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O INTERNACIONAL, SEGUNDO O SORRISO DE JOSIE

25 / janeiro / 2021

por Marcelo Mendez


“Que saudade da Redenção

Do Fogaça e do Falcão

Cobertor de orelha pro frio

E a galera do Beira-Rio”

Ontem teve Grenal e eu lembrei da Josie.

Eu a conheci numa tarde de verão na Avenida Paulista, em que ela me encontrou com um vestido de flores, com os óculos da Audrey Hepburn e um sorriso no rosto que dobrou o sol daquele dia. A partir de então, deixou de ser um dia qualquer. Eu estava conhecendo uma amiga.

Ela queria meu livro de crônicas, marcamos ali num café pra eu entregá-lo a ela e então conversamos. Josie me falou do seu Rio Grande do Sul, de Porto Alegre e do Internacional, dela e do seu Pai. Contou-me que ele esteve doente e que durante a sua recuperação, o Internacional era o que os aproximava, foi o que ajudou o Pai se recuperar. Me emocionou.

Desde então, com a devida licença que peço aos milhões de Colorados, afirmo que quando penso no Internacional, penso no sorriso da Josie dobrando o sol da Avenida Paulista.

E o que foi o Internacional no Grenal de ontem, senão a emoção que rege os corações da Josie e do Pai dela? Não foi uma partida de exuberância técnica, o time não tem obrigação de tê-la, pelo contrário; A partir do instante que detectou sua limitação nessa seara, passou a se aplicar em outros fatores que ajudaram nessa arrancada de oito vitórias seguidas. Também não tem maiores aventuras táticas, outras modernidades do “New Football” que querem empurrar goela abaixo de geral, não:

O time de Abel Braga não pensa muito nisso, porque o entendimento de Abel Braga para o Futebol é outro, livre dessas coisas todas, que busca por outras soluções para o segundo tempo do jogo de ontem quando o Grêmio abriu o placar e ameaçou ser melhor que o Colorado. Abel vai no coração.

Seu time é montado de maneira comum, contando com o motorzinho Edenilson, com a boa fase de Patrick, com dois laterais que o senso comum entendeu que não serviam para Flamengo, caso de Rodinei e Moisés, dispensado do Corinthians. Pode parecer pouca coisa, mas é o básico que se equivale na hora que entra a forma como Abel Braga vê as coisas do futebol e do mundo.

Paizão da bola, sujeito digno, honrado e correto, falando a real na cara de seus jogadores, Abelão ganhou seu grupo e tem dos seus jogadores tudo o que eles podem lhes dar. É comovente ver a entrega desses caras na luta pra dar ao Inter uma alegria que não vem desde 1979, desde quando aquele timaço de Falcão e companhia inspirou esse verso da música “Deu Pra Ti” de Kleiton e Kledir, que abre essa crônica e que diz muito do que está acontecendo no Beira Rio.

Diz muito da Josie.

Minha amiga Gaúcha ontem ligou para o Pai dela depois do jogo. Ela em São Paulo, ele em Porto Alegre; Ambos riram, se emocionaram, prometeram que, assim que a pandemia passar, vão se ver, se abraçar, comemorar o título que a Josie acha que dessa vez não vai escapar. A prudência da profissão talvez me fizesse dizer que muita coisa pode acontecer no Brasileirão de 2020, que precisa ter cuidado e tudo mais, mas nesse caso, não vai ser possível. Eu não quero contrariar o coração em estado de graça da Josie.

Boa sorte ao Internacional na sua arrancada e que o melhor aconteça ao Colorado na sua saga pelo Título do Brasileirão e se ele vier não ficarei triste de maneira alguma, porque sei que a Josie vai comemorar com seu Pai e vai abrir o seu sorriso.

E o sorriso da Josie quando o Internacional vence é mais bonito que o pôr do sol na beira do Guaíba.

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