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O ROBOSANTOS

18 / agosto / 2022

por Zé Roberto Padilha

No meu tempo adolescente, e tome tempo nisso, o pior da pelada ia para o gol. Simples assim. Em outros países, claro, mas não tão simples no país do futebol, onde poucos não jogam bem.

Muitas peladas eram canceladas porque ninguém queria jogar no gol. O garoto pensava: se todos atiram bombas para debaixo dos três paus, porque eu vou ficar lá para elas explodirem em minhas mãos?

Até que surgiu um goleiro que despertou seguidores. Era Pompéia, do América, do Rio, cuja elasticidade e saltos encantava as novas geracões. Logo ganhou o apelido de Ponte Aérea.

Do jeito que Éder Jofre levava meus amigos brigões para o boxe, e o Emerson Fittipaldi quem tinha um fusca para as pistas, de repente os ruinzinhos começaram a comprar luvas. E tentar voar também para impressionar as meninas.

E, de repente, na contramão desse atrativo que vencia a escassez, equilibrava a procura por posições, surge o Santos. Goleiro do Flamengo. E estraga tudo.

Tão bem colocado, não salta. Caminha para a defesa. Tão seguro, não solta a bola, e tira a emoção de um possível rebote. Parece um robô. O Robosantos, frio e calculista, não fala, nem falha. Seu contato com a bola é macio, suave, e cadê que ela se desgarra?

Não cria ambiente ruim, como Diego Alves, nem oscila como Hugo, apenas entra em campo para defender sua nação. Entra mudo, sai calado e, em mais de vinte jogos, sofreu apenas três gols.

Que coisa mais sem graça. Nem uma ponte. Um salto sequer, um franguinho por entre às pernas. Tá certo, não faz cera, mas defender um time que quer e sabe jogar, seria até incoerente.

Mas esse rapaz tem se mostrado tão diferente que o sindicato dos goleiros solicitou novos exames à CBF. E sugeriram a colocação de próteses.

Um par de Asas. Quem sabe retornem as emoções?

3 Comentários

  1. Jose Mario de Oliveira Marins

    Boa tarde Zé Roberto, aqui é Zé Mario Marins, fui goleiro dos 13 aos 56 anos de idade, hoje com 61
    só não pego mais nas peladas de sábado porque a falta de cartilagem na bacia me ferrou.
    Assim como seu relato fui para o gol devido a não ter bola no pé, kkkk, meu pai ne levava pro Maracanã
    na geral. E lá nasceu o AMOR por essa posição tão ingrata, o primeiro goleiro que me chamou atenção foi o
    Ubirajara Alcantara, e como morava na Rocinha, vivia na Gávea com meu Tio Pinga, motorista do Flamengo (Onibus)
    assistindo os treinos. Ser um bom goleiro é um DOM de DEUS, voar, espalmar, se colocar justamente naquele angulo
    onde ela vai passar e vc vai lá e cata. Engraçado que ontem mesmo comentava sobre o Santos. Ele realmente é uma figura de gelo. Espero que o Hugo cole com ele e observe. Pois ele tem todo tempo e juventude para aprender.
    Grato!

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  2. Jurandir

    Show de bola a reportagem, grande Serginho

    Responder
  3. Ricardo Barbosa da Fonseca

    Conheci um pouco parecido com ele, chamava-se Raul!

    Responder

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