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O ETERNO APOLINHO

19 / maio / 2024

por Elso Venâncio

Washington orienta Edmundo, Romário e Sávio, o ‘Ataque dos Sonhos’

Washington Rodrigues foi o maior comunicador do rádio brasileiro. Carioca do Engenho de Dentro apaixonado pelo Flamengo, seu ídolo no futebol era Evaristo de Macedo.

O vascaíno Chacrinha, por exemplo, adorava Washington e tentou a todo custo torná-lo seu sucessor na tevê.

Criativo, carismático e espirituoso, suas expressões ficam para a História: ‘Ô, rapaazz!’, ‘Geraldinos’, ‘Arquibaldos’, ‘Briga de Cachorro Grande’, ‘Mais Feliz que Pinto no Lixo’, ‘Capinar Sentado’, dentre tantas outras…

‘A Palhinha do Apolinho’, ‘No Mundo da Bola’, ‘Show do Apolinho’, ‘Globo na Bola’ e o ‘Show da Madrugada’ são algumas das atrações que ele comandou nas Rádios Globo, Nacional e Tupi.

Considero o ‘Robertão’ a maior criação de Washington. A voz do ‘Velho Apolo’, distorcida pelo operador, criando um efeito robótico, era absolutamente genial. Apolinho conversava com ele mesmo. Isso, há décadas. Muito antes de falarmos em Inteligência Artificial e outras coisas.

Quem se lembra da ‘Valéria, A mãe da matéria?’. Voz feminina, sensual, que mexia com o imaginário dos ouvintes durante o ‘Show da Madrugada’?

Nos pontos de táxi ou rodando pela cidade, percebia os taxistas sempre ligados no ‘Show do Apolinho’. Se a gente parasse num sinal, no fim da tarde, se surgisse um táxi o som era da Tupi.

A Rádio Nacional, com a liderança do José Carlos Araújo, o Garotinho, ganhava da Globo no Ibope. A Globo tinha Waldir Amaral, Jorge Curi, João Saldanha, enfim, um timaço. Jorge Guilherme, diretor da Rádio Globo, após conversar com Washington, decidiu contratar Apolinho e Garotinho. Não demorou muito e o ‘Velho Apolo’ me chamou para ir à sua cobertura no Alto Leblon:

– Assinei com a Globo e vou te levar.

Em agosto de 1984, isso soou como uma bomba. José Carlos Araújo, por mais de 50 anos, teve ‘Apolinho’ a seu lado. A frase do Garotinho antes de anunciar o tempo de jogo, ‘Apite comigo, Galera!’, inclusive, foi sugerida pelo próprio Washington Rodrigues.

Wanderlei Luxemburgo e Edinho não se firmaram como técnico do Flamengo, no ano do Centenário do clube, 1995. Do restaurante Antiquarius, onde estava no Leblon, o Presidente Kleber Leite discou chamando o amigo Washington Rodrigues, seu ex-companheiro de cobertura nos gramados:

– Vou trocar o treinador! – apontou Kleber.

– De novo? Contrata o Telê! – respondeu Apolinho.

Kleber virou o prato de jantar, dizendo que o nome do novo técnico estava sob ele.

– Posso ver! – questionou Apolo.

– Claro!

– Hum… O que é isso???

O nome era Washington Rodrigues, para surpresa do próprio.

O clima na Gávea não era dos melhores. Romário não falava com Edmundo e ainda tinha brigado com Sávio em campo, durante uma excursão ao Japão. Apolinho sempre teve a capacidade de convencer e unir as pessoas.

Washington e Maria Lúcia batizaram meu filho Marcello Venâncio. Eraldo Leite e Sueli são padrinhos do Rodrigo. O Garotinho batizou um dos filhos do Apolinho e também outro, do Denis Menezes. Havia uma cumplicidade, que se transformava em amizade, porque fazíamos todos juntos muitas viagens. O rádio era a tevê da época, transmitia os jogos, ao vivo, dos estádios. Ficávamos mais tempo juntos do que com nossas famílias.

Temos que agradecer a Papai do Céu pela chance de conhecer, conviver e aprender com esse ídolo eterno do rádio brasileiro.

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1 Comentário

  1. Amandio Amaral

    Grande Elso,só vc mesmo pra falar dessa maneira do Apolinho.Vc me fez lembrar as minhas madrugadas fazendo meus filmes de animação ao somdo Show da Madrugada,era muito bom.Uma fase do nosso rádio esportivo inesquecivel.Grande Apolinho,grande Robertão.

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