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O TREPIDANTE

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Zico e Deni Menezes

Denis Pessoa de Menezes, Deni Menezes ou simplesmente Deni foi, durante anos, o mais conhecido, influente e criativo repórter do rádio esportivo brasileiro. Nascido em Manaus/AM, chegou ao Rio em 1957, sendo logo contratado pela Rádio Nacional. Torcedor do Fluminense, o “Trepidante” tinha Pinheiro como ídolo e aceitou o convite do Waldir Amaral, assinando com
a Rádio Globo em 1964. Nela, se tornou o principal repórter do Sistema Globo de Rádio.

A partir da Copa do Mundo de 1970, no México, onde o Brasil conquistou o tricampeonato, Deni trabalhou em oito Copas seguidas. Aos poucos, foi se consagrando como o “Trepidante Internacional”, já que, na época de ouro do rádio, acompanhou a Seleção Brasileira mundo afora, em Copas, torneios e amistosos. Também apresentou programas que entraram para a história, sempre ao vivo, como no “Toque de Primeira”, das 6h50 às 7h da manhã. Assim
parabenizava os aniversariantes do dia:

— Bom dia, amigos do “Toque de Primeira”. Hoje o dia será pequeno para “Fulano de Tal” receber tantos abraços por mais um aniversário”.

Na década de 1970, Deni Menezes e Washington Rodrigues formaram a dupla de
“trepidantes” (repórteres de campo) mais conhecida e imitada no país. Waldir Amaral e Jorge Curi, os locutores titulares, se orgulhavam e repetiam o slogan da Rádio Globo: “Um Brasil de audiência”.

José Carlos Araújo, o Garotinho, se destacou pela forma jovem e dinâmica de transmitir futebol, que lhe valeu uma proposta da Rádio Nacional em 1977. Luís Mendes, Deni Menezes, Washington Rodrigues e Eraldo Leite acompanharam o Garotinho na nova emissora. Outro reforço seria João Saldanha, que acabou vetado pelos generais da ditadura.

O jornalista Paulo Marinho gravou no Canecão com o Rei: “Alô, Garotinho, quem fala é Roberto Carlos. Eu também mudei e gostei”. Incomodadas, as Organizações Globo ameaçaram ir à Justiça, para tirar da concorrente a mensagem do seu artista exclusivo.

O parceiro comercial do Deni Menezes, que o apoiou na sua transferência para a Nacional, foi o empresário Potiguar Francisco Xavier, dono de uma imobiliária na Penha que só anunciava no futebol.

Sete anos depois da saída, Garotinho estava de volta à Rádio Globo, levando os profissionais que, ao seu lado, revolucionaram o rádio esportivo.

Fiz as Copas de 1990, na Itália, e 1994, nos Estados Unidos, no título do tetracampeonato, cobrindo a Seleção Brasileira ao lado do Deni, pela Rádio Globo. Aprendi muito com ele! Em 1998, na França, Deni estava na Tupi. Meu conterrâneo Eraldo Leite tinha voltado à Rádio Globo, e fizemos juntos a cobertura da Seleção, no Chateau de Grande Romaine, em Lesigny, onde Ronaldo Fenômeno passou mal no dia da decisão, abalando os companheiros.

Sobre Deni Menezes, não é favor dizer que se trata de uma lenda viva do rádio! Merece todas as homenagens da classe. Ele está com 84 anos e mora no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro.

LEMBRANÇAS E TRAUMAS DA SELEÇÃO

por Wesley Machado

Conheço quem não torce para a seleção desde 1982.

Realmente o trauma do Sarriazzo perdura para esta geração até a contemporaneidade.

Meu trauma – por mais que ilusório segundo a psicanálise – é da Copa de 1986.

Em 1990 mais uma eliminação e contra a arquirrival Argentina no fatídico gol de Caniggia, que permanece na memória tantos anos depois.

Veio nos pênaltis em 1994 o “Tetra” – o grande Péris Ribeiro afirma que só deveria se denominar se fosse consecutivo.

Com dois jogadores do meu Botafogo em 1998, o baque foi grande.

2002 comemorei muito o “Penta” quando morava em Niterói.

De 2006 lembro do Roberto Carlos ajeitando a meia.

De 2010 lembro das falhas do Felipe Melo e do goleiro Júlio César.

Em 2014 pressenti o pior, mas nem tanto.

Desde então é raro torcer para a seleção.

“UMA COISA JOGADA COM MÚSICA” – CAPÍTULO 70

por Eduardo Lamas Neiva

Após a revelação de Zé Ary que gerou no bar muitas brincadeiras e outras tantas revelações, impublicáveis, Idiota da Objetividade justificou o nome e não perdeu tempo com firulas.

Idiota da Objetividade: – No fim, a Era Dunga foi vencedora. Instituída por Lazaroni, ela foi do fracasso ao delírio. O capitão da seleção, depois de ter sido crucificado em 90, na Itália, acabou levantando a taça quatro anos depois.

Ceguinho Torcedor: – Mas a Era Dunga deveria ser consagrada como a Era Romário. Afinal, foi com os gols do Baixinho Marrento bom de bola que vencemos a Copa América depois de 40 anos de espera e, posteriormente,  nos classificamos para a Copa dos Estados Unidos, naquela partida magistral que ele fez contra o Uruguai, no Maracanã.

João Sem Medo: – Foi sem dúvida uma das maiores exibições de um jogador no Maracanã em todos os tempos.

Idiota da Objetividade: – Na Copa América de 89, o Brasil venceu o Uruguai por 1 a 0 na final…

Sobrenatural de Almeida: – Como em 1919!

Idiota da Objetividade: – Isto mesmo, mas sem prorrogações. O gol da vitória foi feito por Romário, de cabeça, após ótima jogada de Bebeto e Mazinho pela direita. Nas eliminatórias para a Copa de 94, a torcida brasileira exigiu a volta de Romário, que não vinha sendo convocado por Parreira, ele fez os dois gols da vitória de 2 a 0 sobre o Uruguai que garantiram a vaga do Brasil nos Estados Unidos.

Garçom: – Ainda bem que Parreira e Zagallo resolveram ouvir a voz do povo.

Sobrenatural de Almeida: – Eu dei um soprãozinho no ouvido do Parreira, não é Zagallo?

O Velho Lobo finge que não ouviu e o papo continuou, porque Zé Ary teve uma ideia.

Garçom: – Como falamos novamente na conquista do Sul-Americano de 1919, que tal ouvirmos a versão com letra de “Um a Zero”?

Músico: – A letra é do Nelson Ângelo, parceiro do Fernando Brant no Clube da Esquina.

Garçom: – Isso mesmo, Angenor! Vamos ouvir com Chico Buarque e o próprio Nelson Ângelo no nosso aparelho de som.

Após a execução da música, acompanhada em peso pelos frequentadores do bar Além da Imaginação, Sobrenatural de Almeida voltou a contar suas vantagens.

Sobrenatural de Almeida: – Pouco antes da Copa de 94, Ricardo Gomes se machucou e foi cortado. Depois, logo na estreia, Ricardo Rocha se lesionou. O Brasil foi campeão com a zaga reserva, que era a minha predileta: Aldair e Marcio Santos.

Ceguinho Torcedor: – Depois ainda perdemos os laterais. O Leonardo, que deu uma cotovelada de luta livre num americano e foi banido da Copa, e o Jorginho na final contra a Itália. Branco, fidalgo tricolor de sangue grená e verde, deu mais do que conta do recado, garantindo a nossa classificação para a semifinal com aquele petardo que quase arrancou o traseiro do Romário e fulminou o goleiro holandês.

Risos na plateia.

Sobrenatural de Almeida: – E o Cafu também foi bem. Foi dele o cruzamento pro gol incrível que o Romário perdeu, na pequena área, na decisão. Desviei aquela bola, queria ver uma final de Copa do Mundo decidida nos pênaltis. Nunca tinha acontecido.

Ceguinho Torcedor: – Mas isso tudo prova que, mesmo com esquemas mais cautelosos, fomos muito mais competentes em 94 do que em 90.

João Sem Medo: – Em 90 tínhamos um bom elenco, mas quase ninguém chegava ao ataque também. Jogamos com 3 zagueiros e os laterais, chamados de alas, deveriam fazer o que o meio de campo não fazia, criar jogadas de ataque. Nosso meio era muito pouco imaginativo, feito mais para combater do que atacar. Fizemos uma empulhação naquela Copa da Itália. Nosso futebol tapeando e as verbas jorrando em cima deste negócio e os anúncios proliferando. Diz o livro primeiro do futebol que só atacando se faz gols. Dominamos a Argentina, mas no nosso ataque sempre faltava mais gente pra poder fazer de um domínio o gol, os gols necessários. 

Idiota da Objetividade: – Na Itália, o Brasil venceu seus três primeiros jogos: 2 a 1 sobre a Suécia, e 1 a 0 sobre Costa Rica e Escócia. Nas quartas-de-final pegou a Argentina e perdeu de 1 a 0, gol de Caniggia, após bela jogada individual de Maradona. Quatro anos depois, nos Estados Unidos, o Brasil venceu a Rússia, por 2 a 0; Camarões, por 3 a 0, e empatou com a Suécia, em 1 a 1, na primeira fase. Derrotou os donos da casa, os Estados Unidos, por 1 a 0…

Ceguinho Torcedor: – No dia da independência deles. Uma vitória para a antologia.

Idiota da Objetividade: – Nas quartas-de-final eliminamos a Holanda, com uma vitória de 3 a 2…

Ceguinho Torcedor: – Outra vitória épica. Romário e Bebeto foram espetaculares outra vez, mas quem decidiu, como já disse, foi o Branco, que soltou uma bomba de hidrogênio, de cobalto, sei lá!

Idiota da Objetividade: – O Brasil saiu do primeiro tempo vencendo os holandeses por 2 a 0, mas cedeu o empate na etapa final. Quando parecia que a partida iria para a prorrogação, em Dallas, Branco fez jogada individual, sofreu falta e a cobrou com um chute fortíssimo, com efeito.

Ceguinho Torcedor: – Romário ainda desviou da bomba. Eu vi, eu vi…

Sobrenatural de Almeida: – Que nada! Eu que desviei a bola da bun… ou melhor, do traseiro do Romário.

Uns riem e outros olham desconfiados pro Almeida.

Idiota da Objetividade: – Depois da vitória de 3 a 2 sobre a Holanda, o Brasil enfrentou novamente a Suécia, na semifinal. Desta vez venceu por 1 a 0, gol de cabeça de Romário, e se classificou para a final. Depois do empate sem gols no tempo normal e na prorrogação, o Brasil foi campeão nos pênaltis, vencendo a Itália, por 3 a 2, mesmo placar de 82.

Músico: – Aquela Copa teve uma música muito legal. Foi lançada pela TV Globo, todo mundo ouviu e cantou um milhão de vezes na época, mas o que pouca gente sabe é que os autores são dois grandes compositores brasileiros: Tavito e Aldir Blanc.

Garçom: – Verdade! Ambos estão ali e merecem os nossos mais calorosos aplausos.

O público atende o pedido de Zé Ary e Tavito e Aldir levantam-se e  agradecem.

Garçom: – Bom, vamos ouvir a música no clipe de 1994 da Globo. Só peço desculpas pelo merchandising. Vamos lá que a música é ótima.

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Um gol desse não se perde!

O VASCO VOLTOU

por Wesley Machado

Na minha cidade, Campos dos Goytacazes, tem um prédio chamado “Balança, mas não cai“.

É a torre de Pisa do interior do Rio de Janeiro.

Diante do sucesso do último texto sobre o Vasco, resolvi trazer mais estas mal traçadas para você, leitor, cruzmaltino ou não.

A colega de serviço, vascaína Luciana, voltou a comentar comigo sobre o time do coração.

– O Vasco é muita emoção. Cada jogo uma palpitação – afirma Luciana.

Rimou.

É crônica ou poesia?

Sei lá.

Veio da também colega de serviço vascaína a consideração que remete ao início deste texto.

– O Vasco balança, balança, mas não cai – assegura Luiza, que vestia a cruz de malta (ou de Cristo – como queira).

Ainda é muito cedo para garantir alguma coisa.

Mas uma coisa é certa.

O Vasco voltou!

UM EMPRESÁRIO DOS SONHOS

por Zé Roberto Padilha

Existe um abismo entre o futebol jogado, hoje, por Gerson e Lucas Paquetá. E isso é uma falta de respeito com nossa seleção, eliminada, com toda a justiça, da Copa América.

Enquanto Gerson tem chamado a responsabilidade para colocar o Flamengo na liderança do Campeonato Brasileiro, Paquetá se exime, ou não tem competência, para organizar o meio-campo da seleção de muitos brasileiros. Menos minha.

Futebol, e aprendemos isso com nosso treinador Pinheiro, nas divisões de base do Fluminense, é momento. Não é passado, nem futuro. Com a ausência de Arrascaeta e De la Cruz, Gerson tem corrido como o segundo e jogado como o primeiro. Vive o seu melhor momento na carreira.

Sem a genialidade de Gerson, Rivaldo ou Rivellino, armadores canhotinhos habilidosos e sem liderança, como Paquetá, são encontrados às pencas nas peladas do Aterro do Flamengo. O que Dorival Jr. pensa que ele, Paquetá, pode fazer, James Rodriguez faz.

E fez a diferença.

Se o tempo voltasse, e eu fosse de novo o menino que sonhava em ser jogador de futebol. gostaria de chutar como Rivellino, driblar como Zico e ter o empresário de Lucas Paquetá.

Estava feito na vida. E nossa seleção desfeita de um Gerson que realmente merecia ocupar o meu lugar.