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O SUBESTIMADO

7 / outubro / 2024

por Elso Venâncio

Garrincha foi o maior driblador da história do futebol. O Charles Chaplin dos gramados, que encantou o mundo com sua ginga, sua habilidade, suas jogadas espetaculares, ultrapassando adversários em série. O Anjo das Pernas Tortas, como definiu o jornalista Nelson Rodrigues. O que o craque fez na Copa do Mundo de 1962 foi inacreditável!

Em todos os títulos do pentacampeonato mundial do Brasil houve protagonistas marcantes. Merecem destaque Didi, na Suécia, em 1958; Pelé, no México, em 1970; Romário, nos Estados Unidos, em 1994; e Ronaldo Fenômeno, no Japão e na Coreia do Sul, em 2002. Nenhum deles, porém, se iguala ao desempenho de Garrincha no Chile. 

Após um título mundial, tradicionalmente surgem comentários de que fulano “ganhou a Copa”. Só dois personagens merecem essa honraria. Em primeiro lugar, o próprio Garrincha, pelo que fez em 1962. Depois, Maradona, que conduziu a Argentina ao título em 1986, no México. Pelé foi genial em 1970, mas os ingleses elegeram Tostão como o maior jogador da Copa. Sem contar que havia Clodoaldo, Gérson, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto Torres, Paulo Cézar Caju… Eram muitos craques!

Gérson foi um dos jogadores com a oportunidade de atuar ao lado de Garrincha e contra ele. Para o Canhotinha de Ouro, “Pelé não jogou mais que Garrincha. Mas não jogou mesmo!”.

Por suas peripécias na Seleção Brasileira e também com a camisa do Botafogo, Garrincha se tornou uma das principais atrações do Rio de Janeiro. O botafoguense Luiz Mendes, “o comentarista da palavra fácil”, dizia que “todos queriam ver Garrincha no Maracanã, especialmente os turistas”. Não à toa surgiu o apelido Alegria do Povo, que é um negócio sério, pois representa o que Garrincha foi para o futebol. Didi, o inventor da Folha Seca, repetia: “Jogo difícil? Eu meto a bola nele!”.

A lenda nasceu em Pau Grande, pequeno distrito de Magé/RJ, onde reuniu os amigos do peito para comemorar a conquista do bicampeonato mundial. Nilton Santos chegou e viu Garrincha jogando pelada, descalço, num campo esburacado e de terra batida. Boquiaberto, exclamou:

— Compadre, pelo amor de Deus, não faz isso. Você é o maior jogador do mundo!

Simples, divertido, desapegado dos bens materiais. Assim era Garrincha, definido pelo jornalista Paulo César Vasconcellos, do Grupo Globo, como “um subestimado no mundo da bola”. É inaceitável que até a FIFA não o reverencie como um dos imortais do futebol. Em qualquer seleção de todos os tempos, Garrincha é presença obrigatória.

Manoel Francisco dos Santos faleceu com 49 anos, no dia 20 de janeiro de 1983, atormentado pela doença do alcoolismo. Foi o único adversário que não conseguiu driblar.

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1 Comentário

  1. Tadeu cunha

    Caro Elso perfeito seu comentário/artigo sobre o fenômeno Garrincha,que na minha modesta opinião está no panteão dos injustiçados no Brasil,seria o equivalente a Tim Maia ,Lima Barreto e o goleiro Barbosa.

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