por Elso Venâncio
Na Copa dos Estados Unidos, em 1994, Bebeto e Romário eram os maiores atacantes do mundo. Romário jogava no Barcelona. Bebeto, no La Coruña.
Romário, eleito o número 1 do planeta, ficou com a fama de ter sido o responsável pela conquista. Assunto que, com toda razão, irrita Bebeto. Não só Romário fez gols decisivos. Bebeto também, além de ter dado passes geniais, precisos, imprimindo mais velocidade aos contra-ataques, em uma seleção que se preocupava bastante em se defender, por apostar no poder de decisão de seus dois goleadores.
Bebeto chegou a Gávea aos 18 anos, em fevereiro de 1983, comprado junto ao Vitória, da Bahia, e já como destaque na seleção brasileira de juniores. Aymoré Moreira, treinador bicampeão no Chile, em 1962, estava no Galícia:
– O Flamengo levou o Dida do passado e o Zico do futuro.
Por sua vez, Romário surgiu como uma máquina de fazer gols. Nos juniores do Vasco, por três anos consecutivos – 1982, 1983 e 1984 – foi o artilheiro do Campeonato Carioca. Juntos, Bebeto e Romário conquistaram a Copa América de 1989, no Brasil, após um jejum de 40 anos. Na semifinal, 2×0 na Argentina, com o marcante gol de veleio de Bebeto e outro de Romário, após driblar o goleiro campeão do mundo Pumpido. Nesse jogo, Romário deu assistência, no gol do Bebeto, fez o dele e ainda descadeirou Maradona com uma caneta.
Bebeto era o maior jogador do país e Maradona, o maior do mundo. Romário, o ‘Rei da Pequena Área’, fez o gol do título, na vitória de 1 a 0 sobre o Uruguai, jogo de Maracanã lotado e forra no Maracanazzo de 1950.
No Mundial de 1990, na Itália, Sebastião Lazaroni reuniu o grupo e avisou que duplas disputariam a posição no ataque. Exemplo: Müller e Careca, que jogaram juntos a Copa do México, em 1986; e Bebeto e Romário, que mostraram incrível simbiose um ano antes.
O técnico disse que buscaria um parceiro para Renato Gaúcho, o outro atacante convocado. Bebeto, normalmente calado, ergueu o braço:
– Professor, não entendi. O meu companheiro está manco.
Os jogadores caíram na gargalhada. Romário tinha fraturado o perônio jogando pelo PSV Eindhoven. Dr Lídio Toledo chegou a vetá-lo, mas Lazaroni bancou sua permanência.
Três anos depois, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, diante do clamor popular, mandou Parreira convocar Romário. Müller, contundido, tinha sido cortado. O jogo com o Uruguai, válido pelas Eliminatórias, seria tenso, com o fantasma de 1950 novamente pairando pelo ar. Mesmo adversário, mesmo estádio e mesma vantagem, a do empate. Mas uma derrota tiraria o Brasil pela primeira vez de um Mundial.
Romário chegou de Barcelona na semana do jogo, foi direto para a Granja Comary, em Teresópolis, onde foi confirmado como titular ao lado de Bebeto.
Nessa partida, o Maracanã presenciou a maior atuação da carreira do Baixinho. Foi, sem sombra de dúvidas, uma das maiores exibições de um jogador com a camisa amarela. Romário fez os dois gols na vitória por 2×0, diante de mais de 148 mil pagantes, fora os tradicionais penetras.
Na Copa dos Estados Unidos, após 24 anos de jejum, vencemos novamente um Mundial, foi a conquista do tetracampeonato. O time: Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco; Dunga, Mauro Silva, Mazinho e Zinho; Bebeto e Romário.
Trinta anos do Tetra? Nossa, como o tempo passou rápido…
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