por Valdir Appel
O lendário centroavante Bill reintegrou-se ao elenco do Goiânia em 1978, após uma passagem bem sucedida por empréstimo ao Internacional de Porto Alegre, depois de atuar também pelo Vasco Da Gama.
Vários clubes disputavam o seu passe, até o Grêmio, arqui-rival colorado.
Eu havia sido contratado e estava escalado para disputar uma partida amistosa com os juniores no fim de semana, para adquirir ritmo de jogo, na cidade de Porangatu, interior de Goiás.
Bill quis saber o que a cidade tinha de interessante e pediu a sua inclusão na delegação.
Fez questão de jogar os 90 minutos e voltou todo faceiro abraçado ao prêmio pela vitória, um enorme saco de deliciosas jabuticabas.
Bill tinha vários apelidos: “Fio Maravilha Goiano” e “Billythe Kid”, eram os principais.
O primeiro em função de seus causos e o segundo obviamente por ser um matador implacável, sempre artilheiro dos clubes onde atuou.
Há uma tendência de atribuir aos jogadores folclóricos as mesmas trapalhadas e tiradas insólitas.
Assim, são protagonistas das mesmas histórias: O Peu do Flamengo, o Dedeu do Náutico, Claudiomiro do Internacional e o Bill do Goiânia.
Todos os citados são apontados pelas seguintes passagens:
“É um orgulho jogar na cidade onde Jesus nasceu”. (Entrevista a uma rádio de Belém do Pará).
“Agradeço a caixa de cerveja Antártica que a Brahma me presenteou”. (Recebendo prêmio de melhor jogador em campo)
“Comigo ou sem migo, o time vai vencer”.. (Vetado pelo departamento médico para o jogo).
“Eu não achei nada, o meu colega Zé, achou um cordãozinho de ouro”. (Repórter perguntando: “o que você achou do jogo?)”.
“Dá uma rézinha de R$ 5,00 que eu só tenho R$ 10,00”. (Pagando uma corrida de táxi).
“Ta tudo Gê-Gê”. (Abreviatura de joinha-joinha).
“Agora só falta comprar os azulejos, senão, compro vermelejo ou amarelejo”. (Construindo uma casa).
“Fiz que fui mais não fui e acabei fondo”. (explicando um drible sobre o adversário).
Bill tinha os seus casos exclusivos:
Queria a todo custo que o seu amigo Canhoto, dono de uma fábrica de carimbos, fizesse um com o seu nome para assinar cheques.
O Goiânia foi ao interior jogar contra o Rio Verde e perdeu de 1 x 0. Na volta, Bill foi multado. Perguntou ao guarda como é que ele sabia que o seu carro excedera os limites de velocidade.
– Foi o radar! – respondeu o guarda
– Radar, filho da mãe, mete gol na gente e ainda dedura pro guarda! (Radar, nome do jogador que depois teve passagem pelo Flamengo)”.
No México: seu novo time, o América, promoveu uma coletiva com a imprensa.
Um fotógrafo chama a atenção do jogador, apontando para a sua máquina, tentando fotografá-lo.
– Bill! Bill! “Yashica”!
– Ficou no Brasil! Chega semana que vem. (Chica é o apelido da mulher do Bill).
O negro, alto e forte jamais se contundiu e graças ao seu preparo físico, encerrou a carreira com mais de 40 anos de idade.
Afinal era tudo o que sabia fazer. E bem.
Nota:
(Bill foi campeão goiano em 1985 pelo Atlético de Goiás e maior artilheiro estadual naquele ano com mais de 30 gols. Morreu atropelado no dia 22 de setembro de 2002).
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