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Saudades de um fla x flu

por Zé Roberto Padilha

Jogar futebol e não jogar um Fla x Flu, no Maracanã, é como ser um dançarino que nunca pisou no palco do Teatro Municipal. Vai ser feliz na sua profissão, disputar até a final da Libertadores, mas sem um Fla x Flu…

Vai precisar ler Nelson Rodrigues para entender melhor o que esse clássico representa. Nosso maior dramaturgo nunca entrou em campo, mas foi quem mais captou, como tricolor, a essência dessa obra de arte, ao vivo, que quarta-feira vai ter mais um recital.

Tenho muito carinho por essa foto, Taça Guanabara 74, onde o Fluminense foi vice-campeão. Nela, estão estampados, ao meu lado, três dos seus maiores personagens, Doval, Geraldo e Cleber, que precocemente nos deixaram, e que engrandeceram cada Fla x Flu com sua arte.

Espero que torcedores não briguem, não se hostilizem, como no domingo. Porque clássicos como esse é preciso subir a rampa de joelhos, erguer os braços para os céus e agradecer a Deus por ser ainda disputado aqui.

Porque se descobrirem, alcançarem o seu fascínio, vão levá-lo não para Brasília, mas para Londres, Paris ou Madrid. Aí sim, o último a sair apague os refletores porque o futebol brasileiro, no dia em que perder o Fla x Flu, definitivamente terá chegado ao fim.

PRESIDENTE DA CVM DISPARA: O MERCADO DE CAPITAIS ESTÁ PREPARADO PARA RECEBER CLUBES DE FUTEBOL

Entrevista publicada originalmente na coluna do Ancelmo Gois, do Jornal O Globo

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, participa, sábado, do XVII Seminário de Gestão de Esporte da FGV, com o apoio do IDP, e que faz parte do Programa FGV/FIFA/CIES em Gestão de Esporte, coordenado pelo advogado Pedro Trengrouse. Na abertura deixará claro: “O mercado de capitais está preparado para receber clubes de futebol”. João Pedro Nascimento bate um papo exclusivo com a turma da coluna.

Dezenas de clubes pelo mundo são listados em bolsa. Ainda nenhum no Brasil. Qual é o potencial de clubes de futebol no mercado de capitais no país?

“Os clubes de futebol durante muitos anos foram organizados como associações e entidades clubisticas. Com a Lei das SAFs, tornou-se possível que a indústria do futebol possa a se revestir da “empresarialidade” necessária para acessar o Mercado de Capitais, seja por meio da abertura do seu capital ou por qualquer das outras alternativas disponíveis para captação de recursos, como por exemplo: captações em regimes de crowdfunding; securitização; emissão de produtos estruturados (como por exemplo CRIs de estádios e/ou de Centros de Treinamento); Fundos de Investimento; DebenturesFUT. E mais: o Brasil tem um enorme potencial para receber a indústria do futebol no Mercado de Capitais, desde as equipes de maior investimento, que podem – por exemplo – se utilizar de IPOs e emissões publicas de valores mobiliários, às equipes de menor investimento, que podem – por exemplo – se utilizar do crowdfunding”.

Cada vez mais pessoas físicas investem no mercado de capitais do Brasil. O número de CPFs na bolsa já passa de cinco milhões. É muita gente mas numa população que supera 200 milhões de pessoas ainda existe bastante potencial de crescimento. Clubes com ações na bolsa ajudariam a popularizar ainda mais o mercado de capitais no Brasil?

“Existe uma oportunidade de ganhos recíprocos e o mercado de capitais também passa a ter um número ainda maior de participantes. Imagina, por exemplo, se a 10% da torcida do Flamengo ou do Corinthians resolverem investir em nestes times de futebol? Seriam quantos milhões de novos CPFs ingressando no mercado de capitais?”

CENAS DE GUERRA

:::::::: por Paulo Cézar Caju ::::::::

Mais um fim de semana de clássicos e mais episódios de selvageria e violência! Respondam com sinceridade: foi surpresa para alguém a briga das torcidas organizadas de Flamengo e Vasco nos arredores do Maracanã? Todo mundo sabia e o pior é que ninguém faz nada, as autoridades não punem, os jogadores se calam e os dirigentes se escondem. Recebi vídeos horríveis no celular de vândalos chutando um torcedor rival desmaiado no chão.

Há algumas semanas atrás, um amigo meu estava saindo do estádio do Maracanã de carro, com o vidro aberto, e tomou um soco no queixo simplesmente por estar vestido com a camisa do Fluminense. Frequento o Maracanã desde a infância e acho que nunca vi nada parecido com os tempos atuais. Costumava sair dois ou três minutos antes do apito final e agora estou saindo com 15 minutos de antecedência para não tomar nenhum soco ou algo do tipo. Daqui a pouco teremos que sair no intervalo!

Sobre o clássico, fiquei feliz demais com a vitória do Vasco da Gama! Por ter conquistado vários campeonatos no ano passado e contar com alguns jogadores renomados, o time do Flamengo me parece arrogante e isso traz uma motivação extra para o time rival. O Vasco jogou ontem com muita garra e poderia vencido com um placar ainda mais elástico se não fosse o pênalti perdido e as duas bolas na trave de Pedro Raul. Para não se complicar no resto do ano, o Flamengo precisa reformular o seu elenco que reúne diversos veteranos. A torcida já está sem paciência!

Por falar em sem paciência, meu Botafogo sofreu para passar do Sergipe na Copa do Brasil e que papelão fez o dirigente do time da casa. Partiu para cima da arbitragem, incitando a violência e ainda saiu com o rosto sangrando. Nada justifica a violência, em hipótese alguma!

Aproveitei o fim de semana para ver alguns jogos do Campeonato Paulista e do futebol europeu também, me surpreendendo com duas goleadas: Atlético de Madrid 6×1 Sevilla e Liverpool 7×0 Manchester United. Fiquei até com pena do brasileiros Casemiro, Fred e Anhony, que pareciam não acreditar no que estava acontecendo em campo. No Paulistão, o Santos tomou de três do Ituano e foi eliminado de forma vergonhosa. Gostei muito da permanência da Portuguesa-SP, mas fiquei triste pelo rebaixamento do São Bento, onde trabalha meu amigo Luizinho Rangel.

Não poderia terminar a coluna sem homenagear três pessoas muito queridas que nos deixaram neste fim de semana: Romualdo Arppi Filho, um árbitro educado e que era impossível brigar com ele, Lula, uma das lendas do Lagoa, do futebol de praia, e Sueli Costa, grande compositora. Muita força para os familiares!

Pérolas da semana:

“Ligação direta com leitura de jogo na linha de cinco ou de quatro, no último terço do campo centralizado, com rotação que traz consistência e dita a frequência para encaixar o falso nove que bate na cara da bola”.

“Linha baixa com intensidade de jogo alta para zerar a segunda bola do campo vivo e encontrar os dois alas que procuram identidade com o selo de referência”.

“O navio já partiu com conjuntura e se perdeu na contramão. A ideia de jogo faz o time ser competitivo, mas balança racional faz o time perder a confiança”.

O GENIAL ZICO*

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Zico, o ídolo da Nação Rubro-Negra, formada por mais de 40 milhões de apaixonados, chegou na última sexta-feira aos 70 anos de idade. É um dos maiores jogadores identificados com um clube popular na história do futebol mundial. Está no mesmo patamar do que representam Puskas, para o Honved; Di Stéfano, para o Real Madrid; Beckenbauer, para o Bayern de Munique; Tostão, para o Cruzeiro; Garrincha, para o Botafogo; Ademir da Guia, para o Palmeiras; e principalmente, Pelé, para o Santos.

A relação de Zico com o torcedor tem que ser lembrada e realçada. Zico sabe o que representa e retribui com gentileza todo o carinho que recebe. Vi muita gente, e não foi só no Rio, economizando dinheiro durante a semana, contando grana, para poder ver Zico jogar. Vi muito torcedor pegar trem, ônibus de madrugada após horas de espera, indo direto para o trabalho após ver Zico jogar. Vi diversas vezes o ídolo cercado de fãs, pacientemente concedendo autógrafos, assinando camisas ou batendo fotos.

Nos cartórios do Brasil foram registrados mais de 3.500 nomes ‘Zico’. No Japão, mais de mil. Em 18 anos de Flamengo, o ‘Galinho de Quintino’ conquistou 42 títulos. Os mais destacados, a nível internacional, foram o Mundial de Clubes e a Libertadores, ambos em 1981, além da Copa Kirim (1988), o Torneio de Hamburgo (1989), o de Nápoles (1981), o Cidade de Santander (1980) e o bi do Ramón de Carranza (1979/1980). A nível nacional, as mais importantes taças que levantou são os quatro Campeonatos Brasileiros, os sete Cariocas e as nove Taças Guanabara. Fosse pouco, ainda tornou-se artilheiro de dois Brasileiros. E seis vezes do Estadual.

A Copa do Mundo de 1986 poderia ter outra história. Imaginem o duelo dos geniais Zico e Maradona, numa hipotética final… Na Toca da Raposa, a poucos dias do embarque para o México, eu mesmo o aguardei por quase duas horas. Ele estava fazendo musculação… Que determinação! Já passava das oito da noite quando ele saiu dos aparelhos, meio irritado:

– Estou sentindo…

– E agora? – perguntei.

– Não sei…

Lembro do treino na véspera do seu último jogo oficial, o Fla-Flu em Juiz de Fora, em dezembro de 1989, que terminaria 5 a 0 para o rubro-negro, com direito a um golaço dele, de falta. O ônibus partiu sem Zico, que continuou no vestiário da Gávea. Estava relaxando na sauna. Não havia um diretor, um segurança, nem assessor ou torcedores. Gravei com ele, revestindo toda a programação da Rádio Globo até a hora do jogo, além das edições do ‘Globo no Ar’. Era a principal notícia do final daquele ano. Na manhã seguinte, o craque foi para a partida dirigindo seu carro ao lado da esposa Sandra.

No último ‘Jogo das Estrelas’ observei pais emocionados. Com filhos pequenos, apontavam para o campo:

– É o nosso Rei!

Percebi que as crianças olhavam para os pais sem nada entender…

Zico assinalou mais de 500 gols pelo Flamengo. É, disparado, o maior artilheiro do clube. Além disso, é o número 1 dentre os goleadores do Maracanã, tendo marcado 334 gols no mais famoso estádio do mundo. Também é o recordista mundial de gols em cobranças de falta. No total, 101 em jogos oficiais. E 146, na soma geral.

Em 1981 ele foi considerado o ‘Craque do Ano’ do futebol mundial. A pesquisa foi realizada pela revista italiana ‘Guerin Sportivo’, uma das mais renomadas do gênero na Europa.

*Colaborou: Peris Ribeiro

INTERNACIONAL DE TODOS OS TEMPOS

por Luis Filipe Chateaubriand

No gol, toda a segurança e bom posicionamento de Cláudio Taffarel.

Na lateral direita, a capacidade de apoiar de Luiz Carlos Wink.

Na zaga central, a mítica figura de Don Elias Figueroa.

Na quarta zaga, a capacidade de leitura de jogo de Mauro Galvão.

Na lateral esquerda, o eficiente Oreco.

De volante, o excepcional Paulo Roberto Falcão.

Na meia direita, a inteligência de Paulo Cesar Carpegiani.

Na meia esquerda, a entrega e a técnica de D’Alessandro.

De ponta direita, a ofensividade de Valdomiro.

De centroavante, o oportunista Fernandão.

De ponta esquerda, toda a técnica e picardia de Mário Sérgio.

Taffarel; Luiz Carlos Wink, Figueroa, Mauro Galvão e Oreco; Falcão, Carpegiani e D’Alessandro; Valdomiro, Fernandão e Mário Sérgio.

E aí?

Vai encarar?