por Elso Venâncio
O América, embalado pela presença de Romário, vai entrar na Série A2 seguramente otimista em relação a voltar à divisão de elite do futebol carioca.
A competição, que começará no dia 18 de maio, contará com doze clubes (América, Americano, Araruama, Artsul, Audax-Rio, Cabofriense, Duque de Caxias, Maricá, Olaria, Petrópolis, Resende e Serrano). Apenas o campeão sobe em 2025.
Romário, aos 58 anos, estará em campo em alguns jogos. Isso motiva até quem não é torcedor do América, que fará questão de ir aos estádios para poder ver ou rever o ‘Baixinho’. No seu primeiro treino, o atacante exercitou, com extrema alegria, uma rotina que viveu por décadas quando profissional: finalizações.
A meu ver, Zico foi o maior batedor de faltas; e Romário, o grande artilheiro jamais visto no país. Tudo isso porque treinavam. Hoje, gols de falta rarearam, devido à preguiça dos atletas. Sem repetições, fica difícil obter sucesso no jogo. Havia, ainda, o coletivo de sexta-feira, uma espécie de ‘ensaio’ para a partida. Noventa minutos de bola rolando, titulares contra os juniores, com essa garotada sendo observada. Os técnicos testavam as possíveis alterações, imaginando a partida.
Os professores de hoje preferem treinos táticos, com campo reduzido. Presenciei coletivos começarem tendo os titulares um jogador a menos, ou seja, dez em campo. Romário ficava atrás de um dos gols treinando com o preparador físico, com o apoio da baliza móvel. Cabeceava, matava no peito e chutava. Perna direita, perna esquerda. Gingava o corpo de um lado para o outro e batia na bola. O goleador não cobrava pênaltis – aliás, só passou a bater após sentir o frio na barriga e pedir para cobrar na decisão da Copa de 1994, durante a conquista do tetracampeonato mundial da seleção brasileira, nos Estados Unidos, diante da Itália.
Com o dólar empatado com o real, o Flamengo conseguiu tirar, no ano seguinte, ‘O Maior Jogador do Mundo’ do Barcelona, em janeiro de 1995. Um Fla-Flu que terminou sem gols foi o seu primeiro jogo oficial pelo clube da Gávea, com direito a mais de 100 mil pagantes no Maracanã. O zagueiro Lima se destacou nessa partida justamente por anular Romário. Seu primeiro gol, após ser repatriado, surgiu contra o Americano, no Estádio Godofredo Cruz, em Campos dos Goytacazes… de pênalti… A partir de então, o ‘Baixinho’ passou a ser o cobrador da equipe.
Romário já vestiu a camisa do América uma vez. Foi em 2009, quando despediu-se do futebol na vitória sobre o Artsul por 2 a 0, atendendo um pedido do pai, ‘Seu’ Edevair, que havia falecido no ano anterior.
Hoje ‘Senador da República’ e relator da CPI das Apostas Esportivas, Romário virou recentemente Presidente e jogador do América, dando novamente mais peso ao clube para, como anseia sua torcida, retornar ao lugar de destaque que sempre ocupou no futebol brasileiro.
Ele pode.