por Marcelo Mendez
“A história passada está de pernas para cima porque a realidade anda de cabeça para baixo.” – Eduardo Galeano
Foram Grandes os homens que através de suas poesias, de suas fúrias, de seus corações aos pulos, tentaram explicar a América Latina.
Nossa história, do lado de cá do hemisfério, é feita de tantas idiossincrasias quanto pressupõe o verso, ou a blue note de um jazz improvável. A razão balança ao som de sambas, candombes, tangos, cumbias e outros sons, batidas e pulsações.
Temos por aqui nosso jeito de entender tudo isso. Nossa paradoxal aventura de sentir as coisas da vida. Creio que isso tem a ver com nossa insistência com a Copa Libertadores da América. A Copa sul americana de futebol vai para muito além de futebol.
Com o inicio em 1960, a Libertadores viveu seu apogeu no continente justamente no auge das Ditaduras do Continente nos anos 70. O extremo nacionalismo desses regimes totalitários fez da Copa uma espécie de guerra por afirmação, por uma pretensa soberania continental e nela passou a se pressupor que tudo podia.
Podia criar um inferno para os times visitantes, como o Santos fez com o Peñarol em 1962, como o Independiente fez com esse mesmo Santos em 1964, como o Estudiantes fez com o Palmeiras em 1968, como a Conmebol fez com o Colo Colo nas três partidas contra o Independiente, no maior roubo da história da competição.
E todos esses crimes do apito se perpetuaram por décadas até que chegou o advento do jogo ao vivo, televisão mostrando tudo e as coisas mudaram de vez. Todavia, eis que para espanto geral, em pleno 2018, fatos passados da antiga Libertadores voltam a assombrar os times Brasileiros.
Nada explica o que foi feito contra o Cruzeiro ontem na Bombonera.
O lance era claro: Dedé dividiu a bola normalmente com o goleiro Andrada e o choque forte do lance foi algo normal que acontece em um jogo de futebol. Então, munido pela síndrome de pequenos poderes, ou da sanha de justificar o uso do VAR, uma ferramenta cara, o sujeito responsável pelo recurso eletrônico chama árbitro Éber Aquino, o apitador da coisa. Ele consulta então o VAR, olha pra telinha do computador com olhos de rapina, assiste ao lance inúmeras vezes e decide: Dedé, expulso.
O árbitro errou no VAR! Com toda a tecnologia, recursos, sem nenhuma pressão, ele pode olhar o lance e então, errou! A questão que fica é, até quando? Será possível vencer uma Libertadores no campo de jogo, ou viveremos uma espécie de remake, voltando para o ano de sei lá, 1972?
A resposta poderá vir mais a noite, quando o Palmeiras enfrentará o Colo Colo no Chile. Fiquemos atentos, caros. Ou senão, voltem a transmitir os jogos em preto e branco:
Sejam honestos e assumam os seus retrocessos, Cartolas.
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