MARCAS ESPORTIVAS NO FUTEBOL – 2024 – 2025
por Idel Halfen
Baseado na 11ª edição – temporada 2024-2025 – do estudo elaborado pela Jambo Sport Business acerca das marcas que vestem os clubes da 1ª divisão de 20 principais países, apresentamos a seguir alguns pontos dignos de destaque, lembrando que o estudo pode ser acessado através do link https://www.linkedin.com/posts/halfen_marcas-esportivas-nas-ligas-mais-valiosas-activity-7236310772581056512-PIQP?utm_source=share&utm_medium=member_desktop
Ao todo foram analisados 380 times – um a menos do que na temporada anterior – e sessenta e cinco marcas, considerando a Jordan como Nike e agrupando todas as marcas próprias em uma. Vale notar que cinco times estão sem fornecedor de material esportivo e trinta e nove vestindo uniformes de fornecedores diferentes dos que usaram na temporada passada.
O acréscimo de cinco times manteve a Adidas na liderança, dentre as equipes que passaram a vestir a marca alemã, as mais representativas são: Aston Villa e Newcastle (ambos ex-Castore). Outro fato positivo foi a conquista da liderança isolada entre os 30 clubes mais ricos.
Na Nike, a perda de duas equipes não foi suficiente para ameaçar sua vice-liderança. Entre as perdas destacam-se as do RB Leipzig e do Galatasaray, que passaram a usar uniformes da Puma. Já o Toulouse, ex-Craft, passou a usar Nike.
A Puma se manteve na 3ª posição, agora com sete times a mais do que na temporada passada, diminuindo assim sua diferença para a Nike. Vale mencionar que passou a ser a marca líder quando se considera o somatório dos times das cinco principais ligas. As conquistas do RB Leipzig e do Galatasaray, ambos ex-Nike, como citado acima, são indícios de uma atuação mais agressiva.
Foi identificado um movimento em relação às marcas próprias, que vale ser observado mais de perto. Além da diminuição da quantidade delas na série B do campeonato brasileiro (de sete para cinco), vimos também uma diminuição na série A, o que se deveu principalmente à mudança ocorrida no Fortaleza, o qual trocou sua marca própria a Leão 1918 pela brasileira Volt. Esse movimento, caso se confirme, não significa que as marcas globais voltariam a aportar verba nesse formato de patrocínio. Na verdade, mais parece uma tentativa das marcas regionais se estabelecerem nesse mercado.
Na segmentação que se restringe à análise das 30 equipes que mais faturaram, vemos a Adidas voltar à liderança de forma isolada. Esse corte é um bom indicativo do esforço e capacidade de investimento das marcas, pois, em tese, tais times possuem maior poder de barganha e exigem das marcas melhores condições contratuais.
Quando se foca apenas os clubes que atuam nas cinco ligas mais valiosas: Premier League (Inglaterra), Bundesliga (Alemanha), La Liga (Espanha), Serie A (Itália) e Ligue 1 (França) – a principal mudança se deu na liderança, onde a Puma, pela primeira vez desde que o estudo é realizado assumiu a posição ao desbancar a Nike.
Já entre os times que compõem a amostra europeia – treze campeonatos – a Nike, como vem acontecendo desde a 1ª edição do estudo, se manteve na liderança, porém, agora empatada com a Puma, que acrescentou oito times ao seu portfólio.
Na América do Sul, que contempla três países no estudo, a Adidas é a marca mais presente pela terceira temporada consecutiva. Vale notar que se reuníssemos todas as marcas próprias em apenas uma, essa ocuparia a 4ª posição de forma isolada.
Considerando apenas o Brasil, a marca das três tiras também é líder ao vestir quatro times. Dos vinte clubes no campeonato brasileiro, treze vestem marcas globais, três próprias, três regionais e um está sem fornecedor.
Não houve alteração no que tange ao fornecimento das seleções, todavia, segundo especulações, a partir de 2025 ocorrerão mudanças em seleções tradicionais.
O CRAQUE EDU
por Elso Venâncio
O jovem Edu Coimbra, o Eduzinho, surgiu como destaque do America/RJ na metade da década de 1960. Sem as câmaras de TV e o VAR, o futebol era violento. Os cartões amarelo e vermelho só surgem a partir da Copa de 1970.
Edu, com 1,64m, dribles curtos e rápidos, passes e lançamentos precisos, também disputava a artilharia dos campeonatos. Um feito e tanto, pois a marcação era pesada. Basta citar duas frases do defensor Moisés Xerife, dizendo que “nenhum árbitro expulsa antes dos 15 minutos” e que “zagueiro que se preza não ganha Belfort Duarte”, prêmio este destinado aos mais leais do futebol brasileiro.
O craque Edu se agigantava ao enfrentar defensores desleais, como Moisés, Fontana, Assis, além de laterais violentos, como Orlando Lelé, que trocou o America pelo Vasco; Ari Clemente, Rodrigues Neto, e por aí vai…
— Vocês acham que jogo bem? — perguntou Edu a repórteres, certo dia. — O craque está lá em casa: Zico, meu irmão caçula!
Durante um tempo, Zico foi irmão de Edu. Depois do Mundial de Clubes conquistado pelo Flamengo, em 1981, definitivamente, Edu passou a ser irmão de Zico.
Para ilustrar bem o talento de Edu, é bom lembrar que o grande ídolo do America jogava como meia, camisa 10, na época de ouro do nosso futebol. Em outros clubes, havia fortes concorrentes nessa posição, como Pelé, Tostão, Jairzinho, Paulo Cézar Caju, Dirceu Lopes, Samarone; Silva, O Batuta…
Em 1967, Edu foi convocado para a Seleção Brasileira e conquistou a Copa Rio Branco, disputada por Brasil e Uruguai. O America poderia tê-lo vendido, mas recusou várias propostas, valorizando ainda mais o seu passe. Uma decisão acertada, pois Edu acabou se tornando o maior artilheiro da história do clube, pelo qual marcou 211 gols. Foi inclusive o artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1969, a Taça de Prata, com 14 gols, superando César Maluco, que fez 13, e Pelé, com 12.
O esporte sempre fez parte da família Coimbra. Além dos ídolos Zico e Edu, teve também o habilidoso Antunes, que jogou no Fluminense e, ao lado do Edu, no America. Nando atuou na base do Fluminense. Dos irmãos, só Tonico não foi profissional, mas fez parte do Juventude de Quintino.
Na preparação para a Copa do Mundo no México, Edu estava na lista dos 40 relacionados pelo técnico João Saldanha, comunista assumido, o que incomodava os generais da ditadura. Saldanha acabou substituído por Zagallo. Presidente do movimento Tortura Nunca Mais e prima de Edu, Cecília Coimbra foi presa. O irmão Nando, perseguido até em Portugal. Edu acabou prejudicado. Ele e o também craque Dirceu Lopes ficaram de fora da Copa, nunca disputando um Mundial.
Como jogador, Edu passou por Vasco, Bahia e pelo Flamengo de Zico, sendo o Campo Grande o seu último clube. Abraçou então a carreira de treinador, dirigindo a Seleção Brasileira em três amistosos; e o Iraque, além de Vasco, Fluminense, Botafogo, America e Kashima Antlers.
Eduardo Antunes Coimbra está com 77 anos e voltou a morar na casa da família, onde nasceu, em Quintino, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro.
A ONDA VASCAÍNA
por Wesley Machado
Em tempo de eleições, uma onda toma conta do Brasil.
E não é de um candidato político, mas sim de um time de futebol.
É o Vasco da Gama que sobe como um foguete.
Os torcedores cruzmaltinos saem às ruas trajados com o manto.
Orgulhosos por vestir a cruz de malta.
Com as bençãos de Nossa Senhora da Vitória, já são três vitórias seguidas, sendo duas de virada confirmando a alcunha de “Time da Virada”.
No domingo retrasado, o triunfo foi fora de casa e com direito a primeiro gol da carreira do zagueiro João Victor em cobrança de escanteio do craque Payet, que faz o que quer com a bola e dá gosto de ver jogar.
Para quem estava preocupado em fugir do rebaixamento, o sonho agora é uma classificação para a Libertadores, o que não acontece desde 2017.
A equipe do técnico Rafael Paiva está há sete pontos do G6, que pode virar até G9 se os campeões da Libertadores, Sul-Americana e Copa do Brasil ficarem dentro do G6.
Se conseguir este feito, o Vascão fará a alegria desta torcida que sofre tanto.
O Vasco é meu segundo time no Rio e merece alçar voos mais altos.
De acordo com um amigo cruzmaltino, o Vasco é o time mais carioca.
Eu concordo e digo mais:
O Vasco é o verdadeiro time do povo.
Sua história de inserção dos negros, a construção de São Januário…
Enfim, são muitas coisas que fazem do Gigante da Colina esta força que nos consome e nos faz torcer, vibrar e comemorar.
“Casaca, casaca, casaca-saca-saca/ A turma é boa, é mesmo da fuzarca/ Vasco, Vasco, Vasco”!
O PONTO D DO FUTEBOL
por Zé Roberto Padilha
Era jogador do Santa Cruz, bicampeão pernambucano, quarto colocado na Campeonato Brasileiro de 78, e literalmente “voava”. Era uma terça-feira feira de recreativo no Arruda e, dia seguinte, enfrentaríamos o Fluminense, no Maracanã.
O Internacional iria enviar um olheiro para confirmar esse bom momento. E nos fazer uma proposta. Aí veio uma dividida, estúpida, inconsequente por se tratar de um treino recreativo, e perdi os meniscos.
E nunca mais fui o mesmo. Assim como o Bruno Henrique. E, agora, o Pedro. Os joelhos são, ao serem atingidos, o Ponto D dos jogadores de futebol. D de dores, decepções, derrotas, despedidas.
Deixado de lado, fui procurar abrigo em clubes da Série B, de cobranças menores, antes se pendurar definitivamente as chuteiras.
Agora, leio que no lugar de se apoiar nos avanços da medicina esportiva, dos estudos dos seus pares, fisiatras e fisioterapeutas, esse Profeta do Apocalipse, Fábio Mashered, que coordena a preparação física de um grupo de elite do futebol brasileiro, vem a público externar sua incompetência. E seu pessimismo.
Se com tudo que tem à sua disposição no Flamengo, ele joga a toalha, admite perder para as lesões que poderia evitar, caso estudasse mais, imaginem onde o preparador físico do nosso glorioso Asa, de Arapiraca, entre tantos pelo país, iria buscar exemplos e inspirações?
OS TREZE GOLS DE FALTA DO BRASIL EM COPAS DO MUNDO
por Pedro Tomaz de Oliveira Neto
(Professor de História e pesquisador do futebol)
Do total de 237 gols marcados em Copas do Mundo, a Seleção Brasileira fez 13 em cobranças de falta, sendo a líder no quesito, não só por participar de todas as Copas, mas também por contar com os melhores batedores num determinado período de sua história. Para comparar, a Alemanha, que foi a 20 edições do torneio, duas a menos que o Brasil, vem em segundo lugar (junto com Argentina e Espanha), tendo marcado apenas cinco gols dessa maneira.
O primeiro gol de falta do Brasil numa Copa do Mundo aconteceu na quinta edição do torneio, em 1954, na Suíça, em sua partida de estreia contra a Seleção Mexicana. Quem assinou a proeza foi Didi, um dos monstros sagrados do futebol mundial. Naquela Copa, a Seleção Brasileira parou nas quartas de final, eliminada pela Hungria. Mas, graças a uma nova cobrança de falta do mestre da folha seca, no duelo contra o Peru em 1957, diante de 120 mil pessoas no Maracanã, o Brasil se garantiu para a próxima Copa, na Suécia, onde conquistaria, pela primeira vez, a posse da Taça Jules Rimet.
Depois de Didi, a Seleção só foi marcar outro gol de falta em Copas em 1966, na Inglaterra. Desta vez, em dose dupla e com autoria da dupla que era imbatível quando vestia a camisa canarinho ou azulada do Brasil: Pelé e Garrincha. Para tristeza do futebol, essa partida, contra a Bulgária, foi a última dessas duas lendas jogando juntos pela Seleção Brasileira. O gênio das pernas tortas virou um ex-jogador em atividade, enquanto Pelé seguiu, por mais uma década, com o seu incontestável reinado no mundo do futebol.
Na Copa de 1970, no México, Vossa Majestade marcou mais um gol de falta para o Brasil. Foi contra a Romênia, num chute com efeito que abriu o placar na partida que fechava a participação brasileira na fase de grupos. Era o segundo gol do Brasil em tiros livres diretos na competição, pois Rivellino, na estreia em Guadalajara, contra a Tchecoslováquia, já havia feito o seu, cobrando com violência uma falta em que a bola foi na direção de Jairzinho que, posicionado ao lado da barreira, se deslocou no momento exato dela passar e estufar a rede adversária. Por esse gol, Rivellino ganhou o apelido de Patada Atômica, justificado na Copa seguinte, em 1974, na partida contra a Alemanha Oriental, num lance bem parecido. Desta vez, Jairzinho se posicionou à frente da barreira, se inclinando para abrir uma fenda por onde a bola adentrou’ sem defesa para o goleiro alemão.
Nas Copas seguintes, em 1978 e 1982, o Brasil fez mais três gols de falta. Os dois primeiros na Copa da Argentina, com Dirceu carimbando a meta peruana, e Nelinho disparando mais um de seus mísseis contra a meta polonesa. Quatro anos depois, na Copa da Espanha, Zico marcava um golaço contra a Escócia, abrindo a porteira para a goleada de 4 a 1. Depois disso, a Seleção Brasileira só voltou a marcar um gol de falta em 1994, com Branco, numa batida de efeito venal. Interessante observar que, em sua trajetória, a bola quase esbarrou em Romário, que precisou se contorcer todo para evitar o desvio em suas costas. Era o décimo gol de falta do Brasil em Copas, gol que tirou a Seleção Brasileira do sufoco àquela altura da partida de quartas-de-final contra os holandeses, atordoada que estava depois de sofrer o empate quando ganhava por 2 a 0.
A campanha que resultou no quinto título mundial para o Brasil, em 2002, contou com mais dois gols de falta. Um, de autoria do lateral Roberto Carlos, contra a China, num petardo que alcançou a velocidade de 120 km por hora. O outro, marcado pelo bruxo Ronaldinho Gaúcho contra a Inglaterra, numa cobrança que surpreendeu a todos, atacantes brasileiros e defensores ingleses, que esperavam um cruzamento e acabaram vendo a bola encobrir o goleiro David Seaman.
O último gol de falta da Seleção em Copas, aconteceu naquela que foi a mais indigesta para os brasileiros, em 2014, ano que o Brasil sediava o torneio pela segunda vez e imaginava apagar, de uma vez por todas, a decepção da Copa perdida em 1950. Nas quartas-de-final contra a Colômbia, a perfeita cobrança de falta do zagueiro David Luiz garantiu a vaga brasileira na semifinal. Mas para quê? É o que muitos torcedores se perguntam até hoje depois que viram a Seleção Brasileira passar pelo maior vexame da história do futebol, sendo goleada pela Alemanha por 7 a 1, piedosamente, é bom que se diga, pois se faltasse clemência aos alemães, o massacre teria sido pra lá de dez.