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O GÊNIO ILUMINADO

5 / outubro / 2022

por Péris Ribeiro

Os campeões mundiais Bellini e Didi – eleito o Maior Jogador da Copa de 1958 -, também eram o fino da elegância fora dos gramados. Ei-los em uma noite de homenagens no hall do Maracanã

Ganhou ares de pesadelo – e pesadelo com a força do mais arrebatador tango portenho -, a maior desdita vivida por Messi. O ano? 2014! E logo em uma final de Copa do Mundo, perdida para uma Alemanha determinada, em pleno Estádio do Maracanã, na cidade do Rio de Janeiro.

É incrível, mas ainda me lembro bem do seu choro, de sua imensa frustração. E da dura e sofrida realidade, da impossibilidade ante o insuperável. Ante o impossível.

Porém, há de ter doído bem mais, a constatação real de que ainda não seria daquela vez. Nem a jogada genial, nem o gol decisivo. Muito menos, o sorriso refletido na taça. Na subida ao pódio, o sufoco de novo contido.

Quando, em que dia, afinal, ele poderá rasgar o peito e gritar: “Argentina! Argentina, campeã do mundo!”?

Como os Deuses do Futebol sabem ser matreiros, e tantas vezes cruéis, há muita gente por aí ostentando façanhas de dar inveja. Uma gente, frise-se, capaz de exibir bem pouco mais que um mínimo de talento que seja com a bola nos pés.

Em compensação, existem certos gênios predestinados. Aqueles para quem a sorte nunca deixou de sorrir. Como Didi, o Príncipe Etíope. Alguém com um dom mágico, capaz de obter o que poucos, bem poucos, puderam na vida. Ainda mais, no sinuoso universo do Futebol.

Basta dizer que, festejado em 1962, em Santiago do Chile, como bicampeão mundial, Didi já havia conseguido uma glória particular, toda sua, alguns anos atrás. É que, lá na Suécia, fora consagrado o Maior Jogador da Copa de 1958 – justamente a primeira de todas, na qual o Brasil saiu com as honras de grande campeão.

Aliás, refletindo com serenidade e rigor sobre o tema, não é pouca coisa ser considerado o Maior Jogador de uma Copa do Mundo. Em absoluto! Muito menos, em uma Copa que tem Pelé e Garrincha em campo. E convém lembrar que também havia, nos gramados escandinavos, talentos luminares como os franceses Kopa e Fontaine, o tcheco Masopoust, o húngaro Bozsic e os alemães Rahn e Fritz Walter. Ou o sueco Skoglund, o argentino Labruna, o galês John Charles. E ainda havia um goleiro do porte do russo Lev Yashin, já celebrado o “Aranha Negra”.

Pois ainda assim, e mesmo com todo o tipo de honraria por aí já recebida, nem no ato da heroica conquista em estádios do Chile, Mestre Didi faria por menos. É que, nos atapetados gramados andinos, o elegante e cerebral inventor da “Folha Seca” iria imprimir, pela última vez, a sua marca genial. Particularmente, porque só a ele, e a mais dez ilustres jogadores, seria concedida a honra de um Bi em Campeonatos Mundiais. No caso, oito brasileiros – com ele, Didi, nove – e dois italianos.

– Tenho consciência, que fiz por onde chegar a algum lugar. Sei bem disso. Mas sei também que Deus foi bom demais, dando-me além. Quantos fazem por merecer, e nada conseguem? – disse-me Didi certa vez, em um ameno final de tarde. O sol morno e agradável – era início de primavera -, como testemunha privilegiada.

Será Messi, tal qual gigantes da estatura de um Zizinho, o Mestre Ziza e um Puskas, o Major Galopante, um desses definitivos – e imerecidos – desafortunados na história das Copas?

1 Comentário

  1. Luiz Mauro Silva

    Grande Valdir Pereira, natural de Campos (RJ). Nunca entendi sua saída do Fluminense para o Botafogo em 1957. Deus o tenha.

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