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À ESPERA DOS ROYALTIES DA “TOQUEIRA”

por Zé Roberto Padilha

Trabalhei em Xerém de 1987 a 1990. Foi minha primeira experiência como treinador. Comecei no Sub-15 e sua base vinha toda do Futsal do Fluminense.

Logo percebemos que seus dribles curtos, espaços reduzidos e nem um só chutão constratavam com a imensidão de um campo de futebol. Como adaptá-los em um espaço três vezes maior?

Embora ralasse como todo mundo, embarcasse de Três Rios no ônibus das 5h30 e retornasse no das 14h30, tinha na volta, pela inspiradora Serra das Araras, duas horas para elaborar uma solução. Que treinador teria essa paz para raciocinar e buscar saídas?

Dia seguinte, pedi para que fosse pintada duas linhas intermediárias paralelas ao meio campo, dividindo aquela imensidão a três quadras que deveriam ser ordenadamente ocupadas.

Todos próximos e as ocupando com suas habilidades sob o comando dos números 5 e 10. Era bonito de ver a “toqueira”, assim falavam, que davam nos adversários.

Na quadra central, era obrigatório dar dois toques para quando a linha ofensiva fosse alcançada a liberdade de criação respeitada. Aí nascia a base do Tic Tac, dez anos antes do Guardiola e trinta anos antes do Dinizismo.

A “Tríplice Ocupação com Dupla Função” foi o fascículo inicial, que acabou no trabalho tático 5 5 Reversível, publicado pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. E realizamos palestras de lançamento no Salão Nobre do Fluminense.

Depois de levantar os títulos estaduais Sub-15, 87, Sub-17 em 89, e próximos da Taça São Paulo, de 90, de apresentar a novidade em uma cobiçada vitrine, fomos demitidos. A gestão Arnaldo Santiago não era de vanguarda como a de Mario Bittencourt.

Nossas testemunhas são das safras 72, 73, 74 e 75. Habilidosas cobaias, como Renatinho, Mário Alexandre, Vlamir, Nilberto, Magaldi, Wallace e Cia. não querem discutir se foram os Irmãos Wright ou Santos Dummont que colocaram os aviões no ar.

Querem saber quando seu treinador, hoje servidor público municipal, vai receber os royalties por bolar um sistema tático que colocava seus adversários na roda?

FLA MASTER E ONG DISTRIBUEM 200 CESTAS BÁSICAS EM SÃO GONÇALO

por Marcos Vinicius Cabral

A manhã deste sábado (11) foi marcada pela emoção, sorriso no rosto e a distribuição de 200 cestas básicas no bairro Venda da Cruz, em São Gonçalo. Isso porque uma ação social foi realizada pela ONG Ide Por Amor Ao Próximo e contou com a presença de ídolos do Flamengo que excursionam o Brasil jogando pelo Fla Master. As secretarias de Esporte e Lazer e Assistência Social do município disponibilizaram o espaço para o evento e cederam dois banheiros químicos.

Empenhados no jogo contra a fome e liderados pelos craques Adílio, Júlio César Uri Geller e Carlos Henrique, 200 famílias foram contempladas com cestas básicas e crianças puderam conhecer de perto alguns ídolos da recente história rubro-negra que encantaram gerações com vitórias e títulos.

— O Fla Master é a extensão da família para muita gente. Quando recebemos o convite para visitar São Gonçalo, não pensamos duas vezes. Estamos aqui para trazer calor humano para essas pessoas que, além de alimentos, carecem de carinho e atenção —, contou Adílio, ídolo do Flamengo.

Parceiro do Brow, como o eterno camisa 8 do Flamengo é chamado desde os tempos da Cruzada São Sebastião, comunidade localizada no Leblon, Zona Sul do Rio, Uri Geller se sente realizado todas as vezes em que participa de eventos como esse.

— A responsabilidade do Fla Master está exatamente em dar o máximo nesse jogo contra a fome que é, para nós, considerado uma final de campeonato. Vamos seguir aqui, ali, e em todo lugar, quando convocados, para vencer a vulnerabilidade social existente na sociedade —, destacou Júlio César, apelidado Uri Geller por entortar marcadores como o homônimo ilusionista israelense que fazia o mesmo com talheres.

Presente no evento, País, goleiro com passagens pelo América-RJ, Santos, Sport, ABC, Náutico e Olhanense (POR), se tornou titular da camisa 1 do Fla Master desde a morte de Zé Carlos (1962-2009). No entanto, o arqueiro do Fla Master falou da emoção em poder participar de uma mobilização dessa importância.

— Ser solidário com as pessoas que necessitam é importante para qualquer ser humano. A gente não sabe o dia de amanhã e temos que agradecer a Deus por estar aqui com saúde para poder ajudar. É de coração aberto e com muito amor que realizamos esta ação —, contou emocionado.

Responsável pela realização da ação social, a presidente e fundadora da ONG Ide Por Amor Ao Próximo, Janaína Fiel, falou do sentimento em ajudar tantas pessoas em vulnerabilidade.

— A ONG Ide Por Amor ao Próximo nasceu por conta da vulnerabilidade que vivi na minha vida. Fui mãe solteira, mora do dentro da Rocinha e criando dois filhos sozinha. Sem emprego e sem ajuda, vim morar em São Gonçalo. Percebi que aqui, na Venda da Cruz, bairro em que moro atualmente, percebi o quanto tem gente em vulnerabilidade social e sendo mães solteira. Não podia deixar de ajudar essas pessoas —, destacou Janaína Fiel, de 50 anos, presidente da ONG desde 2014, ano em que foi fundada.

Entre vitórias, conquistas e reconhecimento no futebol, os jogadores do Fla Master vêm marcando golaços com eventos sociais pelo Estado do Rio de Janeiro.

Para levar o Fla Master em qualquer cidade, basta ligar para a sede do Flamengo para obter informações.

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA

por Eduardo Lamas Neiva

João Saldanha e Nelson Rodrigues no programa “Grande Resenha Facit”, mesa-redonda
de debate sobre o futebol exibido pela TV Rio e, posteriormente, pela TV Globo, nos anos 60

O pontapé inicial do projeto Jogada de Música, criado pelo jornalista e escritor Eduardo Lamas Neiva no fim de 2015, não foi (ainda) para os palcos, nem para as páginas físicas ou virtuais de um livro, tampouco para o cinema ou para a TV. Estreou no blog de mesmo nome do autor, no início do ano passado, e depois de ser arquivado, entrará em campo com a camisa do Museu da Pelada. “Uma coisa jogada com música”, frase de João Saldanha para definir o nosso futebol-arte, o nosso futebol-raiz, dá título a uma série ficcional em capítulos semanais que reunirá futebol e música, num papo de outro mundo, entre João Sem Medo, apelido que Nelson Rodrigues deu ao grande amigo Saldanha, e três personagens do Anjo Pornográfico: Ceguinho Torcedor, Sobrenatural de Almeida e Idiota da Objetividade. 

Recepcionados pelo garçom Zé Ary no restaurante-bar Além da Imaginação, os quatro amigos vão debater e contar muito da História do futebol brasileiro, sempre em tabelinha com músicas relacionadas ao tema, num bate-papo informal, acalorado muitas vezes e, principalmente, imaginativo. É uma singela homenagem aos dois maiores cronistas esportivos deste país, embora tenham sido muito mais do que isso: João Saldanha e Nelson Rodrigues. 

As homenagens, porém, não se limitam a João e Nelson, é estendida a Mario Filho e também a José Lins do Rêgo, Ary Barroso, Pixinguinha e tantos, tantos, tantos outros craques do nosso futebol (dentro e fora das quatro linhas) e da nossa música popular, estejam eles fisicamente ainda entre nós ou não.

A partir de hoje, todas as sextas-feiras haverá um episódio passado no Além da Imaginação. Não perca, chame amigos e amigas, encha esta arquibancada com muita vibração, emoção, alegria.

Algumas das muitas fontes de pesquisa para a realização desta série (em atualização)

Livros:
“Futebol tem cada uma”, Armando M. Graça
“O berro impresso das manchetes – crônicas completas da Manchete Esportiva 55-59”, Nelson Rodrigues
“A pátria de chuteiras”, de Nelson Rodrigues
“À sombra das chuteiras imortais”, de Nelson Rodrigues
“No compasso da bola”, de Paulo Luna
“Futebol no país da música”, Beto Xavier
“A presença do futebol na Música Popular Brasileira”, Assis Angelo
“O negro no futebol brasileiro”, de Mario Filho
“João Saldanha, uma vida em jogo”, de Andre Iki Siqueira
“Histórias do futebol”, de João Saldanha
“João Saldanha”, de João Máximo
“Inverno em Biquíni”, de Henrique Pongetti
“O Anjo Pornográfico, a vida de Nelson Rodrigues”, de Ruy Castro
“Estrela Solitária, um brasileiro chamado Garrincha”, de Ruy Castro
“Maracanã, a saga do mais famoso templo do futebol mundial” (O Globo)
“João Saldanha & Nelson Rodrigues”, Ivan Cavalcanti Proença
“Diamante negro, biografia de Leônidas da Silva”, André Ribeiro
“Sócrates”, Tom Cardoso
“Maracanã 60 (1950-2010)”, Eduardo Bueno, Fernando Bueno, João Máximo, Roberto Assaf, Rog´rio Reis e Ruy Castro
“Grandes jogos do Maracanã”, Roberto Assaf e Roger Garcia
“A invenção do país do futebol – Mídia, raça e idolatria”, Ronaldo Helal, Antonio Jorge Soares e Hugo Lovisolo

Jornais, revistas, sites e blogs:
Jornal dos Sports
Jornal do Brasil
O Globo
Ultima Hora
Manchete Esportiva
O Globo Sportivo
O Estado de S.Paulo
Folha de S.Paulo
IMMuB
Hemeroteca Digital BNDigital
Wikipédia
Mural de Bugarin
Terceiro Tempo
Globoesporte.com
O Globo Online
Veja Online
G1
ESPN
Placar
Trivela
UOL
Terra
Fla Estatística
Mundo Botafogo
Grêmio 1983
CBF
Fifa
Blog do curioso
Literatura na Arquibancada
YouTube 

Agradecimentos especiais:
– Alexandre Araújo
– Ricardo Mazella
– Sérgio Pugliese
– Francisco Aiello
– Sandro Barbeita
– Vitor Zanon
– Dhaniel Cohen
– Heitor D’Alincourt
– Ricardo Cravo Albin
– Paula Schitine
– Vartan Melikian
– Mário Mendes
– Guido Lima
– Lucas Neiva
– Jonathan Luna
– Marcelo China
– Ilessi
– Gilberto Pereira
– Wallace Perez
– Alexandre de la Peña
– Dalton (Sempre Vila)
– Luiza Carino
– João Carino
– Muriqui Cultural
– Arteira Filmes
– Hajalume Produções
– Cyntia C
– Fernando Gasparini
– Marcelo Caldi
– Edu Krieger
– Nina Wirti
– Grazie Wirti
– Paula Santoro
– Elba Ramalho
– Guillermo Planel
– Daniel Planel
– André Mendonça
– Planel Filmes
– CEDOPE – Sistema Globo de Rádio
– Fluminense Football Club
– Flu Memória
– Restaurante Sempre Vila
– Fundação Cravo Albin
– Arquivo Público do Estado de São Paulo
– Fundação Biblioteca Nacional
– Instituto Moreira Salles
– Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB)
– Museu da Pelada

A DECISÃO DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1997

por Luis Filipe Chateaubriand

Em 1997, Vasco da Gama e Palmeiras chegaram à grande final do Campeonato Brasileiro com sobras e méritos.

O Vasco da Gama, por ter melhor campanha no campeonato, jogaria com a vantagem de dois empates ou de uma derrota e uma vitória pelo mesmo saldo de gols, para ser o campeão.

O primeiro jogo, realizado no Morumbi, foi enfadonho e chato, e o empate de 0 x 0 fez jus ao que foi a partida.

O que foi significativo: no segundo jogo, no Maracanã, o empate dava o título ao Vasco da Gama.

E veio o jogo no Maracanã!

Ao contrário do primeiro jogo, o segundo foi movimentado e cheio de alternativas, embora com poucas chances de gols.

O jogo chegava ao final, 0 x 0 no placar, o título indo para o Vasco da Gama, quando aconteceu o momento chave da partida.

Aos 45 minutos do segundo tempo, o atacante palmeirense Oséias deu uma cabeçada fulminante para a meta vascaína.

Este escriba, vascaíno e na arquibancada, quase teve um infarto, pois viu a bola entrando…

Felizmente para o escriba, a bola não entrou: o goleiro Carlos Germano fez uma excelente defesa e, com isso, garantiu o título vascaíno.

Depois, foi só festejar: pela terceira vez, o Vasco da Gama era campeão brasileiro!

TUDO QUE SOBROU DA INFÂNCIA

por Paulo-Roberto Andel

O Maracanã, onde minha cabeça rola e não cria limo.

Onde os abraços são sinceros.

Desde muito pequeno, minha vida teve o Maracanã. Eu gostava muito mais do outro, mas o de hoje é o que me resta.

Quantas pessoas sofrendo, doentes ou à beira da morte estiveram nesta noite no Maracanã?

E suas crianças que brincavam e riam, ainda por entender aquele cenário.

Eu, que já vi e vivi muita coisa, nunca tinha sido bicampeão da Taça Guanabara no estádio. Fui pela primeira vez.

Vi pessoas se abraçando, jovens dançando, crianças sorrindo, gritos, cantos.

Vi todos os meus mortos, aqueles que procuro lá há tempos, aqueles que me deram alegrias em campo e os heróis anônimos, que me ofereceram Coca-Cola, sanduíche, biscoito.

Eu procuro meus pais, meus amigos, as pessoas que me abraçavam de verdade e se importavam comigo. A grande nuvem branca de pó de arroz e centenas de bandeiras.

Eu procuro por Edinho, Assis, Cláudio Adão, Rivellino, por Gilberto e Mário, por Miranda e Zezé.

Uma noite de alegria no Maracanã faz a gente esquecer um pouco das dores, da humilhação, da opressão, do sofrimento que não é pouco.

Tudo que sobrou da infância é o Fluminense. Por isso, eu o persigo. Por isso, o Fla x Flu foi glorioso.

@pauloandel