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FAGNER 73

por Marcos Eduardo Neves

Deixo de lado meu FANATISMO para ajeitar o RETROVISOR e fazer uma REVELAÇÃO digna de um ROMANCE NO DESERTO. Hoje, 13 de outubro, é aniversário de Raimundo Fagner! São 73 anos de BORBULHAS DE AMOR e ESPUMAS AO VENTO nos CANTEIROS de todo o país.

Sem DESLIZES, muito menos ASA PARTIDA, minha JURA SECRETA é rezar por mais e mais anos junto a esse verdadeiro GUERREIRO MENINO. Vou até rezar uma AVE MARIA e fazer a ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO por esse amigo que sempre me dá CARTAZ. A mim e à MADALENA, aos PÁSSAROS URBANOS, às velas do MUCURIPE que saem hoje para pescar milhões de parabéns para este ícone da Cultura nacional.

ME LEVE, Fagner, TANTO FAZ se ao ÚLTIMO PAU-DE-ARARA ou ao JARDIM DOS ANIMAIS. O que quero é um lugar, diurno ou NOTURNO, no qual É PROBIDO COCHILAR. O que me importa é poder ouvir suas letras potentes e canções maravilhosas. SE O AMOR VIER, ótimo. Se não, TANTO FAZ. Porque graças à sua voz até as PEDRAS QUE CANTAM vibram por TRADUZIR-SE feito uma mulher linda, tipo a DONA DA MINHA CABEÇA e do meu coração.

ESPERE POR MIM MORENA, pois hoje é dia de FESTA DA NATUREZA! E digo mais: QUEM ME LEVARÁ SOU EU à alegria que tenho quando ouço meu ídolo de SANGUE NORDESTINO mostrando toda sua FORTALEZA nos palcos do Brasil, seja para os magnatas que o amam ou a GENTE HUMILDE que escuta seus VERSOS ARDENTES seja aqui ou NUMA SALA DE REBOCO, quem sabe em QUIXERAMOBIM.

SÓ VOCÊ é capaz disso, amigo, de fazer com que eu tenha um SORRISO NOVO a cada dia que se passa.

Faço, portanto, uma SÚPLICA CEARENSE, melhor, um TIRO CERTEIRO para te provar que, do que escrevi aqui, TUDO É VERDADE. Te amo, CANHOTEIRO rei do futebol e da música popular brasileira. Vida longa ao mestre da música!

FLÁVIO MINUANO: “SÓ PELÉ ME SUPERA EM GOLS”

por Elso Venâncio

O gaúcho Flávio Minuano era uma verdadeira máquina de fazer gols. Somente depois que Pelé marcou o seu milésimo gol, contra o Vasco, em 1969, no Maracanã, é que alguns dos nossos maiores goleadores começaram a se preocupar com a contagem de seus gols. Teve artilheiro forçando a barra para chegar lá…

Flávio, no entanto, afirma:

– Fiz mais de mil gols. Só Pelé me supera.

Titular do Internacional desde os 17 anos, o centroavante não demorou a ser contratado pelo Corinthians. Isso, em 1964. Um ano antes, com apenas 18 anos, já vestia a camisa da seleção brasileira.

No Campeonato Paulista de 1967, um feito histórico. Pelo Corinthians, Flávio ultrapassou Pelé e, com 21 gols marcados, tornou-se o artilheiro máximo da competição. Fez ainda um dos gols que quebraram o incrível jejum de 11 anos que o “Timão” não derrotava o Santos.

Pausa agora para falar de Fla-Flu, o grande clássico do nosso futebol. Eurico Miranda certa vez me disse:

– Esses irmãos Rodrigues inventaram essa mística… Mas bato no peito que o principal clássico é Flamengo X Vasco.

Independentemente do que pensava o ex-dirigente cruz-maltino, vou listar aqui três inesquecíveis Fla-Flus, sendo que em um deles o destaque foi justamente o nosso personagem da semana.

O primeiro remete ao ano de 1963. Com mais de 200 mil presentes no Maracanã, 0 a 0 teimoso, com direito a bola, no final da partida, nas mãos do goleiro Marcial, numa conclusão errada do atacante Escurinho. Flamengo campeão!

Em 1969 o Fluminense venceu por 3 a 2 em uma tarde iluminada de Flávio. Por duas vezes o placar esteve empatado, mas o artilheiro marcou o gol do título.

Em 1995, Romário repatriado pelo Flamengo com status de melhor jogador do mundo, o time da Gávea perdeu o Carioca, em pleno centenário, para o tricolor liderado por Renato Gaúcho, que de barriga fechou a vitória marcante por 3 a 2.

Ídolo, goleador, Flávio conquistava títulos por onde passava: Internacional, Corinthians, Fluminense, Porto… Porém, havia aqui uma fartura de craques. A forte concorrência fez com que Flávio não disputasse sequer uma Copa do Mundo. Convocado para os treinamentos da seleção em 1966, acabou cortado por Vicente Feola antes do embarque para a Inglaterra.

O jogador recebeu o apelido de Minuano graças à frieza na grande área, ou seja, lembrava o gelado vento minuano, tradicional na região Sul do Brasil. Aos 78 anos, o ídolo mora em Tiradentes, interior de São Paulo, onde trabalha dando aulas de futebol para a garotada em um projeto organizado por Badeco, ex-jogador do América e da Portuguesa e que hoje é delegado da Polícia Federal.

POR MAIS JUSTIÇA NO FUTEBOL

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::

Com o Campeonato Brasileiro nas últimas rodadas, vi muita gente falando que o esquema de pontos corridos era sem graça. Na minha opinião, sem graça é a injustiça que um mata-mata pode proporcionar, como ocorreu em 75 e 76, quando defendia a Máquina Tricolor, e fomos eliminados por Internacional e Corinthians, respectivamente. Nas ocasiões, tínhamos feito uma campanha muito superior aos rivais e fomos eliminados pelo acaso. Qual seria o sentido do líder Palmeiras enfrentar o América-MG, atual oitavo colocado, com mais de 20 pontos a menos? Pois é, é essa “emoção” que o mata-mata proporciona.

Por falar em América-MG e injustiça, estive ontem no Maracanã para acompanhar o duelo contra o Fluminense e achei um absurdo a torcida tricolor vaiar o Fernando Diniz. Se hoje o clube está entre os cinco primeiros, diria que 80% do mérito é do comandante, que literalmente ensina os fundamentos básicos aos jogadores e faz os times jogarem um futebol coletivo. Tenho certeza que se todos os técnicos brasileiros tivessem essa mentalidade, não estaríamos há 20 anos sem levantar a taça da Copa do Mundo!

Sobre a final da Copa do Brasil, vejo um grande equilíbrio entre Flamengo e Corinthians, sem um grande favorito. Embora o rubro-negro tenha um plantel melhor, o alvinegro evoluiu desde a eliminação na Libertadores e promete fazer um grande jogo na quarta-feira. Vamos aguardar! E é bom o Flamengo abrir o olho, porque o Athletico do Felipão pode surpreender na decisão da Libertadores. Não digo surpreender por um futebol bonito, mas jogar naquele estilo horrível e achar um gol na bola parada, por exemplo.

Por fim, gostaria de elogiar o Botafogo e, mais uma vez, a torcida do Vasco, grande destaque do clube na Série B. Enquanto o meu time conseguiu uma vitória importantíssima contra o São Paulo no encharcado gramado do Morumbi, milhares de pessoas lotaram São Januário e garantiram mais três pontos! Vai ser muito bom para o futebol carioca ter os quatro grandes na elite novamente!

Pérolas da Semana:

“No contexto de um novo milagre, o time sentou em cima da vantagem e, sem consistência, parou de atacar ou negociar os espaços diagonais, espalhando combustível pelas beirinhas”.

“Através de um mecanismo desconectado do encaixe de jogo, sustenta-se pela diagonal para morder por dentro e o falso 9 conectar com intensidade e dar posse de bola para o adversário”.

UFA! Até quando?

A DIFÍCIL TAREFA DE ELOGIAR

por Zé Roberto Padilha

Fiquei atento a todas as resenhas, cada Trocas de Passes, após a rodada do Campeonato Brasileiro e nossos sábios comentaristas, por unanimidade, procuraram à exaustão as razões pelas quais o Fluminense, jogando em casa, perdeu para o America-MG. Nenhum deles exaltou as razões pelas quais o América-MG venceu.

Está mais que apresentado ao mundo do futebol o modo Diniz de sair jogando. Os zagueiros abrem nas laterais e o melhor passador, o André, recua até o Fábio e sai jogando. É proibido dar chutão pra frente e, plasticamente, é bonito de se ver. Quando está ganhando, então…

O que ainda não tínhamos visto é um time ter a coragem de marcar essa saída de bola dentro do Maracanã. Essa marcação alta desmontou a armação das jogadas tricolores. Além disso, sempre tinha um jogador próximo ao Ganso para tirar sua liberdade de criação.

Soma-se a isso a felicidade dos gols saírem logo no início, o que passou confiança ao time americano, que soube administrar o resultado.

Sendo assim, senhores comentaristas, deixem em paz o Fernando Diniz e passem a admirar a coragem e a inteligência de Vagner Mancini, junto a qualidade e entrega dos seus jogadores, em seguir fielmente o plano tático traçado.

Já tivemos um estrategista, nos anos 60, chamado Tim. Ele era bem respeitado. Por que não exaltar o treinador que conseguiu desestabilizar a maior arma tricolor em seu nascedouro?

FRANCISCO HORTA TROCOU AS LARANJEIRAS PELA GÁVEA

por Elso Venâncio

O visionário Francisco Horta é um dos grandes personagens do nosso futebol. Além de formar duas ‘Máquinas’ no Fluminense, clube que presidiu entre 1975 e 1977, contratando um punhado de craques – nomes como Rivellino e Paulo Cezar Caju, dois dos maiores jogadores do mundo na época –, o dirigente também sacudiu o futebol brasileiro ao instituir o genial ‘troca-troca’, fazendo com que ídolos vestissem o uniforme dos rivais, o que motivou os torcedores a lotarem sempre o Maracanã.

Depois de ser considerado o ‘Presidente Eterno’ das Laranjeiras, sendo cotado para assumir a FERJ e até mesmo a CBF, o advogado e magistrado carioca chocou o mundo da bola ao aceitar o convite do então presidente do Flamengo, Gilberto Cardoso Filho, para comandar o futebol rubro-negro como manager – uma espécie de diretor de futebol profissional remunerado.

Gilberto Cardoso ficou tonto com a rasteira que levou de Antônio Soares Calçada, presidente do Vasco, no episódio que culminou com a saída do craque Bebeto. Cria rubro-negra desde que foi contratado, ainda garoto, junto ao Vitória, o atacante assinou com o cruz-maltino após ser feito o depósito do valor de seu passe na Federação. O fato representou a maior contratação da história, entre clubes arquirrivais.

O Brasil acabara de conquistar a Copa América após 40 anos de jejum e Bebeto, além de artilheiro, com sete gols, foi considerado o melhor jogador do torneio. Era o melhor do Brasil, cobiçado por vários gigantes da Europa.

Em maio de 1990 Horta desembarcou na Gávea com plenos poderes. Encontrou forte crise e muita rejeição ao seu nome, por conta do seu passado no Fluminense, seu time do coração.

De cara, tentou uma contratação de impacto:

– Presidente, quem será o seu Rivellino? – perguntou-lhe, reverenciando-o, Gilbertinho.

– Está em São Paulo e usa a perna esquerda.

– Como assim?

– É batedor de faltas e joga no Corinthians.

O sonho dele era Neto, camisa 10 que levaria o alvinegro paulista ao título brasileiro no fim daquele ano.

Quando assumiu, trabalhávamos na Rádio Globo. Eu, como setorista do Flamengo. Ele, comentarista do ‘Panorama Esportivo’, programa líder nacional de audiência que era apresentado por Eraldo Leite, das 22h às 24h.

Nova rotina, passávamos o dia inteiro na Gávea. Ao fim da noite, a gente se reunia novamente nos estúdios da Rua do Russel, na Glória.

Horta chegou à Gávea, foi ao vestiário e colocou o agasalho rubro-negro. Achei estranho! Chamou jogadores e imprensa e, de repente, promoveu uma reunião em que, com todos de mãos dadas em formato de círculo, no centro do campo, para minha surpresa e espanto, pediu em voz alta:

– Bota fé que dá pé! Vamos repetir… bota fé que dá pé!

Os fotógrafos fizeram a festa.

Sempre otimista, enfrentou os chefes de torcida organizada, que tinham uma sala ao lado do estacionamento dos jogadores, a ‘Atorfla’:

– Sou tricolor, mas estou Flamengo e sempre fui fascinado por seu gigantismo.

Claro que houve imediata reação nas Laranjeiras. Horta quase teve seu título de Grande Benemérito cassado.

Durante as partidas, ficava ao lado do técnico Jair Pereira, no banco de reservas, e dava nota aos jogadores publicamente:

– O melhor foi Uidemar. Vai ganhar um poodle! – prometia um presente ao craque do jogo sempre que o time ia a campo.

Vitor Hugo, um zagueiro viril, era chamado por ele de ‘Homem de Ferro’:

– Nosso Homem de Ferro… nota 3!

– Junior ‘Capacete’, você precisa melhorar… 5!

– Renato? Bom, nosso Frank Sinatra está rouco. Sem nota…

Estrela do time e maior salário do futebol brasileiro, Renato Gaúcho reagiu com declarações pesadas. O clima esquentou. Querido por todos, Uidemar, o ‘Ferreirinha’, para amenizar a situação, com toda a sua pureza comentou, ao lado do campo:

– Minha mulher tá me cobrando o cachorro, Doutor. Ela gosta muito de poodle!

A passagem de Francisco Horta pela Gávea foi rápida. Girou em torno de cinco meses. Mas foi marcante. A primeira Copa do Brasil conquistada pelo Flamengo, que começa a disputar na semana que vem o tetracampeonato da competição, foi conquistada praticamente sob seu comando. É que Horta acabou sendo demitido quase um mês antes da decisão, no dia 5 de outubro. Na final, disputada em 1º de novembro, o rubro-negro venceu o Goiás por 1 a 0, em Juiz de Fora – mesmo palco onde Zico se despedira no ano anterior, contra o Fluminense. Aliás, Fluminense… de Horta!

Certa vez perguntei a ele:

– Por que trocou Paulo Cezar Caju, Gil e Rodrigues Neto por Marinho Chagas, com o Botafogo?

– Erro meu! – assumiu.

Ele se equivocou ao ir trabalhar no Flamengo? Fica a pergunta no ar. Quem sou eu para entender ou julgar esse personagem que estava à frente do seu tempo e foi um dos maiores dirigentes do Século XX?

Vida longa ao “Presidente Eterno”, que completou, em 23 de setembro, 88 anos de idade!