Escolha uma Página
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

O PRESIDENTE ETERNO

17 / junho / 2024

por Elso Venâncio

O dirigente que montou duas máquinas de jogar futebol sonhava ver o Fluminense campeão mundial de clubes, em Tóquio

Francisco Horta é uma das lendas vivas do futebol brasileiro. Carismático, visionário, empolgante ao defender suas ideias, foi o mais marcante e popular presidente da história do Fluminense. Ao assumir, em janeiro de 1975, foi a São Paulo e contratou o astro Roberto Rivellino, do Corinthians, simplesmente o maior jogador do país. Não satisfeito, decidiu formar a primeira ‘Máquina’, tirando Paulo Cézar Caju do Olympique de Marselha.

Rivellino vestiu pela primeira vez a camisa tricolor justamente contra o seu ex-clube, marcando os três primeiros gols, na goleada de 4 a 1, em um sábado de Carnaval que atraiu mais de 40 mil pagantes ao Maracanã. Paulo Cézar estreou no amistoso contra o Bayern de Munique, bicampeão europeu e base da seleção alemã campeã do mundo em 1974. O Fluminense venceu o time de Backenbauer por 1 a 0, com uma curiosidade. Müller, o artilheiro da Copa, ao tentar evitar um gol, marcou contra. Com mais de 60 mil pagantes, Horta mandou abrir os portões do Maracanã, que teve, assim, mais de 100 mil presentes.

O dirigente, após o título estadual, quis conquistar o Brasileiro e, consequentemente, a Libertadores, sonhando com o Mundial Interclubes, em Tóquio. O Fluminense venceu o Torneio de Paris e a Copa Viña Del Mar, sempre com grandes exibições.

A derrota para o Internacional por 2 a 0, em pleno Maracanã, fez Horta desmontar a equipe e montar uma segunda ‘Máquina’. Ainda mais poderosa! Roberto, goleiro, Toninho, lateral, e o ponta Zé Roberto foram trocados com o Flamengo, que liberou o goleiro Renato, Rodrigues Neto, lateral, e o argentino Narciso Doval. Carlos Alberto Torres foi outro craque contratado. Abel, Zé Mário e Marco Antônio foram para o Vasco, que liberou Miguel, zagueiro, e Luís Carlos Tatu. O Vasco decidiu o Carioca com o Fluminense, empatando em 0 a 0. Na prorrogação, Doval, de cabeça, fez o gol do bicampeonato.

Em 1976, se o Brasileiro fosse por pontos corridos o Fluminense seria o campeão, mas na época imperava o ‘mata-mata’. O adversário, novamente na semifinal, dessa vez foi o Corinthians, que estava havia 22 anos sem título. Na ‘Invasão Corintiana”, 70 mil paulistas ajudaram a lotar o Maracanã. No vestiário, Horta surpreendeu ao afastar Paulo Cézar Caju, que entraria em campo protegido por uma liminar, obtida por José Carlos Vilela, ‘O Rei do Tapetão’. Antes de a bola rolar, um dilúvio encharcou o gramado. O árbitro baiano Saul Mendes, mesmo com mais de 150 mil presentes, tentou adiar o jogo e consultou os capitães, Carlos Alberto e Zé Maria. O presidente, da Tribuna, confiante, mandou ordem para Carlos Alberto, o ‘Capitão do Tri’:

– Vai ter jogo!

Campo alagado, a bola não corria. A partida terminou 1 a 1 e o Corinthians venceu nos pênaltis, com Rivellino se recusando a bater.

Irrequieto, Francisco Horta desmanchou a Máquina, mandando Paulo Cézar Caju, Rodrigues Neto e Gil para o Botafogo e recebendo, de igual quilate ao trio, Marinho Bruxa. Verdade que vieram também do Alvinegro o goleiro Wendel e o lateral Miranda. Ainda assim, anos depois, perguntei ao ‘Presidente Eterno’ por que ele trocou três ídolos por apenas um?

– Erro meu! Após duas grandes decepções!

Com o Juiz Criminal Francisco Horta no comando do clube, o Fluminense era o grande esquadrão do país, dando espetáculos e enchendo estádios. Horta, há 10 anos, é o Provedor da Santa Casa de Misericórdia, no centro do Rio. No final de setembro, esse grande homem, que foi biografado por Marcos Eduardo Neves no livro ‘O Maquinista’, completa 90 anos de idade. Merece, portanto, todas as homenagens.

TAGS:

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *