por Zé Roberto Padilha
“Não, ninguém faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação!”
Essa é uma pérola da dupla João Nogueira e Paulo César Pinheiro. Uma pena que no futebol, ao contrário do samba, há uma força estranha pairando sobre o poder da criação. Tem anos que o futebol brasileiro não revela um camisa 10 à altura da sua história.
Se a Revista Placar tivesse elegendo o melhor Bola de Ouro na posição, os que estariam liderando seriam dois uruguaios (Arrascaeta e De la Cruz) , um Colombiano (John Arias) e um francês (Payê). Cadê os nossos?
Tenho uma pista. Nas divisões de base, onde a formação dos craques eram prioridades, agora o que importa são conquistas. Trabalhei 4 anos em Xerém. Além de formar, o clube precisa ser campeão. Levantar o Sub15, o Sub17 e o Sub20.
Resultado: os treinadores caem também. E no nascedouro, como sobrevivência, tratam de abrir mão da liberdade de criação, a ousadia de um drible, a natural “irresponsabilidade” de dar uma caneta na intermediária.
Marca! Pega! Abafa…são orientações que o Gerson , o Canhotinha de Ouro, só ouviu no profissional porque o Neca o deixava livre pra criar. Sorte nossa que, no México, seu arsenal já havia sido conquistado.
Pinheiro, nas divisões de base do Flu, deu total liberdade ao Edinho. Um zagueiro cheio de ousadia e virtudes. Hoje, se passasse do meio campo seria afastado. E multado. Jamais chegaria à seleção.
Chegou não, passou da hora de dar liberdade aos meninos que chegam ao Ninho do Urubu, Xerem, Toca da Raposa. Títulos são objetivos profissionais. Para os amadores, força nenhuma poderá impedir o poder da criação.
Caso contrário, vamos continuar indo ao aeroporto esperar mais um camisa 10 importado. Aquele que outrora dava por aqui igual chuchu na serra.
Caro Padilha excelente artigo sobre a visão medíocre que rege as nossas bases onde a prioridade deveria ser formar jogadores,para a venda ou aproveitamento no profissional,porém campeões de sub-qquer coisa dois anos depois ninguém lembra,e assim nos vamos liquidando nossa grande virtude ser criativo e ousado.