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OS TREZE GOLS DE FALTA DO BRASIL EM COPAS DO MUNDO

2 / setembro / 2024

por Pedro Tomaz de Oliveira Neto
(Professor de História e pesquisador do futebol)

Do total de 237 gols marcados em Copas do Mundo, a Seleção Brasileira fez 13 em cobranças de falta, sendo a líder no quesito, não só por participar de todas as Copas, mas também por contar com os melhores batedores num determinado período de sua história. Para comparar, a Alemanha, que foi a 20 edições do torneio, duas a menos que o Brasil, vem em segundo lugar (junto com Argentina e Espanha), tendo marcado apenas cinco gols dessa maneira.

O primeiro gol de falta do Brasil numa Copa do Mundo aconteceu na quinta edição do torneio, em 1954, na Suíça, em sua partida de estreia contra a Seleção Mexicana. Quem assinou a proeza foi Didi, um dos monstros sagrados do futebol mundial. Naquela Copa, a Seleção Brasileira parou nas quartas de final, eliminada pela Hungria. Mas, graças a uma nova cobrança de falta do mestre da folha seca, no duelo contra o Peru em 1957, diante de 120 mil pessoas no Maracanã, o Brasil se garantiu para a próxima Copa, na Suécia, onde conquistaria, pela primeira vez, a posse da Taça Jules Rimet.

Depois de Didi, a Seleção só foi marcar outro gol de falta em Copas em 1966, na Inglaterra. Desta vez, em dose dupla e com autoria da dupla que era imbatível quando vestia a camisa canarinho ou azulada do Brasil: Pelé e Garrincha. Para tristeza do futebol, essa partida, contra a Bulgária, foi a última dessas duas lendas jogando juntos pela Seleção Brasileira. O gênio das pernas tortas virou um ex-jogador em atividade, enquanto Pelé seguiu, por mais uma década, com o seu incontestável reinado no mundo do futebol.

Na Copa de 1970, no México, Vossa Majestade marcou mais um gol de falta para o Brasil. Foi contra a Romênia, num chute com efeito que abriu o placar na partida que fechava a participação brasileira na fase de grupos. Era o segundo gol do Brasil em tiros livres diretos na competição, pois Rivellino, na estreia em Guadalajara, contra a Tchecoslováquia, já havia feito o seu, cobrando com violência uma falta em que a bola foi na direção de Jairzinho que, posicionado ao lado da barreira, se deslocou no momento exato dela passar e estufar a rede adversária. Por esse gol, Rivellino ganhou o apelido de Patada Atômica, justificado na Copa seguinte, em 1974, na partida contra a Alemanha Oriental, num lance bem parecido. Desta vez, Jairzinho se posicionou à frente da barreira, se inclinando para abrir uma fenda por onde a bola adentrou’ sem defesa para o goleiro alemão.

Nas Copas seguintes, em 1978 e 1982, o Brasil fez mais três gols de falta. Os dois primeiros na Copa da Argentina, com Dirceu carimbando a meta peruana, e Nelinho disparando mais um de seus mísseis contra a meta polonesa. Quatro anos depois, na Copa da Espanha, Zico marcava um golaço contra a Escócia, abrindo a porteira para a goleada de 4 a 1. Depois disso, a Seleção Brasileira só voltou a marcar um gol de falta em 1994, com Branco, numa batida de efeito venal. Interessante observar que, em sua trajetória, a bola quase esbarrou em Romário, que precisou se contorcer todo para evitar o desvio em suas costas. Era o décimo gol de falta do Brasil em Copas, gol que tirou a Seleção Brasileira do sufoco àquela altura da partida de quartas-de-final contra os holandeses, atordoada que estava depois de sofrer o empate quando ganhava por 2 a 0.

A campanha que resultou no quinto título mundial para o Brasil, em 2002, contou com mais dois gols de falta. Um, de autoria do lateral Roberto Carlos, contra a China, num petardo que alcançou a velocidade de 120 km por hora. O outro, marcado pelo bruxo Ronaldinho Gaúcho contra a Inglaterra, numa cobrança que surpreendeu a todos, atacantes brasileiros e defensores ingleses, que esperavam um cruzamento e acabaram vendo a bola encobrir o goleiro David Seaman.

O último gol de falta da Seleção em Copas, aconteceu naquela que foi a mais indigesta para os brasileiros, em 2014, ano que o Brasil sediava o torneio pela segunda vez e imaginava apagar, de uma vez por todas, a decepção da Copa perdida em 1950. Nas quartas-de-final contra a Colômbia, a perfeita cobrança de falta do zagueiro David Luiz garantiu a vaga brasileira na semifinal. Mas para quê? É o que muitos torcedores se perguntam até hoje depois que viram a Seleção Brasileira passar pelo maior vexame da história do futebol, sendo goleada pela Alemanha por 7 a 1, piedosamente, é bom que se diga, pois se faltasse clemência aos alemães, o massacre teria sido pra lá de dez.

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