(Para o amigo Daniel Hirschmann, que soube dizer a um menino as palavras certas no momento mais necessário)
por Claudio Lovato
O menino chora, de cabeça baixa, os cotovelos apoiados na mesa, o rosto escondido entre as mãos. Seu time perdeu.
O pai é jovem, e está ao lado; o gestual é idêntico ao do filho, apenas não chora.
A mãe, de pé ao lado deles, não sabe o que fazer.
Então um homem mais velho, também vestido com camisa do clube, se aproxima do menino, coloca a mão no ombro dele e lhe diz em voz baixa:
– Não desiste desta camisa. Ela ainda vai te dar muitas alegrias. Certo?
A mãe sorri para o homem, agradecida. O pai se mantém calado. O menino balança a cabeça em sinal de concordância.
O homem retorna à mesa em que estão sua esposa e dois amigos, ambos veteranos de muitas batalhas assim como ele.
Não se sabe o que será do menino. Pode-se imaginar que não desistirá, que persistirá. Ele sabe que pode esperar o melhor de seu clube, pois, apesar de ser ainda um menino, já vivenciou vitórias e conquitas extraordinárias.
O certo é isto: enquanto existir um menino que chore por seu escudo, o futebol seguirá vivendo.
Seguirá vivendo da forma que deve.
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