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PALMEIRAS DE TODOS OS TEMPOS

por Luis Filipe Chateaubriand

No gol, toda a segurança de Emerson Leão.

Na lateral direita, a categoria de Djalma Santos.

Na zaga central, o colosso Luiz Pereira.

Na quarta zaga, a imponência de Gustavo Gomez.

Na lateral esquerda, a impetuosidade de Roberto Carlos.

Como volante, a competência de Dudu Primeiro.

Na meia direita, o soberano Ademir da Guia.

Na meia esquerda, a exuberância de Rivaldo.

Como primeiro atacante, o driblador Julinho Botelho.

Como segundo atacante, a raça de Dudu Segundo.

Como terceiro atacante, o fenomenal Edmundo.

Leão; Djalma Santos, Luiz Pereira, Gustavo Gomes e Roberto Carlos; Dudu Primeiro, Ademir da Guia e Rivaldo; Julinho, Dudu Segundo e Edmundo.

E aí?

Vai encarar?

POR UMA COMISSÃO FÍSICA DE TRANSIÇÃO

por Zé Roberto Padilha

Quando se troca um treinador, o que deixa o cargo sai protegido pela multa rescisória. E quem assume, pode acompanhar o desempenho técnico e tático da equipe pelos jornais e televisão. E pode modificar, trocar peças, ou dar sequência.

Já quem cuidou do planejamento da preparação física, com gráficos de evolução para suportar um rigoroso calendário, este segue para portugal na bagagem com os que vieram com Vitor Pereira. E são interrompidos pela novos preparadores físicos que assumiram com Sampaoli.

Natural, por falta da planilha gráfica que não ficou, que cheguem e modifiquem a carga, intensivem as corridas de longa distância em detrimento dos trabalhos com bola, ou ao contrário. E muitas vezes quem tem sofrido são os músculos. E as articulações.

Se estivéssemos nos anos 60 e 70, quando a preparação física era voltada para jogadores de futebol, não para atletas, ainda passava. Hoje, impossível não dar a ela condições iguais concedidas à preparação técnica.

Na política, em meio a tantos retrocessos, um dos seus avanços foi o governo de transição. Antes de assumir, os novos governantes recebem dados sobre o que foi feito em cada setor pelos gestão anterior.

Quem sabe, no futebol, uma comissão de transição fisica seja também adotada para que a musculatura do Pedro, a virilha do Éverton Ribeiro, o planejamento da volta do Bruno Henrique e do Rodrigo Caio tenham sequência. Não sejam interrompidos.

Meio de temporada, quantos no Flamengo estão pagando, no departamento médico, o preço dessa desinformação que nâo ocorre com tanta frequência no Fluminense e no Botafogo. Que não mexeram com quem traçou os gráficos do desempenho fisico para suportar o estadual, Copa do Brasil, Libertadores, Sul-americana e Libertadores.

Mesmo porque não há multa rescisória para o estiramento de um músculo adutor.

SEM TESÃO, NÃO HÁ SOLUÇÃO

por Zé Roberto Padilha

Ontem, no Fla x Flu, tivemos um duelo entre dois dos mais talentosos armadores do nosso futebol. Ganso de um lado, que tem uma técnica mais apurada, Gerson do outro, que alia a força física ao seu talento.

Não era uma partida para cumprir uma tabela previamente elaborada. Era uma decisão, e quem perdesse ficava de fora da Copa do Brasil. E é nesta hora que é preciso dar um dente a mais. Acrescentar algo a mais conhecido nos bastidores como tesão.

Ganso atuou com a frieza de sempre. Sua capacidade de organizar seu meio-campo e encontrar soluções para as jogadas mais complicadas é impressionante. Porém, se manteve frio do começo ao fim e mal se aproximou da grande área.

Gerson, ao contrário, disputou cada jogada como se fosse a última. Além de marcar e armar, chegou à grande área para concluir por diversas vezes.

A orquestra do Flu, perante a categoria de seu maestro, manteve seu ritmo Tabajara, de Severino Araújo, que lhe deram 68% de posse da pista. Já a banda do Gerson, acrescentou uma pitada latina para atropelar os boleros que ditavam a cadência do lado de lá.

No fim, quem dançou fomos nós tricolores, que perdemos a oportunidade de permanecer no baile a tentar seduzir a rica e libertadora Copa do Brasil.

Pois sem tesão, não há solução.

UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 12

por Eduardo Lamas Neiva

Enquanto Jorge Goulart deixa o palco, depois de cantar o Hino do Bonsucesso, o papo retorna, com o Diamante Negro na berlinda.

Sobrenatural de Almeida: – A bicicleta, lance que ajudou a consagrar o Leônidas, teve a minha contribuição, claro.

Coro: – Claro!

Sobrenatural de Almeida: – Na primeira rodada do Campeonato Carioca de 1932, mais precisamente no dia 24 de abril, resolvi ir ao antigo Campo da Estrada do Norte, hoje Estádio Leônidas da Silva, ex-Teixeira de Castro, que é o nome da rua onde fica o Bonsucesso Futebol Clube.

Ceguinho Torcedor: – Naquele dia eu estava nas Laranjeiras e vi o Fluminense empatar com o Bangu, em 2 a 2.

Sobrenatural de Almeida: – Pois então, naquele mesmo dia, o Bonsuça recebia o Carioca, time que fez muito sucesso no futebol de salão muitos anos depois, mas que no campo era saco de pancadas. Já tinham me falado desse Leônidas e fui lá pra ver se ele era aquilo tudo mesmo. Numa bola alta na área, o craque estava de costas pro gol e de repente deu aquele salto inesperado e chutou, com o corpo paralelo ao chão no ar. Uma coisa estranha daquela merecia o gol e dei aquela ajudinha pra bola ganhar as redes. Foi o primeiro gol de bicicleta da História.

João Sem Medo (rindo muito): – Ainda bem que você achou estranho e não bonito. Se achasse bonito, era capaz de desviar a bola pra fora.

Todos riem muito.

Idiota da Objetividade: – O paulista Petronilho de Brito reivindicava pra ele a invenção da bicicleta no futebol. Chilenos, argentinos e italianos também diziam que compatriotas seus é que teriam inventado a jogada.

Ceguinho Torcedor: – Bobagem, Idiota. Leônidas da Silva mesmo nunca quis se vangloriar como inventor, mas como aquele que difundiu a jogada. Ele, um craque brasileiro, é que mostrou a jogada pro mundo. Eu vi! Ou melhor, eu senti e sei. O mundo todo sabe.

De repente, eis que de repente, entra no Além da Imgainação, ele, o Diamante Negro.

Todos: – Leônidas!

É ovacionado e levado ao palco, com a imagem de um gol de bicicleta seu, feito especialmente para o filme “Suzana e o presidente”, de 1951, no telão.

Todos vibram com o gol como se tivesse ocorrido naquele momento, num jogo de verdade.

Leônidas da Silva: – Obrigado. Esse aí não foi de verdade, foi pra um filme. Mas ficou bonito. O Ceguinho está certo, ouvi o que ele disse. Eu posso me considerar talvez o homem que difundiu a bicicleta, porque fazia com mais constância esses lances e talvez tivesse sido mais feliz, mas não tenho a veleidade de ser o criador, o autor, do lance de bicicleta, não.

Ceguinho Torcedor: – Leônidas, você pode nos contar como foi aquele gol de meião na Copa de 38?

Leônidas da Silva: – No segundo tempo do jogo com a Polônia, o campo pesado, com a chuva que caiu, barro, acabou a chuteira ficando uma boca de jacaré. Descolou a sola da parte superior e eu não podia ficar com aquilo. Então, tirei e joguei fora a chuteira e comuniquei ao técnico pra arrumar outra. Mas eu tenho um pezinho delicado, tamanho 36, então não foi fácil encontrar na Europa um tamanho desse, nem mesmo na minha equipe. Pediram a um dos garotos, gandulas, que apanham a bola fora do campo, uma botina daquelas até que encontrei uma 38. Acabei jogando com ela.

Garçom: – Marcelinho Carioca podia estar lá naquela época.

Leônidas da Silva (rindo): – Verdade, ele calça a mesma coisa, né?

Alguém na plateia: – Marcelinho calça até menos, 35.

Leônidas da Silva: – Ih, então ia ficar apertado. (ri). Ou melhor, mais largo ainda, com a botina que arrumaram pra mim. Mas antes que eu conseguisse uma chuteira, ia ser cobrada uma falta contra a Polônia e eu fiquei “desuniformizado”. Chovia, o juiz não se apercebeu. Nós não tínhamos meia branca, na época jogávamos com meias pretas. Então, com a lama também, o juiz não tenha observado. As chuteiras também tinham a cor escura, e eu fiquei na jogada, a bola bateu na barreira e eu aproveitei o lance e fiz o gol.

Ceguinho Torcedor: – Que maravilha!

Todos aplaudem.

João Sem Medo: – E por que você não pôde jogar contra a Itália, Leônidas?

Leônidas da Silva: – João, houve muita conversa de bastidores e que o Pimenta queria me poupar pro jogo contra a Itália, não sei o quê.

Idiota da Objetividade: – Só pra esclarecer pra quem não sabe: Ademar Pimenta era o técnico da seleção brasileira na Copa de 38.

Leônidas da Silva: – Isso mesmo, “seu” Idiota. Então ele me lançou no jogo contra a Tchecoslováquia, quando me contundi e não pude jogar contra a Itália. Mas não foi nada disso, não. O sistema do campeonato do mundo naquela época era eliminatório desde o início, jogou, perdeu, cai fora. Jogamos contra a Polônia, decidimos na prorrogação, ganhamos de 6 a 5. Jogamos contra a Tchecoslováquia e tivemos que realizar dois jogos, porque nem na prorrogação decidiu. Aí, duas horas de futebol e terminou empatado. Então houve praticamente um terceiro jogo, que foi quarenta e oito horas depois. O Pimenta não tinha centroavante porque o meu reserva não tinha condição de jogo, era o Niginho. Ele estava inscrito pela Federação Italiana, considerado jogador italiano e, equivocadamente, o Brasil levou o Niginho pra Copa do Mundo.

João Sem Medo: – Como sempre a cartolada fazendo bobagens, sem conhecer o mínimo, que é o regulamento da competição.

Leônidas da Silva: – Mas acreditando que eu pudesse jogar todas as partidas. Houve um princípio de lesão na partida em que jogamos duas horas. Aí o Pimenta disse: “Não adianta poupar você, porque se for poupar você pro jogo contra a Itália, na quinta-feira, se nós perdermos na terça-feira, não vamos jogar contra a Itália. Então vamos correr o risco”. Então eu joguei na terça-feira, contra a Tchecoslováquia, e não tive condição de jogar na quinta-feira.

João Sem Medo: – O Pimenta agiu certo, até porque naquela época não havia substituição.

Leônidas da Silva: – É isso. Muito obrigado a todos, foi só uma passada rápida a convite do Zé Ary. Abraços.

Garçom: – Muito obrigado, “seu” Leônidas. Mas antes que o senhor vá embora. Queria chamar ao palco novamente Carmen Miranda para cantar uma música da Copa de 38.

Leônidas recebe Carmen Miranda no palco, a cumprimenta, deixa o palco e se senta ao lado para assistir à apresentação. A plateia aplaude Leônidas e Carmen, de pé.

Carmen Miranda: – Esta música que vou cantar acompanhada deste maravilhoso conjunto, foi composta por Alcyr Pires Vermelho e Alberto Ribeiro. Apesar de não falar no futebol se tornou o tema da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1938. Chama-se “Paris”. Em 98, quando foi disputada outra Copa do Mundo na França, a queridíssima Elba Ramalho regravou esta música, com minha “participação”.

É aplaudidíssima novamente.

Fim do capítulo 12

AS MARCAS E O RACISMO

por Idel Halfen

Vamos falar de racismo, mas não pelo prisma da covardia, da ignorância, da falta de empatia, isso já foi bastante abordado e de formas muito mais eficazes e interessantes do que eu seria capaz de fazer.

Vamos falar de marketing e de patrocínio, mais especificamente das marcas que investem nos clubes envolvidos em casos de racismo e da LaLiga – liga que rege o campeonato espanhol de primeira divisão.

Primeiramente devemos procurar entender a motivação de uma marca para se investir no patrocínio esportivo. Se for visando uma mera exposição, ok, a ação até pode ser efetiva, embora não aproveite todo o potencial do investimento e incorra no risco de estar associada a algo nocivo.

Derivamos esse raciocínio para um segundo questionamento: as marcas devem buscar a boa aceitação de todos, mesmo que nesse universo estejam os racistas, ou focar apenas naqueles que valorizam e praticam o respeito?

Será que passa pela cabeça dos gestores das marcas que investem no esporte, que essa atividade traz em sua essência valores nobres e que, sendo um agente também de formação educacional, deve ser protegido de qualquer ameaça que possa por em risco seus valores.

Pois bem, ainda que haja uma série de obstáculos jurídicos para a rescisão de contratos, seria fundamental, tanto para o combate ao racismo como para a própria saúde das marcas que essa possibilidade fosse considerada. A hipótese de o racismo ser algo cultural, por mais que possa ser real – vide as declarações iniciais do presidente da LaLiga e de outras reações “benevolentes” de parte da população -, não pode redundar em conformismos que deixem a situação parecer normal.

Nesse contexto, o marketing tem muito a contribuir!

Por mais que os clubes espanhóis tenham parte significativa de suas receitas advindas dos direitos de transmissão, essas já não possuem a significância de outrora. Na temporada de 2006/2007, por exemplo, o faturamento com broadcasting do Barcelona cresceu 135% enquanto o obtido com marketing evoluiu 200%. No Real Madrid, desde 2012/13, o faturamento com marketing é o de maior peso entre as receitas recorrentes.

São números que nos permitem refletir sobre até que ponto os clubes e a liga espanhola conseguem sobreviver sem as marcas.

Claro que existe também a possibilidade de boicotes às marcas que se posicionarem contra o racismo, caso, seja algo realmente cultural.

Há, no entanto, dois contra argumentos para esse ponto: 

(i) o conceito de ESG  – Environmental, Social and Governance – torna-se de forma exponencial cada vez mais importante para as empresas, inclusive no que tange o mercado;

(ii) toda empresa recebe diariamente dezenas propostas de patrocínio, as quais, mesmo que não proporcionem em um primeiro momento o mesmo retorno do futebol, podem de alguma forma contribuir para o processo de valorização da marca, ou seja, o futebol não é a única opção, tampouco o esporte.

Não creio que as coisas devam chegar aos pontos de rompimentos e rescisões, seria muito radicalismo, a intenção do texto é mostrar que as marcas têm um poder transformador muito mais forte do que se imagina, basta serem geridas por profissionais que entendam que a sustentabilidade, inclusive a dos resultados, devem fazer parte dos seus objetivos profissionais e pessoais.