por Victor Kingma
O treinador Tico Santana era um folclórico técnico do interior mineiro. Se o apelido vinha da infância, o sobrenome ele herdou da idolatria que tinha por Joel Santana. Imitava o Papai Joel em tudo, desde a prancheta até o jeito paternal epeculiar de motivar seus atletas.
Certa vez, numa decisão da liga local, parecia que Tico Santana ia colocar mais um título em seu extenso currículo. Prancheta debaixo do braço e aos gritos à beira do campo, motivava o time que, retrancado, segurava o 0 x 0 que lhe daria o campeonato.
De repente, faltando cinco minutos para o final do jogo, acontece o imprevisto: o goleiro paraguaio Paredes, que pegava tudo, sofre séria contusão e tem que ser substituído. O problema é que seu substituto, o reserva Rebote, como o próprio nome sugeria, não era nada confiável para agarrar as bolas.
Suando em bicas mas tentando manter a fleuma, o velho Santana tenta motivar seu limitado guarda metas com palavras de ordem:
– Vai lá, campeão! O título agora está em suas mãos! Eu confio em você!
– O senhor acha que estou preparado, professor? – Indaga o assustado Rebote.
– Preparadíssimo, meu filho! Vai lá que o título é nosso!
Assim que o jogo reinicia, contudo, o bravo Tico Santana se vira para seus jogadores, descontrolado, joga a prancheta pro alto, e, aos berros, com as mãos na cabeça, grita:
– Pelo amor de Deus, não deixem chutar no gol de jeito nenhum!!!
0 comentários