por Elso Venâncio
Na reta decisiva da Libertadores, com vantagem de dois gols a seu favor para o jogo de volta, o Fluminense conta com a experiência do goleiro Fábio, que renovou o contrato e pode, em 2025, seguir atuando em alto nível, mesmo aos 45 anos de idade. Ninguém jogou mais partidas, tanto no Campeonato Brasileiro como na Libertadores da América.
Após vencer os paraguaios do Olímpia por 1 a 0 no Maracanã e ampliar, no início do jogo da volta, no Defensores del Chaco, por meio de Bruno Henrique, o Flamengo contou com vantagem semelhante. Só que, hoje, o Fluminense é mais aguerrido nas partidas decisivas. Ainda tem comando técnico, o que o faz seguir almejando o título inédito. Há um clima positivo entre os torcedores, ainda mais que a finalíssima será realizada no Maracanã.
Dirceu Lopes, supercraque do Cruzeiro, não disputou uma Copa do Mundo sequer. Fábio, depois de passar bem pelo Vasco e se tornar lendário no Cruzeiro, clube pelo qual conquistou um número avassalador de títulos expressivos, jamais foi lembrado nas convocações. Será que a história seria outra, caso jogasse no exterior, com a proteção dos ‘poderosos’ empresários?
Aliás, defendo a renovação, priorizando quem atua no país. Nomes como Lucas Perri, o melhor goleiro brasileiro da atualidade, o zagueiro botafoguense Adryelson e o atacante Vitor Roque, do ‘Furacão’, merecem ser chamados. Fábio foi quem mais vestiu a camisa do Cruzeiro, quase completou mil jogos pela ‘Raposa’. Com ele, a escola dos grandes goleiros está mantida nas Laranjeiras.
O primeiro titular da Seleção Brasileira foi justamente um tricolor: Marcos Carneiro de Mendonça, que chegou à Presidência do clube. Veludo, reserva de Castilho, junto com o titular foi convocado pelo treinador Zezé Moreira para a disputa da Copa de 1954, na Suíça. O tricampeão mundial Félix, Paulo Victor e Diego Cavalieri, dentre outros, mostram que a camisa 1 tricolor nunca navegou à deriva.
Antes de assinar o novo compromisso, Fábio chegou a ser sondado para retornar à Toca da Raposa. Os torcedores não concordaram com a forma fria através da qual o ídolo foi dispensado após a chegada da SAF, mesmo tendo contrato assinado para continuar e admitindo redução salarial. Depois de 17 anos de excelentes serviços prestados, não imaginava trocar de clube de uma hora para a outra:
“Nunca tive contato com Ronaldo e nem com Paulo André (homem de confiança do Fenômeno)” – comentou o goleiro.
Agora, Fábio pode igualar a longevidade de Manga – ídolo pernambucano e maior goleiro tanto do Botafogo como dos outros clubes que defendeu. Aos 45 anos de idade, Manga encerrou sua vitoriosa carreira no Barcelona de Guaiaquil, no Equador.
Quanto a Fábio, imaginem o seu tamanho na História, conquistando o título da Libertadores.
Ótimo texto sobre um goleiro excepcional, o fato de não ter sido convocado a seleção não diminui em nada sua qualidade ,azar foi do Brasil.
Fábio talvez tenha sido um dos jogadores mais injustiçados na história recente.
Acredito que boa parte de seus infortúnios começaram quando ele saiu do Vasco e, mesmo com uma proposta do Corinthians, decidiu ir para o Cruzeiro.
Fora do eixo Rio-São Paulo, suas brilhantes atuações nunca tinham o destaque que mereciam.
Salvou o time cruzeirense inúmeras vezes, mas na época das convocações para a seleção brasileira, seu nome era solenemente esquecido, sem nem ao menos uma justificativa.
Com o passar do tempo, a justificativa de alguns “comentaristas esportivos” era de que ele estava “velho”.
Lembro que antes da Copa de 2014, há cerca de dez anos, assistia um desses programas de especialistas sobre futebol e comentava-se sobre os goleiros que poderiam ser convocados.
Ao citarem o nome do Fábio, apontado como um dos melhores do Brasileirão daquele ano, houve quase uma unanimidade: “Ele é velho”.
E encerrou-se o assunto.
Pois bem, decorridos dez anos, Fábio, com 45 anos, desponta como um dos grandes nomes do elenco do Fluminense.
Concluo que é muito fácil ser comentarista de futebol aqui no Brasil.