por Wendell Pivetta
Tem magias que só o futebol reserva. Ser fotógrafo na beira da quadra ou do gramado apresenta histórias lindas, e acaba atraindo amizades muito agradáveis com os atletas, sejam eles profissionais ou não.
Em 2019 ocorreu a primeira experiencia em minha nova jornada fotográfica quanto ao futsal feminino. O citadino na cidade de Cruz Alta reuniu um bom número de equipes, e foi nas fotos de comemorações que percebi algo além da quadra. Entre as equipes finalistas da competição estava a ALF. O time treinava bastante e vinha bem encaixado, e diferente das demais equipes, tinha no comando técnico a personagem de nossa história, a Carolaine. Treinadora e jogadora, percorreu um caminho duro para chegar até a competição fisicamente e mentalmente bem.
– Eu tive problema de saúde, um Cavernoma Cerebral (quase um aneurisma). Não sabia se ia poder jogar, fora que eu tenho lCA rompido, mas em todos os jogos eu não senti nada, somente na final eu senti.
É fato que diante das dificuldades, buscamos forças para superação, e o amor é uma bela arma para superarmos as barreiras da vida. Um sentimento que nos reserva forças imensuráveis, no caso da atleta pelo futebol, e por uma pessoa em especial. Cada gol de Carolaine era uma comemoração simples, porém forte. Um abraço como fora repetido durante a competição. E nestes abraços, sempre fotografados, percebi que a atleta buscava alguém em especial no meio da equipe:
– Comemorar com ela era como se eu quisesse pausar nessa foto aí e não sair mais. Com certeza sentia algo extra quadra, porque a gente sempre quis comemorar gol juntas nesse campeonato, era um sonho. Infelizmente não estávamos juntas, mas ali dentro era o único momento que a gente podia chegar mais perto sem receio sabe.
Carolaine relata seus momentos de abraços calorosos após os gols com a sua namorada, a artilheira Ana Kelly.
– Então era emoção, gratidão, alegria, saudade. Olhar pro nosso time que nós montamos e preparamos o ano inteiro para jogar. As gurias tão novinhas. A gente só sentia orgulho e queria dar tudo de nós pra cada uma delas, eu como treinadora e jogando lá dentro vi o quanto elas são esforçadas para me mostrar o melhor.
Naquela competição municipal elas estavam separadas fora de quadra, e após o citadino, reataram sua relação. Hoje fica como aprendizado. Aliás, em sete anos de relação, a dupla foi logo na edição de 2019 do citadino jogarem juntas pela primeira vez. Acredite, sempre jogavam como rivais, e exatamente como adversárias a dupla se conheceu. Jogando juntas emoções foram resgatadas e tudo acertado.
Aliás uma brilhante dupla dentro de quadra. Carolaine sempre de cabeça erguida, ótima armadora de jogadas, pensativa na tática. Ana Kelly mais avançada, pronta para dominar os lançamentos de Carolaine e finalizar as jogadas superando a defesa adversária. Uma completa a outra, e vice versa, como manda o figurino do amor e do futebol.
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