por Elso Venâncio, o repórter Elso
Foram duas décadas ao seu lado no “Panorama Esportivo”, programa que ele comandava diariamente das dez à meia-noite e que fazia jus ao slogan da Rádio Globo: ‘Um Brasil de Audiência’.
Logo após o “Globo no Ar”, Gilson Ricardo anunciava:
– Tá na hora do “Panorama Esportivo”!
O sacana do operador Pajeu, um verdadeiro craque que operava o nosso som, fechava os microfones e gritava na mesma hora:
– Foda-se!
Todos riam e o programa começava já em altíssimo astral.
Espírita, emotivo e de coração mole, chorava ao ver certas cenas de novelas:
– Sacanagem…isso acontece na vida real.
Ele sempre gostou muito de falar do seu início de carreira. Cheio de sonhos, veio da Difusora de Petrópolis quando se apresentou a Waldir Amaral, no Rio de Janeiro:
– Qual é o seu nome, meu filho?
– Gilson Borsatto – o novato respondeu.
– Borsatto? Não! Isso é nome de mafioso! A partir de agora, você se chama Gilson Ricardo!
No Maracanã, sempre que o Flamengo ganhava títulos, Kleber Leite anunciava:
– Gilson Ricardo, o ‘Repórter da Volta Olímpica’! Vai lá, Gilsão!
Ele comemorava correndo, vibrando e entrevistando os campeões, fato inédito no Jornalismo Esportivo.
Durante a Copa do Mundo de 1990, disputada na Itália, fomos cobrir um treino da seleção brasileira no estádio Delle Alpi, em Turim. Ao passar por mim, ele me olhou com um ar de quem estava assustado:
– Elso… minha pochete… perdi!
– E os dólares, o passaporte? – perguntei.
– E agora? – pensamos juntos.
Explicamos a situação a um policial, que nos pediu para que o acompanhasse. Nos ‘Achados e Perdidos’, estava lá tudo intacto. Gilson pulou de alegria, numa felicidade tão grande que até o sisudo guarda italiano repetiu seu gesto, rindo às gargalhadas com ele.
No fatídico domingo do último dia 22 eu não estava bem. Deitado, liguei o rádio com o som baixo. Passava das dez da noite. No ar, Wellington Campos começou a falar dele: passagem pela Globo, CNT, Bandeirantes, SBT… achei estranho.
O mesmo Wellington, que no fim do ano passado me ligou para colocar Gilson e a galera do ‘Esporte’ da Rádio Tupi para falar comigo, ao fim, trouxe a notícia que eu tanto temia ouvir.
“A Lista”, sucesso de Oswaldo Montenegro, fala da distância dos amigos. Gilson não permitia isso… Ligava, mandava mensagens, e seu assunto predileto era o Flamengo. Kleber Leite foi feliz ao pedir ao presidente rubro-negro Rodolfo Landim que o corpo do inesquecível radialista fosse velado na Gávea.
Tenho certeza que o Mundo Espiritual o recebeu em festa, com o devido carinho e muitos beijos da Dona Belinha, mãe que ele tanto amava e sobre quem nos falava sempre.
Alô galera aí do céu, faz a festa , faz a festa !!!
Queeeeeeee Zoeira !!!
Vai em paz Gilson !!!
Eu não perdia um programa,esses cara marcou minha juventude,Gilson Ricardo,descanse e paz e um forte abraço,para o Elso Venancio
Eu, à época adolescente, tinha no Panorama Esportivo a grande fonte de informação sobre futebol. Outros tempos. Estava ouvindo a História, e nem me dava conta. Obrigado, Gilsão!
faz parte da minha vida.Quando terminava o primeiro tempo Jose Carlos Araujo dizia.Deni Heraldo e Gilsao