por Zé Roberto Padilha
Tem seres humanos, como eu, que nasceram para dirigir, com muito orgulho, um carro Polo, da Volkswagen. Tirando o Puma azul-marinho, uma paixão boleira comprada na Lemos & Brentar, no Jardim Botânico, foi o melhor carro que já tive.
Mas naquela tarde, no ano de 1976, em nossa garagem só tinha uma Mercedes Benz. Uma preciosidade, daquelas que você é obrigado a virar o pescoço e seguir seus sonhos. Era conversível e azul da cor do mar. Morava com minha irmã, no Leblon, era seu carro, e nosso apartamento ficava a duas quadras do Flamengo, onde jogava.
Para variar, contundido no tornozelo, estava entregue ao DM e só ia ao clube fazer tratamento. A imprensa, especialmente o jornalista Oldemario Touguinhó, em sua coluna no JB, não me poupava.
Trocado pelo Doval, um ídolo rubro-negro, enquanto ele jogava e marcava gols pelo Fluminense, eu nem entrava em campo.
Daí tive a infeliz ideia de pedir a minha irmã seu carro emprestado. Estava ruim de andar. E, com muito cuidado, realizei as duas curvas que separavam minha casa do meu local de trabalho porque o carro valia bem mais que o meu passe. E quando encostei no estacionamento, quem para ao lado?
Dia seguinte, a coluna de Oldemário Touguinhó, no JB, poderia ser confundida com aquele caderno que anuncia um obituário como jogador profissional do CR Flamengo: “Zé Roberto? Esquece, nação, o cara anda de Mercedes Benz. Está preocupado em jogar?”
Zico, se não me engano, tinha um Chevete.
Jornalistas torcedores costumam trocar a razão pela emoção e o que pior, eles existem até hoje.
Felicidades para vc de um tricolor que ficou felicíssimo com a sua ida para o Flamengo e a vinda do Doval para nós.
Me lembro de você no Flu de 1975 a máquina.
Pena que não ganhamos o brasileiro, eliminados na semifinal pelo Internacional de Falcao e Lula.
Me lembro de você no Flu de 1975 a máquina.
Pena que não ganhamos o brasileiro, eliminados na semifinal pelo Internacional de Falcao e Lula.