar ao longo da temporada.
Em cada temporada, tem-se três Datas FIFA em Setembro, tem-se três Datas FIFA em Outubro, tem-se três Datas FIFA em Novembro, tem-se três Datas FIFA em Março e tem-se três Datas FIFA em Junho.
Se essas datas são reservadas para os jogos de seleções, parece claro que, nelas, não deve haver jogos de clubes.
Só que não…
Pelo menos, no Brasil.
Sucede que, aqui, ao contrário do resto do planeta, os clubes principais jogam muitas vezes em Datas FIFA.
Assim, cria-se uma desnecessária competição entre futebol de clubes e futebol de seleções, o que é péssimo para o negócio.
E os grandes clubes, que pagam altíssimos salários aos seus melhores jogadores, se veem desprovidos deles, quando jogam em Datas FIFA.
A situação é absurda!
Se queremos ter, no Brasil, um calendário de futebol minimamente aceitável, é necessário parar com essa prática.
O futebol brasileiro agradece!
CARLINHOS E VALFRIDO
por Zé Roberto Padilha
Quem se lembra dele? Valfrido era chamado de “O Espanador da Lua” e, neste fim de semana, vendo o Carlinhos jogar, lembrei dele. Vocês, os mais antigos, sabem o porquê.
O que nem os mais novos e antigos entendem é porque o Tite não faz o simples. Escala o Gabigol no ataque ao lado do Bruno Henrique. E deixa o Carlos Valfrido no banco.
Dar ao Gabigol a responsabilidade de criação, de achar soluções inteligentes para furar um bloqueio e ele mesmo aparecer como jogador surpresa, aí já é demais.
Se Carlinhos e Valfrido, pelo seu tamanho, espanam a lua, Tite anda vivendo por lá.
Desse jeito, fica difícil ver o Flamengo jogar.
O PRIMEIRO FLA X FLU A GENTE NUNCA ESQUECE
por Zé Roberto Padilha
Dos 16 anos, quando cheguei às Laranjeiras, até os 24 anos, em que deixei o Fluminense, joguei muitos Flu X Flas. De todas as divisões. E quando estava concentrado em São Conrado, para jogar meu primeiro Fla x Flu, mal dormi.
Existia dentro de mim o tal amor à camisa. Torcedor e jogador dentro de uma bandeira que virou camisa. Como jogar contra o time que torcia e me formou?
Aí foi que o ônibus do Flamengo, nem tão imponente, parou em um sinal antes do Túnel Dois Irmãos. Em frente a favela da Rocinha.
E fiquei a observar a quantidade das paixões que de lá desciam. Muitos sem televisão, outros sem máquina de lavar porque o ano era de 1976, pouco importava naquele domingo.
Deixavam sua realidade para trás e partiam para o Maracanã em busca de um resultado que os transformariam em um chefe de família mais paciente. Um trabalhador mais produtivo seja qual for o seu ofício no dia seguinte.
Uma vitória do Flamengo era o bálsamo, o elixir da felicidade que não se encontra em nenhuma farmácia.
Daí despertei para o lado social do futebol. Não era mais o ponta esquerda que se olhava no espelho e entrava em campo cheio de orgulho. Quando entrei em campo para enfrentar o Fluminense, diante de 155 mil pessoas, consegui manter na minha profissão mais que o amor à camisa.
Daí pra frente era respeito e luta em prol de transformar os sonhos de uma multidão. E ela merecia minha luta e consideração.
Foi 0x0. Melhor assim. Para ir acostumando, mesmo porque mal saberia pra que lado da torcida correria se Zico fizesse um gol.
ADÍLIO, COBRA CRIADA
por Paulo-Roberto Andel
Ainda me lembro bem, parece que foi outro dia. Chamei uns amigos, ninguém quis ir acabei indo sozinho no Maracanã. É que eu tinha treze anos e ia ter decisão da Taça Guanabara, Flamengo e Vasco, numa noite de quarta-feira.
Por que eu, garoto de treze anos e ainda por cima tricolor, iria ao clássico dos rivais? Porque naquele tempo se gostava de bom futebol e, para vê-lo, você tinha que ir ao estádio. A rivalidade não era ódio. A gente vivia os anos 1980, os grandes campeonatos, toneladas de craques, a seleção de Telê. Era demais, acreditem os mais jovens que não puderam viver aquilo.
Cheguei cedo e fiquei pertinho da tribuna de honra, do lado direito – o do Vasco. Na preliminar jogou o time da UFE – União Fabril Exportadora – fábrica de sabão clássica na Avenida Brasil, hoje um supermercado. Perderam para o Vasco júnior por 3 a 0.
Do jogo, eu lembro que foi brigado e o Flamengo perdeu vários gols, mas o Vasco segurou as pontas. O que nunca mais me esqueci foi do final, quando tudo indicava que haveria prorrogação.
Bola na esquerda com Adílio, o cobra criada da Cruzada São Sebastião. Garoto bom que começou catando bolinhas de tênis dos players do clube da Gávea, até conseguir se tornar um dos maiores jogadores de seu time de coração. Um cracaço que por um triz não esteve na Copa do Mundo na Espanha.
Adílio ajeita a bola e desce mansamente pela esquerda. Dava pra sentir o que ia acontecer, mas sua corrida esguia e cadenciada só dava ainda mais drama aos segundos intermináveis. Do meu lado, todos os vascaínos prenderam a respiração.
Não deu outra: arrancou, deixou o zagueiro para trás e, quando todos pensaram que cruzaria, chutou no canto de Mazzaropi e, no último minuto, garantiu o penta campeonato da Taça Guanabara ao Flamengo, um numero fantástico.
Apesar de ter poucos holofotes porque falava pouco e timidamente, Adílio é reconhecido como um super craque, decisivo – embora não fosse um exímio finalizador. Seu nome está eternamente marcado na história rubro-negra, tendo feito gols em várias decisões. E como jogava.
Quando dominou na esquerda naquele Flamengo e Vasco, sonhei feito menino que ele fosse para o Fluminense. Quase aconteceu, assim como Mozer, outra fera, mas não se concretizou. Tudo bem. Agora, se fosse hoje, Adílio já seria titular do Real Madrid ou do Manchester City, fácil. Um monstro.
Aquela quarta à noite já tem 42 anos e hoje, infelizmente, me deparei com a notícia de que aquele craque, prestes a acabar com o jogo no Maracanã de 1982, está disputando a partida mais difícil de sua vida, num hospital. Estamos nós, de todas as torcidas, torcendo na arquibancada.
Adílio precisa ser valorizado e reverenciado. Foi um craque mesmo, craque monumental, não era conversa fiada. Sempre teve respeito com os rivais em todas as ocasiões. Um craque tranquilo e educado, um homem cortês, do povo mas dotado de uma realeza que poucos ostentaram no gramado imortal do Maracanã, típica de cobra criada.
@p.r.andel
SE RUINDADE PEGA, A CLASSE CONTAGIA
por Zé Roberto Padilha
Não é a primeira vez que isso acontece com o Fluminense. Em 1975, minha geração chegava aos profissionais e se preparava para fazer parte de uma outra boa equipe tricolor.
Eu, Rubens Galaxe, Abel, Edinho, Cleber, Marinho, Carlinhos, Pintinho, Erivelto e Cia não iríamos fazer feio junto a Félix, Toninho, Assis, Marco Antônio e cia. Até que Francisco Horta contratou Rivellino, PC Caju e Mario Sérgio.
Como acontece agora com Antônio Carlos, Felipe Andrade e quem mais tenha o privilégio de jogar com Thiago Silva, tamanha categoria, colocação, opções por atalhos que só o tempo nos ensina a chegar antes e com o menor esforço. Tudo isso eleva o sarrafo à altura máxima do que o bom jogador é capaz de atingir.
Só a genialidade seria capaz de transformar coadjuvantes em co-atores à altura do espetáculo. Como Al Pacino faz.
Em resumo, a gente joga até o que não sabe para justificar estar ao lado de quem sabe muito. De um bom time que talvez passasse despercebido pelas Laranjeiras, nos tornamos a Máquina Tricolor. E todos se valorizaram.
O que Thiago Silva anda fazendo, coberturas, domínio de bola, exercendo uma natural liderança e concedendo orientações precisas, Rivellino e Paulo Cesar fizeram por duas temporadas com a gente.
E uma grande equipe que vinha se perdendo ladeira abaixo, encontra em um filho seu, que jamais fugiu à luta e, sim, foi honrar seu berço mundo afora, um elevador carregado de esperanças em recuperar sua hegemonia vice campeã mundial de clubes.