por Paulo-Roberto Andel
No fim de semana, a Portuguesa disparou uma sonora goleada sobre o Bangu pelo placar de 5 a 1, com direito a golaços no Estádio Luso-Brasileiro. Não foi fácil, mas aconteceu e foi bonito.
Mais do que isso, a Portuguesa está em terceiro lugar na classificação geral da Taça Guanabara, a duas rodadas do final da competição.
É possível dizer que só um desastre nuclear tira a Lusa da disputa das semifinais do Campeonato Carioca deste ano. É uma posição histórica para o clube, rumo aos seus 97 anos de vida.
Como está o torcedor da Portuguesa agora?
Olhando para a tabela e rindo, olhando e sonhando. Lembrando do passado já distante.
No próximo domingo a luz enfrenta o Flamengo. É um adversário de céus e infernos
Há muito tempo atrás, o Flamengo disparou uma goleada terrível na Portuguesa no Maracanã. Em compensação, a Lusa deu o troco com duas vitórias antológicas nos anos de 1982 e 1985. No de 1982, foi tão pesado que, no fim, o Flamengo perdeu até o título.
Os corações da Ilha do governador estão incensados como nunca neste momento. Tudo é sonho e fantasia, como um breve alívio do caos que todos temos vivido. Olhar a tabela e sorrir.
Já pensou se a Portuguesa é campeã carioca? Quem sabe?
Já pensou a Portuguesa ocupando as manchetes dos jornais, dos noticiários, das mesas esportivas? Superando grandes equipes do futebol carioca reconhecidos nacional e internacionalmente.
Há também o Volta Redonda, um adversário de bastante respeito, que já disputou decisão de título estadual.
É praticamente certa a presença do Flamengo, e com grande possibilidade do Fluminense. A Portuguesa vai brigar pelo título com a dupla Fla-Flu, autora do maior clássico do mundo.
É fácil desdenhar do Campeonato Carioca quando você torce para uma grande equipe que já conquistou muitos títulos, que já esteve muitas finais. Diferente de quando você torce para uma equipe modesta, querida, respeitável, que se transformou no símbolo de um bairro e que faz campanhas dignas há muitos anos, mas que sonha com esse título na primeira divisão desde 1953.
A querida Portuguesa que nasceu no coração do Rio, que depois foi parar no Andaraí, que rodou a cidade até sentar praça na Ilha do Governador para sempre e se tornar um símbolo da região, uma bandeira do belo bairro.
Quantos craques não passaram por lá e sonharam com esse momento de agora? Os mais antigos podem lembrar de Joe e Perinho. O goleiro Antoninho. Lua. Otávio de Moraes e Carlyle também. Neca e Toneca.
Zózimo, craque bicampeão mundial pela Seleção Brasileira, vestiu a camisa da Portuguesa. Garrincha, imortal, em alguns amistosos. Vavá encerrou a carreira no clube. E dá para falar de outras feras que marcaram época: Denoni, Mário Breves, Itamar, o saudoso Luizinho das Arábias, o zagueirão – e treinador – Sérgio Cosme, o goleirão Jorge Lourenço.
E feras fora do campo, como Firmino, que trabalhou por muitos anos no clube e nos deixou em janeiro passado, antes da hora. Ele merecia estar aqui.
A Portuguesa tem histórias a valer e tem feito um campeonato fantástico neste 2021. Venceu o Fluminense no Maracanã e o Vasco em São Januário. Empatou com o Botafogo, jogando com dez homens em campo por todo o segundo tempo, e poderia ter vencido. Agora vai encarar o Flamengo, poderoso multicampeão. Que venha: dia desses, até o Real Madrid acenou com um amistoso.
Por enquanto, estar entre os quatro do Rio é um sonho, mas próximo demais da realidade. A Portuguesa estará entre os quatro semifinalistas do Campeonato Carioca de 2021. E o que virá daí? Só Deus sabe? Pode ser.
Agora, venha o que vier, a camisa rubro-verde está com a alma lavada. Num dos anos mais difíceis da humanidade, num Rio de Janeiro destroçado, a Portuguesa tem marcado presença com belas vitórias e golaços. Você já viu no YouTube o gol do Cafu? E o do Robert por cobertura? O chutaço do Chay no ângulo? E o do Mauro Silva no cantinho?
Pouca gente pode ter visto, mas são gols que lembram aqueles velhos tempos de um futebol inesquecível nesta Cidade Maravilhosa.
Pouca gente está sabendo, porque a televisão mais esconde do que mostra, enquanto os jornais mais escondem do que publicam, mas a Portuguesa dos Ventos Uivantes tem feito partidas muito bonitas e merece a posição que ocupa atualmente.
Confirmada a sonhada e merecida classificação para as semifinais do Carioca, o sonho vai continuar. Uma coisa é certa: de Neca a Firmino, de Mário Breves a Chay, o esforço da Portuguesa não é em vão.
@pauloandel
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