por Zé Roberto Padilha
Nada se compara, em qualidade e equilíbrio, ao Campeonato Brasileiro. Que outro pelo mundo possui 20 clubes onde o último colocado, o Atlético-GO, joga na casa do adversário, campeão da Libertadores, vice mundial de clubes, o Fluminense, e joga melhor e lhe impõe uma derrota?
Tão equilibrado e com seus times investindo cada vez mais, repatriando suas crias, como Lucas, Coutinho, Thiago Silva, alguns se tornando SAF, que a cada rodada a tabela não se estende, no sentido de um clube se isolar na liderança ou rebaixamento, mas se comprime como numa sanfona quando ela se fecha.
Tão juntos que uma vitória ou derrota parecem valer 6 pontos pra cima ou para baixo tal a proximidade. Em outros campeonatos, ou dá Inter, Milan ou Juventus, Real ou Barcelona, PSV ou Ajax, Porto, Benfica ou Sporting e aqui nem tem como fazer previsões.
Aí vocês me perguntam: se é o melhor e mais difícil, por que o Brasil não ganha uma Copa há 22 anos?
A matéria prima Mãe in Brazil, cheia de dribles e improvisos, é vendida com 17 anos de produção. E passa a ser treinada pela geração Tic-Tac. Guardiola e seus seguidores não permitem mais de dois toques na bola. Aí são convocados para defender uma seleção brasileira jogando como europeus.
Pode trocar Diniz por Dorival, que enquanto ela for formada por quem joga na Europa jamais ela irá recuperar sua característica maior, seu diferencial, que nos levou a ser cinco vezes campeã mundial: a arte de criar algo novo. E jogar diferente.
Da última safra, um menino que desfilava seu variado repertório pelo Alianz Park, e encantava todo mundo, já caiu nas amarras dos Lancelottis. Ao estreiar contra o Barcelona, Endrick já ouviu: “Toca!!”.
E tudo que fez para encantar vai se desfazendo por obedecer, tocar e se adequar ao Padrão FIFA que alcançou os estádios por dentro e por fora.
0 comentários