por Zé Roberto Padilha
Em 1998, resolvi conceder a uma promissora geração juvenil a oportunidade que um dia deram pra mim. E fui até a Ferj inscrever o América FC-TR no estadual infantil. O clube tinha uma boa safra, mas teria que arrumar uma equipe juvenil também. Os jogos eram casados e não tinha.
Me indicaram a equipe do Zé Romero, que treinava no Cruzeirinho. Não conhecia seus jogadores, mas como não tinha tempo de ver, o convidei. E ele aceitou o desafio.
Até que não fizemos feio entre os grandes. Até acontecer o jogo de volta com o Vasco. O infantil jogou em Xerém, pela manhã, e o Juvenil foi marcado para a preliminar de Vasco x Grêmio, pela Copa Libertadores.
A excursão com os dois times saiu cedo, carregada de sanduíches, e a primeira parada, em Xerém, foi bem sucedida: Vasco 3×0 e uma boa partida do nosso infantil. E partimos para São Januário porque não ouvimos Mãe Dinah. Ela dizia: faz a volta, aproveitem que estão aos pés da serra. E voltem para Três Rios!
Quando chegamos, São Januário tremia e nosso time mais ainda. Fui conhecê-los nesse dia. Na zaga, Diogo do Coco, que se tornou um próspero empresário, mas antes bateu doído em todo o ataque vascaíno. Na lateral esquerda, Binha, filho do Rei Momo, que mais tarde se destacou como presidente da Unidos do Barros Franco, nem passou do meio campo.
O primeiro tempo terminou 7×0. No vestiário, cujos pilares sacudiam com mais de 50 mil pessoas pulando em cima, houve uma pequena rebelião. Zé Romero, chateado com sua equipe, nem queria voltar para o segundo tempo. Voltamos. A punição seria pior.
Duas lembranças guardei na memória diante de uma alma que voltou destruída dessa ousadia: Leandro Ávila, cabeça de área do Vasco, após o 9×0, pedir para tocarem a bola. Não humilharem. E a torcida pedindo olé. E mais um, mais um…
Nos dez minutos de lucidez que sobraram, antes do ônibus partir, deu para perceber que o camisa 10 do Grêmio, bem magrinho, levava jeito para a coisa. Perguntamos quem era. Responderam: Ronaldinho.
O resultado: Vasco 1 X 0, gol de Luizão. E tome sanduíche oferecido pelo Bramil, nem patrocínio tinha para a simbólica parada na Casa do Alemão.
Mas que nós tentamos…
0 comentários