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O FUTEBOL VIROU UMA ETERNA SEGUNDA-FEIRA

10 / setembro / 2019

por Mateus Ribeiro


Quando eu era moleque, uma das razões da minha existência era meu time do coração. Eu vivia para estudar e assistir futebol, principalmente jogos do meu time. A relação entre eu e meu time era algo que me fazia sentir dois extremos: se vencia, eu era a pessoa mais feliz do mundo; se perdesse, eu me tornava um demônio.

Porém, com o tempo, fui aprendendo a desviar a tristeza e as dores da derrota utilizando o que chamamos de “migué”. Pois é, eu sempre tinha uma conversa fiada para utilizar na segunda-feira quando meu time perdia no final de semana. Invariavelmente, eu falava que “jogamos melhor”, que o juiz havia prejudicado ou arrumava qualquer culpado. Falava e fazia de tudo, mas jamais assumiria em praça pública que o adversário fez por merecer a vitoria. 

Desde aquela época, eu era uma pessoa sensata o suficiente para saber que apenas uma coisa decide o futebol: o gol. Acredite se quiser, mas a bola na rede ainda vale mais que qualquer outra coisa no esporte bretão.

Saindo um pouco da máquina do tempo, voltemos ao maravilhoso ano de 2019. Eu já não acompanho futebol mais com tanto afinco, por achar que tudo hoje está uma tremenda chatice, principalmente no que se refere ao debate. Vamos supor que você aí do outro lado do monitor passou vinte anos dentro de uma bolha e resolveu assistir alguma mesa redonda. A chance de você achar que as regras mudaram é enorme. Afinal de contas, a vitória deixou de ser a principal razão do jogo.

A posse de bola e o insuportável conceito de jogo se tornaram a menina dos olhos da crônica esportiva. Obviamente, esse comportamento que beira o patético, chegou até o torcedor, que estufa o peito para falar sobre as “ideias de jogo”. Por sinal, essas tais ideias raramente são destrinchadas pelos entendidos, a não ser quando se utilizam da tecnologia para congelar UM lance da partida para tentar explicar como um time joga.

A vitoria não vale mais nada. O importante é saber falar para se justificar. Nenhum time precisa mais vencer, já que mais vale perder e ter a bola do que cometer o crime hediondo de ganhar “jogando feio”, lembrando que feio mesmo é achar que ficar tocando bola pra goleiro e zagueiro resolve alguma coisa.

Quando eu justificava minhas derrotas falando de forma vazia que meu time havia jogado melhor, jamais imaginei que depois de vinte e poucos anos isso se tornaria padrão para algus profissionais da bola, desde jogadores até palpiteiros.

De fato, o futebol virou uma eterna segunda-feira. Chato, cheio de desculpas e pautado em bobagens sem importância cometidas nos dias anteriores.

Um abraço e até a próxima!

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