Escolha uma Página

NINGUÉM FICARÁ ETERNO POR ALI

por Zé Roberto Padilha

Nada como empanar o brilho de dois dos mais conceituados treinadores do nosso futebol, Fernando Diniz e Dorival Jr., para desviar o foco de toda a incompetência administrativa da CBF.

Nenhum treinador do mundo conseguiria organizar um sistema tático sem um período, mínimo que fosse, de preparação.

Se os jogadores da Argentina, do Paraguai, Uruguai e da Colômbia, com menos banca e prestígio, conseguem se entender. E jogar coletivamente. A seleção brasileira não passa de um bando tentando se encontrar em campo.

Mesmo os clubes, com todas as suas dificuldades, conseguem pelo menos um mês para reunir o seu elenco. Como nos estaduais, sofrem nas primeiras rodadas, mas logo se recuperam com a qualidade do seu elenco.

Já a Seleção Brasil é reunida na véspera das partidas e os seus treinadores precisam encontrar uma porção mágica. Aquela que consegue, em um só treino, entrosar um ataque em que três são do Real Madrid, treinados por Ancelloti, um é jogador do Guardiola, no City, e fecha com a participação do Rafinha, que é do Barcelona.

Seria como Walter Salles apenas pudesse dirigir nossas Fernandas, e o Shelton Mello, às vésperas das gravações de “Ainda estou aqui!”. Sem direito a repetir as cenas. Como Diniz e Dorival, sem tempo se ensaiar uma só jogada.

Se assim fosse, seu elenco não estaria entrosado daquele jeito. Muito menos, ganharia o Oscar. Estaria em quarto nas eliminatórias para a próxima Copa do Mundo. Acreditem, atrás até do Equador.

Pode, a CBF, continuar a convidar e sacrificar um outro nome. Desse jeito, improvisado é bagunçado, ninguém ficará eterno por ali.

MESTRE E DISCÍPULO

por Elso Venâncio

Você concorda que Filipe Luis desponta como o melhor técnico do futebol brasileiro? Por que não está no radar da CBF para assumir a Seleção Brasileira? Imaginem uma comissão técnica com Filipe Luis como treinador e Jorge Jesus sendo o coordenador técnico? O mister é o mestre do Filipe! Só que o Flamengo superou R$ 1 bilhão em receitas pelo terceiro ano consecutivo. Os tempos mudaram… No passado, pedia empréstimos à rica dona do futebol nacional.

Enquanto presidiu a CBF, Ricardo Teixeira nunca deu satisfação a qualquer clube filiado que tinha contrato com o treinador almejado. Ia direto no profissional. Poderoso e arrogante, sentenciava: “Eu sou o primeiro a ver a relação dos convocados e tenho poder de veto”. Por isso, ao ser convidado, Muricy Ramalho pulou fora.

Pensar em Filipe Luis como técnico da Seleção seria medir forças com o gestor majoritário do Maracanã, que impediu a CBF de continuar usando um camarote no estádio sem pagar. Além de estar focado no Flamengo, o jovem técnico foi aconselhado no clube para deixar a Seleção de lado, com argumentos de desmandos na entidade.

A CBF poderia reviver o diretor de seleções, com poder de decisão. Rodrigo Caetano demonstra estar desconfortável, e Juan não encontrou seu espaço. Um profissional com as funções que José Boto desempenha no Flamengo evitaria erros e desgastes. Enquanto esteve no cargo, Dorival Júnior empregou o filho Pedro Sotero, sem vivência no futebol, como seu auxiliar direto. O gaúcho Tite já tinha levado o primogênito Matheus Bachi, que foi o seu braço direito em duas Copas do Mundo.

A espera por Ancelotti causou estragos. Diante do cenário atual, Jorge Jesus indicou que topa assumir de imediato. Isso é possível porque o seu contrato com o Al-Hilal possui multa rescisória regressiva, facilitando a liberação.

Com o recente vexame em Buenos Aires, a CBF se viu obrigada a buscar um novo treinador para o Mundial do ano que vem, no México, Canadá e nos Estados Unidos. Após levar 2 a 0 da Argentina no início do jogo, com direito a olé pedido pelos torcedores argentinos, chegamos a lembrar dos 7 a 1 aplicados pela Alemanha, no Mineirão, em 2014. Dorival Júnior não ficou passivo como Felipão. Mandou o goleiro Bento cair em campo, simulando contusão aos 20 minutos do primeiro tempo. Uma cena grave e triste, de anti-jogo, inimaginável para o país pentacampeão do mundo, que ainda acabou derrotado por 4 a 1.

NO BALANÇO DO MUSEU: GUTO GOFFI

por Marcos Vinicius Cabral

Quem nunca ouviu uma canção do Barão Vermelho e pelo menos uma vez na vida não dançou Bete Balanço, Maior Abandonado e Pro Dia Nascer Feliz?

Ou não parou para refletir sobre os versos profundos de Por que a Gente é Assim?, Down em Mim e Codinome Beija-Flor?

Pois é! A vida imita a arte.

E os rapazes do Barão, lendária banda surgida nos saudosos anos 1980, formada por Guto Goffi, Maurício Barros, Fernando Magalhães e Rodrigo Suricato (terceiro vocalista após a morte de Cazuza e a saída de Frejat) continuam na estrada botando muita gente para dançar.

No entanto, a longevidade do quarteto – fato raro para qualquer músico que encontrou os amigos da adolescência e começou a tocar com eles por pura diversão – se dá por inúmeros fatores.

Um deles, tive a oportunidade de conhecer nesta quarta-feira, 12 de março, quando a equipe do Museu da Pelada esteve com Guto Goffi, lendário baterista do grupo. O encontro serviu para o quadro ‘No Balanço do Museu’, mais uma criação brilhante do não menos iluminado Sergio Pugliese. A entrevista aconteceu no apartamento do artista, que fica em Botafogo, Zona Sul do Rio.

Guto Goffi mostrou-se gentil, atencioso e humilde. Nem pareceu uma estrela do rock que ostenta no currículo, por exemplo, a façanha em ter tocado no Rock in Rio com os dois vocalistas que já passaram pelo Barão (Cazuza e Frejat) e Suricato, o atual.

Não, definitivamente não!

Ou se envaideceu por ter sido regravado por dois monstros da MPB como Ney Matogrosso (Pro Dia Nascer Feliz) e Caetano Veloso (Todo Amor Que Houver Nessa Vida).

Jamais!

Flávio Augusto Goffi Marquesini não se agarra aos feitos do passado, mas quer olhar para a frente.

“Não costumo olhar para trás, sabe! É olhar para frente. Sempre!”, contou ao falar do Maracatu Brasil, que visa à formação de novos músicos e à divulgação do jongo e o maracatu.

Mas o grande mérito do quarteto que venceu o tempo seja a simplicidade. Digo isto porque Guto Goffi – fundador e baterista do Barão Vermelho – é um cara simples. Os três outros devem ser a mesma coisa.

E como disse Zico certa vez: “Jogar futebol é simples. Mas poucos conseguem fazer o simples no futebol”.

Simples. Assim é a vida!

Por mais artistas como Guto Goffi, esse autêntico rubro-negro que faz arte na inquietação que o move a produzir, produzir e produzir sempre mais.

Agradeço a Deus por estar me proporcionando realizar matérias legais e com grandes nomes das mais variadas áreas.

E deixar registrado aqui o meu agradecimento especial ao grande Guto Goffi – entrevistado há três anos por mim para o jornal A Tribuna.

Valeu, Guto!

DESTA VEZ, VIVA ZICO

por Luis Filipe Chateaubriand

No texto anterior ao atual, este signatário teve a desfaçatez de criticar Zico.

Como criticar Zico?

Dos maiores ídolos do futebol que este mancebo tem, não faria sentido criticar quem tanto se admira.

Sucede que Zico defendia a ideia de que deveria haver menos jogadores estrangeiros no futebol brasileiro.

Discordei.

Ou, ao menos, não achei que esse fosse o principal problema do nosso futebol.

Mas, desta feita, Zico “acertou em cheio”!

O presidente da CONMEBOL, instigado pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira – que afirmou que os clubes brasileiros poderiam deixar de jogar a Copa Libertadores da América em razão do racismo –, declarou que “Libertadores sem clubes brasileiros é como Tarzan sem a Chita”.

Para quem não sabe, Chita era a macaca de estimação do Tarzan.

Uma fala racista do presidente da CONMEBOL.

Zico não deixou barato…

Criticou duramente o presidente, a CONMEBOL e a situação.

Palmas, “Galo”!

E a pergunta que não quer calar é…

Zico não poderia ser o presidente da CONMEBOL?

Trocaríamos o racista pelo craque.

Não parece ser um mau negócio!

“DEZ, CAMISA DEZ DA SELEÇÃO”

por Ivaneguinho

Conceitos e pareceres sempre foram, dentro do futebol, motivos de debates saudáveis. Hoje, resolvi escrever, motivado por opiniões que tenho lido, assistido e escutado sobre o futebol atual, que dizem ser “super moderno”. Algo com o qual não concordo.

Laterais apoiando o ataque? O que diriam os “alas” Nilton Santos, Marinho Chagas, Carlos Alberto, Rodrigues Neto, Júnior, Leandro, Toninho Baiano, Vladimir e tantos outros do nosso futebol, hoje classificado como arcaico? E os “cabeças de área” de tempos atrás, que são rotulados como truculentos? Posso citar vários com mais técnica e classe do que os que atualmente são “endeusados” como jogadores modernos. Só para mencionar alguns: Zito, Dino Sani, Carlinhos Violino, Clodoaldo, Carbone, Falcão, Cerezo, Andrade, Carlos Roberto, Nei Conceição…

E os goleiros? Os de hoje são realmente melhores do que Gilmar, Castilho, Veludo, Barbosa, Manga, Lev Yashin, Sepp Maier, Dino Zoff e tantos outros?

Agora, os atacantes… Aí é que não dá para comparar mesmo! Só para ficar nos brasileiros: como explicar que, hoje, se um jogador recuar a bola para o goleiro, ele não pode mais pegá-la com as mãos? Antigamente, quando o “dianteiro” encurralava o zagueiro, este rapidamente devolvia para o “arqueiro”, que segurava a bola. Na regra atual, o goleiro não pode mais pegá-la. Dentro desse panorama, a tarefa dos atacantes deveria ser muito mais fácil.

No entanto, não consigo entender como, com toda a proteção que os cartões amarelo e vermelho dão aos jogadores de frente, um atacante consegue terminar um campeonato com 30 rodadas ou um ano com 60 jogos e se sentir satisfeito por ter marcado apenas 13, 15, no máximo 25 gols! Esse número era a quantidade mínima que atacantes do Bangu, América, Olaria, Madureira, Bonsucesso, São Cristóvão e Portuguesa costumavam fazer jogando contra grandes equipes.

De uns tempos para cá, criaram a frase: “Não há mais bobo no futebol!”. Principalmente quando clubes brasileiros e a Seleção Brasileira perdem para times ou seleções inexpressivas. Eu digo: nunca houve e nunca haverá bobo no futebol! O que sempre existiu – e sempre existirá – são os “pernas de pau”, “perebas”, “pés de chumbo”, “arranca-tocos”, entre outros.

Dizem que o futebol está igualado. Concordo! Mas não por excelência, e sim por precariedade. O nível se homogenizou pela falta de talentos! Agora me expliquem: se o futebol melhorou, por que não vemos surgir jogadores do nível de Zico, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Reinaldo ou, no mínimo, um artilheiro como Dadá Maravilha? E olha que nem estou sendo exigente, não citei Pelé, Garrincha, Rivelino, Tostão, Gérson, Jairzinho ou PC Caju!

Eles não melhoraram. Nós é que pioramos!