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UMA COISA JOGADA COM MÚSICA – CAPÍTULO 13

por Eduardo Lamas Neiva

Carmen Miranda deixou o palco mais uma vez muito aplaudida, Leônidas se despediu do Além da Imaginação à francesa e os 4 amigos retornaram à resenha, mantendo o Diamante Negro no comando do ataque.

João Sem Medo: – Meus amigos, mesmo campeão em 35 pelo Botafogo, depois de ter jogado no Vasco, Leônidas deixou o clube por causa do racismo. E foi parar no Flamengo, onde foi campeão carioca em 39.

Garçom: – É verdade que o Flamengo começou a ganhar mais torcida por causa dele? É o que ouvi falar.

João Sem Medo: – Depois da Copa de 38, principalmente, Leônidas virou até garoto-propaganda de chocolate, cigarro…

Idiota da Objetividade: – Leônidas foi um dos homens mais populares do Brasil na década de 40, dividindo as honras com Orlando Silva, o Cantor das Multidões, e o presidente Getúlio Vargas, conhecido como o Pai dos Pobres.

Sobrenatural de Almeida: – É, Leônidas ajudou o Flamengo a se tornar popular, mas quando o São Paulo veio ao Rio com um caminhão de dinheiro para contratá-lo, nenhuma viva alma rubro-negra foi se despedir do ídolo na Central do Brasil. Isso foi assombroso.

Ceguinho Torcedor: – Mas na capital paulista foi recebido por uma multidão de filme épico. Até o prefeito o carregou nos ombros. Foi uma festa que parou a cidade.

Idiota da Objetividade: – Leônidas fez o São Paulo conquistar cinco títulos paulistas na década de 40 e começar a rivalizar com Palmeiras e Corinthians, formando o grande Trio de Ferro da Terra da Garoa. O Homem-Borracha, como Leônidas era conhecido também, levou o São Paulo aos títulos paulistas de 43, 45, 46, 48 e 49.

Garçom: – Tem uma música aqui que é perfeita pra ilustrar isso aí.

Zé Ary vai ao notebook do bar, ajeita as caixinhas e seleciona a faixa 5 do site de Hélio Ziskind.

Clique para ouvir!

Todos ouvem com atenção, muitos até aplaudem ao fim da execução da música, apesar de o artista não estar presente ao local.

Ceguinho Torcedor: – Leônidas da Silva foi um gigante do nosso futebol!

Garçom: – Fico curioso pra saber por que ele não defendeu a seleção brasileira na Copa de 50?

João Sem Medo: – O técnico Flavio Costa tinha uns problemas com ele, Zé Ary.

Idiota da Objetividade: – Leônidas da Silva acabou não sendo convocado para a Copa do Mundo de 1950 pelo técnico Flavio Costa, porque ambos  tinham desavenças desde os tempos de Flamengo. Muitos anos mais tarde, Flavio Costa admitiu ao jornalista Andre Ribeiro, que escreveu uma biografia de Leônidas, ter errado ao não convocar o Diamante Negro para o primeiro Mundial de Futebol realizado no Brasil. No ano seguinte, em 1951, encerrou a carreira e foi treinador do São Paulo em 73 jogos.

Sobrenatural de Almeida: – É, mas ele mesmo disse que não se deu bem como treinador, porque tinha um temperamento muito difícil.

Ceguinho Torcedor: – Isso é típico dos gigantes, daqueles que se entregam de alma. E o que me importa são os atos, os sentimentos. É a alma que está em questão.

Idiota da Objetividade: – Posteriormente foi o primeiro jogador a se tornar comentarista de futebol. O Diamante Negro foi um comentarista de rádio dos mais laureados.

Os outros três: – Laureados, Idiota?

João Sem Medo: – Ele quis dizer premiados, um dos comentaristas mais premiados.

Idiota da Objetividade: – Exatamente. E o hino do São Paulo, embora composto por Porfírio da Paz em 1935, só foi oficializado em 42. Justo quando Leônidas estava chegando por lá.

Músico (do palco): – Tinha uma estrofe que falava do Palmeiras, mas não era o Palestra Itália, e sim a Associação Atlética Palmeiras, que se fundiu ao Paulistano para dar origem ao São Paulo. Pra evitar confusões, Porfírio trocou na última estrofe Palmeiras por Floresta, local onde ficava o clube tricolor, e a letra ficou “Do Floresta também trazes um brilho tradicional” em vez de “Do Palmeiras também trazes um brilho tradicional”. Vamos tocar aqui pra vocês.

Os são-paulinos presentes, muito entusiasmados, cantaram junto com o grupo e fizeram uma grande algazarra no fim da execução do Hino tricolor. Respeitosamente, os demais aplaudem.

GARRINCHA E EU

por Zé Roberto Padilha

Ele estava encerrando sua carreira. Defendia nosso saudoso Olaria. E o direito de ficar com sua amada, Elza Soares. Eu, começando a minha. Não fiquei diante de um ponta direita. Me posicionei em frente a uma lenda. Depois de Pelé, o maior jogador de futebol brasileiro de todos os tempos.

O que fazer?

O árbitro chegou a tirar o apito da boca. Já não era mais o juiz ocular da história. Era testemunha.

Se o futebol se tornou uma profissão, deixou de ser visto como um oficio de desocupados, dos marginais e não instruídos, e eu me agarrei a ela, foi porque ele e outros heróis, ao alcançarem a posse e guarda da Taça Jules Rimet, tornaram nosso país o templo do futebol.

De excluídos, evitados, passamos a ser respeitados. Valorizados, admirados e bem pagos. O maior redistribuídor de rendas e oportunidades aos jovens carentes e excluídos.

O fotógrafo, tal a arte prestes a ser pintada por pincéis das pernas tortas, teve tempo de registrar esse momento vivido no maior estádio do mundo. De estar ali, vestindo a camisa 5 do Flamengo, paralisado diante de Mané Garrincha.

O que aconteceu?

No lance, nem sei, provavelmente me driblou e procurou chegar à linha de fundo. Mas depois, me lembro direitinho: fui até a Igreja mais próxima agradecer a Deus. Pelo privilégio de estar ali, defendendo uma nação diante do seu principe. Vivendo esse momento lindo.

Foram tantas as emoções em uma só jogada que valeram por toda a minha história.

Ze Mário

*psicografado por quem jogou ao lado.

BASTIDORES DA BOLA

por Elso Venâncio, o repórter Elso

Eurico Miranda dizia que ‘jogo à vera’ tinha Léo Feldman no apito. Por não fazer média com os dirigentes, ele nunca se tornou árbitro FIFA.

Para ser sincero, a imprensa não divulga nem dez por cento do que acontece nos bastidores. No vestiário, por exemplo, principalmente durante o intervalo e após os jogos, surgem duras discussões e até brigas ou agressões entre jogadores, técnicos, dirigentes.

Romário, quando era o número 1 do mundo, esculhambava os companheiros:

“Eu encho o Maracanã. Vocês não jogam porra nenhuma.”

Ao ouvir isso, o zagueiro Jorge Luiz explodiu. Partiu com tudo para cima do atacante. Joel Santana não conseguia calar o artilheiro. O técnico Evaristo de Macedo assumiu o comando do time rubro-negro e enquadrou o ‘Baixinho’:

“Aqui, só eu falo. E joguei muito mais do que você.”

As reuniões que definem a arbitragem para jogos decisivos são quentes. Ao longo de décadas, Eurico Miranda foi o mandachuva, fora de campo. As decisões do futebol carioca e brasileiro passavam por seu gabinete, em São Januário, aquele com vista para o gramado. Na parede, uma foto do dirigente o apresentava recebendo um troféu do ‘Velho Guerreiro’, o vascaíno Chacrinha, com direito à sua famosa buzina na mão.

O cartola cruz-maltino fazia as tabelas e o regulamento das competições, sem que ninguém o contestasse. Com seu inseparável charuto, Eurico possuía vários aliados e era temido não apenas pelos adversários como até pelos presidentes da CBF. Para se ter ideia, o Vasco recebia o mesmo valor que o Flamengo, nas cotas de TV.

Imagine o cartola hoje, nos encontros com a Libra e com o Futebol Forte…. Com o aval do Governo e da Justiça, Flamengo e Fluminense há quatro anos gerem o Maracanã. Você acha que Eurico Miranda aceitaria essa situação?

Durante um arbitral na FFERJ – a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro –, como a porta estava entreaberta ouvi os gritos de Eurico na semana de um Flamengo x Vasco. Por sinal, jogo em que o sérvio Petkovic faria o gol do tricampeonato estadual, em 2001, cobrando aquela falta histórica no gol à esquerda da Tribuna de Honra, ao lado da massa rubro-negra. O presidente Edmundo Santos Silva era o representante do Flamengo. E teve que ouvir Eurico decretar:

“Jogo à vera é com o Léo.”

Não satisfeito, o homem forte do Vasco repetiu:

“Jogo à vera é com Léo.”

O árbitro sempre foi, é e seguirá sendo o personagem mais marcado nos estádios. Todos são atacados o tempo todo, desde a entrada até saírem de campo:

“Ei, juiz, vai tomar no c…”

O Léo a que Eurico se referia era justamente Léo Feldman, que faleceu na última quinta-feira, dia 1º de junho, aos 67 anos, em decorrência de um persistente tumor na garganta. Professor de Educação Física no CEFET, a escola técnica federal que fica próxima ao Maracanã, Feldman era bastante respeitado. Até por sempre manter distanciamento dos dirigentes.

O grande Armando Marques, destaque da arbitragem brasileira, trabalhou em duas Copas do Mundo: as de 1966, na Inglaterra, e a de 1974, na Alemanha. Também conduziu diversas decisões estaduais e nacionais. Cometeu erros, como qualquer ser humano comete, como o inacreditável gol do tricolor Wilton, que usou a mão para marcar no Fla-Flu de 1968, válido pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Meia década depois, equivocou-se na contagem dos pênaltis da decisão do Paulistão de 1973, fazendo com que Santos e Portuguesa dividissem o título. Léo Feldman, que apitou a decisão do gol de barriga de Renato Gaúcho, em 1995, podia errar. Nesse lance, cravou na súmula que o gol foi marcado por Ailton.

A verdade é que quando o aspirante à FIFA Léo Feldman estava em campo, não tinha conversa fiada com ele, não. O jogo sempre era à vera!

COADJUVANTE DE LUXO

::::::: por Paulo Cézar Caju :::::::

A rodada aqui no Brasil foi agitada, mas o que mais me chamou a atenção neste fim de semana foi a despedida de Messi do PSG, sob vaias da torcida antes mesmo da bola rolar e com derrota para o modesto Clermont em casa. Desde que os jornais começaram a levantar a possibilidade dessa contratação, eu já comentava em todas as resenhas que isso não daria certo por alguns motivos e podemos concluir que foi, de fato, um fiasco.

Depois de tantos anos encantando o mundo no Barcelona, já era um veterano quando chegou à Paris e o entrosamento com Neymar e Mbappé não fluiu como os mais otimistas imaginavam. O principal objetivo do PSG era conquistar uma Liga dos Campeões e não chegaram nem perto com esse trio. Apesar do alto investimento e de serem três jogadores de altíssimo nível, considero três perfis muito diferentes, que realmente não se entrosaram.

“Mas PC, em 70 também não tinha muita estrela junta?”. Tinha, mas não dá nem para comparar porque o grupo era liderado por Pelé, referência para todos em qualquer aspecto. Tínhamos um carinho tão grande por ele que chamávamos de Rei e não tinha arrogância nenhuma! Enquanto Messi é silencioso e Neymar extravagante, Mbappé me parece mais tímido e individualista.

Fato é que a passagem de Messi pelo PSG pode ser considerada uma mancha na carreira do craque e as vaias na sua despedida são um belo exemplo disso. Foram 75 jogos, 32 gols e um bicampeonato francês, que o time já está cansado de ganhar e não é mais do que uma obrigação. Saiu como um coadjuvante de luxo e agora, prestes a completar 36 anos, precisa decidir o seu futuro.

Não sei se vai optar pelo mesmo caminho de Cristiano Ronaldo para enriquecer ainda mais, se vai voltar para o seu país, mas, no seu lugar, eu retornaria para o Barcelona, onde é respeitado e tem uma afinidade inconfundível. Somado a isso, ainda tem o fato de que o treinador é o Xavi, seu companheiro no clube por tantos anos. De qualquer forma, desejo sorte ao Messi para encerrar a carreira do jeito que merece!

No Brasil, o Botafogo voltou a perder para o Athletico-PR e já tem muita gente falando que é cavalo paraguaio. Não concordo com isso, mas volto a dizer que os atacantes e meias precisam treinar mais finalização para não desperdiçar tantas oportunidades durante as partidas. O futebol do Palmeiras nunca vai me convencer – até porque é o mesmo que a Seleção Brasileira tenta praticar e vive perdendo -, mas venceram mais uma e estão cada vez mais próximos do líder.

Por outro lado, no futebol inglês, o futebol arte segue sobrando e o Manchester City derrotou o United na final da Copa da Inglaterra por 2 a 1! Viva o Guardiola! Estou na torcida para que ele conquista também a Liga dos Campeões no próximo fim de semana!

Pérolas da semana:

“Com uma ligação pelo alto, o time buscar ser assertivo nas propostas para ter uma leitura de jogo vertical e explorar o espaço vazio na última linha de cinco”.

“Ao propor o jogo, o treinador faz o time quebrar os passes e madura o adversário, explorando a gordura que tem na última linha diagonal”.

“Para respeitar o adversário, o time é extremamente reativo e busca um contexto que encaixota o sistema de jogo proporcionado”.

PALMEIRAS DE TODOS OS TEMPOS

por Luis Filipe Chateaubriand

No gol, toda a segurança de Emerson Leão.

Na lateral direita, a categoria de Djalma Santos.

Na zaga central, o colosso Luiz Pereira.

Na quarta zaga, a imponência de Gustavo Gomez.

Na lateral esquerda, a impetuosidade de Roberto Carlos.

Como volante, a competência de Dudu Primeiro.

Na meia direita, o soberano Ademir da Guia.

Na meia esquerda, a exuberância de Rivaldo.

Como primeiro atacante, o driblador Julinho Botelho.

Como segundo atacante, a raça de Dudu Segundo.

Como terceiro atacante, o fenomenal Edmundo.

Leão; Djalma Santos, Luiz Pereira, Gustavo Gomes e Roberto Carlos; Dudu Primeiro, Ademir da Guia e Rivaldo; Julinho, Dudu Segundo e Edmundo.

E aí?

Vai encarar?