:::::::: por Paulo Cezar Caju ::::::::
O futebol brasileiro vive uma terrível fase e, hoje, comemora-se até derrota de 4×0. Mas essa escassez de talentos, infelizmente, não resume-se aos gramados. A música também anda um terror.
Sempre apreciei um som de qualidade e um de meus grandes ídolos foi Wilson Simonal, que completaria 80 anos hoje. Que suingue, que balanço!!! “Descendo a rua da ladeira, só quem viu que pode contar….” ou “Sim, sou um homem de cor….”.
Na década de 70, ninguém fazia tanto sucesso. Internacionalmente, apenas Jorge Ben disputava ombro a ombro. Vendia muitos discos, reunia milhares de pessoas em seus shows, comandava a cidade! Éramos muito amigos. Ele morava em Ipanema e eu no Leblon. Nas noites cariocas, eu saía com minha Fiat Spider e ele com uma de suas três Mercedinhas.
Conheci Simonal nas eliminatórias da Copa do Mundo, do México. Era muito amigo do Pelé e de Saldanha, e nos treinamentos participava do bate-bola com os jogadores. Só depois de um tempo percebi que ele realmente achava que tinha chance de estar entre os convocados, ser uma das feras do Saldanha, Kkkkk!!!
Quando Roberto Miranda contundiu-se _ sem gravidade _ ele viu ali sua grande oportunidade, kkkkkkk!!! Não jogava nada e seu balanço era só nos palcos, zero chance!!!
Na Copa, no México, foi contratado para apresentar-se no Hotel Camino Real e vivia em nossa concentração. Na final, houve uma grande festa no hotel e os jogadores dos quatro primeiros colocados viraram a madrugada dançando ao som de Simonal! Até Tostão deu seus requebrados, kkkkk!!!!
Simonal era rubro-negro e ficou feliz da vida, quando em 72, fui contratado pelo Flamengo e, melhor, fui campeão!!! Imaginem as comemorações com o Simonal, o Rei do Rio??? Era garoto-propaganda de várias marcas, inventou a bandana, curtiu adoidado até que viu-se envolvido em um trama mentirosa, nojenta e covarde com os militares. Foi chamado de espião para baixo e entrou em depressão.
Que falta faz. Nunca surgiu um balanço parecido. Sua música enfeitiçava, tinha a ver com o drible do Jair, com o elástico do Riva, com o lançamento do Gerson, com a magia do futebol.
Que bom ter vivido isso! Obrigado, Simonal!!!!
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