por Israel Cayo Campos
Gostaria de enumerar como torcedor que ainda acho que sou alguns motivos do São Paulo Futebol Clube passar por sucessivos vexames, culminando na derrota do fim de semana para a Ponte Preta que pra mim é o limite de minha rasa paciência.
Desde 2012, quando o São Paulo conquistou a Copa Sul-Americana que o clube, antes tido como um modelo para os demais, é um acúmulo de insucessos dentro de campo com alguns vexames absurdos.
Cito aqui de cabeça derrotas em todos os torneios de mata-mata (Paulista, Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores), para clubes como Audax, Penapolense, Juventude, Bragantino, Avaí, Ponte Preta, Libertad, Colón, Defensa Y Justicia, e agora uma iminente eliminação na Pré- Libertadores para o fraco Talleres de Córdoba. Sem contar eliminações para clubes tradicionais. O que virou uma rotina na vida do torcedor do São Paulo.
Culpar a direção, hoje na mão do ex-atleta Raí e num presidente inexpressivo como o Leco é algo que beira ao senso comum. Mas esse processo de ingerência não começou com eles. O que antes só ouvia de outros clubes sobre briga nos bastidores entre grupos políticos, agora é o normal no time do Morumbi.
O terceiro mandato de Juvenal Juvêncio, o presidente Carlos Miguel Aidar, envolvido em um caso de corrupção e de agressão física com um dos diretores do clube, deixaram a presidência no colo de Carlos Augusto de Barros e Silva, que estrategicamente se cercou de ex-atletas vitoriosos no clube e jogou a “bomba” em suas costas… Assim ocorreu com Pintado, Rogério Ceni, Ricardo Rocha, Lugano e Raí… Atletas que têm o nome na história tricolor, mas que não estavam no momento apropriado para cargos de diretoria do clube… Nessa linha de pensamento também veio o Hernanes, que se não tomar cuidado com quem lhe cerca será o próximo ídolo a ser jogado aos leões.
Além disso, “Leco” jogou pra torcida escolhas que deveriam ser dele e de seus conselheiros! Reuniões com Organizadas, Sugestões aceitas bovinamente enviadas por membros da mesma via documento público… O medo dos protestos parece maior que suas convicções. E com isso a política do “ruim e barato” encheu o clube de dívidas com jogadores medíocres. Enquanto as crias do São Paulo, muitos deles que hoje arrebentam no futebol europeu sem sequer terem conquistado um título profissional no clube, eram (e são) vendidos para tapar o rombo que o clube fez com ex-atletas em atividade e jogadores de nível técnico fraquíssimo.
Enquanto isso, os demais times foram evoluindo. O que o tricolor tinha de diferente agora todos têm igual. E a boa gestão de clube que o São Paulo já teve não possui mais… O único tricampeão do mundo se tornou um clube comum. Talvez até pior. Um modelo a não se seguir pelos demais times que tentam se profissionalizar… E cabe a pergunta: quando o São Paulo se dará conta de que ficou para trás no tempo?
Reitero: a culpa maior é dos dirigentes, por mais que me doa falar isso de grandes ídolos meus dentro de campo. Até porque se são convidados a jogar no tricolor com salários astronômicos, quem não aceitaria? Entretanto, alguns jogadores poderiam se esforçar com a camisa do São Paulo um pouco mais! E gostaria de dentro de campo fazer uma pequena análise do time atual que tanto anda em campo. Pois jogar pra mim é outra história.
1. O São Paulo fez uma aposta em um treinador sem experiência alguma no profissional. Alguns poderiam dizer que é o “Efeito Carille”. Mas o mesmo, que até agora foi o único bem sucedido nessa efetivação de jovens técnicos já possuía antes uma bagagem de auxiliar técnico de Mano e Tite de mais de sete anos! O que se observa no nosso fraco futebol atual é que técnicos com experiência têm se saído bem melhores que os novatos! Lembrando que até o Bauza pela experiência, mesmo sendo um técnico fraco, nos levou a uma semifinal de Libertadores em 2016 jogando mal!
2. O São Paulo vende os craques que estão despontando, e aposta em jogadores acima de 33 anos de idade. Caso de Nenê e Diego Souza. Além de outros que não possuem essa idade, mas jogam como se tivessem. Caso de Willian Farias e J. Gomez. Não é compreensível como a dita melhor base do Brasil com 69 títulos nas divisões inferiores não consigam formar um jogador que seja melhor e com mais fome de títulos que os atuais “trintões” do time principal. E quando demonstram esse talento aí vem a diretoria fazer caixa. Como torcedor, sinceramente prefiro títulos a balanços positivos! Se um dia trabalhar na Nasdaq, quem sabe mude de ideia!
3. O São Paulo que ganhava tudo na primeira década do século tinha um modo de jogar definido, – hoje o Corinthians é aplaudido por isso, e mesmo com enormes dívidas é campeão frequentemente – apostava demais numa dupla de volantes rápidos, brigadores, que sabiam sair pro jogo e que eram o primeiro muro para qualquer ataque chegar a defesa são-paulina, Caso de Mineiro, Josué e até Hernanes mais novo! Jogava com três zagueiros (sendo um mais técnico e os outros dois mais duros!), e liberava dois “alas” de muita qualidade que atuavam como pontas de lança. Ao estilo do futebol jogado hoje em dia por alguns atacantes que também sabem preencher o meio campo! Na frente três atacantes ou um meia e dois atacantes que só tinham o trabalho de empurrar a bola pra rede! Até jogadores medianos como Dagoberto, Borges e Leandro “Gianecchini”se destacaram nesse esquema…
Hoje o São Paulo aposta em dois jogadores lentos e um notoriamente fora de forma… Hudson e Jucilei. Por sinal, Hudson já tem 31 anos (mais um do time dos trintões), que nessa já extensa carreira só vi jogar no Cruzeiro do Mano Menezes, o que entra em outro ponto discutido mais à frente…
As laterais são avenidas há anos. Vivendo de jogos esporádicos! Sem uma sequência de sequer três partidas! Com um meio de campo nulo cabe aos homens de frente vir marcar. O resultado é sua ineficiência para o que foram contratados! O São Paulo parou de ganhar quando largou mão desse padrão de jogo (a única exceção foi em 2014 quando Kaká corria pra todo mundo mesmo em fim de carreira!). Hoje nem temos jogadores de qualidade para essas funções.
Fazendo um adendo sobre os volantes: Hoje por sinal faltam o Igor e o Luan que estão no Sub-20. Para a vergonha que a Seleção tá fazendo no torneio sul-americano, preferia eles de opção no time. O Luan joga mais que os dois volantes principais juntos!
4. O São Paulo aposta em jogadores que são notoriamente bons em clubes de menor porte. Até aí mal algum! É algo que sempre aconteceu! A questão é que os mesmos já foram experimentados e só jogam nesses clubes!
É o caso do Bruno Peres que só jogou na Torino, do Reinaldo que só jogou na Chapecoense, Everton Felipe no Sport, Carneiro no Defensor e por aí vai… Jogadores que custam milhões e não conseguem dar sequer um gol de retorno! Como o jogador uruguaio! Correndo o risco de ser grosso com os atletas, mas sendo franco, são jogadores de times pequenos, só se destacam neles! Não conseguem jogar no São Paulo!
5. Para o gol o São Paulo teve a chance de contratar nos últimos anos o goleiro da seleção argentina Armani e o goleiro da seleção uruguaia Campaña. Preferiu Sidão, devido a sua habilidade em jogar com os pés (o que não o ajudou em nada, pois isso deve ser o algo mais, e não a característica principal), e agora o Volpi, um goleiro que tava no México e que não quero chamar de fraco até porque a defesa tricolor não ajuda… Mas que ninguém sabia do nível técnico que ele vinha tendo até ele chegar. Para ser substituto de um dos maiores ídolos da história do clube, e eu entendo que o peso é grande para qualquer goleiro! O São Paulo me parece ter feito escolhas péssimas desde a aposentadoria de Ceni (A do Sidão escolhida pelo próprio Ceni).
6. Éverton e Liziero são bons. Mas vivem no DM. O que houve com o REFFIS? Que recuperava até jogador moribundo? A falta de jogadores desse nível no elenco em 100% de seu estado físico prejudica ainda mais o time! Os citados não são definidores. Mas hoje no elenco do São Paulo que como disse é carente em pontos chaves. Não podem ficar de fora!
7. Hernanes, a principal contratação do ano notoriamente está fora de forma. Mas esse decide! E Pablo parece jogar sozinho. Espero que não seja a volta de “Ricardinho trezentinhos” no Morumbi (Quem é são-paulino de pelo menos início dos anos 2000 sabe que história me refiro). Prefiro acreditar que o time é mal treinado.
É uma missão na próxima quarta muito dura para o São Paulo. Mesmo o Talleres sendo um time de menor expressão na Argentina, as atuações do São Paulo não me levam a num senso crítico crer que o time vá reverter o resultado. Há anos venho vendo esses fracassos. Claro que como torcedor vou torcer muito para que esteja errado. Mas se não estiver. Que o time ao menos aprenda a lição do rival Corinthians com o Tolima, que a partir daquela derrota encontrou de novo o caminho das conquistas!
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