E O ORGULHO VOLTOU
por Zé Roberto Padilha
Em certos momentos da decisão, que assisti ao lado da minha irmã, a Simone, e do meu primo, Geraldinho, percebi que algo importante em nossas vidas, a paixão pelo futebol, estava sendo aos poucos resgatada. Mais precisamente a 29 segundos de jogo.
Todos tricolores voltamos a torcer, e muito, como antigamente abríamos exceção apenas pela seleção brasileira. Aquela mesmo que nos afastamos por falta de talento, empatia e títulos.
O Botafogo, ontem, alcançou mais que um título da Copa Libertadores da América. Ele nos libertou do sentimento de vergonha que passamos a ter por quem não mais nos representava. Uma seleção que vende cedo suas matérias primas, cheias de Luiz Henrique, e os convocava previsíveis e limitados pelos Tic-Tacs. Como daqui a pouco vão transformar o André.
Como, hoje, jogam os Brunos Martinelli. Como, hoje, retornam os Coutinhos. E tratam de modificar preciosas joias, como Wesley, que, por favor, mantenham longe do Aeroporto do Galeão.
Obrigado, Botafogo. Por nos levar de volta às ruas, ter orgulho de ser brasileiro, de lembrar do Jairzinho quando Junior Santos enganou dois adversários e marcou o gol da vitória.
Mais do que isto, de presenciar o respeito, ser reconhecido o valor de uma sagrada instituição que não é apenas um clube de futebol.
O Botafogo é uma seita.
O BOTAFOGO DE TODOS OS SANTOS
por Wesley Machado
O gol do título da Libertadores 2024 do Botafogo não poderia ter sido feito por outro jogador que não Júnior Santos.
Júnior Berimbau, Jacaré, Raio, como queira, é a alma do jogador de futebol brasileiro.
O jogador que dribla, tem raça, vai prá cima, inventa e não desiste nunca.
Artilheiro da competição com 10 gols e autor de um gol que será lembrado eternamente, Júnior Santos chegou ao clube em 2022 e entrou para a galeria de ídolos da história gloriosa do time da estrela solitária.
Uma instituição que tem como um dos seus maiores ídolos o Enciclopédia Nilton Santos.
Estava escrito que no último dia do mês de novembro o Fogão seria campeão das Américas.
Mês que começa com o Dia de Todos os Santos.
Um novembro alvinegro.
Neste sábado, 30/11, minha filha primogênita escolhida, Luiza, foi a única que teve a coragem de colocar a camisa do Botafogo para assistir ao jogo.
E vestiu logo a camisa retrô de Nilton Santos, que deu sorte.
No estádio Nilton Santos mais de 50 mil botafoguenses torciam, tinham suas superstições.
No estádio Monumental mais de 40 mil botafoguenses rezavam, vibravam.
Foi tenso, sofrido, emocionante.
Sabemos que com o Botafogo nada é fácil.
Foi um roteiro digno de Oscar.
Com ingredientes dramáticos de novela brasileira.
Mas com um final épico e feliz.
Afinal, é tempo de Botafogo!
E ainda não acabou.
Aliás, o Botafogo nunca vai acabar como pensaram.
Porque o Botafogo é maior que tudo.
FOGO, FOGO, Fogo
por Paulo-Roberto Andel
A gente vem de longe. De muito longe. Agora mesmo estou finalizando um livraço do Kleber que fala inevitavelmente dos Flu x Bota de 110 anos atrás.
Eu podia ter sido Botafogo. Sempre fui Fluminense, mas sempre tive simpatia pelo rival.
Fui completamente apaixonado por duas botafoguenses. Três. Não, uma só. Deixa pra lá.
Algumas das pessoas que mais admiro na vida são alvinegras.
Nunca escondi que um dos meus ídolos de texto – e tudo – é João Saldanha.
Numa noite, testemunhei quando boa parte do Brasil abraçou o Botafogo em 1989, e Maurício pôs fim ao jejum. Aquela foi uma noite fantástica. No dia seguinte, o Mourisco parecia Woodstock – eu vi.
Em 1979 tomamos um chocolate do Mendonça. Demos o troco em 1980 com um show do Adão. Ah, aquele Maracanã.
Neste momento, milhões de pessoas estão felizes. Algumas que adoro, outras que amei, outras que se foram mas estão aqui para sempre.
Quem tem dúvida de que Nilton Santos, Garrincha e Heleno de Freitas estão aí? E Mendonça? Quarentinha, Zagallo, o próprio Saldanha. Carvalho Leite. Basso. São muitos e muitos nomes. Beth Carvalho, Vinícius de Moraes.
Parabéns ao Botafogo, que se preparou para voltar ao seu cenário natal, que é o de protagonista.
Tantas e tantas pessoas emocionadas, o que é natural. Um título desse tamanho merece toda emoção. Todos sabemos.
Hoje é festa merecida na Guanabara. Muito merecida.
E como tem coisas que só acontecem ao Botafogo, o grande título vem do dia do aniversário da morte de Cartola, símbolo do Flu e do título carioca tricolor de 1980 – justamente quando a gente azucrinava eles.
Mas agora 30 de novembro é também um dia eterno para o clube cujo escudo não tem uma única letra, mas cuja imagem diz tudo. O velho e eterno rival, que nos ajudou a construir o que se transformou no futebol carioca.
Em 2025 no Estadual a chapa vai ferver quando a gente se encontrar. É o Clássico Vovô, agora das Américas. Que honra estar nessa.
Parabéns, Fogão. Fogões. Fogatas.
Paulo-Roberto Andel
Guanabara, 30/11/2024
O CALENDÁRIO DO FUTEBOL BRASILEIRO E AS DATAS UTILIZADAS
por Luis Filipe Chateaubriand
Um calendário eficaz para o futebol brasileiro é o adequado ao calendário europeu.
Ou seja, de Julho de determinado ano a Junho do ano seguinte.
Em Julho, deve haver a Pré-Temporada.
De Agosto a Maio, deve haver a Temporada Regular.
Em Junho, deve haver as férias dos jogadores.
Na Temporada Regular, de Agosto de um ano a Maio do ano seguinte, são 44 fins de semanas.
Quatro deles são para Datas FIFA e 40 deles são para jogos de clubes.
Na Temporada Regular, de Agosto de um ano a Maio do ano seguinte, são 43 meios de semanas.
Oito deles são para Datas FIFA e 35 deles são para jogos de clubes.
Há 12 Datas FIFA na temporada (três em Setembro, três em Outubro, três em Novembro, três em Março), que também podem ensejar jogos de clubes.
São, portanto, 87 datas para jogos de clubes: 40 em fins de semanas normais, 35 em meios de semanas normais e 12 para os jogos de clubes em simultâneo às Datas FIFA.
E como alocar as competições de clubes pelas 87 datas disponíveis?
É o que será respondido nos próximos textos.
ESSE MERECE RESPEITO
por Claudio Lovato Filho
Lá vai ele.
Lá, rapaz, atravessando a rua!
Um dos dos tipos de torcedor que eu mais respeito: aquele que usa a camisa do time no dia seguinte ao de uma derrota.
É, rapaz, esse cara tem valor.
Tem paixão, e sabe cultivar essa paixão.
Paixão, sim, e provavelmente ainda mais que isso, muito mais.
Usar a camiseta do clube vai ser sempre motivo de orgulho para ele.
Profundo e transcendente orgulho.
Sempre.
Ele tem uma camisa no coração.
Tem um escudo gravado na alma.
E não é que essa camisa e esse escudo o representem; não, não é só isso.
Essa camisa e esse escudo são o que ele é.
Identidade, rapaz.
Ele não está usando essa camisa – logo hoje, depois daquilo que aconteceu ontem à noite! – por acaso.
Não é um desavisado, alguém que passou a mão na primeira peça de roupa que viu no armário e foi para a rua.
Ele não teme zoação, flauta, gozação, piada, provocação, não – mas que ninguém tente humilhar; desrespeito ele não vai tolerar, não mesmo, e não é nem por ele: é pelo clube, pelo escudo.
Ao usar essa camisa ele está dizendo: “Não adianta, cara. Eu nunca vou desistir. Eu nunca vou renegar. Eu nunca vou me envergonhar”.
Hoje e sempre.
Amor.
Assim é: amor.
“Este é o meu clube”, ele está dizendo para todo mundo, para o mundo todo.
“Este sou eu”.